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Em seguida na seção 5, “Análises e discussões”, são apresentados os dados coletados na pesquisa e a discussão sob a perspectiva da literatura e a comparação com estudos anteriormente realizados.

Por fim, na seção 6, “Considerações finais”, procurou-se atender as expectativas da pesquisa, informando as conclusões, respondendo ao problema, as hipóteses e aos objetivos. Além de trazer a luz a relevância da temática para a área da Ciência da Informação. Depois dessa seção, são apresentadas as referências.

Na página seguinte será apresentado a seção dois: “Fundamentação teórica.”

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo são abordados os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 – ONU, seus precursores, além da perspectiva brasileira, com um olhar mais atento ao quinto objetivo.

Observando mais atentamente sob a perspectiva brasileira, de forma que se compreenda como o empoderamento feminino e a igualdade de gênero é trabalhada nas bibliotecas brasileiras, além de analisar de acordo com a literatura disponível, como é estudada e disseminada tal narrativa. Na primeira parte deste capítulo é apresentada a Agenda 2030 como um todo.

Na segunda parte, o foco se modifica para o 5° ODS, empoderamento feminino e a igualdade de gênero na biblioteconomia brasileira.

2.1 Agenda 2030 - Objetivos do Desenvolvimento Sustentável

A Agenda 2030 consiste em um documento que visa estabelecer diretrizes de desenvolvimento sustentável a serem cumpridas pelos governos e a sociedade em geral, tornando - se “[...] um plano de ação para as pessoas, para o planeta e para a prosperidade.” (ONU, 2015). Ela foi desenvolvida pela ONU com representantes dos 193 Estados-membros, depois de mais de três anos de negociações e de intenso envolvimento de várias partes interessadas, foi apresentada na sede das Nações Unidas em Nova York de 25 a 27 de setembro de 2015.

A nova Agenda 2030 das Nações Unidas é um quadro inclusivo e integrado de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) com um total de 169 metas que abrangem o desenvolvimento econômico, ambiental e social. Eles estabelecem um plano para que todos os países se empenhem ativamente em tornar o nosso mundo melhor para a sua população e para o planeta.

(IFLA, 2015, p. 3)

Esse plano de ação indica 17 objetivos com finalidade de um desenvolvimento sustentável no planeta, que significa “[...] satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades” (BRUNDTLAND, 1987). Desta maneira, os objetivos da agenda 2030 abrangem:

Quadro 1 – Objetivos de desenvolvimento sustentável da Agenda 2030 1 – Erradicação da

pobreza

O primeiro objetivo aponta para a erradicação da pobreza, tendo como meta principal a erradicação da pobreza extrema.

Também espera reduzir a menos da metade a proporção de homens, mulheres e crianças que vivem na pobreza, assim como também implementar sistemas de proteção social, e garantir que toda população mundial, em particular pobres e vulneráveis tenham acesso a recursos econômicos e serviços básicos.

2 – Fome zero e agricultura sustentável

Esse objetivo está de certa forma associado ao anterior, trazendo características complementares ao primeiro objetivo. Porém ele traz novas dimensões mais voltadas a saúde e produção de alimentos sustentável.

3 – Saúde e bem-estar

Focando na saúde da população e na promoção de bem-estar. Propõe o fim das mortes evitáveis de bebês e crianças, além do combate a doenças.

4 – Educação de qualidade

Pretende assegurar a educação de qualidade, inclusiva e equitativa, além de promover oportunidade de aprendizagem ao longo da vida para todos.

5 – Igualdade de gênero

Como dito anteriormente, visa alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas, eliminando abusos psicológicos e físicos.

6 – Água potável e saneamento

A água é tida como o centro do desenvolvimento sustentável, dessa forma esse objetivo visa assegurar a disponibilidade e a gestão sustentável da água e saneamento para todos.

7 – Energia

acessível e limpa

Com a demanda de energia crescendo a cada ano, esse objetivo pretende auxiliar no acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível da energia para todos. Levando em conta que combustíveis fósseis e suas emissões de gases de efeito estufa provocam terríveis mudanças climáticas.

8 – Trabalho econômico de forma inclusiva e sustentável.

9 – indústria, inovação e infraestrutura

Investimento na indústria, infraestrutura e inovação são necessários para um crescimento econômico sustentável e desenvolvimento dos países.

10 – Redução de desigualdades

Sendo a desigualdade um problema global, entende-se que necessita de soluções integradas, este objetivo está em acordo com o objetivo de erradicação da pobreza, focando na redução das desigualdades socioeconômicas e antagonismo a discriminações de todos os tipos.

11 – Cidades e comunidades sustentáveis

Tem como finalidade transformar as cidades e assentamentos humanos inclusivos, que sejam seguros e sustentáveis.

Basicamente, visa formular ações urgentes com a finalidade de combater a mudança climática e seus impactos no mundo, por meio do reforço a capacidade de adaptação a riscos de catástrofes naturais, aborda também a educação e conscientização para com o clima global.

14 – Vida na água Os oceanos asseguram alimentação, transporte e fornecimento de energia para a vida humana, por isso esse objetivo visa conservar e promove o uso sustentável dos oceanos, mares e dos seus recursos marinhos.

15 – Vida terrestre Sendo a humanidade e outros animais extremamente dependentes da natureza, o objetivo 15 pretende proteger, recuperar, conservar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres e da água doce, além de reduzir a degradação de habitat naturais e proteger a biodiversidade.

16 – Paz, justiça e instituições

eficazes

Relacionado com os objetivos 1, 3 e 4, o ODS 16 pretende promover sociedades pacíficas, inclusivas ao desenvolvimento sustentável, acesso à justiça e construir instituições eficazes.

17 – Parcerias e meios de

implementação

Os ODS só serão alcançados com a cooperação da comunidade internacional visando a parceria global e incluindo todos os setores interessados no processo de desenvolvimento sustentável. Dessa forma o objetivo 17 mira fortalecer essas parcerias e seus meios de implementação.

Fonte: adaptado de ONU (2015)

Figura 1: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Fonte: ONU (2015)

Cada objetivo possui metas específicas para eles, de forma que qualquer pessoa da sociedade possa ajudar para desenvolvê-los. Pensar que apenas os governos ou órgãos de poder têm responsabilidade com eles é um mito. Iniciativas públicas e privadas, a sociedade civil, projetos sociais, todos são responsáveis por um mundo melhor e mais sustentável.

Abordando agora como o profissional bibliotecário e a biblioteca podem, e devem, desenvolver atividades em prol da Agenda 2030. Em 2016 a IFLA criou um

documento chamado Access and Opportunity for All: How Libraries contribute to the United Nations, traduzido para o português pelaFederação Brasileira de Associações de Bibliotecários, Cientistas da Informação e Instituições (FEBAB) reivindicando o espaço das bibliotecas como instituições fundamentais para o sucesso da Agenda 2030.

Nesse documento, a IFLA (2015) acredita que a crescente utilização das TICs para acessar informação e conhecimento pela sociedade faz com que “seja possível o desenvolvimento sustentável e mais qualidade de vida para as pessoas”.

De forma a introduzir a biblioteca dentro da discussão sobre o desenvolvimento sustentável.

Sendo assim, a biblioteca atuaria principalmente com o papel de promoção dos ODS, promovendo a alfabetização universal, a inclusão digital pelas TICs, assim como atuação como centro da comunidade acadêmica e de pesquisa, afim de preservar e proporcionar acesso à cultura e ao patrimônio mundial.

Em outro documento, também da IFLA (2015), de título “As bibliotecas e a implementação da Agenda 2030 da ONU” foi produzi com a finalidade de auxiliar no processo de advocacy a nível nacional ou local. Desta forma, garante-se que as bibliotecas e o acesso à informação estejam nos planos de Desenvolvimento Nacionais, como um meio do cumprimento dos ODS.

Esse documento se caracteriza como uma caixa de ferramentas com objetivos de compreender o processo da Agenda 2030 e o advocacy da IFLA, além de monitorizar a implementação dos ODS e manter a sociedade informada sobre tais objetivos.

Como temática basilar desta pesquisa, será utilizada a cartilha dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) da ONU. Embora não se trate apenas do cuidado com o meio ambiente, mas também com a questão social do desenvolvimento e seu impacto para com a humanidade, os debates providos dessa questão são extremamente importantes para se descobrir o papel da sociedade, em especial os/as bibliotecários/as, em conjunto com os governantes na criação de um futuro mais sustentável para todos/as.

O objetivo central a ser abordado nesta pesquisa será o 5º da Agenda 2030, referente ao alcance da igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas, a seguir na seção 2.2.

2.2 Objetivo 5º da Agenda 2030

A agenda trouxe, como já dito anteriormente, 17 objetivos e 169 metas, sendo que um deles é “alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas” (ONU, 2015). Para tal façanha a ONU (2015) destrinchou-o em 9 metas listadas abaixo:

Quadro 2 – Metas do 5º objetivo da Agenda 2030 1 Acabar com a discriminação para com meninas e mulheres;

2 Dar fim a todas as formas de violência contra as mulheres e meninas nas áreas públicas e privadas;

3 Banir todas as práticas danosas, como os casamentos prematuros, forçados e de crianças;

4 Reconhecer e valorizar o trabalho de assistência e doméstico não remunerado, por meio da disponibilização de serviços públicos, infraestrutura e políticas de proteção social, assim como a promoção da responsabilidade compartilhada dentro do lar e da família;

5 Garantir a participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança;

6 Assegurar o acesso universal à saúde sexual e os direitos reprodutivos, como acordado no Programa de Ação da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento e com a Plataforma de Ação de Pequim;

7 Realizar reformas para dar às mulheres direitos iguais aos recursos econômicos, bem como o acesso à propriedade, serviços financeiros, herança e os recursos naturais, de acordo com as leis nacionais;

8 Expandir o uso de tecnologias de base, principalmente as tecnologias de informação e comunicação para a promoção do empoderamento feminino.

9 Admitir e encorajar políticas públicas e legislações aplicáveis para a promoção da igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas.

Fonte: adaptado de ONU (2015).

No Brasil, a igualdade de gênero é assegurada pela Constituição Federal, e ressalta que homens e mulheres devem ser tratados da mesma forma:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; (BRASIL, 1988)

O 5° ODS é de grande importância para um mundo sustentável e sexualmente igualitário. O economista brasileiro Canuto (2018) afirma que a igualdade de gênero aumentaria o crescimento econômico do país. No entanto, essa não é a realidade brasileira, onde a escolaridade feminina é maior, mas os salários das mulheres ainda são menores que seus colegas do gênero oposto, fato reforçado pela matéria liberada pelo site G1 ao apontar que “As mulheres ganham menos do que os homens em todos os cargos. É o que aponta pesquisa salarial da Catho que avalia 8 funções, de estagiários a gerentes.” (KOMETANI, 2017).

Numa análise sobre a crise econômica no Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE aponta que “[...], o cenário de crise econômica parece ter contribuído para levar mulheres para a força de trabalho, sua taxa de participação em 2017 permaneceu bem aquém à dos homens, 52,7% e 72,5%, respectivamente”

(IBGE, 2018). Existe ainda uma grande disparidade entre mulheres e homens quando se trata de trabalho, apesar da maior escolaridade das mulheres, a força de trabalho ainda é predominante masculina.

Os resultados do obtidos pelo IBGE para a pesquisa sobre estatísticas de gênero de 2019 não mostram grande diferença. De acordo com Guedes (2021) do site CNN, o censo de 2019 (divulgado em 04 de março de 2021) as mulheres recebem o equivalente a 77,7% do salário dos homens em 2019, tendo uma diferença ainda maior em relação a cargos de liderança, nesse último as mulheres recebem apenas 61,9% do rendimento dos homens.

Esse cenário se mostra persistente mesmo quando mais mulheres portam diploma de ensino superior “[...] entre 25 e 34 anos, 25,1% das mulheres concluíram o nível superior, contra 18,3% dos homens, uma diferença de 6,8 pontos percentuais”

(GUEDES, 2021). Pode-se ver um espelho dessa situação dentro das instituições de graduação, onde menos da metade (46,8%) dos professores são mulheres, mesmo

tendo melhorado nos últimos anos, pois em 2013 as mulheres não passavam de 43,2%. Na matéria da CNN3, o autor ainda aborda pela vertente política, onde no Brasil as mulheres representam apenas 14,8% dos deputados federais, sendo a menor proporção da América do Sul e deixando o país na 142° posição de um ranking com dados de 190 países (GUEDES, 2021).

A desigualdade de gênero é conferida tanto às práticas discriminatórias no mercado de trabalho, quanto na divisão do gênero nas atividades domésticas.

Enquanto as mulheres atribuem, em média, 20,9 horas semanais a afazeres domésticos no domicílio, os homens dedicam menos da metade desse valor (IBGE, 2018).

São inúmeras as dificuldades enfrentadas pelas mulheres na sociedade, não só brasileira, como mundial. Quando conseguem força no mercado de trabalho algo sempre às estagna. A herança cultural machista, enraizada na sociedade, faz com que seja difícil o avanço das mulheres no mercado de trabalho.

A união feminina nessa luta é essencial para um futuro onde as mulheres se sintam seguras e tenham possibilidades de vida melhores que as atuais, uma vez que o “empoderamento feminino é a consciência coletiva, expressada por ações para fortalecer as mulheres e desenvolver a equidade de gênero” (ASSIS, 2017).

Apesar do termo igualdade ser utilizado no objetivo de desenvolvimento sustentável, a palavra em português que mais se encaixa no momento é a equidade.

A equidade de gênero se fundamenta na ideia de ser justo para qualquer identidade de gênero. De forma que as autoras Lisboa e Manfrini (2005) dizem que para garantir essa neutralidade é necessário a adoção de providências que visem corrigir as desvantagens históricas e sociais que mantêm os homens e as mulheres distantes de usufruir das mesmas oportunidades.

Com o início da pandemia em março de 2020 e se estendendo até o presente momento, em julho de 2021, a autora deste trabalho faz outros questionamentos; com tantas dificuldades já existentes na vida das mulheres, nesse caso principalmente as brasileiras, de que forma a pandemia modificou a vida no trabalho e em casa dessas personagens?

Tendo a pandemia modificado a maioria das atividades do dia a dia, levando escritório para o íntimo das casas dos seus funcionários, em formato de home

3 https://www.cnnbrasil.com.br/business/2021/03/04/mulheres-ganham-77-7-dos-salarios-dos-homens-no-brasil-diz-ibge. Acesso em: 25 mar. 2021.

office, como ficou a situação das mulheres e também dos homens com relação a dupla jornada de trabalho, ao provável aumento da carga horária, quais foram as diferenças no fluxo de trabalho? As modificações na rotina de trabalho e além da possível redução salarial.

No âmbito do Brasil o Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 (Grupo de Trabalho Agenda 2030), este trabalha em consonância com a Agenda 2030 para efetivar as ações no país. Foi formado a partir da junção de Organizações da Sociedade Civil que já vinham se esforçando para defender os direitos humanos, combatendo a desigualdade e respeitando o planeta.

O Grupo de Trabalho Agenda 2030 (GT Agenda 2030) foi formalizado em 9 de setembro de 2014, como resultado de vários encontros entre essas organizações não governamentais. Atua na disseminação, promoção e monitoramento da Agenda 2030, divulgado os ODS a fim de estimular a sociedade civil e impulsionar o governo brasileiro e sistema das Nações Unidas para a sua execução.

Possui cerca de 50 membros de setores distintos que juntos acompanham todas as áreas dos 17 ODS;

O grupo incide sobre o Estado brasileiro e as organizações multilaterais, principalmente a Organização das Nações Unidas (ONU), promovendo o desenvolvimento sustentável, o combate às desigualdades e às injustiças e o fortalecimento de direitos universais e indivisíveis, com base no pleno envolvimento da sociedade civil em todos os espaços de tomada de decisão.

(GT Agenda 2030)

É responsável por comunicar e visibilizar a relevância dos ODS e a potencialidade da implementação desses objetivos. Em adição ele reúne, analisa e produz conteúdos que informam a “sua incidência e ações de controle social, o que inclui a produção, a cada ano, do Relatório Luz4”.

Relembrando aqui as metas do 5° ODS, veja no Quadro 2, o GT Agenda 2030 disponibiliza dados que mostram como o Brasil está a respeito dos ODS com relação à meta 1, o Relatório Luz (GT Agenda 2030, 2020) aponta que com o desmonte das políticas públicas e a redução de recursos entre 2014 e 2019;

4 O Relatório Luz, documento elaborado pelo Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 (GT Agenda 2030/GTSC A2030), analisa a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) no Brasil e mostra o que o país precisa fazer para cumprir o compromisso que assumiu junto à ONU de alcançar as metas globais até 2030. Disponível em:

https://gtagenda2030.org.br/relatorio-luz/. Acesso em: 06 jul. 2021.

As violações sistemáticas aos direitos das mulheres e meninas crescem, mas o governo federal foca no “combate à ideologia de gênero”, sem políticas que abordem as desigualdades e violências sofridas pela população LGBTI+.

Esses dados comprometem a meta 5.1. (GT AGENDA 2030, 2020)

O infográfico a seguir aponta como a discriminação, principalmente com relação a emprego e remuneração não melhoram com o passar dos anos por falta de interesse e incentivo do governo.

Apesar da Constituição Federal e várias normativas proibirem a discriminação e o tratamento diferenciado em razão do sexo, mesmo trabalhando mais e tendo um nível educacional maior, as mulheres recebem, em média, 76,5%

dos rendimentos dos homens. (GT AGENDA 2030, 2018)

Figura 2: Infográfico desigualdade de gênero

Fonte: GT AGENDA 2030 (2018)

Passando para a meta número 2, ainda segundo o Relatório Luz, a situação chega a ser ainda mais grave “Estima-se que entre 16 e 20 milhões de brasileiras tenham sofrido algum tipo de violência no período de um ano” (GT Agenda 2030, 2020). O GT Agenda 2030 aponta que cerca de 4,5 homicídios por 100 mil habitantes foram feminicídios como exibido no gráfico a seguir;

Gráfico 1 – Feminicídios 2008-2016

Fonte: GT Agenda 2030

Ainda sobre a meta 2, os dados apontados no Relatório Luz mostram que a situação ainda é preocupante.

Em 2018, os feminicídios corresponderam a 29,6% dos homicídios dolosos de mulheres, um crescimento de 4% em relação ao ano anterior. O governo federal não apresentou dados sobre a taxa de feminicídios no Brasil em 2019 e a política de divulgação periódica e sistematizada dos dados sobre registros de violações, como os da Central de Atendimento à Mulher — Ligue 180, foi abandonada. (GT AGENDA 2030, 2020)

Figura 3: Ranking feminicídio

Fonte: GT AGENDA 2030 (2018)

Dados do Instituto DataSenado, apresentados no Relatório Luz (2020) apontam que em aproximadamente 24% das vítimas ainda convive com seus agressores, 34% são dependentes financeiramente, e 31% não fez nada com relação a violência sofrida, sugerindo um alto nível de subnotificações.

Gráfico 2: Vítimas de violência

Fonte: GT AGENDA 2030 (2018)

Abordando a meta 3, o relatório aponta que se manteve estagnada a despeito da lei que proíbe o casamento infantil ter sido sancionada recentemente5. O GT Agenda 2030 (2020) aponta que:

O diploma tem limitações, já que impede que pessoas menores de 16 anos se casem formalmente, mas não se dirige às questões subjacentes ao casamento infantil - como, por exemplo, a pobreza - que fazem com que o país ocupe o posto de quarto no mundo em números absolutos de casamentos infantis, com 36% da população feminina se casando antes de completar 18 anos de idade. (GT AGENDA 2030, 2020)

Figura 4: Porcentagem casamento antes da maioridade

Fonte: GT AGENDA 2030 (2020)

Sobre as metas 4 e 5, o documento aborda não haver nenhum avanço.

Focando na meta 4 o “Relatório luz da Agenda 2030 de desenvolvimento sustentável:

síntese II” (GT AGENDA 2030, 2018), explana que;

somando as horas de trabalhos remunerados às de cuidados de pessoas e do lar, as mulheres continuam a trabalhar em média, 54,4 horas semanais versus 51,4 horas semanais dos homens. Em 2016, segundo a PNAD65, as brasileiras dedicaram quase 73% mais tempo que os homens ao cuidado de pessoas e/ou afazeres domésticos (18,1h contra 10,5h), sendo a região Nordeste a mais desigual: elas dedicaram 19 h/semana, 80% a mais do que os homens. As pretas ou pardas registraram 18,6 horas semanais. (GT AGENDA 2030, 2018)

5 Lei 13.811/2019. Disponivel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13811.htm

Gráfico 3 – Horas dedicadas aos afazeres domésticos

Fonte: GT AGENDA 2030

Olhando para a meta 5 a desigualdade de gênero fica ainda mais explícita, tendo em mente que 52,68% do eleitorado brasileiro é composto por mulheres a relação com a representação feminina em cargos políticas ainda é muito aquém do desejado, ocupando apenas 31,8% das candidaturas nas eleições de 2018. Tendo outro dado também preocupante é o número de candidatas pretas ou pardas “[...]

correspondiam, respectivamente, a 13,44% e 34,34% das candidaturas, e as indígenas a tão-somente 0,53% do total” (GT AGENDA 2030, 2020, p. 31).

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