• Nenhum resultado encontrado

113 MULLER, Patrícia

No documento VOLUME 2 APRESENTAÇÃO (páginas 113-120)

ATIVIDADES EDUCATIVAS NO CONTROLE DO CÂNCER DE COLO DO ÚTERO, ATRAVÉS DA COLETA DO

113 MULLER, Patrícia

DAMACENO, Adalvane Nobres 2

Introdução

O câncer do colo do útero é caracterizado pela replicação desordenada do epitélio de revestimento do órgão, comprometendo o tecido subjacente (estroma) e podendo invadir estruturas e órgãos contíguos ou à distância. Há duas principais categorias de carcinomas invasores do colo do útero, dependendo da origem do epitélio comprometido: o carcinoma epidermoide, tipo mais incidente e que acomete o epitélio escamoso (representa cerca de 90% dos casos), e o adenocarcinoma, tipo mais raro e que acomete o epitélio glandular (cerca de 10% dos casos). (INCA, 2016). As estimativas para o biênio 2016-2017, apresentados aqui, continuam a tradição iniciada em 1995, e mantêm-se como importante ferramenta na disponibilidade de informações – oportunas atualizadas e sistemáticas – na área da saúde, com base em informações válidas e confiáveis, integrando um processo dinâmico e complexo envolvendo múltiplos componentes, com metodologia aperfeiçoada e atualizada pela equipe da Divisão de Vigilância e Análise de Situação da Coordenação de Prevenção e Vigilância do INCA, seguindo rigorosamente critérios científicos para assegurar uma aproximação da real incidência de câncer em cada estrato populacional contemplado nos resultados. Essas informações têm o objetivo de apoiar o gestor, na medida em que permitem a apropriação do conhecimento da realidade sobre a qual se deseja intervir e ou modificar, com a possibilidade do olhar para especificidades regionais em relação aos problemas que afetam a saúde da população, relacionados à questão do câncer no Brasil. (INCA, 2016). A(o) enfermeira(o), assim como os outros profissionais de saúde, devem atuar na sensibilização das mulheres para a realização do exame de citologia oncótica e no autoexame das mamas, além da busca ativa durante visitas domiciliares, consulta de enfermagem,

1

Relator. Graduando do curso de enfermagem do 7º semestre da Faculdade Integrada de Santa Maria – FISMA.E-mail: patti.muller@yahoo.com.br

2

Orientador: Mestre em enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria- UFSM. E-mail: adalvane.damaceno@fisma.com.br

114

grupos educativos e reuniões com a comunidade. O resultado desta sensibilização é o aumento da demanda, levando até as Unidades Básicas de Saúde um número significativo de mulheres com a síndrome de corrimento vaginal, que necessitam de uma conduta mediata e imediata. A(o) Enfermeira(o), geralmente é o profissional de referência dentro da unidade, necessitando, muitas vezes, tomar algumas condutas diante de uma queixa avaliada. Desta forma, tornou-se necessária a criação deste protocolo que tem por objetivo a organização da assistência da(o) enfermeira(o), do técnico e do auxiliar de enfermagem durante a prevenção do câncer do colo uterino e das mamas, trazendo resolutividade para a Atenção à Saúde da Mulher, respaldados pela LEP 7498/86, Resoluções COFEN 195/97, 271/02 e 385/11. (SMS- São Paulo, 2015). Através da consulta de enfermagem, se tem um roteiro para realização da consulta ginecológica, se realiza entrevista (identificação, aspectos sociais e emocionais, história familiar, antecedentes pessoais, história obstétrica, método contraceptivo usado (encaminhar para planejamento familiar se necessário); informações sobre os diversos aparelhos e estado geral da saúde) e exame físico (avaliar mamas, abdome, identificar possíveis pintas ou manchas de características anômalas sugestivas de câncer de pele, inspeção da genitália externa (último procedimento) e coleta de material para citológico). Se antes a preocupação era a falta de acesso ou nunca ter realizado, nos dias de hoje é imprescindível a continuidade de sua realização pelas mulheres, sua periodicidade. É indispensável promover a periodicidade da realização do exame, pois quando não é realizado com frequência, a mulher compromete a prevenção do agravo e diminui a possibilidade do diagnóstico precoce. (Nascimento, 2014). Considerando o exposto, acredita-se que as ações de rastreamento são fundamentais para a detecção precoce, bem como para a prevenção de complicações relacionadas à saúde da mulher. Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivo avaliar as condutas dos profissionais da atenção primária que atuam na consulta de rastreamento de câncer de colo de útero e de mama quanto anamnese e exame físico de acordo com a percepção de um grupo de mulheres, respondendo à seguinte questão norteadora: de que forma os conhecimentos e ações dos profissionais da atenção primária durante a consulta de

115

rastreamento do câncer de colo de útero. ( Bertocchi, 2014). Uma vez que o câncer de colo do útero e passível de prevenção e detecção precoce, compete aos profissionais de enfermagem estimular a participação das mulheres nos programas de rastreamento para o controle da enfermidade. Uma das possibilidades e por meio da educação da população feminina. E necessário que as mulheres se conscientizem e pratiquem os cuidados preventivos realizando o exame periodicamente no seu cotidiano. A educação e o exame devem ser ações desenvolvidas pelos profissionais de enfermagem que possuem respaldo legal para a realização do exame de Papanicolau.(Araújo, 2011). Mesmo com a assistência à saúde da mulher nas Unidades Básicas de Saúde, a forma como são repassadas as informações é que dificulta o esclarecimento das mesmas para a busca da promoção, prevenção da saúde, visto que as mesmas informações passadas são consequentemente depositárias, ao invés de abordar de forma dialogada e esclarecendo suas dúvidas para que os índices de mortalidade e a incidência não cresçam ainda mais de maneira progressiva. (Souza, 2014). Nós como futuras enfermeiras, devemos buscar nos aprofundar no conhecimento sobre o tema em questão para descobrir estratégias que propiciem a conscientização do público-alvo feminino sobre a importância da prevenção e do tratamento do câncer colo- uterino.

Objetivo

Relatar uma experiência vivenciada na Unidade Básica de Saúde, realizando as coletas de preventivos do colo-útero.

Método

O presente trabalho trata-se de um relato de experiência vivenciado na unidade básica de saúde no município de Santa Maria, conforme estágio curricular obrigatório do sexto semestre de enfermagem da Faculdade Integrada de Santa Maria no período de 31 de março a 20 abril de 2016. No primeiro momento foram realizadas campanhas de educação em saúde, orientações para garantia de um resultado correto e agendamento para realização do exame. No segundo momento eram realizadas consultas de

116

enfermagem para realizar entrevistas e exame físico, sendo que as coletas de dados serviam para se manter o vínculo e acolhimento destas mulheres no serviço. Estes dados que foram coletados serviram para nortear o relato de experiência e para nortear as formas de tratamento. As consultas de acolhimento foram realizadas em uma sala reservada, para que haja privacidade a cada uma delas e que as mesmas se sintam à vontade na hora da realização do exame de papanicolau. Todas as informações descritas pela paciente serão relatadas em seu prontuário eletrônico (SISCAN) estas informações são passadas para um caderno de controle interno e após enviadas para laboratório. A mulher deve retornar ao local onde foi realizado o exame na data marcada para saber o resultado e receber instruções necessárias. Tão importante quanto realizar o exame é buscar o resultado e apresentá-lo ao médico.

Resultados e Discussões

No Brasil, o controle do câncer do colo do útero teve seu ponto de partida em iniciativas pioneiras de profissionais que trouxeram para nosso meio a citologia e a colposcopia, a partir dos anos 1940. Em 1956, do Centro de Pesquisas Luíza Gomes de Lemos, da Fundação das Pioneiras Sociais, no Rio de Janeiro, foi a primeira iniciativa de dimensão institucional direcionada para o controle do câncer do colo do útero em nosso país. Entre 1972 e 1975, o Ministério da Saúde, por meio de sua recém-instituída Divisão Nacional de Câncer, desenvolveu e implementou o Programa Nacional de Controle do Câncer, que se destinava a enfrentar o câncer em geral, mas que deu destaque ao rastreamento do câncer de colo do útero. Esta foi a primeira ação de âmbito nacional do Ministério da Saúde para a prevenção do câncer do colo do útero. Em 1984, foi implantado o Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM), que previa que os serviços básicos de saúde oferecessem às mulheres atividades de prevenção do câncer do colo do útero. Com base nessa experiência, as ações foram expandidas, em 1998, para todo o Brasil como Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero – Viva Mulher, com a adoção de estratégias para estruturação da rede assistencial, estabelecimento de um sistema de informações para o monitoramento 22 das

117

ações (Siscolo) e dos mecanismos para mobilização e captação de mulheres, assim como definição das competências nos três níveis de governo. Em 2005, foi lançada a Política Nacional de Atenção Oncológica, que estabeleceu o controle dos cânceres do colo do útero e de mama como componente fundamental a ser previsto nos planos estaduais e municipais de saúde. Em 2010, o Ministério da Saúde, considerando a persistência da relevância epidemiológica do câncer do colo do útero no Brasil e sua magnitude social, instituiu um Grupo de Trabalho com a finalidade de avaliar o Programa Nacional de Controle de Câncer de Colo do Útero, também, em 2011, foram publicadas pelo INCA as Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer do Colo do Útero. Em 2013, foi instituído o Sistema de Informação de Câncer (Siscan) no âmbito do SUS . Trata-se de uma versão em plataforma web que integra o Siscolo e o Sistema de Informação do Câncer de Mama (Sismama). Ainda em 2014, o Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), iniciou a campanha de vacinação de meninas adolescentes contra o papilomavírus humano (HPV). Apesar dos avanços de todo o SUS, continuar a reduzir a mortalidade por câncer do colo do útero no Brasil ainda é um desafio a ser vencido. (INCA- Diretrizes de Rastreamento Câncer Colo Útero-2011). A evolução do câncer do colo do útero, na maioria dos casos, se dá de forma lenta, passando por fases pré-clínicas detectáveis e curáveis. Dentre todos os tipos de câncer, é o que apresenta um dos mais altos potenciais de prevenção e cura. Seu pico de incidência situa-se entre mulheres de 40 a 60 anos de idade, e apenas uma pequena porcentagem, naquelas com menos de 30 anos. (BVSMS- 2002). As atividades desenvolvidas foram breviamente agendada, na oportunidade foram realizadas educação em saúde, investigação de novos casos, coleta dos exames, e o rastreamento dos exames. Esta educação em saúde toda embassada em saberes científicos e populares e dentro das normas e diretrizes do Ministério da Saúde. As atividades acadêmicas foram cuidadosamente preparadas através de estudos, elaboração de material educativos, entrega de folders com material ilustrativos. Dentro destas atividades educativas foram abordados os seguintes temas: orientações sobre o exame de Papanicolau e sua importância na prevenção do câncer de colo do útero, assim como a apresentação do material utilizado para

118

a realização do exame, o preparo pré-exame e as recomendações pós-exame. Foram constatados várias dificuldades: como situação de vergonha, posição desagradável, falta de informações como a periodicidade na realização do exame, também sobre a importância na realização do exame depois de já estar com vida sexual ativa; algumas acham que “doi”, que “machuca”, também foi detectado a falta maior de informações em mulheres de mais idade sobre doenças sexualmente transmissíveis e o aumento das mesmas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a realização do preventivo é considerada uma estratégia eficaz na prevenção e detecção precocemente o câncer do colo do útero, que tem mudado as taxas de incidência deste câncer. O acolhimento realizado de forma satisfatória pelos profissionais da unidade envolve de forma positiva o usuário, ao se preocupar em oferecer uma assistência satisfatória do serviço desde a recepção até a saída do mesmo da unidade, visto que além de satisfeito, o usuário manterá um vínculo de confiança e credibilidade nos profissionais que o acolhem de forma digna. (Souza, 2014). Sendo assim, experiências concretas realizadas ao longo da formação do acadêmico acompanhadas de estudos avançados sobre temas relevantes fortalecem a prática profissional na medida em que insere o acadêmico num determinado contexto, contemplando todas as suas dimensões e ainda, agregam ações construtivas às já desenvolvidas pelos serviços. (Valente, 2015). Evidencia-se preconceito contra o profissional enfermeiro como responsável pela prática da coleta do exame, preferindo o profissional médico, depois de terem realizado com os dois profissionais, apesar de não citar alguma atitude negativa em relação ao enfermeiro na realização do exame. (Nascimento, 2014). Através de toda esta pequena experiência em que tive neste grande trabalho de educação em saúde na prevenção ao câncer do colo-útero, eu como acadêmica de enfermagem pude presenciar a importância do profissional enfermeiro dentro do Sistema Único de Saúde, e na credibilidade em que tem adquirindo no longo dos anos, realizando exames, consultas de enfermagem, esta autonomia foi uma grande conquista na nossa profissão, isto vem acontecendo com toda a certeza com muito trabalho, estudo e muito esforço que estamos dia-a-dia conquistado nosso espaço.

119

Conclusão

No Brasil, em 2016, são esperados 16.340 casos novos, com um risco estimado de 15,85 casos a cada 100 mil mulheres. É a terceira localização primária de incidência e de mortalidade por câncer em mulheres no país, excluído pele não melanoma. Em 2013, ocorreram 5.430 óbitos por esta neoplasia, representando uma taxa de mortalidade ajustada para a população

mundial de 4,86 óbitos para cada 100 mil mulheres. (INCA-2016). Os

resultados reforçam que precisamos priorizar as ações de prevenção, através de educação em saúde, pois o câncer colo-útero é totalmente previnível, isto nos faz ver a importância do enfermeiro como um educador nato dentro da Saúde Pública, e da importante autonomia que este profissional adquiriu dentro do sistema. Sendo assim, o enfermeiro enquanto profissional de saúde deve estar preparado para assumir a responsabilidade de realizar o exame papanicolau, bem como realizar atividades educativas a fim de buscar formas de prevenção do câncer do colo do útero. Conclui-se que através desta vivencia e de muitas experiências concretas realizadas ao longo da formação como acadêmico, acompanhadas de vários estudos avançados sobre temas relevantes que nos fortalecem a prática para nossa vida profissional futura.

Descritores: Saúde da mulher; Colo do útero; Enfermagem; Educação em

Saúde.

Referências:

ARAUJO, Camila Silva; et, al. Exame Preventivo de Papanicolau: Percepção

das Acadêmicas de Enfermagem de um Centro Universitário do Interior de Goiás. RemE – Rev. Min. Enferm.;15(3): 378-385, jul./set., 2011.

BERALDO, Marisa; et, al. Manual de Enfermagem – Saúde da Mulher

SMS/SP - 4ª ed. Série Enfermagem Atenção Básica - SMS- São Paulo, 2015.

BERTOCCHI, Fernanda Martins; et, al. Conduta de profissionais durante a

consulta de rastreio do câncer de mama e útero. Rev Rene. 2014 nov-dez;

15(6):973-9.

120

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria Nacional de Assistência à Saúde.

Falando sobre câncer do colo do útero. – Rio de Janeiro: MS/INCA, 2002

NASCIMENTO, Rafaella Gontijo do; et, al. Falta de Periodicidade na

realização do Exame Citopatológico do Colo Uterino: Motivações das Mulheres. REME • Rev Min Enferm. 2014 jul/set; 18(3): 557-564.

SOUZA, Kaliandra Ramos de; et, al. Educação Popular como Instrumento

Participativo para a Prevenção do Câncer Ginecológico: Percepção de Mulheres. Rev Cuid 2015; 6(1): 892-9Rev

VALENTE, Carolina Amancio; et, al. Atividades Educativas no controle do

Câncer de Colo do Útero: Relato de Experiência. R. Enferm. Cent. O. Min.

2015 set/dez; 5(3):1898-1904.

A SÍFILIS CONGÊNITA: ASPECTOS CONCEITUAIS, CLÍNICOS E

No documento VOLUME 2 APRESENTAÇÃO (páginas 113-120)