• Nenhum resultado encontrado

3. Enquadramento da Prática Profissional

3.5. A Turma Temporária (6º ano)

No âmbito do Estágio Profissional do 2º ciclo em EEFEBS, foi-me atribuída uma Turma Temporária (TT) do 2º ciclo, da Escola Básica Integrada Roberto Ivens (EBIRI), tendo no meu caso, lecionado uma turma do 6º ano, durante 3 semanas, o correspondente, no 1º período, à Unidade Didática (UD) de Ginástica.

Apesar de a lecionação ser noutra escola, esta não me era desconhecida. Fizera lá o meu 2º ciclo e depois das obras de recuperação, também a frequentei, na condição de atleta de basquetebol, durante os treinos lá efetuados.

A turma do 6º ano é composta por 24 alunos, 15 do sexo masculino e 9 do sexo feminino. Nesta turma, à exceção de 3 rapazes e 2 raparigas, todos apresentavam boa destreza motora e bom desempenho nos exercícios da UD de Ginástica.

23

A escola oferece, aos seus alunos e professores, ótimas condições para lecionação da EF e equipamentos em excelente estado, o que facilita e motiva professores e alunos para o processo de ensino-aprendizagem.

Durante essas três semanas, comecei por abordar o salto ao eixo, salto entre mãos, a cambalhota no plinto e a trave. Dado o nível em que a turma se apresentava, desde cedo percebi que, apenas estes conteúdos, se iriam tornar demasiado repetitivos, monótonos, pouco desafiantes e, muito provavelmente, desmotivantes. Como tal, e com a devida autorização por parte do Professor de EF da Turma, abordei também o minitrampolim (extensão, engrupado e carpa) e introduzi, como forma de ligação dos conteúdos, a ginástica de solo (rolamento à frente, atrás e roda).

As aulas funcionavam num circuito de 6 estações, onde todas estas habilidades motoras eram exercitadas. O fato de a turma ter um bom nível de desempenho, permitia-me circular por todo o espaço de aula, dando mais atenção aos 5 alunos que necessitavam de ajuda para transpor alguns obstáculos.

As razões que me levaram a preparar as aulas em circuito foram as seguintes: o número de alunos da turma (24); o espaço e os materiais disponíveis; o facto de querer que os alunos tivessem o máximo de tempo potencial de aprendizagem e o facto de 3 dos alunos, quando juntos, apresentarem um comportamento potencialmente desestabilizador da aula.

A grande diferença entre as duas turmas (TR e TT) à minha responsabilidade, no EP, foi o número de alunos e faixa etária.

A menor idade torna as aulas mais barulhentas (6º ano) e se, no 9º ano, precisei de ter “um olho em cada cabelo”, no 6º ano, foram necessários “dois olhos em cada cabelo”. Os alunos do 6º ano eram bastante mais irrequietos. Se, por um lado, pôde constituir um elemento positivo, por outro, tornou-se bastante mais exigente para mim, enquanto professor.

O número de alunos, normalmente, coloca problemas ao nível da gestão do tempo e do espaço, porque em EF, para além de outros objetivos, a permanência de alunos sem atividade deve ser evitada. Daí, a minha opção para a conceção e planeamento de aulas em estações, com o objetivo de diminuir o tempo de espera dos alunos. Deste modo, com os alunos permanentemente

24

ocupados nas tarefas da aula, consegui que mantivessem a concentração e, por esta via, imprimir elevado ritmo às aulas.

Se, com alunos mais velhos, a 1ª aula da manhã e a última da tarde podem ser bem diferentes, devido ao cansaço e ao tempo de permanência na escola, o mesmo não posso dizer dos alunos do 6º ano. Estes chegavam sempre com a mesma disposição e aquilo que queriam era chegar à aula de EF. No caso da TT, o meu objetivo era direcionar essa disponibilidade e motivação para o cumprimento dos objetivos planeados.

Tive necessidade de redobrar os cuidados com a elaboração dos planos de aula. Para a primeira aula, elaborei dois Planos de Aula. Após terminar o primeiro, verifiquei que este tinha sido concebido para alunos com mais idade.

Apesar de alguns conteúdos serem semelhantes na UD de Ginástica, do 6º e 9º anos, a forma como os colocamos em prática tem que ser diferente. No 6º ano, optei por uma aula mais lúdica, para que os alunos permanecessem concentrados na realização de cada tarefa, evitando que fossem tentados a “autorrecriá-las”.

Nestas aulas, o estilo adotado no processo de ensino-aprendizagem foi predominantemente de comando. Tendo em conta a idade dos alunos do 6º ano, os graus (níveis) de liberdade tiveram que ser mais reduzidos. Qualquer desatenção da minha parte tornava a aula ruidosa, prejudicando a comunicação e arriscando ser potencialmente “caótica”. Para evitar esta situação limite, por várias vezes tive necessidade de parar completamente a aula, numa espécie de “reset à aula”, para voltar a ter a turma concentrada e controlada.

Apesar de não ter experiência para o poder afirmar categoricamente, penso que, nestas idades, é muito difícil adotar qualquer outro estilo de condução da aula (que não o de comando), pois os alunos ainda não têm maturidade suficiente para, com elevado grau de autonomia, realizarem as tarefas, sem comprometer a boa realização da mesma.

Em forma de conclusão, posso afirmar que esta foi uma experiência muito enriquecedora, tendo rapidamente assimilado qual o impacto que o nível etário dos alunos tem na conceção, planeamento e realização da aula.

Para além da aprendizagem, esta lecionação confirmou a tese de que o gosto pela atividade física pode e deve ser incutido logo nos primeiros anos de escolaridade.

25

É durante o ano de estágio que nos começamos a formar enquanto profissionais, capazes de transmitir competências e valores. O escrutínio permanente, a medição do meu desempenho e a identificação das ações de melhoria, permitiram-me, também com a TT do 6º ano, percorrer o caminho da melhoria contínua. Foi também a altura em que confirmei ser exatamente isto que quero para a minha vida – ser professor de EF.

Não tenho qualquer dúvida! Para se ter sucesso, é necessário amar de verdade o que se faz. Caso contrário, levando em conta apenas o lado racional, você simplesmente desiste. É o que acontece com a maioria das pessoas. (Jobs, 2007)2

2Conferência do Wall Street Journal, (2007)

27

4. Realização da Prática Profissional