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Abordagem sobre organizações de serviço e empresa.

Fase IV ou Farmacovigilância: São pesquisas realizadas depois de

4. Abordagem sobre organizações de serviço e empresa.

Os conceitos de serviços e de empresa são importantes na definição de um modelo de estrutura organizacional para um Centro de Pesquisa Clínica, para se levar ao entendimento de uma classificação dessa entidade no mundo da economia e dos negócios, dados esses, essenciais para delinear a instituição que se quer ter.

4.1. Serviços

Segundo Tébuol (1999:7) as atividades econômicas, em uma visão tradicional, são divididas em três setores: a agricultura (setor primário), mineração ou industrial (setor secundário) e serviços (setor terciário). O setor de serviços engloba todas as atividades cuja produção não é um bem físico, nem uma edificação. Diz que esse setor sempre foi desprezado ao longo do tempo pelos teóricos do planejamento centralizado, isso contribuiu, em grande parte para deixar inculto esse setor na economia de alguns países. Dentro do contexto da sociedade de consumo sofisticada de hoje, o modelo trissetorial tradicional, está com conceitos ultrapassados.

A classificação Browning–Singlemann (citado por Téboul) distingue seis setores econômicos diferentes:

a) As indústrias extratoras (agricultura e mineração).

b) As indústrias de transformação (construção, agroalimentício, indústria de fabricação, bens de primeira necessidade).

c) A distribuição (logística, comunicações, comércio varejista e atacadista). d) Os serviços destinados ao produtor intermediário (bancos, seguros, imobiliário, serviços às empresas).

e) Os serviços sociais (saúde, previdência, etc).

f) Os serviços a pessoas físicas (domiciliares, hotel, consertos, diversão, etc.).

Quinn (1996:6) diz que, embora não haja um consenso, há uma classificação para o setor de serviços:

a) Indústria de serviços e,

b) Atividades de serviços, onde as atividades de pesquisa e de projetos estão incluídas.

Quinn (1996:4) coloca que o intelecto é o recurso principal da produção e prestação de serviços. Que a causa básica da grande transformação econômica é a emergência do intelecto e da tecnologia - sobretudo em serviços - com bens altamente alavancáveis.

O elemento comum entre todas as atividades de serviços (de pesquisa, de projetos, de contabilidade, finanças, pessoal, jurídica, de reparos, atividades tecnológicas, e etc) e as indústrias de serviços (transporte, serviços financeiros, comércio atacadista e varejista, a maioria dos serviços de utilidades públicas, atendimento a saúde, entretenimento e etc) é a predominância da administração do intelecto - em vez da administração de coisas físicas – na criação de seu valor adicionado.

“A chave para a produtividade e a geração de riqueza em mais de três quartos de toda a atividade econômica é a administração das atividades intelectuais e a interface em relação aos serviços oferecidos.” QUINN (1996:6)

Téboul (1999: 13) classifica os serviços em: 1) Serviços destinados ao produtor. 2) Serviços destinados ao consumidor. 3) Fornecimento de auto-serviço.

Após uma análise de cada uma dessas classificações chega o autor a uma lógica de que a distinção entre indústria e serviços é pouco pertinente; que esses dois setores evoluem em simbiose: os serviços não podem prosperar na ausência de um setor industrial poderoso, e a indústria depende dos serviços. Para alguns autores, a indústria é essencialmente a transformação de matérias primas em

produtos acabados. Qualquer outra atividade, como o tratamento da informação ou a gestão do conhecimento, é considerada serviço.

Em Service Management and Marketing (1990), publicado em português com o título Marketing, Gerenciamento e Serviços (1995), C. Grönroos dá a seguinte definição de serviço: “Um serviço é uma série de atividades que normalmente acontece durante as interações entre cliente e estruturas, recursos humanos, bens e sistemas do fornecedor, com fins de atender a uma necessidade do cliente”.

Téboul (1999:22) disse: “estamos todos nos serviços hoje em dia, e no futuro estaremos bem mais. Estamos em uma sociedade de serviços, conseqüência inevitável do grau elevado de personalização e de interação dentro de um meio desregulamentado e competitivo, onde os consumidores tornam-se cada vez mais exigentes”.

Nas últimas duas décadas as empresas de serviços têm crescido de maneira uniforme, não apenas em escala como em sofisticação tecnológica e volume de capital. “A causa básica dessa grande transformação econômica é a emergência do intelecto e da tecnologia”. Quinn (1999:4).

4.2. Empresa

Falconi (1999:3) diz que os seres humanos precisam sobreviver e que para atender as necessidades de sobrevivência é que se organizam em indústrias, hospitais, escolas, etc., e que qualquer uma dessas organizações são chamadas de empresas. Daí dizer que “uma empresa é uma organização de seres humanos que trabalham para facilitar a luta pela sobrevivência de outros seres humanos. Esta é, em última instância, a missão de todas as empresas”.

Segundo Casarotto (1999: 29) entende-se por empresa a “organização estruturada segundo as leis e os regulamentos da região onde se encontra, que tem por finalidade o lucro”. Casarotto diz também que, as peculiaridades inerentes a um projeto fazem com que as empresas que lidam exclusivamente com projetos sejam

também, peculiares. Baseado nesse enfoque ele diz que se podem identificar dois tipos de empresas:

a) Empresa de regime permanente – É a empresa comum, comercial,

industrial ou de prestação de serviços, que tem um ciclo contínuo, ou próximo disso, definido apenas pelo ano fiscal. Nesse tipo de empresas, os insumos e o pessoal envolvido são praticamente constantes ao longo do exercício fiscal, as tarefas e as funções desempenhadas por seus funcionários são bem definidas, lida com

produção, e os custos, conseqüentemente, são facilmente determinados.

b) Empresa de projetos – É a empresa que lida com projetos, que têm

um ciclo de vida e toda uma dinamicidade própria.

Oliveira (1995: 114) diz que: projeto é um trabalho, com datas de início e término, com produto final previamente estabelecido, em que são alocados e administrados os recursos, tudo isso sob a responsabilidade de um coordenador. Casarotto (1999:19) define projeto como um conjunto de atividades interdisciplinares, interdependentes, finitas, não repetitivas. Elas visam a um objetivo com cronograma e orçamento preestabelecidos, ou seja, um empreendimento.

A empresa de projetos, mesmo quando segue o ciclo fiscal anual, seu ciclo real não é definido, dependendo de sua carteira de projetos. A interrupção na contratação de novos projetos causa uma queda abrupta no nível de atividade da empresa. Os insumos e o pessoal envolvido variam de projeto para projeto, e também de acordo com as fases de um mesmo projeto. A natureza dinâmica e não repetitiva de um projeto eleva o nível de incerteza, dificultando a determinação prévia com precisão de custos. Freqüentemente, os riscos não são avaliados corretamente, provocando flutuações nos resultados esperados.

Casarotto, (1999: 35) coloca que entre os dois extremos das empresas de projetos versus produção em regime permanente, existe outros tipos de empresas que lidam simultaneamente com os dois casos:

a) empresas industriais de regime permanente que mantêm um departamento de projetos especiais para a produção sob encomenda e,

b) empresas de regime permanente que desenvolvem projetos eventualmente (lançar um novo produto ou executar uma expansão física).

Segundo Adizes (1990: XVII) toda e qualquer organização, assim como os organismos vivos possuem um ciclo de vida: nasce, cresce, envelhece e morre. Para ser manter qualquer organização viva, mesmo que a finalidade precípua da mesma seja a pesquisa é vital seu posicionamento no mundo dos negócios, bem como essa organização se concebe, como se relaciona com o ambiente em que está inserida.

Com vistas à sobrevivência pode-se classificar um Centro de Pesquisa Clínica como uma empresa de serviços, de projetos. Pode-se questionar o lucro como finalidade de um Centro de Pesquisa Clínica, mas, se pode dizer que, um Centro de Pesquisa Clínica tem diversas finalidades, entre elas prestar serviços na área da pesquisa, do ensino, mas que deve ter também como uma das finalidades, gerar retorno financeiro, ser sustentável, entendendo este termo neste contexto como mecanismo de preservação dos objetivos organizacionais em longo prazo, muito embora no capítulo “da Administração de um Centro de Pesquisa Clínica”, se coloque o conceito de sustentabilidade muito além do citado neste parágrafo.

Lousana diz que “Um Centro de Pesquisa deve ser visto como uma empresa que presta serviço e, como conseqüência, gera retorno financeiro”.