5 IMPLEMENTAÇÃO DO MODELO
5.2 A VALIDAÇÃO AUTOMÁTICA
Antes de partir para os testes com usuários e proceder à análise do modelo proposto, foi preciso verificar se a ferramenta entregue para o uso atendeu os requisitos mínimos de acessibilidade. Para isso, existem ferramentas de validação automática que percorrem todo o código-fonte em busca de erros cometidos pela não adoção às diretrizes de acessibilidade propostas no documento WCAG versão 2.0 (2013).
Com relação à rede inclusiva, que utilizou o Elgg na sua forma padrão, para implementar o Modelo Moric proposto nesta tese, foi realizada a validação das diretrizes de acessibilidade através do software aDesigner (2013), que é um simulador de deficiências visuais gratuito (ver Figura 28) que possibilita que os desenvolvedores de conteúdos e aplicações verifiquem se eles são acessíveis e utilizáveis. Este software é um sub-projeto do Eclipse Technology Project.
Figura 28 - Tela do software aDesigner
Fonte: aDesigner (2013).
Observa-se na Figura 28 os seguintes componentes:
- Menu de eventos: ativa dois tipos de simulação – cega e baixa visão.
- Área 1 – local onde é inserido o endereço do site a ser validado.
- Área 2 – relatório detalhado dos erros encontrados, que são classificados conforme a diretriz violada, indicando ainda a linha do código com problema, a técnica que pode ser consultada e a descrição do erro encontrado.
- Área 3 – tela onde os erros são apontados na própria estrutura do site, que também demonstra valores correspondentes ao tempo de navegação entre os links de navegação e na simulação para usuários com baixa visão os problemas de contraste encontrados no layout.
Entretanto, as ferramentas de validação não conseguem validar todos os arquivos de uma estrutura hipertextual. Para isso, é necessário navegar por toda a estrutura e validar link por link para que se tenha uma avaliação completa do ambiente. O que muitas vezes acontece é que apenas a página principal do site é validada. Com isso, o ambiente já pode inserir selos que comprovam a acessibilidade em sua interface, mas isso não garante que realmente todas as páginas estejam acessíveis. Mas mesmo com todas as páginas validadas, é importante frisar a importância de se verificar o ambiente também com os usuários, que poderão identificar outros erros no layout ou no conteúdo apresentado.
O primeiro relatório geral referenciou os percentuais de aceitação dos princípios que norteiam as diretrizes de acessibilidade no documento WCAG (2013): perceptivo, operável, compreensível e robusto. A partir disso, para as principais páginas do ambiente, os resultados obtidos foram esses:
1. Link Login:
- Conceito: Bom – a) perceptível: 83%; b) operável: 95%; c) compreensível: 88%; d) robusto: 88%.
2. Link Principal:
- Conceito: Bom – a) perceptível: 88%; b) operável: 93%; c) compreensível: 88%; d) robusto: 78%.
3. Link Atividades:
- Conceito: Muito baixo – a) perceptível: 0%; b) operável: 90%; c) compreensível: 25%; d) robusto: 83%.
4. Link Perfil:
- Conceito: Muito baixo – a) perceptível: 32%; b) operável: 68%; c) compreensível: 58%; d) robusto: 91%.
5. Link Comunidade:
- Conceito: Bom – a) perceptível: 78%; b) operável: 91%; c) compreensível: 81%; d) robusto: 93%.
- Página Interna: Conceito: Baixo – a) perceptível: 63%; b) operável: 87%; c) compreensível: 76%; d) robusto: 93%. 6. Link Pessoas:
- Conceito: Baixo – a) perceptível: 63%; b) operável: 89%; c) compreensível: 74%; d) robusto: 93%.
A partir desses resultados gerais, foi identificado, portanto, que algumas das páginas da rede ainda não possuíam uma validação aceitável de acordo com a verificação realizada com a ferramenta
aDesigner. Com isso, foram declarados os erros mais críticos encontrados durante a varredura do código das páginas da rede inclusiva. Isso demonstrou a importância de se validar anteriormente o projeto, para depois partir para os testes com usuários finais.
Quanto aos erros mais evidentes, o software utilizado os identifica com o código da diretriz de acessibilidade violada, a técnica que pode ser pesquisada para entender como o erro poderá ser corrigido e a descrição do próprio erro encontrado, além do número da linha de código-fonte onde ele ocorre. Sendo assim, na quadro 7, esses erros, que se repetem durante a navegação pelo ambiente, são descritos:
Quadro 7 - Erros de acessibilidade encontrados na Rede Inclusiva
Fonte: Elaboração do autor.
Com isso, esses erros necessitarão ser corrigidos para evitar possíveis barreiras ao processo de navegação dos usuários pelo ambiente. No quadro 7, a maioria das diretrizes não alcançadas são consideradas de primeiro nível de conformidade (A), ou seja, devem ser
Diretriz Técnica Descrição do erro
A: 1.1.1, A: 1.3.1, A: 3.3.2, A: 4.1.2
H65 Não existem identificadores para os campos do formulário de login.
A: 1.3.1, A: 3.3.2
H71 Certifica que cada conjunto de campos de um formulário possuam uma legenda que o identifique. A: 1.3.1,
A: 4.1.2
F68, H44 Seja explícito no nome dos identificadores.
AAA: 2.4.10
G141 Use adequadamente um hierarquia de formatação, ou seja, primeiro H1 depois H2 e assim por diante. A: 4.1.1 H88, H93 A página tem valores de ID duplicados (widgets da
coluna da direita).
A: 1.1.1 H2 Informação de texto redundante: "[PcD Visual]" & "PcD Visual".
A: 1.1.1, A: 2.4.4, AAA: 2.4.9
H30 O link interno da página, "#elgg-widget-content-95", não é acessível, por não possuir um link textual equivalente.
corrigidas para o que o site tenha o mínimo de acessibilidade possível. Sabe-se que, para se alcançar todos os níveis de conformidade na implementação, nem sempre isso é uma tarefa possível para todos os conteúdos (WCAG, 2013). Somando a isso, a interação realizada pelos usuários finais, provavelmente, irá identificar também algumas falhas nos componentes da Interface ou no próprio conteúdo, o que provocará novas adequações.
Assim, no Capítulo 6, buscou-se a verificação do MORIC diante da realização de alguns testes de usabilidade. Para isso, definiram-se alguns ensaios de interação dos usuários dentro da rede. Os resultados encontrados serviram como base para a definição de um conjunto de recomendações para os ambientes que venham a ser pesquisados com essas características.
6 ETAPAS DE VERIFICAÇÃO DO MODELO E