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Ao desenvolver o estudo sobre a Sociologia, Weber a define como uma ciência que procura entender o comportamento humano esclarecendo sua origem e implicações. Para o sociólogo nem todo tipo de ação é social e exemplifica afirmando que a ação externa é ação social “quando se orienta exclusivamente pela expectativa de determinado comportamento de objetos materiais e o comportamento interno só é ação social quando se orienta pelas ações dos outros” (WEBER 1921/2004, p. 14).

Cita como exemplo, de ação não social, o comportamento religioso quando nada mais é do que contemplação, oração solitária. Nem todo tipo de contato entre pessoas tem caráter social, senão apenas um comportamento que, quanto ao sentido, orienta-se pelo comportamento de outra pessoa, o que ocorre quanto acontece um choque entre dois ciclistas, representa um simples acontecimento do mesmo caráter de um fenômeno natural. Ao contrário, já constituiriam ações sociais, a tentativa de desvio de ambos e o xingamento, ou a pancadaria, ou a discussão pacífica após o choque.

Max Weber (1921/2004) afirma, ainda, que não é ação social o simples fato de alguém tomar para si deliberada conduta verificada em outras pessoas e que lhe parece adequada para seus fins, uma vez que, nesse caso, o agente orienta sua ação pelo comportamento de outras e é por estas que norteia sua ação. Sua ação está motivada aleatoriamente pela de outra pessoa e não pelo sentido essencial àquela.

O autor aponta ainda algumas considerações sobre a ação social, afirmando que não se trata de uma ação homogênea de várias pessoas, como acontece quando, na chuva, todos se orientam no sentido de abrirem os guarda-chuvas, nesse caso, as pessoas agem de forma igual, pela necessidade de se protegerem contra a água.

Trata-se de uma ação condicionada pela massa, e, como tal, poderão ocasionar vários tipos de sentimentos, como o de tristeza, alegria, desespero, os quais, em regra, não

aconteceriam em indivíduos isolados, sem que exista uma relação de sentido entre o comportamento do indivíduo e o fato de ele fazer parte de uma massa.

Nesse entendimento, explica Weber que, se uma pessoa imita um comportamento alheio porque está “na moda”, porque é considerado tradicional, por se tratar de um modelo a ser perseguido em face de notabilidade, em deferência a determinada classe social, ou por outros motivos semelhantes, então existe uma relação de sentido, seja referente ao comportamento da pessoa imitada, de terceiros ou de ambos. Nesses casos, há naturalmente transições representando casos-limite de ação social que serão encontradas na ação tradicional.

Considerando que as atitudes explicam a conduta social, convém analisar a natureza e a operação desses fatores, ponderando-se serem estas atitudes afetadas ou modificadas por motivos e ações de outros indivíduos.

Toda a conduta de indivíduos voltada para uma ação social deve sofrer influência da ação dos outros e da sua própria, considerando que, por meio de seu comportamento, os indivíduos devem demonstrar que compreenderam as atitudes dos outros e aderiram ou não satisfazer a elas.

Max Weber (1921/2004, p. 15) distingue quatro tipos de ação social:

Racional referente a fins: por expectativas quanto ao comportamento de objetos do mundo exterior e de outras pessoas, utilizando essas expectativas como condições “meios” para alcançar fins próprios, ponderados e perseguidos racionalmente, como sucesso;

Racional referente a valores: pela crença consciente no valor – ético, estético, religioso ou qualquer que seja sua interpretação – absoluto e inerente a determinado comportamento como tal, independentemente do resultado;

Afetivo: especialmente emocional; por afetos ou estados emocionais atuais;

Tradicional: por costume arraigado.

No entendimento de Max Weber, atua racionalmente com relação a fins:

Quem orienta sua ação pelos fins, meios e conseqüências secundárias, ponderando racionalmente tanto os meios em relação às conseqüências secundárias, assim como os diferentes fins possíveis entre si, ou seja: quem não age nem de modo afetivo (e particularmente não-emocional) nem de modo tradicional. A decisão entre fins e conseqüências concorrentes e incompatíveis, por sua vez, pode ser orientada racionalmente com referência a valores: nesse caso, a ação só é racional com referência a fins no que se refere aos meios [...] A orientação racional referente a valores pode, portanto, estar em relações muito diversas com a orientação racional

referente a fins. Do ponto de vista da racionalidade referente a fins, entretanto, a racionalidade referente a valores terá sempre caráter irracional, e tanto mais quanto mais eleve o valor pelo qual se orienta a um valor absoluto, pois quanto mais considere o valor próprio da ação, tanto menos refletirá as conseqüências dessa ação. (WEBER, 1921/2004, p.16).

Uma ação racional com relação a valores é intensamente portadora de sua intencionalidade, distinguindo-se das anteriores pelo fato de ser uma elaboração consciente dos princípios últimos da ação e por orientar-se por eles de modo conscientemente planejado (SERVA, 1996).

Weber (1921/2004, p.14) destaca que a ação racional com relação a valores caracteriza-se pelo sentido que não reside no resultado e sim na própria ação em sua especialidade, dispondo que:

Age de maneira puramente racional referente a valores quem, sem considerar as conseqüências previsíveis, age a serviço de sua convicção sobre o que parecem ordenar-lhe o dever, a dignidade, a beleza, as diretivas religiosas, a piedade ou a importância de uma causa de qualquer natureza.

No caso da ação tradicional, ela está longe do que se pode denominar de uma “ação com sentido”, em face de sua natureza: uma reação a estímulos habituais, em conformidade a atitudes já arraigadas. A ação afetiva também estaria na fronteira ou além do sentido, pois ela pode ser uma reação sem limites a um estímulo incomum (SERVA,1996).