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Primeiramente é importante compreender o que é a supervisão e quais as suas finalidades e objetivos e o modo como esta se inter-relaciona com o conceito de colaboração que está intrinsecamente ligado às comunidades de prática e consequentemente à formação cooperada dos grupos cooperativos do MEM.

1. Conceito de Supervisão

Primeiramente importa compreender a epistemologia da palavra supervisão, o termo supervisão integra duas partes: “super”, que significa “sobre” e “video”, com o significado de “ver”.

A palavra supervisão, segundo Gaspar, Seabra e Neves (2012, p. 29) foi sendo então interpretada linearmente como "olhar de ou por cima", admitindo ainda uma perspetiva de “visão global” que foi sendo relacionada com a função de inspecionar, fiscalizar, controlar, avaliar e impor.

A supervisão, segundo ainda as mesmas autoras, pode-se entender de duas formas distintas, a primeira como uma visão aprofundada, reflexiva e com sentido autocrítico do contexto e ao mesmo tempo voltada para o interior, possibilitando a compreensão do significado da realidade, uma visão com capacidade de previsão e de retrovisão; e uma segunda como forma de promoção do que se pretende que seja instituído, para evitar o que não se deseja e para reconhecer o que aconteceu e não deveria ter acontecido (Stones, 1984).

Segundo Alarcão e Canha (2013, p. 19) a supervisão é "um processo de acompanhamento de uma atividade e da ou das pessoas que a realizam, orientando no sentido de facilitar a boa consecução da atividade, o desenvolvimento da competência e o grau de satisfação de quem a executa."

2. O Supervisor como promotor de desenvolvimento profissional

O supervisor poderá ter a função de facilitador ou líder de uma comunidade aprendente, pois segundo Alarcão e Tavares (2010), a sua função principal consiste em fomentar ou apoiar contextos de reflexão formativa e transformadora, que levem à

melhoria da escola e a um desenvolvimento profissional dos agentes educativos (professores, auxiliares e funcionários), e consequentemente se repercutem na aprendizagem dos alunos.

Este papel será menos evidente quanto maior for o desempenho hetero- supervisivo nas comunidades de aprendizagem. Assim não existe uma hierarquia definida, mas a colaboração e hierarquia aceites no reconhecimento de capacidades de perceber, avaliar e apoiar as ações necessárias para uma melhoria da qualidade educativa. É importante que no interior destas comunidades, mesmo com a existência de estatutos diferentes, haja uma relação de respeito mútuo e reconhecimento do trabalho e das capacidades de cada um.

De acordo com os mesmos autores, os supervisores devem estabelecer as relações entre reflexão, planificação, ação, avaliação e monitorização.

Para isso necessitam de conhecer a escola, a sua cultura, o seu projeto, constrangimentos, desejos de mudança e forças inibitórias. Bolívar (1997, cit in Alarcão e Tavares, 2010, p. 149), reforça ainda que “as organizações aprendentes não surgem do nada (…) são fruto de um conjunto de atitudes, compromissos, processos e estratégias que têm de ser cultivados”, e que possuem uma “memória institucional”, e “uma cultura e percurso de vida”.

Uma organização aprendente, segundo Rebelo e Gomes (2011) gere-se de uma forma especifica, que estrategicamente potencia a aprendizagem nas organizações, orienta e aproveita as aprendizagens em prol da organização, neste caso, em proveito da melhoria da escola.

A formação contextual continuada (Alarcão, 2001), terá de ser equacionada e de se desenvolver no interior das escolas, enquanto comunidades aprendentes e reflexivas, apoiadas por parcerias e ações concretas de instituições de formação e investigação educacional, promovendo assim o desenvolvimento profissional dos seus profissionais, bem como o seu próprio desenvolvimento.

Numa escola reflexiva o supervisor deve incentivar, dinamizar e acompanhar as comunidades educativas e privilegiar culturas de formação centradas na identificação e resolução de problemas específicos da escola. Deve ainda deter um conjunto de

conhecimentos relativos às metodologias da avaliação da qualidade (institucional, das aprendizagens e desempenho).

O supervisor, segundo Alarcão e Tavares (2010), deve ter competências de comunicação e de relacionamento interpessoal, fundamentais para criar empatia necessária com os membros da comunidade, permitindo gerir conflitos, mobilizar as pessoas e explorar as tensões entre o real e o ideal. Deve ainda ser capaz de analisar e discutir criticamente os contextos em que a escola e os seus atores se situam, de atender às necessidades, expectativas e motivações que vão surgindo ao longo do tempo nos vários elementos, mobilizando pessoas, saberes, relações e atitudes, relevantes para as situações passíveis de mudança, levando a processos de aprendizagem em grupo, através do diálogo construtivo, bem como ajudar a sistematizar os saberes resultantes do processo vivido pela comunidade aprendente.

O supervisor enquanto líder de uma comunidade aprendente deve:

- Fazer a leitura do percurso de vida da escola, bem como, conhecer os membros da escola e as suas características individuais e de grupo;

- Provocar a discussão, o confronto e a negociação de ideias;

- Fomentar e rentabilizar a reflexão e a aprendizagem colaborativa;

- Ajudar a organizar o pensamento e ação do coletivo e de cada pessoa da comunidade.

O papel do supervisor, também foi estudado por Santos (2011) que demonstrou que o modo como "este gere ou potencia as narrações das práticas parecem ser uma das causas do sucesso deste tipo de grupo" (p. 74).

Para além do papel de líder, Wenger (Neves, 2001) refere que existem dois tipos de papéis diferentes: os que são atribuídos e os que emergem da interação. Considera ainda que o papel mais importante que se pode atribuir é o de coordenador ou líder que tem de conhecer o domínio da comunidade. No entanto existem ainda outros papéis, tais como, o de bibliotecário, que se responsabiliza pelo repositório de documentos; o de perito, que terá mais conhecimentos sobre o domínio da comunidade, que deve estar envolvido para que os membros da comunidade se

e que criam uma ligação entre ambas, criando relações entre as mesmas pois entendem a linguagem de ambas e tornam-se tradutoras; e o núcleo central de pessoas que estão mesmo envolvidas, dão energia e mantêm a comunidade viva.

2ª Parte - Estudo Empírico