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O PROCESSO DE CUIDAR DE PACIENTES COM TRAUMA RAQUIMEDULAR E A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DA

No documento VOLUME 2 APRESENTAÇÃO (páginas 125-132)

ENFERMAGEM

MULLER, Patrícia 1 NUNES, Diego2 LIMA, Andriéli P.Souza de 3 RODRIGUES, Giovana R.de Freitas4

MELO, Fernanda Leão5 SILVA, Giovane Souza6

Introdução

A lesão medular traumática (LMT) é uma agressão à medula espinhal, que pode causar perda parcial ou total da motricidade voluntária e/ou da sensibilidade (tátil, dolorosa, profunda), além de comprometimento nos

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Relatora. Graduanda do curso de enfermagem do 7º semestre da Faculdade Integrada de Santa Maria, FISMA. E-mail: patti.muller@yahoo.com.br

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Co-autor. Graduando do curso de enfermagem do 7º semestre da Faculdade Integrada de Santa Maria, FISMA. E-mail: diegonunes564@hotmail.com

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Co-autora. Graduanda do curso de enfermagem do 7º semestre da Faculdade Integrada de Santa Maria, FISMA. E-mail: andrieli1804@hotmail.com

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Co-autora. Graduanda do curso de enfermagem do 7º semestre da Faculdade Integrada de Santa Maria, FISMA. E-mail: giovanafreitas4@hotmail.com

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Co-autora. Graduanda do curso de enfermagem do 7º semestre da Faculdade Integrada de Santa Maria, FISMA. E-mail: feleaomelo@gmail.com

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Orientador. Enfermeiro Especialista em urgência emergência e trauma, professor da Faculdade Integrada de Santa Maria, FISMA. E-mail: gism@ibest.com.br

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sistemas urinário, intestinal, respiratório, circulatório, sexual e reprodutivo (BRUNOZI, 2011). A lesão medular (LM) é uma das mais complexas lesões que uma pessoa pode sofrer sendo a mais comum a de origem traumática, cuja lesão é incapacitante, causando paralisia, perda sensorial e diversas disfunções fisiológicas envolvendo varias funções corporais. Além das causas traumáticas, a lesão medular pode ser causada por tumores, doenças bacterianas ou por vírus. No Brasil, levando-se em conta as maiores cidades, as causas mais frequentes da LM são por armas de fogo, por meios violentos e os acidentes de trânsito, porém nos serviços de urgências, os acidentes nas vias públicas e os mergulhos são vistos com muita frequência (CARVALHO E NUNES, 2015). Entende-se por traumatismo raquimedular (TRM) lesão de qualquer causa externa na coluna vertebral, incluindo ou não a medula ou raízes nervosas, em qualquer dos seus segmentos. Sua incidência mundial é estimada entre nove e 50 casos/milhão de habitantes, sendo mais prevalente em áreas urbanas. O Sistema Único de Saúde (SUS), em 2004, registrou 15.700 internações, com 505 óbitos decorrentes de fraturas de coluna, que usualmente são permanências hospitalares prolongadas, de alto custo e envolvem equipe multidisciplinar. Provocam sequelas neurológicas e psicológicas graves, bem como, na economia familiar e na sociedade civil, pois atingem principalmente pacientes em idade profissional produtiva. A lesão da coluna ocorre predominantemente no sexo masculino, na proporção de 4:1, na faixa etária entre 15 e 40 anos. Acidentes automobilísticos, queda de altura, acidente por mergulho em água rasa e ferimentos por arma de fogo são as principais causas de TRM4. Por esse motivo, as informações epidemiológicas podem mostrar as diferenças na incidência do TRM e suas repercussões individuais e sociais para, diante disso, auxiliar a programar recursos materiais e físicos necessários ao tratamento e a prever o resultado da terapia e o prognóstico do trauma, assim como – e principalmente – sua prevenção (BRITO, 2011).

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O objetivo geral deste estudo é identificar e analisar o conhecimento da equipe de enfermagem acerca do cuidado prestado ao paciente acometido por Trauma Raquimedular.

Metodo

Trata-se de um estudo bibliográfico descritivo, baseados em artigos científicos e livros, onde inicialmente buscaram-se os descritores no DeCS (Descritores em Ciências da Saúde), no qual se empregaram “Cuidados de Enfermagem”; “Traumatismos da Coluna Vertebral”; “Conhecimentos” e “Qualidade na Assistência”. Utilizaram-se as bases de dados Literatura Latino- Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), e Literatura Internacional em Ciência da Saúde (MEDLINE) e também em livros que tratam do assunto, considerando-se instrumentos relevantes de critério de inclusão: artigos e livros que dessem maior relevância ao tema, incluindo apenas os em idioma de língua portuguesa.

Resultados

Segundo Defino (1999) a medula espinhal faz parte do sistema nervoso central (SNC) que pode ser considerada a continuação do encéfalo, no entanto é o principal meio de ligação entre o cérebro e o resto do organismo. Vem a serem constituídos de células nervosas denominadas de neurônios e fibras nervosas denominadas axônios que estes vêm a ser o prolongamento dos neurônios e dão origem as vias espinhais.As vias espinhais podem vir a serem classificadas em dois tipos, vias descendentes que levam os sinais gerados no cérebro para as periferias que estão relacionadas aos movimentos, contraturas musculares e controle visceral e em vias ascendentes que conduzem estímulos gerados na periferia até o cérebro e são responsáveis pela sensibilidade, ou seja, sensações de dor, frio, calor (DEFINO, 1999). Para Siscão (2007), trauma raquimedular caracteriza-se por uma lesão traumática que pode ser causada por um conjunto de fatores ou situações que acarretem comprometimento da função da medula espinhal em graus variados de extensão. Nos últimos 40 anos ocorreram nos Estados Unidos um significativo crescimento da incidência de casos de lesão medular com a média de 53 internações hospitalares por

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ano por milhão de habitantes. E no Brasil os dados estatísticos são imprecisos (SISCÃO, 2007). Segundo Siscão (2007), pesquisadores relatam que o trauma raquimedular é a maior causa de morbidade e mortalidade no publico adultos jovens, na faixa de idade de 18 e 35 anos tendo a proporção de quatro homens para uma mulher onde as principais causas são acidentes automobilísticos, queda e violência. Para Silva e Defino (2002), existe sazonalidade na ocorrência de casos de trauma raquimedular que vem a ocorrer devido a mergulho em água rasa, já que a um numero elevado dessas lesões nos meses em que a temperatura está mais elevada. Segundo Defino (1999), no ano de 1992 foi criada pela Associação Americana do Trauma Raquimedular (ASIA – American SpineInjuryAssociation) padrõespara fins de avaliação e classificação neurológica do trauma raquimedular e esses padrões vêm apresentando grande aceitação em todo mundo. A avaliação ocorre da seguinte forma, são avaliados ambos os lados, onde são observados músculos denominados músculos chaves e esses constituem 10 pares de músculos chaves a força graduada segue a seguinte nomenclatura: 0 paralisia total, 1 contração palpável ou visível, 2 movimento ativo eliminado pela força da gravidade, 3 movimento ativo que vence a força da gravidade, 4 movimento ativo contra alguma resistência, 5 normal e NT. E os músculos selecionados para avaliação são os seguintes:

C5- flexores do cotovelo; C6 - flexores do punho; C7- extensores do cotovelo;

C8- flexores do dedo (falanges média e distal); T1- abdutores (dedo mínimo)

L2- flexores do quadril L3- flexores do joelho

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L 5- extensor longo dos dedos

S 1- flexores plantares do tornozelo (DEFINO 1999).

A avaliação de uma deficiência raquimedular é baseada na escala de Frankel que veio a ser modificada pela American Spine Injury Association –ASIA, que consiste em 5 graus de incapacidade:

1º Lesão completa: não existe função motora ou sensitiva nos segmentos sacrais S4-S5.

2º Lesão Incompleta: preservação da sensibilidade e perda da força motora abaixo do nível neurológico, estendendo-se até os segmentos sacrais S4-S5. 3º lesão incompleta - função motora é preservada abaixo do nível neurológico, e a maioria dos músculos chaves abaixo do nível neurológico possui grau menor ou igual a.

4º lesão incompleta - função motora é preservada abaixo do nível neurológico e a maioria dos músculos chaves abaixo do nível neurológico possui grau maior ou igual a.

5º normal – sensibilidade e força motoras normais (DEFINO 1999).

Devido ao trauma raquimedular ocorre muitas complicações associadas como, por exemplo: Choque medular, choque neurogênico, disrreflexia autonômica, bexiga neurogênica, trombose venosa profunda, intestino neurogênico, alterações psicopatológicas, espasticidade, úlceras por pressão, pneumonias (DEFINO, 2005). Todo o paciente poli traumatizado deve ser sempre considerado como suspeito de lesão medular. O paciente deve receber o cuidado adequado desde o acidente o mesmo deve ser imobilizado com colar cervical, sempre que for realizar algum movimento com o paciente o mesmo deve ser feito em bloco, ser posicionado em prancha rígida e ser transferido com segurança e mais breve possível para um pronto socorro (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). O acompanhamento com psicólogos é muito importante para o paciente e deve ocorrer junto com uma equipe multidisciplinar cujo intuito é a reabilitação do biopsicossocial do paciente, qualquer paciente que venham a sofrer uma lesão medular seja qual for à forma, traumática ou não traumática, sofre um grande impacto da perda física alguns desenvolvem traumas outros apresentam grande dificuldade de adaptação às mudanças.

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Então o paciente que desenvolve uma lesão medular se depara com 5 fases comportamentais que são as seguintes: Choque, negação, reconhecimento e adaptação (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). A reabilitação do paciente está fortemente ligada à qualidade e quantidade da abordagem fisioterapêutica que deve ser iniciada desde a fase aguda inclusive na terapia intensiva que não deve se manter somente em técnicas respiratória, mas também na manutenção da vida (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). O tratamento oferecido no atendimento hospitalar inicial, certamente interfere no desfecho final da segunda e terceira fases, o atendimento hospitalar inicial do politraumatizado pode influenciar toda a sua evolução, estando nas mãos dos profissionais e sob a sua responsabilidade grande parte do sucesso do tratamento definitivo a ser oferecido. Os cuidados hospitalares iniciais incluem uma sala de reanimação cardio respiratória adequadamente organizada, com equipe médica e para-médica com treinamento específico para politraumatizados. Os equipamentos, incluindo os mais simples como ressuscitador manual e tubos endotraqueais, devem ter sido previamente testados e organizados de forma que o acesso a eles seja rápido e fácil; as soluções cristalóides devem estar colocadas em locais que facilitem o pronto uso; o pessoal de laboratório, Raio- X e banco de sangue, devem oferecer respostas rápidas. É importante, também, o atendimento às “Precauções Universais”, isto é, uso de máscara, luvas, óculos, avental impermeável e botas para todos que têm contato com o paciente traumatizado; entre as doenças transmissíveis por sangue e secreções estão, em especial, a hepatite e a síndrome da imunodeficiência adquirida. primário e ressuscitação, exame secundário, reavaliação e tratamento definitivo (ALBINO,2004).

Conclusão

Portanto, a análise dos dados possibilitou a compreensão da complexidade desse tipo de trauma, lesão de qualquer causa externa na coluna vertebral, incluindo ou não a medula ou as raízes nervosas, em qualquer dos seus segmentos (cervical, dorsal, lombossacro) e frequentemente está associado a um trauma crânio encefálico ou politrauma. Os componentes que integram o cuidado de enfermagem no processo do trauma raquimedular

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são complexos. Por essa razão, precisam ser inseridos na formação dos profissionais da Enfermagem e da saúde, pois, para que uma esfera envolta em cuidado prevaleça, é preciso sensibilização das diversas instâncias que formam esses profissionais. Este trabalho foi muito importante para o nosso conhecimento acadêmico, tivemos a compreensão e o aprofundamento sobre o tema proposto, permitiu-nos conhecer melhor, compreender de melhor forma a teoria, além de nos ter permitido desenvolver a competência de investigação, seleção, organização e comunicação da informação, tornando-nos futuros profissionais com uma visão diversificada do assunto abordado.

Palavras-chave: Cuidado de Enfermagem; Traumatismos da Coluna Vertebral;

Conhecimentos; Qualidade na Assistência.

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