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4. Realização da Prática Profissional

4.5. A eficácia do Modelo de Educação Desportiva na Retenção da

4.5.10. Conclusões

Pese embora a aparente evolução negativa dos índices, durante a aplicação do MED (1ª e 2ª avaliações), quando analiso, com o auxilio das ferramentas estatísticas (ANOVA e teste post hoc HSD de Tukey), a aparente evolução da 2ª para a 3ª avaliações, à qual acrescento o escrutínio que realizei durante o EP nas fases de conceção, planeamento e realização, posso afirmar que existiu retenção da aprendizagem por parte dos alunos.

Essa conclusão pode ser suportada pela própria aparente evolução dos Índices nas 3 Avaliações.

Se, por um lado, durante a aplicação do MED existiu uma aparente regressão das competências (desempenho) dos alunos (1ª e 2ª avaliações), o que me poderia levar a concluir que a aplicação do MED, enquanto modelo facilitador das aprendizagens, não funcionou adequadamente, por outro lado, tal conclusão só teria validade se entendêssemos as aprendizagens, apenas como melhoria do desempenho individual, no caso na modalidade de Basquetebol. Mas o MED é (muito) mais do que isto!

O MED, para além de poder incrementar o desempenho individual do aluno, assume-se como um modelo de aprendizagem cooperativa (Arends, 2008), para formar desportistas competentes ao nível motor (que entendem e aplicam estratégias e táticas durante a participação com sucesso num jogo), literatos (que entendem os valores e tradições do desporto, bem como os seus rituais e regras distinguindo entre boas e más práticas desportivas) e entusiastas (aqueles que participam de forma a valorizar, preservar e proteger a cultura desportiva).

A aparente evolução positiva, de 3 dos 4 Índices dos parâmetros avaliados e do Índice da Performance Global do Jogo, entre a 2ª e a 3ª avaliações, poderá estar relacionada com o potencial do MED para dotar os alunos de capacidade de autonomia, de conhecimento (literatos), de capacidade crítica, de espírito de equipa e de entusiasmo, fatores que potenciam a autoavaliação (autoescrutínio), para a identificação do seu potencial de melhoria (individual ou coletivo) e para a adoção, mesmo que de modo implícito, das suas próprias ações de melhoria.

Sobre o Estudo de analise dos efeitos e da eficácia da aplicação do MED na retenção da aprendizagem no ensino da modalidade de Basquetebol, pelo

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facto de as diferenças dos Índices analisados e da Performance Global do Jogo, entre as 2ª e 3ª avaliações, não terem significado estatístico, permitem-me concluir que existiu retenção da aprendizagem na UD de Basquetebol.

Mesmo com uma aparente regressão nos índices analisados, entre a 1ª e 2ª avaliações, cujas diferenças não têm significado estatístico, é gratificante constatar que, tanto os alunos como eu, na condição de Professor Estagiário, passamos por um processo de experimentação, cuja aprendizagem foi “retida” por todos. Pelos alunos, quando recordarem, na comparação com outros modelos, que também podem ser capitães-de-equipa, gestores, árbitros, jogadores, oficiais de mesa ou mesmo repórteres desportivos. Por mim, enquanto professor, que viu alunos felizes por terem sido capazes de executar tarefas e ultrapassar obstáculos, que normalmente ficam à responsabilidade do professor.

O MED não é de fácil aplicação, e ainda menos, para professores com pouca experiência. Contudo, o grau de autonomia proporcionado aos alunos pelo MED, se numa primeira fase (e primeiro contato) pode parecer resultar numa experiência “caótica”, com o decurso da sua aplicação, num contexto de maior autonomia, os alunos adquirem hábitos de autorresponsabilização, incrementam a sua capacidade de liderança, motivam-se para ultrapassar obstáculos e solidarizam-se para encontrar soluções.

Na minha opinião, pela experiência da aplicação do MED, sinto-me confortável para afirmar que o Modelo pode trazer grandes benefícios no processo de ensino-aprendizagem.

No entanto, a sua otimização é mais facilmente concretizável nas suas diferentes variáveis, e sobretudo no que se refere à melhoria do desempenho e retenção da aprendizagem, se os alunos tiverem tido contato prévio com o MED, iniciando a assimilação da sua metodologia em momentos anteriores (precoces) do seu percurso escolar.

No caso em apreço, objeto desta conclusão, a aplicação do MED na turma do 9º ano, quando os alunos, provavelmente, nunca o vivenciaram, revelou-se, para mim, uma experiência tão arrojada, quanto desafiante. Para retratar fielmente, e com rigor, as situações mais exigentes da aplicação do MED, em alguns momentos, no meu autoescritínio, fui tentado a questionar a eficácia do Modelo.

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Mas, como sei que “depois da tempestade vem a bonança” e “são as dificuldades que aguçam o engenho”, por diversas vezes fiz apelo à minha experiência de aplicação do MED, na modalidade de atletismo que, em boa hora, também decidi realizar.

De facto, confirmei que a monitorização da aplicação do MED, a medição dos (in)sucessos, a experiência e competências entretanto adquiridas (também na modalidade de atletismo), e a identificação das ações de melhoria que introduzi na fase de conceção e planeamento, permitiram que, no último terço da aplicação do Modelo, a realização prática atingisse, se não todos, pelo menos uma boa parte dos objetivos.

Sem percorrer o processo de melhoria contínua, facilmente a aplicação do MED poderia ter bloqueado no aparente “caos”, não só consequência da minha inexperiência enquanto professor, mas principalmente, se os alunos, coletivamente, percecionassem que as ferramentas do Modelo não proporcionavam melhoria do seu desempenho.

Registo, ainda, que a pouca quantidade de aulas, na modalidade (basquetebol), não permitiu explorar todas as potencialidades do MED, situação que me foi referida pelos alunos.

De facto, quando os alunos estavam a “desfrutar” do MED, terminologia apenas possível de utilizar, a partir do momento em que o Modelo começou a ser assimilado, a UD de Basquetebol foi concluída.

Só pelo facto de os alunos poderem exercer diferentes papéis ao longo da UD, terá revelado, em alguns casos, competências que eles próprios desconheciam e que poderão explorá-las e melhorá-las, ao longo do seu percurso escolar, e mesmo na sua vida fora da escola.

Tão importante como os indicadores que medem a retenção da aprendizagem, o feedback positivo dos alunos funcionou como uma espécie de “carimbo de validação” da minha experiência de aplicação do MED e incentivo para continuar a percorrer, também com este modelo, o caminho da “melhoria contínua”

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