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O desenvolvimento sustentável figura-se como uma das temáticas emergentes nos dias atuais, e apresenta caráter interdisciplinar, sendo tema de discussão em diversas conferências nacionais e internacionais. Este está ancorado à concepção de desenvolvimento econômico e preservação do meio ambiente, - de forma holística e integradora e sob diferentes aspectos socioculturais -, sem que se comprometa o futuro das gerações futuras.

Diante desta perspectiva e da necessidade latente de mudanças alinhadas à sustentabilidade, em 2015, foi criada a Agenda 2030, no qual se trata de um documento organizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), com representantes dos Estados-membros desta última, que tem a finalidade de estabelecer metas para o desenvolvimento sustentável.

O quinto objetivo da Agenda 2030 de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, intitulado: “Igualdade de gênero: alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”, cria parâmetros/metas com o intuito de auxiliar a sociedade e os governos a se desenvolver de forma consciente, pensando no futuro das próximas gerações, mas atendendo às necessidades do presente.

Na sociedade contemporânea, as temáticas de empoderamento feminino e a igualdade de gênero são debatidas no ambiente acadêmico, assim como também fora desses espaços institucionalizados. Entretanto, uma das problemática é que tais discussões raramente apresentam o alcance desejado, na medida que se pode considerar que o debate sobre a temática em tela é ainda elitizado e quando alcança espaços de fragilidade social, as informações disseminadas nem sempre alcançam o seu objetivo nuclear: o de informar.

Apesar do grande avanço das mídias sociais nas últimas décadas e também da informação estar, acessível para uma parte considerável da sociedade, que possuem acesso à internet, em se tratando de Brasil, o nível de literacia informacional da população é preocupante, ao considerar a compartilhamento de informações não confiáveis no que tange aos estudos de gênero e sexualidade, bem como sobre o feminismo.

Outros aspectos como a cultura machista, misoginia, a desigualdade salarial, o feminicídio, infelizmente são temas recorrentes no cotidiano das mulheres,

sendo urgente a mudança desses aspectos presentes, nos quais foram construídos historicamente e permeiam os dias atuais, seja nos ambientes de trabalho ou entre amigos ou familiares. Ademais, complementar a esses aspectos, ressalta-se a divulgação do “Mapa da Violência” dentre os anos de 2012 a 2015, que mostrou dados atuais e inéditos sobre a realidade do feminicídio no Brasil.

Levando-se em conta o papel social do (a) profissional bibliotecário (a), a mudança que a informação é capaz de gerar na sociedade, e a sobrevivência dos (as) bibliotecários (as) em um mundo onde a informação e a desinformação se mesclam, figura-se como um dos maiores desafios desses profissionais e diz respeito ao papel que ele deve assumir como agente social transformador em meio ao coletivo, na desconstrução de alguns paradigmas sociais.

Sobrevivência do profissional porque a Biblioteconomia, profissão esta que trabalha com a informação sob diferentes perspectivas, precisa estar na vanguarda das temáticas sociais, fazendo com que mais do que nunca, seja necessário o processo de advocacy,1 onde a International Federation Library Associations and Institutions (IFLA) está fortemente presente advogando desde antes da aprovação do texto dos OD6S para a garantia de que o acesso à informação, às Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e à cultura sejam incluídos na Agenda 2030 (IFLA, 2016), necessitando que as bibliotecas e os (as) bibliotecários (as) sejam parte atuante do desenvolvimento das metas estabelecidas pela Agenda 2030.

Esses profissionais deverão estar dispostos a sair das estruturas físicas das unidades de informação, atuar de forma ativa no que tange as questões sociais, adequar seus perfis profissionais convergente as necessidades da sociedade contemporânea e não só se ater somente as atividades meios desempenhadas nos espaços de trabalho, mas também potencializar as atividades fins, nas quais se têm uma maior aproximação com os usuários reais, potenciais e os não-usuários da informação, sendo os usuários a razão de ser da existência dos ambientes informacionais físicos e digitais.

Considerando pesquisas prévias sobre a temática em tela, identificou-se uma lacuna de conhecimento sobre as produções científicas relacionada a ODS5 no contexto da Biblioteconomia e Documentação, sendo que esta pesquisa tem a

1Não possui tradução exata para o português, sendo definido pelo tripé: identificar, adotar e promover uma causa. (FERRARI, 2017)

pretensão de entender como esses profissionais estão atuando para colaborar com a igualdade de gênero e o empoderamento feminino.

Sendo assim, esta pesquisa está ancorada à linha de pesquisa 2 – Informação e Sociedade do Departamento de Ciência da Informação (DCI) da Universidade Federal de Sergipe, cujos objetivos desta linha são: considerar a informação como um fenômeno social, debater sobre a vertente teórica e as relações que constitui a sociedade, a cultura, a história, entre outros aspectos.

Diante do que foi apresentado anteriormente, elaborou-se a seguinte questão de pesquisa, na qual constitui o nosso problema: Quais são as ações dos/as bibliotecários/as brasileiros/as sobre a igualdade de gênero e empoderamento feminino nas unidades de informação onde atuam?

Afim de identificar as ações levanta-se a hipótese de que o profissional bibliotecário, tendo como dever social da profissão, aborda a temática em seu local de trabalho, sendo ela de extrema importância social e educacional, fazendo uso das redes sociais, pois são meios de divulgação, à exemplo do Facebook, Twitter, Instagram, que são consideradas canais informais de informação, nas quais caracterizam-se pela dinamicidade e agilidade na comunicação e compartilhamento de dados e informações.

Outrossim, ancorado no trabalho de Santini, Terra e Almeida (2016) nas quais as autoras assinalam uma nova dinâmica dos movimentos sociais na chamada sociedade em rede a partir da mobilização das mulheres brasileiras nessas redes, onde o alcance das mensagens ultrapassa os domínios da vida social e cotidiana dos indivíduos diretamente envolvidos para infinitas redes de informação online, parte-se da hipótese que os/as bibliotecários/as brasileiros/as atuantes nas unidades de informação, utilizam preferencialmente esses canais nas suas ações em prol do 5°

objetivo da Agenda 2030.

Acerca dos objetivos desta pesquisa, apresenta-se a seguir o objetivo geral e específicos deste trabalho. Identificar as ações das(os) bibliotecárias/os nas unidades de informação que atuam sobre a igualdade de gênero e o empoderamento feminino.

Com relação aos objetivos específicos, apresenta-se os seguintes:

● Caracterizar o perfil dessas/es bibliotecárias/os (em idade, gênero, ambiente de informação que atuam, nível acadêmico e função desempenhada no local de trabalho) e as unidades de informação;

● Verificar quais as ações sobre igualdade de gênero e empoderamento feminino aplicadas nessa instituição e se foram encontradas barreiras no desenvolvimento dessas;

● Identificar, de acordo com os bibliotecários, quais as fontes de informação alinhadas com a igualdade de gênero e ao empoderamento feminino utilizadas pelos profissionais bibliotecários nas unidades de informação onde atuam.

Como justificativa aponta-se que apesar de grandes avanços na trajetória para a igualdade de gênero, o ideal ainda não foi alcançado. Por conta disso é necessário abordar e incentivar os diálogos a respeito deste tema, tendo em vista as problemáticas atuais sobre a visibilidade feminina e o protagonismo feminino.

Segundo Ortega Y Gasset (2006, p.16) a determinação do papel do bibliotecário é baseada na necessidade social do ambiente em que este profissional está inserido. Os autores ainda assinalam que esta necessidade é “[...]

essencialmente variável, migratória, evolutiva; em suma histórica”.

A escolha deste tema pela autora deste projeto de pesquisa se deu pela leitura do documento da Agenda 2030 no primeiro período do curso de Biblioteconomia e Documentação da Universidade Federal de Sergipe em 2017, ano este em que o tema do Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação (CBBD) foi a Agenda 2030.

Após a apresentação da agenda para os alunos do curso em uma palestra de recepção aos ingressantes do curso de Biblioteconomia e Documentação da UFS, o documento foi abordado outras vezes ao longo da graduação, em outras disciplinas do curso como: Unidades de Informação, Serviço de Informação e Referência, Informação e Cidadania e Ação Cultural em Bibliotecas, despertando o interesse desta pesquisadora na temática em tela, mais especificamente no 5º ODS. Concomitante a isso, esta pesquisadora frequentou um curso de extensão oferecido pela Fundação Demócrito Rocha, em parceria com a Universidade Aberta do Nordeste (UAB) e a Universidade Estadual do Ceará (UECE) com o tema: Enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher2, no qual este curso, em seu conteúdo programático dividido em módulos, aborda temas diretamente relacionados à esta pesquisa.

2 Página do curso: https://cursos.fdr.org.br/course/view.php?id=50. Acesso em: 29 jan. 2021.

Outra questão que influenciou na escolha do tema foi a escassez de trabalhos relacionados ao 5° ODS no âmbito da Ciência da Informação, e conforme apresentado mais adiante, foi constatado através de um levantamento bibliográfico, que existem alguns trabalhos abordando o feminismo e o protagonismo da mulher, em detrimento de temas que relacionam o papel dos profissionais da informação em convergência com o 5º ODS da Agenda 2030, nos quais as publicações são escassas na C.I.

Este trabalho está dividido em seis seções primárias seus respectivos desdobramentos, descritos a seguir:

Na seção 2, apresenta-se a fundamentação teórica desta pesquisa, onde na primeira parte do próximo capítulo será abordada a Agenda 2030 - Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, na segunda parte sobre o Objetivo número 5 – igualdade de gênero e empoderamento feminino, conceituado tais termos.

Na seção 3, “A mulher na biblioteconomia brasileira: revisão da literatura”, é apresentada a história da mulher na biblioteconomia brasileira, assim como seus avanços e dificuldades perante a sociedade, sendo o tema abordado da perspectiva econômica, científica, acadêmica e também social.

Na seção 4, “Abordagem Metodológica” é apresentado a metodologia utilizada, o objeto de estudo e suas variáveis, além da forma de análise dos dados.

Em seguida na seção 5, “Análises e discussões”, são apresentados os dados coletados na pesquisa e a discussão sob a perspectiva da literatura e a comparação com estudos anteriormente realizados.

Por fim, na seção 6, “Considerações finais”, procurou-se atender as expectativas da pesquisa, informando as conclusões, respondendo ao problema, as hipóteses e aos objetivos. Além de trazer a luz a relevância da temática para a área da Ciência da Informação. Depois dessa seção, são apresentadas as referências.

Na página seguinte será apresentado a seção dois: “Fundamentação teórica.”

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