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Abordagem qualitativa Estratégias implementadas para investigação credível

No documento Os jogos e a comunicação com as crianças (páginas 91-93)

Segunda fase – Metodologia de investigação Introdução

12. Metodologia de investigação empírica, recolha, análise e avaliação de dados 1 Apresentação da metodologia de investigação

12.1.1. Abordagem qualitativa Estratégias implementadas para investigação credível

A abordagem qualitativa da investigação vai dar especial enfoque às “interacções sociais a partir da perspectiva dos actores intervenientes no processo,” (Coutinho, 2011, p. 26), ou seja, pretende verificar a comunicação entre a investigadora e os SA-crianças, a partir da exploração do artefacto digital lúdico.

As estratégias implementadas para realização do estudo, assumem, assim, um cariz qualitativo, na medida em que se baseiam na observação naturalista participante, nas quais a investigadora promove, através da exploração de dois artefactos lúdicos (o álbum e o jogo), a comunicação com os SA-crianças.

A investigadora concorda com a posição defendida por Coutinho (2011), que defende a I-A como um plano de investigação autónomo, na medida em que o mesmo conduz à produção de conhecimento e à modificação da realidade. É esse o objetivo do estudo que se apresenta.

Pelo facto de ser observadora participante, corre o risco de imprimir ao seu estudo algum carácter de subjetividade, o que prejudicaria a investigação, retirando-lhe credibilidade.

Para se realizar uma metodologia de investigação credível, o investigador deve preocupar-se com o rigor, a fiabilidade e a validade dos métodos a que recorre, quer sejam de cariz quantitativo, quer sejam de carácter qualitativo. (Coutinho, 2011, p. 211)

Se não houver rigor, o estudo, de acordo com Morse et al., “não tem valor, torna- se ficção e perde a sua utilidade.” (Morse et al., 2002, p. 2 cit. por Coutinho, 2011, p. 201)

A investigação de cariz qualitativo pretende responder às seguintes estratégias de verificação, “que asseguram ao mesmo tempo a fiabilidade e validade dos processos de recolha de dados:” (Morse et al., 2002 cit. por Coutinho, 2011, p. 212)

1. Coerência metodológica (methodological coherence)

2. Adequação da amostragem teórica (theorical sampling e sampling

adequacy)

3. Processo interativo de recolha e análise de dados (analytic stance) 4. Pensar de forma teórica (thinking theorically)

5. Desenvolvimento de teoria (theory development). (Coutinho, 2011, p. 213)

A primeira estratégia permite fazer a articulação correta entre as questões de investigação inicialmente propostas, a recolha de dados e análise dos mesmos.

A pesquisa qualitativa exige uma análise constante das várias etapas do processo de investigação, que devem ser analisadas como um todo.

Nesta investigação, pretende-se obter resposta para as seguintes questões:  Será que o livro em suporte digital favorece mais a comunicação com as

crianças, face ao álbum ilustrado em suporte tradicional?

 Será que a condição social, especialmente as habilitações académicas dos progenitores, se reflete na comunicação entre crianças e adultos, quando utilizam o protótipo de jogo apresentado?

A natureza circular, iterativa e interactiva da investigação qualitativa exige que o problema se adapte ao método, que, por sua vez, tem de adaptar- se aos dados e ao processo de análise.” (Coutinho, 2011, p. 213)

Deste modo, parte-se das questões iniciais para uma observação naturalista participante, seguida da análise dos dados observados.

É necessário voltar muitas vezes ao início da investigação, para reiterar e verificar se os métodos utilizados para a recolha de dados estão ou não na linha do que se pretende investigar.

De igual modo, durante o processo de análise dos dados torna-se necessário voltar ao início, para confirmar se eles respondem ou não às questões iniciais.

Esta interatividade entre as diferentes etapas do processo de investigação permite corrigir ou alterar algumas estratégias, sejam de observação, de registo ou de análise de dados, por forma a não perder de vista os objetivos inicialmente propostos.

A segunda estratégia tem a ver com a adequação da escolha da amostra.

Deve haver a preocupação de selecionar os participantes (SA-crianças) que melhor representem a faixa etária a que se destinam os artefactos lúdicos a ser explorados durante a investigação.

Quer o álbum ilustrado, quer o protótipo de jogo, destinam-se a crianças com idades compreendidas entre os 4 e os 7 anos.

A seleção da amostra incidiu sobre esta faixa etária.

A terceira estratégia diz respeito à recolha e análise de dados, que devem ser confrontados de modo a obter uma interação mútua entre aquilo que se conhece e o que é necessário conhecer. A interação entre os dados recolhidos e análise dos mesmos é a abordagem correta para que a pesquisa de carácter qualitativo possa alcançar a fiabilidade e validade.

Nesta investigação, a recolha de dados é efetuada através de protocolos de observação naturalista, de registos de observação naturalista participante, de grelhas de registos de preferências, de entrevistas não estruturadas e de conversas informais.

A análise de dados é, também, de carácter qualitativo, procedendo-se à análise de conteúdo da comunicação verbal dos SA-crianças, durante a observação da exploração dos artefactos utilizados

A quarta estratégia diz respeito à “capacidade de se pensar de forma teórica.” (Coutinho, 2011, p. 213)

A partir dos dados recolhidos surgem ideias, que podem ser reconfirmadas por novos dados. Estes, por sua vez, dão “origem a novas ideias que, por sua vez, têm de ser verificadas em dados já recolhidos.” (Coutinho, 2011, p. 213-214)

Pensar de forma teórica implica pensar e repensar sobre os dados existentes para construir uma base teórica que “sustente a interpretação dos dados.” (Coutinho, 2011, p. 214)

Nesta investigação, a partir da análise dos dados, vai refletir-se sobre os mesmos, de modo a verificar se eles consubstanciam algum tipo de resposta para as questões colocadas inicialmente.

A quinta e última estratégia implica “desenvolver uma teoria” (Coutinho, 2011, p. 214), ou seja, a partir da análise dos dados mais reduzida, avançar para uma compreensão mais global de carácter teórico

Na investigação em curso, trata-se de perceber se o estudo realizado é esclarecedor: se o protótipo de jogo, favorece a comunicação entre criança e adulto, face ao álbum ilustrado em formato tradicional; e se a condição social, especialmente a habilitação académica dos progenitores se reflete na comunicação entre criança e adulto, quando utilizam o protótipo de jogo apresentado.

Trata-se também de perceber se o estudo indica pistas para futuras investigações.

Como se já referiu, neste estudo, a investigadora recorre, a estratégias de observação de índole qualitativa, na medida em que, ao observar as crianças, tenta “descobrir significados nas acções individuais e nas interacções sociais.” (Coutinho, 2011, p. 26)

Sendo a observadora participante, a investigadora recolhe informação “sobre a sua própria acção ou intervenção.” Porém, deve fazer uma autocrítica permanente, “no sentido de ver com mais distanciamento os efeitos da sua acção.” (Coutinho, 2011, p.

317). Para tal, deve apurar de forma “sistemática e intencional” a sua perspetiva sobre o que é “acessório ou redundante” na realidade que se encontra a estudar.

Deste modo, tornará a investigação mais objetiva e facilitará a fase de reflexão e análise dos dados observados. (Coutinho, 2011, p. 317)

Segundo Latorre (2003), existem três categorias de instrumentos e de técnicas de recolha de dados, que facilitam a I-A:

 Técnicas baseadas na observação – estão centradas na perspectiva do investigador, em que este observa em directo e presencialmente o fenómeno em estudo;

 Técnicas baseadas na conversação – estão centradas na perspectiva dos

participantes e enquadram-se nos ambientes de diálogo e de interacção;

 Análise de documentos – centra-se também na perspectiva do investigador

e implica uma pesquisa e leitura de documentos escritos que se constituem como uma boa fonte de informação. (Latorre, 2003 cit. por Coutinho, 2011, p. 317-318)

Nesta investigação são utilizadas as três categorias de instrumentos e de técnicas anteriormente referidas, baseadas na observação, na conversação e na análise de documentos.

Assim, na primeira parte do trabalho procede-se a uma revisão de literatura. Abordam-se temáticas como o jogo, a comunicação, as novas tecnologias, a ludicidade digital, o storytelling, o álbum ilustrado, a metodologia de investigação, entre outras, por forma a sustentar a investigação de carácter prático, que agora se inicia.

As técnicas utilizadas baseiam-se na observação naturalista participante, na utilização de entrevistas não estruturadas a pais e SA-crianças, no diálogo com pais e crianças (conversas informais), no estudo de campo interativo e na análise documental.

Os instrumentos utilizados são os protocolos observação naturalista, de grelhas de registo de preferências, as entrevistas não estruturadas a pais e SA-crianças e as conversas informais com pais e crianças.

Durante a fase de desenvolvimento do trabalho de investigação empírica, privilegia-se a abordagem comunicativa entre a investigadora e os SA-crianças.

Essa abordagem é facilitada, num primeiro momento, pela exploração do álbum ilustrado e num segundo momento pela exploração do protótipo de jogo de leitura em plataforma digital.

Dá-se, assim, especial ênfase aos métodos de observação naturalista participante, com registo simultâneo das observações efetuadas, em protocolos de observação naturalistas, em grelhas de registo de preferências e grelhas de registos descritos.

No documento Os jogos e a comunicação com as crianças (páginas 91-93)