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A TERRITORALIZAÇÃO DA ACÇÃO

No documento Anabela Maria de Oliveira Fernandes Vol.I (páginas 78-81)

CAPÍTULO IV – AO ENCONTRO DO ESTUDO…

5.1 A TERRITORALIZAÇÃO DA ACÇÃO

A uma noção de território estão associados sentimentos de pertença, uma noção de território – espaço físico, cultural, com diferentes dinâmicas, por parte das pessoas que vivem e interagem na Comunidade.

Tratamos de um campo de intervenção onde prevalece a diversidade e a complexidade, numa perspectiva em que a questões complexas devem corresponder abordagens e soluções complexas (Amiguinho, A., Correia, H., Valente, A., 1994). Uma problematização da intervenção atenta à diversidade e à emergência de potencialidades onde se podem processar formas de participação.

Uma abordagem na perspectiva da promoção, da participação e exercício da democracia, o exercício do poder de cada um numa perspectiva colectiva.

Um espaço de acção dos sujeitos onde se evidencie “uma concepção da acção social e política” (Correia, J.A., Caramelo, J., 2003) que confiram centralidade ao território.

A convicção de que existem possibilidades de desenvolvimento local, de requalificação de territórios em processos de implicação das suas gentes.

“A crise, os obstáculos que se levantam a essa requalificação, podem ser de monta, exigindo um trabalho em profundidade. Mas onde quer que haja comunidades, por pequenas que sejam, onde quer que haja património natural e construído, há genes de futuro que podem desenvolver-se dando origem a uma nova realidade” (Espiney, R.D’., 2009)

Documentos estratégicos como o Programa de Mandato (2009 – 2013), o Quadro de Avaliação de Referência Estratégica (QUAR), da Autarquia à qual pertence a nosso objecto de estudo – a Equipa de Coordenação da DAC, contribuem para referenciar a acção municipal nas diferentes áreas de intervenção no território (concelho). Nestes documentos estão referenciados os eixos estratégicos da acção municipal, a identificação de prioridades e objectivos a concretizar. A presença de uma acção pensada de forma estratégica, de acompanhamento permanente de forma a antecipar problemas e caminhos para a sua solução.

“A Câmara Municipal de (…), (…) tem (…) um Quadro de Avaliação de Referência que é o QUAR no contexto do Sistema do próprio SIADAP, (…) um instrumento de localização estratégica de toda a importância, ou seja, o dirigente, como o chefe de Divisão tem o seu trabalho devidamente referenciado, os eixos estratégicos da acção municipal estão claramente identificados, por outro lado estão perspectivados num hiato de tempo suficiente, que nos permite que não haja um ano surpreendente no sentido negativo da palavra relativamente àquilo que é planificação ou clarificação dos seus objectivos, ou a clarificação daquilo que são os seus caminhos.” (E6, p.63)

Neste sentido, estes mesmos documentos permitem uma visão global da estratégia a implementar e permitem o desenvolvimento por parte das diferentes Unidades Orgânicas da Autarquia do Mapa Estratégico.

“E, por consequência (…) é que nos permitiu no contexto do nosso próprio serviço desenvolver um instrumento, que temos vindo a manter desde há três anos atrás que é o Mapa Estratégico da Divisão de Acção Cultural.” (E6, p.63)

No caso da Divisão de Acção de Cultural, o Mapa Estratégico (anexo nº 7 – volume II) resulta de um processo participativo de todos os elementos que compõem a divisão, incluindo a participação do Vereador do Pelouro e do Director de Departamento. A este momento participativo a Divisão de Acção Cultural denomina JORNADAS,

“ (…), e curiosamente as Jornadas são um momento decisivo para a construção desse mesmo mapa estratégico.” “(…) abrange o conjunto de toda a divisão, desde o operacional, ao administrativo, ao técnico, ao dirigente, aliás aos dirigentes, (…) e o eleito.” (E6, p.63)

momento anual de avaliação global da divisão resulta um documento orientador da acção da equipa o qual é renovado, anualmente, por toda a equipa. “ (…) todos os anos é produzido um documento a esse propósito, portanto, não só existe um documento mas como ele é também renovado anualmente à perspectiva de uma equipa desta natureza e à sua própria composição, (…). (E6, pp. 62, 63)

Podemos considerar que o momento das Jornadas permite momentos de reflexão global de toda a equipa, face ao desenvolvimento do trabalho, “(…), honra-me pertencer a esta equipa que está muito disponível para reflectir matéria deste tipo, e estamos a falar da equipa no seu todo global.” (E6, p.64)

Momentos de identificação e articulação de trabalho, momentos de planificação da intervenção, momentos de avaliação das principais dificuldades, oportunidades e desafios, que se consubstanciam em documentos orientadores os quais contribuem para a elaboração do Mapa Estratégico DAC.

“Estes documento9

s identificam, claramente, aquilo que são as funções das pessoas, (…), é reequacionado todo o ano, em termos de, no aspecto tarefeiro do trabalho, ou seja, quem fica com o quê, e quais são os seus limites de acção relativamente às diferentes matérias e articula com quem, (…). (…), para fazermos uma avaliação do trabalho (…) daquilo que são as principais dificuldades, oportunidades, desafios, etc., (…), criámos aqui um pequenino truque, do ponto de vista metodológico desse mesmo debate, portanto, nós registamos ipsis-verbis aquilo que cada um efectivamente diz. É isso que consta do SWOT anual da Divisão? Não, não é isso que consta naturalmente no SWOT anual da Divisão, mas consta naturalmente a interpretação ipsis-verbis que efectivamente ficou registado, num pobrezito papel de cenário, mas que efectivamente traduz um sentimento, um impulso, uma perspectiva, (…) e que, naturalmente tem retrato no tal Mapa Estratégico que nós estamos a conseguir garantir” (E6 ,pp.64, 65)

Para este estudo, interessa-nos sublinhar o facto de que as Jornadas permitem: a participação crítica dos intervenientes; a reflexão partilhada da equipa no seu todo; a implicação dos intervenientes para a concepção de uma estratégia global para a acção cultural.

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Consultar documentos ( anexo nº6 – volume II ), produzidos pela equipa de coordenação referentes á análise SWOT de cada Sector.

Em simultâneo, e de forma articulada, existem, ao longo do ano, momentos de reflexão e avaliação da acção, entre os elementos responsáveis pela coordenação de determinado sector com as equipas responsáveis por determinado programa, projecto, equipamento, etc., que promovem a estruturação do trabalho.

Esta prática de avaliação anual da DAC (Jornadas), mantém-se desde o ano de 2007, permitindo à equipa perspectivar novas formas de intervenção no local, contribuindo para a territoralização da acção, pois “(…) há aqui de facto um compromisso da organização, não se trata de uma intenção espontânea ou de uma boa intenção, o que aqui está em causa é a assunção de uma posição relativamente aos métodos de trabalho. Depois, por outro lado, à valorização da avaliação de todo o trabalho realizado por equipa, perspectivando novas metas, novos desafios relativamente à nossa acção, e aqui temos uma enorme vantagem que é, do ponto de vista da organização a montante nós temos, claramente, a estratégia resolvida.” (E6, p.63)

Nesta perspectiva de trabalho da equipa, poderá ganhar sentido e estar presente um conceito de territorialização, de intervenção num território, numa intervenção no território pensada em quatro perspectivas: na exploração das suas relações; na abordagem aos processos de construção dos territórios; na centralidade do papel dos actores (Canário, R., Matos, M., 2003) e nos processos de mediação (Correia, J., Caramelo, J., 2003).

A preocupação presente de renovar as metas, de (re)perspectivar o trabalho e os desafios poderá inferir uma intencionalidade de recriar de forma permanente a acção, que se estrutura a partir do exercício de reflexão sobre esta ou mesmo na acção. (D’Espiney, 2009)

No documento Anabela Maria de Oliveira Fernandes Vol.I (páginas 78-81)