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David Martins, Délia Pereira e João Carlos são três dos co- laboradores da Claranet que trabalham regularmente de forma remota. Nesta empresa da área tecnológica, forne- cedora de soluções de cloud, hosting, redes, segurança e

workplace em modelo “as a service”, presente em vários

países e com atuação em diversos mercados, o contacto à distância entre as equipas de trabalho e as chefias faz parte do quotidiano.

É este o caso, por exemplo, de Délia Pereira, Salesforce

Analyst Developer, cuja equipa é formada por pessoas que

se encontram no Reino Unido, Portugal e França. “Sempre houve abertura para desempenhar funções em teletraba- lho, até porque as interações com as chefias que estão nos outros países são remotas. No dia a dia, as minhas funções são desempenhadas remotamente em projetos com vários países do grupo Claranet.”

Nunca optou exclusivamente pelo teletrabalho, por- que dá valor ao ambiente de convívio profissional, mas agradece que a hipótese exista. Tendo duas filhas em ida- de escolar, em algumas situações, “trabalhar remotamen- te é a solução e permite-me ter um horário mais flexível”. Délia Pereira gosta de começar o dia cedo, estabelece uma TEXTO 9 - DOSSIER Legendas: Foto 1 Foto 2 Foto 3 Foto 5, 6 e 7 Autor: Teresa Souto LEAD

Quotidianos de teletrabalho

Pessoalmente, prefere ir alternando entre o trabalho presencial e o remoto, mas se tivesse de escolher um de- les, “optaria pelo teletrabalho sem qualquer dúvida”. Iden- tifica como principais benefícios a redução do stresse de- corrente das deslocações e do trânsito das “horas de pon- ta”, bem como um horário mais flexível que permite tratar de outros assuntos num intervalo de almoço, como levar o filho ao médico, sem causar grande interrupção no traba- lho. Em termos de inconvenientes, salienta a “dificuldade de limitar o tempo de trabalho”. Embora mantenha horários de trabalho, reconhece que “é fácil ficar mais umas horas quando se está a resolver um problema, o que não é sau- dável e tento reduzir ao máximo”, mas por vezes acontece “quando outra equipa espera que se resolva um problema para poder avançar”. Em situações “muito especificas”, julga ser mais fácil trabalhar no escritório, mas na maioria das vezes fazê-lo em casa é “mais flexível”, nem que seja pela simplicidade de passar pela cozinha e tirar um café, de portátil na mão, sem interromper uma reunião.

Em termos de regulação contratual e legislação, João Carlos chama a atenção para a importância de “garantir a igualdade em termos salariais e legais, quer no trabalho num escritório como no teletrabalho”.

Regra geral, David Martins, Development Manager, trabalha um dia por semana em casa desde 2018, por ve- zes dois, por proposta sua, a qual foi aceite pela empresa. A sua chefia encontra-se no Reino Unido, portanto, também neste caso o contacto é sempre remoto, estando em casa ou nas instalações da empresa. O colaborador criou um espaço exclusivamente dedicado ao trabalho, o que acha essencial ao desempenho das suas funções e ajuda a se- parar a esfera profissional da pessoal/familiar. “Se estou no meu ‘local de trabalho’, estou a trabalhar; quando saio, estou num intervalo ou terminei”, conta David Martins, que tem dois filhos e elenca como principais vantagens do te- letrabalho a simplificação da logística da creche/jardim de infância, a possibilidade de ter uma alimentação mais saudável e de tratar de pequenas tarefas domésticas nos intervalos do trabalho.

Para o exercício do teletrabalho considera que, em termos pessoais, “temos de ser organizados e separar vida pessoal de profissional, ser proativos na comunicação com os colegas remotamente, comunicar claramente, sobretudo, por escrito e ao telefone”. Entre o teletrabalho e um regime presencial na íntegra, David Martins escolheria o teletrabalho “com pos- sibilidade de ir ao escritório uma vez por semana ou a cada duas semanas”, para manter um contacto mais próximo, e comenta: “Quando entram novos colegas, estarmos todos no mesmo sítio durante alguns dias seguidos ajuda a criar uma ligação mais rapidamente”.

rotina respeitando horários como se estivesse no escritó- rio e, quando termina, reserva “algum tempo para desligar o cérebro do trabalho”, fazer exercício, ler ou estar com as filhas. “Este tempo ‘extra’ que ganhamos em casa coinci- de muitas vezes com o tempo que usamos na deslocação escritório-casa”, comenta.

À vantagem do teletrabalho associada à ausência de deslocações e à facilidade de trabalhar de qualquer lado, mesmo em viagem, Délia Pereira alerta para alguns aspe- tos em relação aos quais as pessoas em geral devem es- tar atentas, como contrariar a tendência de “ter uma vida mais sedentária” e de “trabalhar mais horas em casa”. Por estas e outras razões, entende que em termos de legisla- ção futura de teletrabalho, as autoridades competentes devem “criar alguma regulação que permita ‘vigiar’ o bem- -estar das pessoas”.

João Carlos, Core Systems Developer, começou por

trabalhar alguns dias por semana em casa a partir de ju- lho de 2019, nomeadamente para acompanhar a gravidez da mulher. O filho nasceu em dezembro e João Carlos reco- meçou a trabalhar finda a licença parental, tendo-se des- locado várias vezes à empresa. Em fevereiro, quando co- meçaram a surgir as notícias sobre a Covid-19, achou por bem “regressar ao teletrabalho exclusivamente”. A opção foi sobretudo sua, embora refira que sempre houve aber- tura da empresa nesse sentido.

Na última edição da revista, procurou-se refletir sobre

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