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A SÍFILIS CONGÊNITA: ASPECTOS CONCEITUAIS, CLÍNICOS E TERAPÊUTICOS

No documento VOLUME 2 APRESENTAÇÃO (páginas 120-125)

SILVA, Eveline Da 1 WASUM, Fernanda Demetrio² SILVEIRA, Renata Ferreira 3 JANTSCH, Leonardo Bigolin4

INTRODUÇÃO

No cenário das doenças infecciosas, acometidas por um agente biológico, encontra-se a Sífilis, doença infecciosa de evolução crônica, predominantemente sexual, causada pelo agente etiológico chamado

Treponema pallidum. Este agente etiológico é uma bactéria gram-negativa que

penetra a pele, atinge a corrente sanguínea e vasos linfáticos onde se

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Relator. Curso de graduação em Enfermagem, 4º semestre, Faculdade Integrada de Santa Maria (FISMA), eve-sil@hotmail.com

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Autor. Curso de graduação em Enfermagem, 4º semestre, Faculdade Integrada de Santa Maria (FISMA), fewasun14@hotmail.com.br

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Co-orientador. Química Industrial, Mestre em Microbiologia Agrícola e do Meio Ambiente, Professora, Faculdade Integrada de Santa Maria (FISMA) renata.silveira@fisma.com.br 4

Orientador. Enfermeiro Especialista em Enfermagem Pediátrica e Neonatal

Mestre em Enfermagem, Doutorando em Enfermagem, Professor, Faculdade Integrada de Santa Maria (FISMA) leo_jantsch@hotmail.com

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dissemina rapidamente (TALHARI, CORTEZ, 2009). A sífilis se caracteriza como um sério problema de saúde pública no Brasil, ainda que seja uma doença sexualmente transmissível (DST) que pode ser controlada através da promoção em saúde e tratamento efetivo, encontram-se barreiras que salientam seu aparecimento contínuo no século XXI (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). Essa enfermidade não é hereditária, porém pode ser passada aos descendentes durante a gravidez, ou seja, via placentária, denominada assim como sífilis congênita. Em termos de transmissão vertical, a doença afeta o feto de maneira extremamente invasiva, ou seja, no primeiro ou segundo trimestre da gravidez pode ocorrer morte intraútero (25 a 30% dos casos), óbito neonatal (em outros 25 a 30% dos casos) e sobrevida em 40% dos casos, sendo assim portadores de sífilis congênita (BARROS, 2009). A sífilis congênita é classificada em dois períodos: a precoce, caracterizada até o segundo ano de vida, e a tardia, com o aparecimento após o segundo ano de vida. Na sífilis congênita precoce o recém-nascido na maioria dos casos é assintomático, mas pode também manifestar alterações como prematuridade, baixo peso, hepatomegalia, esplenomegalia, lesões cutâneas, periostite, lesões ósseas manifestando pseudoparalisia dos membros, icterícia, anemia, sofrimento respiratório, leucocitose ou leucopenia, síndrome nefrótica entre outras manifestações clínicas. Na sífilis congênita tardia, conhecida também como sífilis da segunda infância, há o acometimento de diversos órgãos, onde se enfatiza para as lesões do sistema nervoso e deformidades dentárias. (SES- SP, 2008). Dentro desse quadro preocupante, a sífilis congênita é classificada como doença de notificação compulsória, devido seus índices elevados de morbimortalidade neonatal. O intrigante dentro de diversos dados e informações notificadas dessa doença é sua classificação enquanto condição evitável desde que corretamente diagnosticada e tratada, ou seja, todos os agravos causados a esse bebê mesmo que a mãe seja portadora de sífilis, poderiam ser evitados com um tratamento adequado, possibilitando saúde materna e fetal. No entanto, nem sempre ocorre um tratamento e uma assistência adequada à portadora de sífilis, uma das barreiras explicáveis para esse fato é a questão da dificuldade em se trabalhar com doenças sexualmente transmissíveis, em muitos casos a equipe de saúde não tem o conhecimento

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da doença, muito se deve pela falha na realização dos exames pré-natais, e assim passa-se despercebido algo tão relevante. A remissão espontânea das lesões nas fases primária e secundária propicia essa “invisibilidade”, onde a identificação dos portadores, responsabilidade desses profissionais, torna-se uma tarefa árdua. (SARACENI, GUIMARÃES, FILHA, LEAL, 2005).

Objetivos

Discutir as consequências da sífilis congênita na saúde materno-fetal e suas complicações futuras; assim como alertar sobre a importância do pré- natal para o diagnóstico precoce e tratamento da doença.

Método

A pesquisa trata de uma revisão bibliográfica de cunho descritivo, utilizando a abordagem qualitativa. Dentre o material utilizado para pesquisa, encontra-se livros que pertencem a temática e artigos científicos obtidos da biblioteca virtual Scielo (Scientific Eletronic Library OnLine), através das palavras-chave: sífilis, sífilis-congênita e cuidado pré-natal. Dos artigos encontrados, os critérios de inclusão foram: pertencer à temática, apresentar textos completos na língua portuguesa e gratuitos. Os direitos autorais e todos os aspectos éticos referentes às fontes, foram respeitados e obedecidos.

Análise e Discussão de Resultados

O fato de a sífilis ser uma doença conhecida há séculos e possuir um agente etiológico bem definido não reduz os índices assustadores da atualidade. Com a ausência do tratamento da sífilis em associação a uma gestação, encontra-se a sífilis congênita, doença transmitida ao feto que ocasiona diversas complicações podendo levar ao aborto ou gerar múltiplas sequelas ao recém-nascido. (MAGALHÃES, KAWAGUCHI, DIAS, CALDERON, 2013). A transmissão do Treponema pallidum para o feto por via transplancentária pode ocorrer em qualquer fase da gestação, porém geralmente ocorre após o quarto mês. Logo após a sua passagem transplancentária, o T. pallidum ganha os vasos umbilicais e se multiplica por todo organismo fetal, acomete inicialmente o fígado e a seguir vários órgãos,

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em especial lesões instaladas na pele e mucosas, esqueleto e sistema nervoso central. Os pulmões podem ser afetados pela denominada “pneumonia Alba”, complicação grave do trato respiratório (MARCONDES, VAZ, RAMOS, OKAY, 2003). O tratamento é considerado adequado na gestante quando se descarta a possibilidade de uma posterior infecção congênita, se caracteriza, na maioria das vezes, pelo uso do antibiótico chamado penicilina, administrado em doses referentes à fase da infecção, o tratamento é finalizado em pelo menos trinta dias antes do parto, e o seu parceiro é tratado no mesmo esquema terapêutico da gestante. Quando o tratamento é ineficaz, os recém-nascidos devem realizar exame- físico, VDRL (Veneral Disease Research), que é um exame de triagem, hemograma completo, estudo radiográfico de ossos longos e punção lombar para estudo do líquor. (MAGALHÃES, KAWAGUCHI, DIAS, CALDERON, 2013). Em uma pesquisa realizada no assunto constatou-se que 86,2% das mulheres que descobriram diagnóstico de sífilis durante o pré-natal e informaram os parceiros, apenas 56% receberam no mínimo uma dose de penicilina; fator alarmante que contribui de forma direta para a sífilis congênita (HEBMULLER, FIORI, LAGO, 2015 apud CAMPOS, ARAÚJO, MELO, ANDRADE, GONÇALVES, 2012). Através de um pré-natal eficiente as chances de sífilis congênita diminuem de forma significativa, visto que se identificado o quadro clínico de sífilis será fornecido a portadora o tratamento eficaz prevenindo complicações no momento do parto e para o futuro bebê (DOMINGUES, SARACENI, HARTZ, LEAL, 2013).

Conclusões

A sífilis ainda que conhecida e determinada como doença de acesso à prevenção, continua alcançando índices alarmates e sendo caracterizada assim como doença de notificação compulsória. Nesse âmbito, durante uma gestação, necessita-se de um cuidado maior em relação a essa enfermidade, sabendo que a sífilis congênita traz transtornos e consequências ao feto que poderiam ser evitadas com um diagnóstico e tratamento precoce. Os profissionais de sáude, em sua responsabilidade como promotores da mesma, devem possibilitar um cuidado humanizado a essa paciente, para que ela se sinta acolhida durante as consultas de pré-natal e sejam realizados os exames

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necessários. A participação do parceiro torna-se essencial, uma vez que o mesmo pode ocasionar uma reinfecção sem o tratamento, além do fato de prestar apoio a sua companheira. O atendimento da Enfermagem durante esse pré-natal qualifica-se como um determinante na qualidade da assistência a essa gestante, uma vez que quanto mais rápido o início do tratamento, maiores são as chances de abonar todos os riscos de transmissão para o feto. Através do vínculo com a paciente na Unidade Básica de Saúde conquista-se a oportunidade de um tratamento precoce, já que se sabe o quão complicado pode ser o diagnóstico de sífilis tardia enquanto assintomática. O acompanhamento durante a gestação, o diagnóstico precoce através da realização dos exames de triagem e posterior tratamento da gestante e do parceiro, ainda se caracterizam como desafios no sistema de saúde, visto que ainda se tem um índice elevado de sífilis congênita.

Palavras-Chave: sífilis; sífilis- congênita; cuidado pré-natal.

Referências

BARROS, Sonia Maria Oliveira de. Enfermagem obstétrica e ginecológica: guia para a prática assistencial. 2.ed. – São Paulo: Roca, 2009.

BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de vigilância em saúde. Programa Nacional de DST e AIDS. Protocolo para a prevenção de transmissão

vertical de HIV e sífilis. Brasília: Ministério da saúde, 2006.

DOMINGUES, Rosa Maria; SARACENI, Valéria; ARAÚJO HARTZ, Zulmira Maria de; CARMO LEAL, Maria do. Sífilis congênita: evento sentinela da

qualidade da assistência pré-natal. Rio de Janeiro: Rev. Saúde Pública,

2013.

GARLOW HEBMULLER, Marjorie; HOLMER FIORI, Humberto; GASTAL LAGO, Eleonor. Gestações subsequentes em mulheres que tiveram sífilis

na gestação. Porto Alegre, 2015. Disponível em: http://www.scielo.org/php/index.php. Acesso em: 20 de junho. 2016.

MARCONDES, Eduardo; VAZ, Flávio Adolfo Costa; RAMOS, José Lauro Araújo; OKAY, Yassuhiko. Pediatria básica. 9.ed.- São Paulo: Sarvier, 2003. MAGALHÃES, Daniela; APARECIDA, Inês; DIAS, Adriano; CALDERON, Iracema. Sífilis materna e congênita: ainda um desafio. Rio de Janeiro, 2013. Disponível em: http://www.scielo.org/php/index.php. Acesso em: 20 de junho. 2016.

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SÃO PAULO, Secretaria do estado da Saúde. Sífilis congênita e sífilis na

gestação. São Paulo: Rev. Saúde Pública, 2008. Disponível em:

http://www.scielo.org/php/index.php. Acesso em: 20 de junho. 2016.

SARACENI, Valéria; GUIMARÃES, Maria Helena; THEME, Mariza Miranda; CARMO LEAL, Maria do. Mortalidade perinatal por sífilis congênita: indicador da qualidade da atenção á mulher e á criança. Rio de janeiro: Cad. Saúde Pública, 2005. Disponível em: http://www.scielo.org/php/index.php. Acesso em: 20 de junho. 2016.

TALHARI, Sinésio; CORTEZ, Carolina Chresciak Talhari. Sífilis. In: FOCACCIA, Roberto, et al. Tratado de infectologia. 4.ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2009.

O PROCESSO DE CUIDAR DE PACIENTES COM TRAUMA

No documento VOLUME 2 APRESENTAÇÃO (páginas 120-125)