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A utilização da BPM para um grupo de alunos porta-

No documento Diagnóstico e Avaliação Psicomotora (páginas 85-91)

FATORES SUBFATORES TAREFAS 

6.1 A utilização da BPM para um grupo de alunos porta-

dor de deciência visual

Vamos apresentar alguns resultados de um estudo realizado por Moreno e Pai- xão (2011) utilizando a BPM para análise de um grupo de alunos portadores de de- ficiência visual com o intuito de mostrar-

-lhes como ela é importante para um diag- nóstico que leve a uma efetiva educação/ terapia psicomotora promovendo o bom desenvolvimento destes sujeitos.

A ausência de visão restringe o desen- volvimen¬to da criança em inúmeros as- pectos, uma vez que este sentido deflagra o desenvolvimento motor, acentua as ha- bilidades mentais e constroem conceitos espaciais, po¬dendo ser considerado uma importante ferramenta para a aquisição da linguagem e um meio para estabelecer relações emocionais (VEITZMAN, 2003).

Em crianças que apresentam defici- ência visual, o desenvolvimento neurop- sicomotor normal sofre gran¬des alte- rações. Isso se dá porque cerca de 80% dos estímulos encaminhados ao cérebro para a realização da aprendizagem e para o desenvolvimento da locomoção e da mobilidade são provenientes dos órgãos da visão, em condições normais (CUNHA; ENUMO, 2003).

As crianças com deficiência visual mes- mo quan¬do estimuladas precocemente, apresentam atrasos no seu desenvolvi- mento neuropsicomotor quando com¬pa- rado às crianças com visão normal (VEITZ- MAN, 2003). Isso se dá uma vez que a deficiência visual quando presente desde o nascimento acarreta uma alteração no desenvolvimento da percepção espacial e da identificação da forma, no desenvolvi- mento do comportamento social (expres- são mímica, contato através do olhar, co- mer e beber, comu¬nicação), assim como no desenvolvimento da habilidade motora (SHEPHERD, 1996).

Moreno e Paixão (2011) utilizaram a BPM que tem como finalidade essencial a

detecção e identificação de crianças com dificuldades motoras e cognitivas. Tra- ta-se de uma bateria de observação que investiga vários componentes do compor- tamento psi¬comotor da criança de uma forma estruturada e não estereotipada, permitindo uma análise completa do per- fil psicomotor da criança, onde as tarefas que a com¬põem dão oportunidades sufi- cientes para avaliar o grau de maturidade psicomotora da criança e detectar sinais desviantes.

Para aplicação da BPM foi necessário 30 minu¬tos com cada criança, e o em- prego de materiais como: cadeira, mesa, colchonete, bola de 5,0cm, fita métrica, goniômetro, telefone de brinquedo, 10 clipes de tama¬nho médio, cronômetro e fichas de avaliação. Foi rea¬lizada uma observação de forma direta e individual de cada criança por somente um avalia- dor, em uma sala com aproximadamente 20 metros quadrados, sendo re¬alizada no início das atividades das crianças no período vespertino.

Cada atividade proposta foi pontua- da com nota de um a quatro, sendo um considerando uma realização imperfeita, incompleta e descoordenada da ativida- de (fraco); dois a realização com dificul- dade de controle (satisfatório); três a re- alização controlada e adequada (bom) e quatro a realização perfeita da atividade (exce¬lente). Através dos resultados obti- dos nos subfatores, foi calculada a média de cada fator, sendo realizada através da soma dos valores adquiridos na avaliação dos subfatores de cada fator, onde esses valores foram divididos pela quantidade de subfatores, alcançando assim a média de cada fator, que quando necessária foi

arredondada.

No presente estudo, foi constatado que as crianças com deficiência visual apresentaram resultados estatisticamen- te menores com¬parados com o grupo controle, com exceção do fator lateraliza- ção que não apresentou diferença signi- ficativa entre os grupos, o que indica que a deficiência visual não interferiu na late- ralização das crianças avaliadas. Em con- trapartida foi relatado em estudos que indiví¬duos com deficiência visual apre- sentam defasagens na sua lateralização (SILVA ET AL, 2007; CARDOSO; ALMEIDA, 2007).

Foi constatado neste estudo que as crianças com deficiência visual apresen- taram alteração no fator toni¬cidade. Em concordância, estudos que verificaram a importância da psicomotricidade na vida de crianças com deficiência visual para seu desenvolvimento global e so¬cial, relataram que a deficiência visual é um obstáculo que interfere profundamente em todos os sistemas des¬de os primei- ros momentos da vida, já que o organismo está estruturado para realizar contínuo feedback através da visão, que exerce função reguladora do tônus mus-cular. Portanto, a criança privada desse sentido poderá apresentar possíveis alterações na sua tonicidade.

No presente estu¬do constatou-se que as crianças com deficiência visual apresentam um grande déficit com rela- ção ao equilíbrio estático e dinâmico. Esse resultado está de acordo com um estudo que avaliou o equilíbrio de crianças entre dois e cinco anos de idade com deficiên- cia visual através da Escala de Equilíbrio e Mobilidade de Tinetti, onde foi constata-

do que as crianças com deficiência visual apresentam déficit de equilíbrio tanto estático, quan¬to dinâmico quando com- paradas às crianças com visão normal. Em outro estudo pesquisaram a diferença do equilíbrio estático entre 11 indivíduos com deficiência visual e 11 com visão nor- mal e encontraram diferenças significati- vas, demonstrando que os indivíduos com de-ficiência visual apresentam menor equilíbrio do que os com visão normal.

No presente estudo foi constatado que o fator noção do corpo apre¬sentou alte- ração significativa nas crianças com defi- ci¬ência visual. Um estudo ainda relata, que se essas crian¬ças forem estimuladas precocemente e repetidamente podem ainda que lentamente desenvolver esse domí¬nio, uma vez que as sensações tá- teis possibilitam aos indivíduos com de- ficiência visual, a vivência e a noção con- creta do seu próprio corpo e do corpo do outro.

No presente estudo foi constatado al- terações sig¬nificativas quanto a praxia global entre as crianças com deficiência visual. Tal resultado está de acordo com uma pesquisa realizada sobre a coordena- ção motora geral de indivíduos com defici- ência visual, através de um ques¬tionário, onde puderam concluir que os indivíduos com deficiência visual apresentam di- ficuldade na realização de movimentos coordenados com o corpo inteiro, em ati- vidades em que há emprego específico, limitações de experiências e ainda dificul- dade para realizar movimen¬tos rápidos, amplos e em sequência.

O fator praxia fina, no presente estudo, também apresentou alterações signifi- cativas entre as crianças com deficiência

visual. Em concordância, um estudo inves- tigou a forma pela qual a estimulação pre- coce pode contribuir para a prevenção do atraso neuropsi¬comotor de crianças com deficiência visual, e relatou que o senti- do da visão é responsável pelo comando, antecipação, coordenação das atividades manuais e pela relação do olhar e o mover das mãos, estabelecen¬do assim a co- ordenação viso-tátil-cinestésica. Assim, uma vez estando a criança privada desse sentido ela sofrerá interferências para uma coordenação manual adequada.

Portanto, a melhor contribuição que a fisiotera¬pia pode prestar para essas crianças é através da esti¬mulação neu- ropsicomotora, já que a ausência da vi- são leva à uma passividade por parte das crianças, impli¬cando assim em altera- ções sensório motoras já descritas ante- riormente e essas alterações interferirão no desen¬volvimento global, consideran- do os aspectos psíquico, cognitivo e pes- soal/social dessas crianças.

Os resultados obtidos por Moreno e Paixão (2011) mostram que as crianças com deficiência visual desse estudo apre- sentaram altera¬ções e/ou déficits no seu desenvolvimento psicomotor, quando comparadas às crianças videntes, entre- tanto, o fator lateralização, não apresen- tou diferenças estatisti¬camente signifi- cativas nessas crianças.

6.2 Atividades para o desen-

No documento Diagnóstico e Avaliação Psicomotora (páginas 85-91)

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