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Guerreiro Ramos (1983) aponta aspectos do conhecimento como sendo relevantes para o novo conceito de ação administrativa e, nessa perspectiva, expõe que as abordagens humanistas fizeram o contraponto às abordagens clássicas, quando pôs em evidência, problemas que, até então negligenciados, como os relacionados aos grupos informais, atitudes dos indivíduos, motivações, destacando, ainda, que a eficiência, a produtividade, bem assim os problemas referentes à personalidade do homem e à organização são fenômenos mais complexos do que supunha a teoria tradicional.

O conceito de ação administrativa reflete a condição do administrador público, na qualidade de dirigente, gerir e atribuir significado às suas ações, relativamente com a participação de outros, a partir do monitoramento reflexivo dessas ações, no âmbito organizacional.

A ação só se realiza se houver a intervenção do indivíduo, por se encontrar vinculada a acontecimentos em que ele age como criador e ator, podendo agir ou não de forma diferente em qualquer fase de uma dada seqüência de conduta.

As pessoas são portadoras de habilidades, conhecimentos, competências, motivação de trabalho, etc. ressaltando que também detêm características de personalidade, objetivos pessoais e histórias particulares.

Ao longo das décadas, várias percepções surgiram e permaneceram por algum tempo a respeito da natureza humana nas organizações, cada qual destacando certos aspectos sobre o comportamento das pessoas e distinguindo a maneira pela qual as organizações as administram.

Por sua vez, o homem tem a capacidade de avaliar, adquirir e transmitir experiências em diferentes aspectos do ambiente. Ele pensa, escolhe, desenvolve e executa para lidar com os estímulos com que se defronta, objetivando alcançar os seus interesses pessoais. As pessoas são diferentes e têm comportamentos variados, portanto tanto a capacidade mental como a física estão sujeitas a limitações.

Verifica-se, ainda, que várias concepções surgiram ao longo do tempo, observando a natureza humana e distinguindo a conduta e a maneira pela qual as organizações administram as pessoas (MAXIMIANO, 2006).

A primeira concepção surgiu com a Teoria da Administração Científica de Taylor, o Homo economicus, ou seja, a visão do homem motivado exclusivamente por recompensas salariais, econômicas ou materiais, e as pessoas são vistas como preguiçosas e indolentes a necessitar de serem rigidamente controladas e fiscalizadas.

A segunda concepção surgiu na década de 1930, com a Teoria das Relações Humanas de Mayo, Lewin e outros psicólogos sociais que diligenciaram no sentido de enfrentar o exagero do racionalismo e mecanismo dos engenheiros da Administração Científica.

A terceira concepção veio com a Teoria Estruturalista, no início da década de 1950. Para essa Teoria, o homem é um apêndice das organizações e não vive fora delas, pois delas necessita para obter satisfações de todas as suas carências primárias e secundárias.

A quarta concepção surgiu com a Teoria Comportamental no final da década de 1950, afastando a abordagem da Escola das Relações Humanas que lhe serviu de base. Os psicólogos organizacionais preocupam-se em definir o homem administrativo, ou seja, o homem como um incansável processador de informações e tomador de decisões.

A quinta concepção surgiu com a Teoria da Contingência no início da década de 1970, decorrente da Teoria dos Sistemas, pondera que inexistem princípios universais de administração que possam ser aplicados indistintamente a todos os casos. As abordagens devem variar de uma organização para outra, pois depende de elementos externos e fatores internos específicos a cada organização.

Nessa teoria, o homem é visto como microssistema individual e complexo. Cada pessoa representa um universo à parte, tudo é relativo, tudo é contingente. O homem é observado como um sistema individual composto de percepções, valores e motivações, onde percepções representam as informações que o sistema individual recolhe sobre o seu ambiente. Valores significam a reunião de crenças sobre o que é certo ou o que é errado, importante e sem importância. Motivos representam os impulsos subjacentes ou necessidades que se desenvolvem inconscientemente à medida que o indivíduo experimenta êxito ou fracasso ao dominar seu ambiente.

Para Guerreiro Ramos, existe uma influência do ambiente externo no comportamento dos indivíduos nas organizações. Tal abordagem é relevante, se considerando-se os problemas administrativos que são enfrentados pelas sociedades subdesenvolvidas ou em transição.

Ao se refletir sobre o conceito de ação administrativa, deve-se ter enfoque, em princípio, as concepções acima expostas uma vez que as correntes teóricas tradicionais, a escola das relações humanas, o estruturalismo, a teoria sistêmica, a orientação contingencial e suas similares se encontram centrados na racionalidade funcional ou instrumental, ou como denomina Weber “a racionalidade referente a fins”, como será visto a seguir, com o desenvolver do estudo sobre ação social.

Por outro lado, o resultado observado na sociedade moderna, diante da expansão do mercado comercial e industrial, está a demonstrar rendimentos decrescentes em termos de bem-estar humano, por se encontrar fundamentada à base da racionalidade funcional, a conduzir o descrédito dessa racionalidade.

Guerreiro Ramos (1981) defende que a razão representa o conceito fundamental para qualquer ciência da sociedade e das organizações, por prescrever como os seres humanos devem organizar sua vida pessoal e social. Observa que, ao longo dos anos, a população ocidental tem procurado sempre aumentar a sua capacidade de produção, com predominância da racionalidade funcional.

Ao propor um conceito sobre ação administrativa, Guerreiro Ramos direcionou seu estudo para os conceitos de origem weberiana fazendo uma distinção entre “racionalidade

funcional - racionalidade substantiva”, para só então definir a ação administrativa. Seguindo- se o pensamento do sociólogo, pode-se entender a amplitude desse conceito.

Para desvendar o conceito de ação administrativa proposto por Guerreiro Ramos, torna-se indispensável buscar em Max Weber as fortes influências do estudo sobre ação social que contribuíram para a idealização do conceito de ação administrativa sugerido por Guerreiro Ramos.