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Psicólogo, nascido em 4 de dezembro de 1925 na província de Alberta, Canadá, Albert Bandura formou-se em 1949 pela Universidade de British Columbia (Canadá), com uma licenciatura em Psicologia. Em 1952 Bandura recebeu seu Ph.D. em Psicologia Clínica da

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Universidade de Iowa (Estados Unidos), onde começou a se interessar por processos humanos de aprendizagem. A partir de 1953 começou a ensinar na Universidade de Stanford onde permanece até os dias atuais como “Professor Emérito4”. Foi, por volta da década de 60 que Bandura propôs sua Teoria da Aprendizagem Social, cujas investigações incidiram sobre o processo de aquisição de comportamentos até hoje estudados.

Os estudos sobre aprendizagem social foram se aperfeiçoando até que em 1986 Albert Bandura lançou o livro “Social Foundations of Thought and Action: A Social Cognitive Theory”, que propôs uma expansão da teoria sobre aprendizagem social, através de uma investigação mais abrangente sobre a motivação, analisando o papel da cognição, de experiências vicárias, e de características auto-reguladoras em processos psicossociais de aprendizagem, comportamentos, interação e outros. Social Cognitive Theory (SCT) é a expressão em inglês de Teoria Social Cognitiva (TSC) proposta por Bandura (1986). Essa teoria, fundamentada na abordagem cognitivista e interacionista, analisa o comportamento individual e tem sido amplamente utilizada para compreender situações de aprendizagem, promoção de saúde, condicionamento físico e desenvolvimento ocupacional (Kuo & Hsu, 2001). Explicando a TSC, Bandura (1986) afirma que aspectos pessoais internos, (como os pensamentos, as emoções e afetos), e fatores externos ou ambientais (como as normas sociais, o incentivo dos colegas e o comportamento observável) funcionam como determinantes do comportamento, capazes de se influenciarem e interagirem mutuamente.

A contribuição das teorias propostas por Albert Bandura para a Psicologia Social tem valor imensurável, corroboradas pelas mais de 350 publicações5 que esse autor produziu desde 1953, como também pelas atuações como presidente da Associação Americana de Psicologia (APA) em 1974, pelos prêmios recebidos pela APA (American Psychological Association): em 1980 para Ilustres Contribuições Científicas, e em 2004 pela Contribuição “Lifetime” (Contribuição Notável para a Psicologia “Lifetime”). Em 2008, Albert Bandura recebeu o Prêmio Grawemeyer6 em Psicologia. Mais recentemente, em Julho de 2012 Bandura foi homenageado pela União Internacional de Psicologia, recebendo o Prêmio Carreira Ciência “Lifetime”.

Como explicado, os estudos sobre autoeficácia são apoiados pela teoria de aprendizagem social, a qual explica o comportamento humano a partir de uma reciprocidade

4 Professor emérito, título honorífico que conferido a professores ilustres depois de aposentados (o que, de regra, faculta-lhes a possibilidade de continuar a exercer o magistério ou pesquisa).

5 Informações obtidas pelo site http://p20motivationlab.org/Bandura.

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O Prêmio Grawemeyer são cinco prêmios concedidos anualmente pela Universidade de Louisville (EUA). Os prêmios são apresentados para indivíduos nas áreas de educação, música, religião e psicologia.

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contínua entre os componentes determinantes do comportamento, da cognição e do ambiente no qual o indivíduo está inserido (Bandura 1977, 1986). Segundo Bandura a autoeficácia pode influenciar o comportamento de pensar e as ações dos indivíduos, a quantidade de esforço despendido por uma pessoa em uma atividade, e a persistência enquanto enfrenta obstáculos ou situações adversas. Nesse contexto, as crenças sobre a autoeficácia do indivíduo desempenham um papel importante na mediação de seus pensamentos, estados emocionais, objetivos individuais, estratégias, escolhas e ações em diferentes contextos.

Bandura (2005) esclarece que o conceito de autoeficácia deve ser diferenciado de outros construtos autorreferentes, como a autoestima, locus de controle, e expectativas de resultados. Conforme o autor:

“Percepção de eficácia é um julgamento de capacidade, “autoestima” é um juízo de auto-valor. (..) “Locus de controle” está relacionado com atribuição de causalidade, com a crença sobre o desfecho contingencial, se os resultados são determinados por suas ações ou por forças externas de seu controle. (...) Por exemplo, os alunos podem acreditar que altos graus acadêmicos são inteiramente dependentes do seu desempenho (locus elevado de controle), mas se sentem desanimados porque acreditam que não têm a eficácia (capacidade) para produzir esses desempenhos superiores acadêmicos. Outra distinção importante diz respeito a “expectativas de resultados” de desempenho. Percepção de autoeficácia é um julgamento da capacidade para executar certos tipos de desempenhos; “expectativas de resultados” são julgamentos sobre os resultados que possam fluir de tais desempenhos. (Bandura, 2005, p.309).

Bandura (1977) afirma que a autoeficácia é um construto dinâmico, que muda à medida que novas informações e experiências são adquiridas pelo indivíduo. Propõe quatro fontes de informações que podem afetar o grau de autoeficácia percebido pelo indivíduo. A primeira fonte relaciona-se à experiência pessoal do sujeito, de modo que a percepção de uma pessoa sobre suas capacidades de realizar uma atividade tende a melhorar se suas experiências passadas lhe proporcionarem informações positivas sobre as competências similares. Bandura (1994) afirma que esta fonte é a mais eficaz para influenciar positiva ou negativamente o grau de autoeficácia percebida pelo sujeito.

A segunda fonte, chamada observação vicária, relaciona-se à possibilidade de o indivíduo observar outras pessoas vivenciando situações de sucesso ou fracasso. Conforme Bandura (1994), a observação de pessoas semelhantes a si mesmo obtendo sucesso através do esforço pessoal, aumenta as crenças dos observadores de que eles também possuem a capacidade necessária para ter sucesso naquela situação. O inverso também se mostra verdadeiro segundo o autor. Para ele, quanto maior a semelhança assumida entre o observador e referência, mais persuasivo e eficaz é esse modelo de sucesso ou fracasso.

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A terceira fonte de influência da autoeficácia sobre o indivíduo, a persuasão verbal, sugere que uma pessoa pode influenciar o grau de autoeficácia da outra a partir de informações verbais sobre a tarefa e a capacidade do sujeito realizá-la. Conforme Bandura (1994) as pessoas que são persuadidas verbalmente a acreditarem que possuem a capacidade de realizar determinadas atividades com sucesso são susceptíveis de mobilizar um maior esforço e mantê-los do que se abrigar em dúvidas e se debruçar sobre deficiências pessoais quando surgem problemas.

A quarta e última fonte de influência da autoeficácia, segundo Bandura (1994) relaciona ao foco emocional. Nesse caso, se o indivíduo não apresentar uma alta ansiedade referente a um determinado objeto social ou situação enfrentada, observa-se uma possibilidade maior do sujeito apresentar expectativas de sucesso na atividade relacionada. Assim como propõe Bandura (1994) isso ocorre porque uma vez que as emoções estão controladas, as reações negativas das pessoas ao estresse são amenizadas.

Bandura (1982) define ainda autoeficácia como um construto multidimensional, composto por três atributos que se inter-relacionam: a magnitude, associada ao nível de dificuldade das tarefas que as pessoas acreditam que podem realizar; a força - nível de confiança (ou convicção) apresentado pelo indivíduo sobre as próprias capacidades de executar determinadas tarefas; e a generalização: a expectativa que o indivíduo tem de poder generalizar suas capacidades, aplicando-as com êxito em situações similares.

Junto a essa proposta de aprofundar os aspectos constituintes da autoeficácia, duas premissas mostram-se importantes nesta discussão: a primeira afirma que a autoeficácia é uma importante preditora do desempenho de tarefas; e a segunda destaca que as definições do construto referem-se a quanto a pessoa percebe sua capacidade de realizar com sucesso uma tarefa específica (Marakas, Yi & Johnson, 1998). Nas diversas pesquisas encontradas sobre a teoria de Bandura, há muitas tentativas de capturar e caracterizar a riqueza e a natureza multifacetada do construto apresentado por ele. Bandura (2005) apresenta diferentes tipos de escalas de autoeficácia, as quais se propuseram a avaliar essa crença autorreferente em distintos contextos, entre eles a autoeficácia do professor para promover o ensino de matemática, autoeficácia individual para o gerenciamento da dor, autoeficácia para dirigir automóveis ou autoeficácia para controlar hábitos alimentares. É importante observar que conforme Bandura (2005) as escalas construídas para avaliar tipos diferentes de autoeficácia devem medir a capacidade percebida do indivíduo em realizar determinada tarefa com sucesso. Conforme Bandura (2005), os “itens de eficácia devem refletir com precisão o construto. Autoeficácia se relaciona à percepção da capacidade. Os itens devem ser redigidos

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em termos de poder fazer em vez de querer fazer. Poder é um julgamento de recurso individual; querer é uma declaração de intenção (desejo).” (pg. 308)

Esse trabalho visa estudar a autoeficácia na aprendizagem mediada pelo computador e/ou internet em contextos organizacionais de Treinamento, Desenvolvimento e Educação (TD&E). Para contextualização dessa pesquisa, foi feita uma revisão de artigos nacionais e internacionais que focaram o tema Autoeficácia no uso de computadores (AEC) identificando estudos que utilizaram escalas psicometricamente fidedignas e validadas para medir o referido construto. Porém, antes de descrever detalhadamente o construto autoeficácia no uso de computadores, e suas características específicas, serão apresentadas adiante pesquisas atuais que abordam o construto autoeficácia de uma forma geral e relacionam sua presença com resultados em TD&E