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3. A PRESCRITIBILIDADE DA SUSPENSÃO DO PROCESSO

3.3. A Suspensão do Processo e do Prazo Prescricional

A Lei 9.271, de 17 de abril de 1996, que deu nova redação ao artigo 366, do Código de Processo Penal, como já antes mencionado, restringiua possibilidade de citação ficta que existia no sistema processual penal pátrio, que previa o prosseguimento do processo à revelia do acusado.

Até então, por uma ficção jurídica, o réu era chamado em juízo, mediante edital, para tomar ciência de imputação que lhe era feita e para exercer seu direito constitucional do contraditório e da ampla defesa.

É inegável, que o edital publicado na imprensa ou simplesmente afixado à porta do Fórum, dificilmente proporciona ao réu a ciência da acusação que lhe está sendo apontada, assim como, também é comum, no momento da defesa prévia, o Defensor nomeado, ter de deixar de arrolar testemunhas por não saber nada a respeito do acusado, inclusive até,

45 desconhecendo a sua versão dos fatos, gerando evidente prejuízo para a efetivação da garantia constitucional do contraditório e da ampla defesa.

Por muito tempo, entre os doutrinadores pátrios, questionou-se a constitucionalidade da citação por edital, embora nunca se lhe tenha proclamado qualquer inconstitucionalidade.

De outro norte, ressalta-se a aproximação do texto constitucional de 1988, em seu artigo 5º, inciso LV, à realidade jurídica desejada, que determina aos acusados, a seguridade do contraditório e a ampla defesa com os meios e recursos inerentes. Sendo assim, ninguém pode ser julgado sem antes exercer sua defesa, ou pelo menos, sem saber que está sendo acusado, formalmente, de um crime.

Com a previsão da suspensão do processo e do prazo prescricional, simultaneamente, para que o processo prossiga em seus atos futuros, ensejando um possível decreto condenatório com mais probabilidade de ser executado e de maneira mais rápida, o acusado terá que ser citado pessoalmente e só então, quando comparecesse em juízo, transcorreria nos trâmites legais a prestação jurisdicional do Estado.

Na antiga redação do artigo 366, do Código de Processo Penal, o processo prosseguia à revelia do acusado, ocupando lugar na pauta tão sobrecarregada das varas criminais e, como conseqüência, a morosidade e a prescrição eram constantes, proclamando uma sensação social de impunidade. Situação agravante ocorria quando o réu revel era condenado e sua sentença era dificilmente executada, já que ele permaneceria em local ignorado, dando a nítida impressão, aos operadores do Direito, até que se esgotasse o prazo prescricional, de um trabalho inócuo.

Na visão de Nucci (2003, p. 552), “[...] a modificação ocorrida no artigo 366, pela Lei 9.271, de 17 de abril de 1996, teve a finalidade de garantir a ampla defesa e o contraditório, efetivos do acusado em processo penal”.

Nucci (2003, p. 551) ainda assevera que: “[...] O réu, citado por edital, não seria processado à revelia, suspendendo-se o curso do processo até ser encontrado. O mal da prescrição poderia dar-se, mas o próprio artigo prevê a suspensão do lapso prescricional”.

No entendimento de Mirabete (2000, p. 441), “[...] no caso de ser aplicada a suspensão do processo, fica também suspenso o curso do prazo da prescrição. Acrescentou- se, pois, uma nova causa impeditiva da prescrição àquelas previstas no artigo 116, do Código Penal”.

46 Dispõe o artigo 116, do Código Penal que: [...] Antes de passar em julgado a sentença final a prescrição não corre:

I – enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime;

II – enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro.

Parágrafo único. Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo.

Na lição de Tourinho Filho (1999, p. 620), ”[...] o réu, citado por edital, que não acudir ao chamamento a juízo, não será condenado sem ser ouvido, ficando o processo suspenso até que ele apareça, ocorrendo também a suspensão do curso prescricional”.

Para Capez (2001, p. 533):

Se o réu não for encontrado ou ocultar-se à realização do ato citatório, como também se estiver em local inacessível ou se inexistirem dados precisos acerca da sua identificação,procedida a citação editalícia, não comparecendo em juízo e nem nomeando defensor, o juiz determinará a suspensão do processo e do lapso temporal prescricional.

Assevera Machado (2000, p. 167) que: “[...] A nova redação do artigo 366, do Código de Processo Penal acabou por abolir do sistema processual brasileiro a figura da revelia, decorrente da citação editalícia, ensejando aos operadores do Direito, discussões sobre a prescrição e a suspensão do processo”.

Complementa Machado (2000, p. 167) que:

Dispõe o referido artigo que citado o réu por edital, em vista da ausência de elementos para a realização da citação pessoal, e se o mesmo não constituir defensor e não responder ao chamamento do juízo para se defender, não será condenado sem ser ouvido, ou seja, o processo ficará suspenso, igualmente a prescrição.

Jesus (2002, p. 70) afirma que: “[...] O legislador criou mais uma causa suspensiva da prescrição. Sobrestado o processo, o prazo prescricional cessa seu curso até o comparecimento do acusado, data em que novamente recomeça a correr, computando-se o tempo anterior”.

Com o novo modelo legal, esperava-se que o número de processos em andamento fosse reduzido. Mas, casualmente, a máquina judiciária continua aquém de seu dever de realizar a prestação jurisdicional em tempo hábil, como deseja a sociedade civil.

Arrisca-se, entretanto, afirmar que na melhor das hipóteses, os processos nos quais o réu foi citado pessoalmente e, via de regra, está em local certo e sabido, fluem, em tese, com

47 maior agilidade, sendo a suspensão do processo e do curso do prazo prescricional, se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, até a sua efetiva citação pessoal, uma inovação que atende ao postulado constitucional do contraditório e da ampla defesa, e de certo, deveria contribuir para a celeridade da prestação jurisdicional.

3.4. O artigo 109, do Código Penal, adotado como Critério para Fixação do Limite

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