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3ª Etapa: Pós Campo e Análise Laboratoriais

DOS RESULTADOS

6.1. Características dos Perfis de Solo

6.3.1. A Textura dos Solos

Os gráficos 01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09 10, 11, 12, 17 e 18 mostram que os perfis que estão sobre as rochas quartzíticas possuem alta concentração de areia (exceção dos perfis 13, 14, 15, 16) caracterizando estes solos, portanto, como arenosos. Tendo em vista a composição textural e o baixo grau de intemperismo do quartzo, esses solos são classificados como Neossolos Quartzarênicos, ou então como Neossolos Litólicos, dependendo do percentual de areia em cada um deles.

Estes resultados apenas confirmam que em litologias de rochas predominantemente compostas de quartzo e presença de titânio (Tab. 06), em função da difícil intemperização destes em frações menores, o teor de areia dos solos tende a ser muito alto, e o de argila muito baixo (OLIVEIRA, 2007).

Em função disto, Selby (1993) ao descrever as características de solos arenosos, destaca que estes são pouco coesivos, pois adsorvem pouca água e não possuem ligações eletrostáticas entre os grãos de areia, funcionado, desta forma, como corpos quimicamente inertes.

Para Troeh e Thompson (2007), solos arenosos são pobres em matéria orgânica, além de possuírem uma baixa capacidade de retenção de água. Como as areias não possuem cargas elétricas, estas por sua vez não atraem íons em sua superfície, fazendo com que as perdas por lixiviação tendam a ser muito maiores do que em solos argilosos. Spera et. al. (1998), ao estudarem solos arenosos na região do cerrado brasileiro, semelhantes aos encontrados na área de estudo, afirmam que os mesmos são constituídos basicamente por quartzos. Os autores (op.

cit.) encontraram solos com elevada suscetibilidade à erosão, uma drenagem excessiva que

favorece a lixiviação de nutrientes, alta porosidade com predomínio de macroporos, baixos teores de retenção de água, e uma elevada permeabilidade e taxa de infiltração.

Os gráficos 01 a 18, também mostra uma larga predominância de areia fina, e baixo percentual de areia grossa nos solos da região estudada. A primeira explicação mais direta para tal fatoestá relacionada ao tipo de quartzo da área fonte, proveniente da Formação Galho do Miguel, formada por quartzitos de textura fina, de origem eólica.

No entanto, não se pode desconsiderar o fato de que estes solos vêm sendo erodidos e intemperizados, tanto do ponto de vista químico, quanto físico, ao longo de uma larga escala de tempo. Em condições favoráveis, os quartzos de diâmetro maiores acabam por se quebrar, formando diâmetros menores.

99 Também, são comumente encontradas nestes solos concreções ferruginosas, indicando uma ação cimentante dos óxidos de ferro sobre essas frações mais grosseiras. Figueiredo (1999) observou, nos solos da região de Gouveia, que os óxidos de ferro em frações muito pequenas podem aglutinar as argilas, podendo se comportar como pseudo-silte e mesmo areia fina. Também Augustin (1979), encontrou processo semelhante de aglutinação de argilas por gypsum, em margas no sul da Espanha, provocando um aumento da granulometria de argila para silte e areia fina, mas sem a formação de crosta laterítica.

Embora Augustin (1979) e Figueiredo (1999) tenham trabalhado em solos formados em rochas diferenciadas, uma sedimentar, e a outra ígnea, cristalina, respectivamente, em ambas, os solos contam com granulometrias predominantemente finas, mas que mostram em condições de campo, aumento das frações mais grossas. Isto indica que o processo é amplo e pode ocorrer em qualquer formação litológica, desde que haja condições geoquímicas que levem à aglutinação de partículas de argila.

No caso da área de estudo, as concreções ferruginosas adquirem alta resistência ao intemperismo e aos processos erosivos mecânicos, embora chegue a formar alguns “cascalhos”. A maior resistência das lateritas é explicada, entre outros, por Paton (1978) e Levinson (1980). Eles dividem os elementos químicos em três grupos de acordo com o potencial iônico e solubilidade, nos quais o grupo dos cátions e o grupo dos aniônicos são solúveis, enquanto o grupo dos oxi-hidróxidos é insolúvel. Assim, ao formar as lateritas a partir da oxidação do ferro, estas se tornam insolúveis adquirindo grande resistência ao intemperismo.

Já a formação do material mais solto, seria, de acordo com Resende et al. (2005), resultantes do fato de que os materiais grosseiros resistentes como o quartzo e materiais enriquecidos ou cimentados pelos óxidos de ferro, não são ativamente destruídos pelo intemperesimo e nem removidos pelo sistema de erosão, gerando, assim, superfícies cascalhentas.

Segundo Birkeland (1984), como os cátions comuns no solo têm mobilidade muito maior do que o ferro e o alumínio, estes últimos se mantêm no solo por precipitação como óxidos e hidróxidos, e podem reagir com a sílica, dependendo da sua concentração, para formação de novos minerais de argila ou de lateritas. Isto explica o fato que a maioria das concreções ferruginosas encontradas nos solos arenosos sobre as rochas quartzíticas da área de estudo seja de pequenos nódulos cascalhentos que variam de 1 a 5 cm de diâmetro, com exceção do perfil 08, onde foram encontradas lateritas com nódulos maiores do que 10 cm de

100 diâmetro, de grande resistência, fato que inviabilizou o prosseguimento das perfurações do solo.

A segunda fração mais abundante nos solos da área é o silte (Gráficos 01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 10, 12, 17 e 18), que segundo Resende (1997), é importante para identificar solos jovens, pois esta é a partícula mais instável do solo. As concentrações de silte não variam muito, tendendo a encontrar-se dentro de um mesmo padrão em todos os perfis analisados.

É importante ressaltar que estes solos são jovens, não em função do pouco tempo de exposição da rocha em superfície, e sim pela dificuldade de intemperismo das rochas quartzíticas. De acordo com Salgado (2006), a taxa de intemperismo em rochas quartzíticas é de 3 metros por milhão de anos e, portanto, para formar um manto de intemperismo em torno de um metro sobre este tipo de rocha é necessário um longo tempo de atuação de processos físicos e químicos sob condições quentes e úmidas, o que reforça a interpretação da longa estabilidade climática e tectônica da área.

De acordo com Oliveira (2008), a fração silte é determinante na presença de meso e micro poros e, consequentemente, na retenção de água. Moss (1991) ao realizar um trabalho relacionando as frações areia e silte, mostrou que solos siltosos favorecem o selamento do solo, dificultando o aumento das taxas de infiltração e promovendo maior escoamento superficial, o que pode levar a maior erosividade dos solos. Tal fato pode ser constatado em campo da área de estudo, uma vez que nos solos eram mais siltosos foi detectado maior densidade de erosões em sulcos.

As baixas concentrações de argilas dos solos que se encontram sobre as rochas quartzíticas (Gráficos 01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 10, 12, 17 e 18), por outro lado, decorrem do fato de que a própria rocha tem baixas concentrações de argila, em função dos baixos percentuais de micas e feldspatos encontrados na sua composição, como demonstrado por Fogaça e Scholl (1984). Eles caracterizaram a Formação Galho do Miguel pela presença de quartzitos puros de granulométrica fina, sendo os quartzitos micáceos restritos às porções basais da sequência do Supergrupo Espinhaço.