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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.2 Objetivo 5º da Agenda 2030

A agenda trouxe, como já dito anteriormente, 17 objetivos e 169 metas, sendo que um deles é “alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas” (ONU, 2015). Para tal façanha a ONU (2015) destrinchou-o em 9 metas listadas abaixo:

Quadro 2 – Metas do 5º objetivo da Agenda 2030 1 Acabar com a discriminação para com meninas e mulheres;

2 Dar fim a todas as formas de violência contra as mulheres e meninas nas áreas públicas e privadas;

3 Banir todas as práticas danosas, como os casamentos prematuros, forçados e de crianças;

4 Reconhecer e valorizar o trabalho de assistência e doméstico não remunerado, por meio da disponibilização de serviços públicos, infraestrutura e políticas de proteção social, assim como a promoção da responsabilidade compartilhada dentro do lar e da família;

5 Garantir a participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança;

6 Assegurar o acesso universal à saúde sexual e os direitos reprodutivos, como acordado no Programa de Ação da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento e com a Plataforma de Ação de Pequim;

7 Realizar reformas para dar às mulheres direitos iguais aos recursos econômicos, bem como o acesso à propriedade, serviços financeiros, herança e os recursos naturais, de acordo com as leis nacionais;

8 Expandir o uso de tecnologias de base, principalmente as tecnologias de informação e comunicação para a promoção do empoderamento feminino.

9 Admitir e encorajar políticas públicas e legislações aplicáveis para a promoção da igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas.

Fonte: adaptado de ONU (2015).

No Brasil, a igualdade de gênero é assegurada pela Constituição Federal, e ressalta que homens e mulheres devem ser tratados da mesma forma:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; (BRASIL, 1988)

O 5° ODS é de grande importância para um mundo sustentável e sexualmente igualitário. O economista brasileiro Canuto (2018) afirma que a igualdade de gênero aumentaria o crescimento econômico do país. No entanto, essa não é a realidade brasileira, onde a escolaridade feminina é maior, mas os salários das mulheres ainda são menores que seus colegas do gênero oposto, fato reforçado pela matéria liberada pelo site G1 ao apontar que “As mulheres ganham menos do que os homens em todos os cargos. É o que aponta pesquisa salarial da Catho que avalia 8 funções, de estagiários a gerentes.” (KOMETANI, 2017).

Numa análise sobre a crise econômica no Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE aponta que “[...], o cenário de crise econômica parece ter contribuído para levar mulheres para a força de trabalho, sua taxa de participação em 2017 permaneceu bem aquém à dos homens, 52,7% e 72,5%, respectivamente”

(IBGE, 2018). Existe ainda uma grande disparidade entre mulheres e homens quando se trata de trabalho, apesar da maior escolaridade das mulheres, a força de trabalho ainda é predominante masculina.

Os resultados do obtidos pelo IBGE para a pesquisa sobre estatísticas de gênero de 2019 não mostram grande diferença. De acordo com Guedes (2021) do site CNN, o censo de 2019 (divulgado em 04 de março de 2021) as mulheres recebem o equivalente a 77,7% do salário dos homens em 2019, tendo uma diferença ainda maior em relação a cargos de liderança, nesse último as mulheres recebem apenas 61,9% do rendimento dos homens.

Esse cenário se mostra persistente mesmo quando mais mulheres portam diploma de ensino superior “[...] entre 25 e 34 anos, 25,1% das mulheres concluíram o nível superior, contra 18,3% dos homens, uma diferença de 6,8 pontos percentuais”

(GUEDES, 2021). Pode-se ver um espelho dessa situação dentro das instituições de graduação, onde menos da metade (46,8%) dos professores são mulheres, mesmo

tendo melhorado nos últimos anos, pois em 2013 as mulheres não passavam de 43,2%. Na matéria da CNN3, o autor ainda aborda pela vertente política, onde no Brasil as mulheres representam apenas 14,8% dos deputados federais, sendo a menor proporção da América do Sul e deixando o país na 142° posição de um ranking com dados de 190 países (GUEDES, 2021).

A desigualdade de gênero é conferida tanto às práticas discriminatórias no mercado de trabalho, quanto na divisão do gênero nas atividades domésticas.

Enquanto as mulheres atribuem, em média, 20,9 horas semanais a afazeres domésticos no domicílio, os homens dedicam menos da metade desse valor (IBGE, 2018).

São inúmeras as dificuldades enfrentadas pelas mulheres na sociedade, não só brasileira, como mundial. Quando conseguem força no mercado de trabalho algo sempre às estagna. A herança cultural machista, enraizada na sociedade, faz com que seja difícil o avanço das mulheres no mercado de trabalho.

A união feminina nessa luta é essencial para um futuro onde as mulheres se sintam seguras e tenham possibilidades de vida melhores que as atuais, uma vez que o “empoderamento feminino é a consciência coletiva, expressada por ações para fortalecer as mulheres e desenvolver a equidade de gênero” (ASSIS, 2017).

Apesar do termo igualdade ser utilizado no objetivo de desenvolvimento sustentável, a palavra em português que mais se encaixa no momento é a equidade.

A equidade de gênero se fundamenta na ideia de ser justo para qualquer identidade de gênero. De forma que as autoras Lisboa e Manfrini (2005) dizem que para garantir essa neutralidade é necessário a adoção de providências que visem corrigir as desvantagens históricas e sociais que mantêm os homens e as mulheres distantes de usufruir das mesmas oportunidades.

Com o início da pandemia em março de 2020 e se estendendo até o presente momento, em julho de 2021, a autora deste trabalho faz outros questionamentos; com tantas dificuldades já existentes na vida das mulheres, nesse caso principalmente as brasileiras, de que forma a pandemia modificou a vida no trabalho e em casa dessas personagens?

Tendo a pandemia modificado a maioria das atividades do dia a dia, levando escritório para o íntimo das casas dos seus funcionários, em formato de home

3 https://www.cnnbrasil.com.br/business/2021/03/04/mulheres-ganham-77-7-dos-salarios-dos-homens-no-brasil-diz-ibge. Acesso em: 25 mar. 2021.

office, como ficou a situação das mulheres e também dos homens com relação a dupla jornada de trabalho, ao provável aumento da carga horária, quais foram as diferenças no fluxo de trabalho? As modificações na rotina de trabalho e além da possível redução salarial.

No âmbito do Brasil o Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 (Grupo de Trabalho Agenda 2030), este trabalha em consonância com a Agenda 2030 para efetivar as ações no país. Foi formado a partir da junção de Organizações da Sociedade Civil que já vinham se esforçando para defender os direitos humanos, combatendo a desigualdade e respeitando o planeta.

O Grupo de Trabalho Agenda 2030 (GT Agenda 2030) foi formalizado em 9 de setembro de 2014, como resultado de vários encontros entre essas organizações não governamentais. Atua na disseminação, promoção e monitoramento da Agenda 2030, divulgado os ODS a fim de estimular a sociedade civil e impulsionar o governo brasileiro e sistema das Nações Unidas para a sua execução.

Possui cerca de 50 membros de setores distintos que juntos acompanham todas as áreas dos 17 ODS;

O grupo incide sobre o Estado brasileiro e as organizações multilaterais, principalmente a Organização das Nações Unidas (ONU), promovendo o desenvolvimento sustentável, o combate às desigualdades e às injustiças e o fortalecimento de direitos universais e indivisíveis, com base no pleno envolvimento da sociedade civil em todos os espaços de tomada de decisão.

(GT Agenda 2030)

É responsável por comunicar e visibilizar a relevância dos ODS e a potencialidade da implementação desses objetivos. Em adição ele reúne, analisa e produz conteúdos que informam a “sua incidência e ações de controle social, o que inclui a produção, a cada ano, do Relatório Luz4”.

Relembrando aqui as metas do 5° ODS, veja no Quadro 2, o GT Agenda 2030 disponibiliza dados que mostram como o Brasil está a respeito dos ODS com relação à meta 1, o Relatório Luz (GT Agenda 2030, 2020) aponta que com o desmonte das políticas públicas e a redução de recursos entre 2014 e 2019;

4 O Relatório Luz, documento elaborado pelo Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 (GT Agenda 2030/GTSC A2030), analisa a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) no Brasil e mostra o que o país precisa fazer para cumprir o compromisso que assumiu junto à ONU de alcançar as metas globais até 2030. Disponível em:

https://gtagenda2030.org.br/relatorio-luz/. Acesso em: 06 jul. 2021.

As violações sistemáticas aos direitos das mulheres e meninas crescem, mas o governo federal foca no “combate à ideologia de gênero”, sem políticas que abordem as desigualdades e violências sofridas pela população LGBTI+.

Esses dados comprometem a meta 5.1. (GT AGENDA 2030, 2020)

O infográfico a seguir aponta como a discriminação, principalmente com relação a emprego e remuneração não melhoram com o passar dos anos por falta de interesse e incentivo do governo.

Apesar da Constituição Federal e várias normativas proibirem a discriminação e o tratamento diferenciado em razão do sexo, mesmo trabalhando mais e tendo um nível educacional maior, as mulheres recebem, em média, 76,5%

dos rendimentos dos homens. (GT AGENDA 2030, 2018)

Figura 2: Infográfico desigualdade de gênero

Fonte: GT AGENDA 2030 (2018)

Passando para a meta número 2, ainda segundo o Relatório Luz, a situação chega a ser ainda mais grave “Estima-se que entre 16 e 20 milhões de brasileiras tenham sofrido algum tipo de violência no período de um ano” (GT Agenda 2030, 2020). O GT Agenda 2030 aponta que cerca de 4,5 homicídios por 100 mil habitantes foram feminicídios como exibido no gráfico a seguir;

Gráfico 1 – Feminicídios 2008-2016

Fonte: GT Agenda 2030

Ainda sobre a meta 2, os dados apontados no Relatório Luz mostram que a situação ainda é preocupante.

Em 2018, os feminicídios corresponderam a 29,6% dos homicídios dolosos de mulheres, um crescimento de 4% em relação ao ano anterior. O governo federal não apresentou dados sobre a taxa de feminicídios no Brasil em 2019 e a política de divulgação periódica e sistematizada dos dados sobre registros de violações, como os da Central de Atendimento à Mulher — Ligue 180, foi abandonada. (GT AGENDA 2030, 2020)

Figura 3: Ranking feminicídio

Fonte: GT AGENDA 2030 (2018)

Dados do Instituto DataSenado, apresentados no Relatório Luz (2020) apontam que em aproximadamente 24% das vítimas ainda convive com seus agressores, 34% são dependentes financeiramente, e 31% não fez nada com relação a violência sofrida, sugerindo um alto nível de subnotificações.

Gráfico 2: Vítimas de violência

Fonte: GT AGENDA 2030 (2018)

Abordando a meta 3, o relatório aponta que se manteve estagnada a despeito da lei que proíbe o casamento infantil ter sido sancionada recentemente5. O GT Agenda 2030 (2020) aponta que:

O diploma tem limitações, já que impede que pessoas menores de 16 anos se casem formalmente, mas não se dirige às questões subjacentes ao casamento infantil - como, por exemplo, a pobreza - que fazem com que o país ocupe o posto de quarto no mundo em números absolutos de casamentos infantis, com 36% da população feminina se casando antes de completar 18 anos de idade. (GT AGENDA 2030, 2020)

Figura 4: Porcentagem casamento antes da maioridade

Fonte: GT AGENDA 2030 (2020)

Sobre as metas 4 e 5, o documento aborda não haver nenhum avanço.

Focando na meta 4 o “Relatório luz da Agenda 2030 de desenvolvimento sustentável:

síntese II” (GT AGENDA 2030, 2018), explana que;

somando as horas de trabalhos remunerados às de cuidados de pessoas e do lar, as mulheres continuam a trabalhar em média, 54,4 horas semanais versus 51,4 horas semanais dos homens. Em 2016, segundo a PNAD65, as brasileiras dedicaram quase 73% mais tempo que os homens ao cuidado de pessoas e/ou afazeres domésticos (18,1h contra 10,5h), sendo a região Nordeste a mais desigual: elas dedicaram 19 h/semana, 80% a mais do que os homens. As pretas ou pardas registraram 18,6 horas semanais. (GT AGENDA 2030, 2018)

5 Lei 13.811/2019. Disponivel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13811.htm

Gráfico 3 – Horas dedicadas aos afazeres domésticos

Fonte: GT AGENDA 2030

Olhando para a meta 5 a desigualdade de gênero fica ainda mais explícita, tendo em mente que 52,68% do eleitorado brasileiro é composto por mulheres a relação com a representação feminina em cargos políticas ainda é muito aquém do desejado, ocupando apenas 31,8% das candidaturas nas eleições de 2018. Tendo outro dado também preocupante é o número de candidatas pretas ou pardas “[...]

correspondiam, respectivamente, a 13,44% e 34,34% das candidaturas, e as indígenas a tão-somente 0,53% do total” (GT AGENDA 2030, 2020, p. 31).

O Brasil está entre os 70 países do mundo que alcançaram paridade entre homens e mulheres para papéis técnicos e profissionais, com cerca de 40%

dos papéis de liderança preenchidos por mulheres (27º lugar global), mas não houve avanço na participação das mulheres em cargos diretivos na iniciativa privada: em conselhos de administração de empresas no Brasil elas representam 8,4%, quando a média nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de 22,3%. (GT AGENDA 2030, 2020, p. 31)

Gráfico 4: Participação das mulheres na política brasileira

Fonte: GT AGENDA 2030 (2020, p.31)

Indo para a meta 6, sobre saúde sexual e reprodutiva e os direitos reprodutivos o Brasil fica ainda mais atrasado. De acordo com o GT Agenda 2030 (2018, p. 25) as mulheres brasileiras enfrentam altos índices de “gestações não planejadas e de mortes em decorrência de complicações durante a gravidez, o parto e o pós-parto e entre elas cresce a incidência de infecções de doenças sexualmente transmissíveis”;

O IBGE indica que 7 em cada 10 das mães com idade entre 15 e 19 anos são negras. Em 2016, dos 2.854.380 nascimentos registrados, 500.630 foram de mães com menos de 19 anos, das quais 16,7% portavam o vírus do HIV, a taxa que manteve-se praticamente igual em relação ao ano anterior. (GT AGENDA 2030, 2018, p. 25)

Gráfico 5: Infográfico sobre gravidez na adolescência

Fonte: GT AGENDA 2030 (2020, p.32)

Partindo agora para a meta 7, o Relatório luz afirma que “O acesso à propriedade e o controle sobre a terra [...], continuam razão de duros e violentos conflitos. (GT AGENDA 2030, 2018, p. 25)” O Relatório Luz de 2020 (GT AGENDA 2030, 2020, p. 33) ainda apresenta a mesma informação;

A enorme concentração fundiária no Brasil, o aumento dos conflitos por territórios e da violência contra as mulheres do campo32, associados à falta de adequado suporte de financiamento e aos impactos dos desastres ambientais e econômicos — comumente maiores para as mulheres —, levam a uma análise de retrocesso também na meta 5.a. (GT AGENDA 2030, 2020, p. 33)

Abordando agora a meta 8, o GT afirma ser difícil de se alcançar levando em conta que a quantidade de profissionais mulheres de TIC ainda é muito baixa;

Segundo a PNAD, entre mais de 580 mil profissionais de TI no país, apenas 20% são mulheres76. Segundo pesquisa da Unlocking the Power of Women For Innovation and Transformation (UPWIT), Catho e Revelo, com mais de mil profissionais da área de tecnologia em 2018, 19% dos homens foram promovidos mais de 3 vezes, contra 10% de mulheres; 51% delas afirmam já terem sofrido discriminação no trabalho, versos 22%77 de homens. (GT AGENDA 2030, 2018, p. 26)

O governo brasileiro vem destruindo as políticas de gênero contrariando a meta 9, “Em 2016, a Lei 13.341 extinguiu todos os ministérios com agenda transversal [...] em 2018, avançam projetos de leis e normativas que retrocedem em direitos das

mulheres, meninas, da população negra e população LGBTI [...]”. (GT AGENDA 2030, 2018, p. 26)

Para um (a) bibliotecário (a) aplicar atividades na biblioteca que visem o desenvolvimento do 5º objetivo, o profissional deve refletir como a temática da desigualdade, vulnerabilidade e violência pode ser atrelada a mulher, principalmente no Brasil, estabelecendo diálogos e conexões em como o seu ambiente de trabalho pode contribuir para a temática. Pensando nisso, Cabral e Gehre (2020) no Guia agenda 2030 apontam como um profissional pode estabelecer estas reflexões e que são apresentadas no quadro a seguir:

Quadro 3 – Reflexões para aplicar a Objetivo 5

Questionamento Reflexões

• Quais são as variáveis culturais que naturalizam a violência machista?

• Quais grupos populacionais são mais vulneráveis à violência de gênero? Por quê?

• É possível reduzir a exposição e a vulnerabilidade de mulheres em eventos extremos, como desastres econômicos, sociais e ambientais?

• Como se define a desigualdade de gênero no Brasil e quais as suas dimensões?

• Quais são as medidas que estruturam a desigualdade de gênero no Brasil?

• Como raça, sexualidade e classe transversalizam a questão de gênero no Brasil?

• Como garantir, no contexto político e econômico brasileiro, uma mobilização significativa de recursos para implementar medidas contra as violências de gênero?

Você sabia que implementar em relação à promoção da igualdade de gênero?

• Quais reflexões e pesquisas as diversas áreas de conhecimento realizam e podem realizar sobre essa temática?

• Como as maneiras de conectar essas iniciativas podem auxiliar a erradicar a violência de gênero?

• Quais outros saberes poderiam ser acessados para estabelecer este diálogo e estas conexões?

• Quais marcos políticos sólidos podem ser criados para mobilizar investimentos nas ações de promoção da igualdade de gênero?

• Quais medidas políticas e econômicas podem ser utilizadas de modo a garantir a participação plena de mulheres em diversos espaços de atuação profissional, principalmente no que tange a tomada de decisões políticas?

• Como construir políticas públicas sustentáveis e efetivas no que se refere à questão de gênero?

• Sistemas e medidas de proteção social: quais são eles e como se dá a implementação? Quais suas falhas e potencialidades no contexto brasileiro?

Fonte: Adaptado de Cabral e Gehre (2020, p.58)

Através de tais reflexões e pensando na potencialidade de mediação de informações que a biblioteca pode representar, Garcia (2020) destaca a presença de entidades vinculadas ao empoderamento feminino em se unir as bibliotecas, no intuito de conscientizar a comunidade local através de workshops, reuniões e atividades que favoreçam o diálogo sobre questões sociais, culturais e políticas envolvendo a mulher.

A autora cita o caso da Universidade Camilo José Cela (UCJC) em Madri, na Espanha, que promove, durante uma semana na comemoração do dia da mulher, exposições de obras criadas ou editadas por mulheres e seleção de obras relacionadas a violência, representatividade e gênero.

Com a aplicação das OD5, frente as condições de vida de mulheres para luta dos direitos básicos e as barreiras que impactam para sua concretização, Cabral e Gehre (2020) elaboraram um guia agenda 2030 e afirmam que ao ser aplicado as

metas do 5º objetivo, é possível que no futuro seja alcançado a redução a descriminação contra todas as mulheres através do estabelecimento de parcerias com instituições, assim como políticas que garantam os direitos as mulheres por lei, além de proteção para qualquer ato de violência:

Quadro 4 – Visão do futuro do Objetivo 5

1 Redução gradativa até a eliminação de todas as formas de discriminação contra todas as mulheres e meninas em toda parte; isto é, todas as formas de violência nas esferas públicas e privadas, incluindo o tráfico e exploração sexual e de todos os tipos, e toda forma de prática nociva, como casamentos prematuros, forçados e de crianças e mutilações genitais femininas;

2 Estabelecimento de parcerias a fim de alcançar a igualdade de gênero, garantindo a arrecadação, com apoio institucional, de recursos a partir de fontes diversas (públicas e privadas), a fim de promover a igualdade de gênero, especialmente no contexto dos países em desenvolvimento 3 Adoção e fortalecimento de políticas sólidas e legislação aplicável para a promoção da igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas, considerando as interseccionalidades e dimensões variadas, a partir das perspectivas das populações vulnerabilizadas; considerando a necessidade de atuação da mulher em cargos de liderança nos processos de tomada de decisão na vida política, econômica e pública e de um acesso universal à saúde sexual e reprodutiva e aos direitos reprodutivos;

4 Realização de reformas políticas voltadas a garantir às mulheres direitos iguais aos recursos econômicos, bem como o acesso a propriedade e controle sobre a terra e outras formas de propriedade, serviços financeiros, herança e os recursos naturais;

5 Reforço de políticas de proteção imediata para mulheres vítimas de violência doméstica e em situação de vulnerabilidade social, que promovam a garantia de acesso a direitos e atendimento de todas as necessidades básicas.

Fonte: Adaptado de Cabral e Gehre (2020, p.55-56)

Depois da finalização desta pesquisa o Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 lançará o Relatório Luz 2021. O lançamento acontecerá no dia 12 de julho via transmissão pelo YouTube no perfil e-Democracia da Câmara dos deputados.

Através da temática da igualdade de gênero e como as bibliotecas e a biblioteconomia podem se inserir no espaço para o desenvolvimento das metas do objetivo 5 da ODS, apresenta-se, a seguir, uma revisão da literatura, com a apresentação de trabalhos relacionados à pesquisa em tela.

3 A MULHER NA BIBLIOTECONOMIA BRASILEIRA: REVISÃO DE LITERATURA

A revisão de literatura consiste no levantamento de trabalhos científicos relevantes para uma área de pesquisa ou tópico, a exemplos de artigos de periódicos, livros, teses e dissertações, anais de eventos científicos, entre outras fontes de informação. Foi buscado nessa seção, apresentar alguns trabalhos ancorados ao tema deste projeto de pesquisa.

O trabalho de Gama, Baptista e Novais (2019), tem como tema a Agenda 2030 de objetivos de desenvolvimento sustentável, contendo 17 objetivos com 169 metas, tendo o foco voltado ao 5° ODS Igualdade de gênero. O seu objetivo é analisar

O trabalho de Gama, Baptista e Novais (2019), tem como tema a Agenda 2030 de objetivos de desenvolvimento sustentável, contendo 17 objetivos com 169 metas, tendo o foco voltado ao 5° ODS Igualdade de gênero. O seu objetivo é analisar

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