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Abreviaturas e Sinais

Arquivos

A. A. C. P. - Arquivo da Associação Comercial do Porto

A. A. N. B. A. - Arquivo Academia Nacional de Belas Artes - Lisboa

A. C. M. T. L. - Arquivo da Casa Museu Teixeira Lopes - Vila Nova de Gaia

A. C. R. C. M. - Arquivo da Conservatória do Registo Civil de Matosinhos

A. C. R. C. P. - Arquivo da Conservatória do Registo Civil do Porto (48)

A. C. S. S. C. - Arquivo da Confraria do Santíssimo Sacramento de Cedofeita

A. E. S. B. A. P. - Arquivo da Escola Superior de Belas Artes do Porto

A. E. S. I. D. H. - Arquivo da Escola Secundária Infante D. Henrique - Porto

A. E. S. S. R. - Arquivo da Escola Secundária de Soares dos Reis - Porto

A. G. C. P. - Arquivo do Governo Civil do Porto

A. H. M. B. - Arquivo Histórico Municipal de Barcelos

A. H. M. P. - Arquivo Histórico Municipal do Porto

A. I. S. E. P. - Arquivo do Instituto Superior de Engenharia do Porto

A. I. N. S. C. P. - Arquivo da Irmandade de Nossa Senhora do Carmo da Penha

A. I. S. T. - Arquivo da Irmandade de S. Torcato

A. M. A. P. - Arquivo Municipal Alfredo Pimenta - Guimarães

A. M. S. - Arquivo Marques da Silva

A. N. P. - Arquivos Nacionais - Paris

A. O. T. T. - Arquivo da Celestial Ordem Terceira da Trindade

A. S. A. D. F. - Arquivo da Sociedade de Arquitectos Diplomados pelo Governo Francês

A. S. M. S. - Arquivo da Sociedade Martins Sarmento - Guimarães

Outras abreviaturas e sinais

cfr. - confrontar / conforme ed. - edição

fl. - fólio fis. - fólios p. - página

pp. - páginas vol. - volume vols.- volumes

[ ] - palavra ou palavras acrescentadas a um texto [...] - palavra ou palavras omitidas numa transcrição

As obras do arquitecto Marques da Silva têm essa inserção urbana, perturbadora, de um léxico forte, remissivo, que a eficácia aproximativa mais revela na porme- norização, em códigos eruditos, de várias fontes arquitectónicas e decorativas, no campo semântico das releituras, numa sociologia da criação, no tempo portuense de uma arquitectura de anomias, de formas persistentes e lentas aculturações numa cidade de carácter, mais de modos do que de modas de ser.

O vidro e, sobretudo, o ferro eram elementos míticos daquele final do século, tendo instaurado arquitecturas estruturadas a cotas altas, com as pontes D. Maria e D. Luís.

A ponte ferroviária enfatiza a malha urbana que leva a Campanhã, acentua dicotomias entre a parte ocidental e oriental da cidade. A ponte rodoviária, com os dois tabuleiros, a diferentes cotas, acentua, ainda, a ambiguidade da cidade entre a baixa ribeirinha e suas navegações e a alta rejuvenescida com a abertura da rua Mousinho da Silveira. A estrutura viária interna organiza uma rede de relações entre pólos opostos este/oeste, reforça gradualmente uma cidade radial que percorre os antigos rasgos vicinais, buscando as periferias.

Com índices de população a multiplicarem-se, com a saturação das zonas de habitação, o Porto cresce, já, na vertical, numa arquitectura anónima de acrescentos e preenchimento, privilegiando o espaço térreo onde a frontaria comercial expressa os seus signos e a montra constitui espaço de alguma sedução, timidamente ainda. As fachadas, pela reabilitação do azulejo, ganharão valores lumínicos ou de ornato, articulados com as cantarias lavradas e os ferros de serralharia e fundição

c o m a enfatização das cornijas ou das cimalhas.

As plantas são assaz repetitivas, com uma teoria de espaços e circulações, de tipologia sabida, que as clarabóias denunciam, em vidrilhos, sobre os telhados.

Uma arquitectura mais exigente, pontua a cidade de palacetes de "fábricas que falecem" e de mimetismos minguados, com frontões ostensivos (ou castos), mostrando as armas ou os seus sucedâneos, remates eruditos, soluções exóticas ou mistas, c o m tiques revivalistas.

A cidade anima-se, agora, na zona central, na Praça Nova, no Bairro do Laranjal, e a Praça, com a Câmara em palácio setecentista, é o tablado de um frenesim ideo- lógico, de cortejos cívicos e luminárias e acordes patrióticos.

O século abre-se em amálgamas culturais, em caldos ideológicos, de erupções simultâneas no Centro Nacionalista, do Conde de Samodães, Inspector da Academia de Belas Artes, nos ágapes festivos do Hotel Bragança, nos comícios do Partido Republicano Português, no Centro Socialista, nos comícios anti-jesuíticos, da Porta do Sol, e na Associação do Livre Pensamento.

Mas transporta, ainda, os avatares de Oitocentos. Persistem os esquemas natura- listas e historicistas, amassados em apelos românticos, levedados em ideários iguali- tários, utópicos e libertários, mas também republicanos.

A asfixia demográfica provoca a ultrapassagem da unidade familiar ou do prédio de andares, e, à medida que as indústrias se implantam, ganham corpo as ilhas no seio dos quarteirões.

Tece-se uma nova lógica social, subordinada ao mundo do trabalho. A migração para a cidade acentua-se, o caminho de ferro instila vaivéns nos fluxos da mão de obra. Em Novembro de 96, chegara o primeiro comboio à Estação Central do Porto, ao som do Hino da Carta, entre palmas e saudações, girândolas de foguetes e discursos laudatórios. Em Paris, o Arquitecto Marques da Silva apresentava como prova final de curso, nas Beaux-Arts, um projecto para uma Gare Central com o qual alcançará o título de

Arquitecto Diplomado pelo Governo Francês.

Cumprida a fase parisiense, Marques da Silva regressa a Portugal, não cortando, porém, os estreitos liames que a Paris o ligarão para sempre. A cultura francesa subsistirá como sistema de referências, de pauta e norma, informando os costumes e o seu trem de vida.

Confluíam, então, nos finais do século os apelos românticos d a Pena, c o m a citação do manuelino que, ainda, convinha a um tempo histórico anunciador da cam-

panha nacionalista.

Visão de circunstância, nos finais de uma aprendizagem parisiense do Arquitecto, o neomanuelino será, no entanto, citação morfológica nas moradias Lima Júnior e Ramos Pinto e gramática d e símbolos no prédio de A Naciona\, ainda em 1919.

Se c o m o concurso do Pavilhão d e Paris (1900) se poderão definir as duas linhas da Arquitectura Portuguesa, pautando-as por Raul Lino e Ventura Terra, isto é, pelos valores mais assumidos de uma "tradição", ou por um internacionalismo cosmo- polita. Marques da Silva vai conjugar os dados, sem estrita prática ecléctica e, se é certo que não fica indiferente a um espírito e a uma prática Beaux-Arts.não deixa de utilizar o neoromânico com parcimónia, na Sociedade Martins Sarmento, em Guimarães, num dos projectos para a Igreja de Cedofeita (antecipando-se a Ventura Terra em Santa Luzia e à "moda românica" de Álvaro Machado no túmulo do Visconde de Valmor. E se é certo que no neoromânico se facilita a "Casa Portuguesa" de Raul Lino (com o arquétipo portuense d e Ricardo Severo), em Marques da Silva a passagem não é possível, embora um entendimento de um tempo, de um lugar, dos materiais e as poéticas do habitar constitua m invariantes nas concepções do Arquitecto, crista- lizadas, na sua casa/atelier.

Arquitecto de um rigor e de uma exigência cartesiana, que o espírito Beaux-Arts impunha, c o m o "vitória d a ordem", a sua aproximação a Lino far-se-á mais pela detectável via da Einfúhlung. pelo sentimento, com a dramatização e sensualização das formas, ora modeladoras dos espaços internos, ora geradoras de valores lumí- nicos, de contrastes de luz e sombra, animando as fachadas, como, antes, o fizera o Barroco e o granito portuense, ou prolongando o olhar sobre o mar, ou o jardim, com valores do pitoresco.

À imagem "rústica" de Lino opõe-se a imagem urbana d e Terra e Marques d a Silva, exigência de uma burguesia ávida de símbolos, precipitando soluções, prepa- rando a encomenda das obras em que se revê. Mas parca era a arquitectura d e autor.

A Associação Comercial espelha os ritmos da cidade e, em 98, Marques da Silva aí intervém, sucedendo a Joel da Silva Pereira, sendo nomeado seu arquitecto em 1902. Também arquitecto d a Sociedade Matins Sarmento, das obras de S. Torcato, da Estação Central do Porto, desde 99, com um programa de um bairro operário, logo instítuido em paradigma, docente, em 1900, do Instituto Industrial, responde às mudanças qualitativas da cidade, com actores concretos, retomando os sítios, gerando os con- juntos significantes de uma nova geografia urbana.

A Gare ajuda à definição do centro, ante a obsolescência dos velhos espaços, a higiene legitima as intervenções urbanas e os grupos sociais exigem a comuni- c a ç ã o e os seus próprios espaços. Ao espaço religioso sucede-se o burguês, o profano e o cívico.

Neste último se inserem as propostas de Barry Parker para a Avenida da Cidade que revelam uma consciência urbanística só em parte aproveitada. Marques da Silva responde às resistências de uma burguesia ávida de lucros, de prestígio e símbolos individualizadores. A uma proposta neoclassicizante sucede um gosto europeu de Marques da Silva, de uma outra renascença, com referentes na arquitectura francesa e flamenga. A consolidação dos dois edifícios do arranque da Avenida, a imagem retida da cidade reificada e multiplicada nos espelhamentos, a notícia do "novo" são fortes razões para que nos interroguemos sobre a obra do Arquitecto, no quadro abrangente das suas realizações, na multiplicidade do seu magistério e numa ética que vai do projecto à sua própria vida de exigências e pragmatismos.

O plano do trabalho que elaboramos centra-se num esquema bipartido que aborda, na primeira parte, a formação do Arquitecto e a problemática do Ensino e, numa segunda parte, a obra do Arquitecto.

No primeiro capítulo, da primeira parte, intentamos mostrar a formação do Arqui- tecto na Academia Portuense de Belas Artes, no quadro instaurador de uma prática pedagógica, no espaço físico d a precaridade de instalações.

Aprofundamos, na necessidade, a génese e desenvolvimento da Academia, os textos instauradores d a sua teoria e prática da Arquitectura, o enquadramento regu- lamentar e institucional das suas movências ou rotinas, as reformulações disciplinares, as desejadas reformas globais, os instrumentos pedagógicos, no quadro das emu- lações, com actores concretos, no contexto indigente de valências, num voluntarismo de auto-superação perante a retórica institucional e dilatória das dotações, com as Artes arrumadas na torre d e marfim d o Belo, e da sua intangibilidade, mais pela estratégia da desculpabilização do que pela sabida atitude estética.

Tentamos encontrar a subsumida linha da continuidade histórica e da religação, o icebergue das estruturas profundas d e uma longa duração. Sempre o fizemos a partir do aluno Marques da Silva nas relações de dependência que a Academia lhe proporcionara, na fidelidade aos Mestres e condiscípulos, na visão prospectiva dos reencontros e de um recomeçar, em breve.

arquitecto na Escola de Belas Artes de Paris. Verificamos o enquadramento institucional e a prática pedagógica das Beaux-Arts, tentando apreender o seu espírito, a estrutura da escola e seus atelieres, a personalidade do "patron" e a hierarquização do seu atelier, a prossecução dos estudos do Arquitecto, as estratégias dos concursos e os seus programas e verificar os liames que Marques da Silva aí estabeleceu.

No capítulo terceiro reflectimos sobre a aceitação das primeiras obras do Arquitecto, quando a cidade se interrogava e se dividia quanto à implantação definitiva da Estação Central. Acentuamos o papel do Centro Comercial do Porto, no impulso dado ao projecto, e verificamos, com oportunidade o papel da Confraria do Santíssimo Sacramento de Cedofeita, quanto ao espólio do convento e à edificação de uma nova igreja, e os métodos empíricos da gestão municipal mais apostada na dilação, no seio das crises.

Confirmamos que, com oportunidade, Marques da Silva estabelece um nexo de relações, quer como arquitecto da Associação Comercial quer como arquitecto mu- nicipal, e como se aproxima do ensino industrial e das artes aplicadas e decorativas. Sobretudo, anunciamos alguns dos seus projectos, tipificamos alguns dos enco- mendadores no contexto sócio/económico da cidade e das suas utências burguesas.

No último capítulo caracterizamos a Academia Portuense, aquando da nomeação de Marques da Silva como académico de mérito, o ciclo depressivo da época, com o estado deplorável das suas instalações. Procuramos enfatizar uma geração que partia e revelar uma nova geração de Artistas, no meio do questionamento disciplinar. Professor de Arquitectura, após a morte de Silva Sardinha, urgia verificar como Marques da Silva mudara a prática pedagócica e a didáctica da arquitectura. A atenta qualificação do desenho e o ensaio da História de Arte coincidem com esta fase de inovação, quando a Academia espelhava os ritmos da cidade até à instauração da República.

Constatamos que Marques da Silva participara na reformulação de programas propostos por Leopoldo Mourão e que, após a instauração da República, mais partici- paria na Reforma d a Academia.

A visão nacionalizadora da Arte que a República assumia, na necessidade programática, mais se revelava na criação de Museus e na instituição dos Conselhos de Arte e Arqueologia que Marques da Silva integrará.

Como director d a Escola de Belas Artes geriu os seus vários tempos, de pro- fessor e arquitecto, de vastíssima obra e encomendas, e concluímos que, com distan- ciamento, fez, c o m honradez, as passagens dos regimes. Integrará o Conselho Supe-

rior de Instrução Pública, cooperará c o m Guedes de Oliveira na valorização das instalações escolares c o m projectos que formulou, já, em 15 e novamente se for- mulavam.

Mais verificamos como se empenha na reforma de 31, com o suporte de Paris, e c o m o , novamente, na Direcção da Escola se preocupa com a organização dos cursos, num sistema conflituoso de disposições transitórias.

Na Junta Nacional de Educação sempre defendera o estatuto do arquitecto e o seu território e na sua própria Escola, que dirigiu até à jubilação, procurou instalá- -la definitivamente e assegurar-lhe um corpo d e professores que prolongassem, na exigência, o seu próprio magistério.

Atento às rupturas, mas no internacionalizado sistema Beaux-Arts, da repetição e do rigor, não o preocupa, como afirma, o modo particular como cada um interpreta o assunto que tem de tratar, no pressuposto de uma liberdade que não é o "arbítrio incondicional".

É nesta zona de fracturas, já consentida, que uma geração de arquitectos en- saiara uma prática, distante da do próprio Mestre, que acauteladamente se aproxi- mara, passo a passo, das notícias do moderno.

Na segunda parte abordamos a obra do Arquitecto na diversidade e na hierar- quização dos projectos. A urbanidade destes, com a caracterização dos centros, levou- -nos ao aprofundamento da Arquitectura e do desenho urbano, mostrando as situações paradigmáticas de fazer cidade, com maiores evidências no Porto e em Guimarães.

Arquitectura de sentido monumental, ela articula-se, na homologação, com a reflexão sobre os monumentos. Com estes, retoma o Arquitecto o e n c a d e a m e n t o simbólico ou de leitura das cidades, campo desejável da afirmação e da tenacidade "beauxartiana" das emulações, no quadro dos confrontos ideológicos e estéticos. Tema recorrente na sua obra, desde os tempos de estudante parisiense até aos anos 40 do monumentalismo do Estado Novo.

Na mesma lógica de uma arquitectura visualizada e rica de símbolos, abordamos a arquitectura religiosa nos diferentes tempos do seu projecto e nos pressupostos d a encomenda. Cedofeita é um ponto de partida na interligação à Gare, dentro de um laicismo civilista mas, ainda, no repensar do fenómeno religioso, nos redutos das confrarias e irmandades ou no fundo de espiritualidades renovadas nos interstícios do Liberalismo, no poder doutrinal de uma nova igreja que se reformulava nas encíclicas, nos movimentos confessionais e associativos, nos congressos nacionais e inter-

nacionais, nas estratégias partidárias, mas no arrastado tempo das doações, das esmolas, num fazer-se, no atavismo de uma religião popular, entre o caudal dos votos e as promessas e os fundos "brasileiros" do Entre-Douro e Minho.

Tomamos como paradigma dos equipamentos o Teatro de S. João, com o seu poder de inserção urbana, ao ritmo das cadências sociais, de falências económicas, testemunho de um tempo sociológico, com diferentes actores, campo alargado d a reflexão do Arquitecto sobre o próprio historicismo. Os equipamentos preencheram a vida do Arquitecto, às vezes ultrapassaram-na no arrastamento das dotações, no quadro centralizador da autarcia.

Estes quatro segmentos d a Arquitectura que elegemos nas tipologias dife- renciadoras, na adequação à historicidade do projecto, mostram a grande capacitação de Marques da Silva no domínio dos componentes do projecto, da direcção de obras e da complementaridade da arquitectura e da construção, com o sábio domínio das técnicas e da manualidade, no saber quase oficinal do Mestre. Tem o Arquitecto a visão global do projecto, a grande c a p a c i d a d e da integração disciplinar, c o m a recorrência à escultura, à pintura, às artes decorativas, disciplinas que praticou dentro do princípio p e d a g ó g i c o das Três Artes.

A habitação é um tema que tratamos com diferente ponderação, cientes das condicionantes do projecto, com encomendadores de idêntico estatuto social, entre o capricho e o gosto exigente ou, tão-só, na vontade da afirmação. Pensamos que é o c a m p o maior das concessões do Arquitecto, mas a habitação revela um quadro sociologicamente rico (quanto a programas, estruturas familiares, quanto à localização e à a d e q u a ç ã o do projecto ou, noutro registo, a consensualidade do arquitecto, a pertinácia no domínio do projecto), do que o seu próprio gosto. Mais nos importa, aqui, a abordagem dos programas, a coerência compositiva que tentamos encontrar nas invariantes processuais que forçam, na estratégia, soluções exteriores subvertedoras dos preconceitos do encomendador.

Tipificamos algumas obras paradigmáticas, no suposto das variáveis, evitando por o p ç ã o a repetividade das análises, verificando, antes, os valores de nuance os espelhamentos ou os cruzamentos das fontes. Procuramos valorizar as primeiras obras, a disposição dos materiais sobre a mesa do Arquitecto e acompanhar as combinações possíveis, mais variantes tipológicas e morfológicas do que propriamente novas tipologias. Mas é, aí, sobre o estirador que se situam as famílias morfológicas que constituirão o agenciamento do projecto, com a dominância das marquises, dos bow-

-Windows, dos arcos abatidos, no sentido instrumental de uma pedagogia, de projecto

total, que dá à planta a sua primeira hierarquia.

Desde criança, na oficina paterna. Marques da Silva familiariza-se com aspectos particulares da arquitectura funerária, vindo a realizar alguns projectos que ultrapassam o mero quadro familiar. Já em Paris, se interessaria pelo monumento funerário a Andersen, admitido ao Salon, tal como nos temas dos concursos aborda a problemática funerária.

A Arquitectura funerária pressupõe reflexões de carácter existencial, formulações sobre o tema da Morte e atitudes perante a Morte, o exigente aprofundamento e conhecimento das mentalidades que não tivemos a veleidade de abordar com o comprometimento e a disponibilidade que o tema exige. Ficamo-nos pela breve inventariação de tipologias, na esperança de retomar o tema, como convém.

As reutilizações, os restauros, as ampliações, os arranjos - uma arquitectura quase tão-só de interiores - é um campo de múltiplas intervenções de Marques da Silva, ora na satisfação pessoal e no gosto (benemerente) ora na perspectiva de réditos a acumular.

É todavia, o laboratório por excelência da integração das Artes, campo extensivo das artes decorativas, com o desenho de azulejos, vitrais, estuques, lambris, tectos, ferros de arte e mobiliário. É o território não desprezível da Arquitectura e da sua própria ética e nele concorrem, sob a orientação do Arquitecto, os formadores, os entalhadores, os escultores, os pintores e os canteiros, de várias gerações e de semelhantes talentos. Mas o fascínio de Paris (e de Londres, na excepção) concorria com os vitrais de arte de importação, as majólicas, os fogões cerâmicos e outros luxos, num catálogo das melhores casas fornecedoras de Paris.

O mobiliário que desenha, com segurança, numa retórica de léxicos, tem essa função indMdualizadora dos interiores, no jogo semântico das complementaridades dos espaços.

Concluamos que a abordagem da Arquitectura se fez, ainda, na perspectiva sociológica das interrelações, se acentuou a vertente histórica da nossa formação; privilegiamos a visualização, como necessidade, a descrição como primeiro caminho da interpretação, como revelador (na acepção que lhe dá François Loyer); adoptamos e adaptamos o esquema tripartido de Schultz, como sistema lógico dessa abordagem, e uma grelha das constantes e variáveis dos projectos.

Fica-nos, na globalidade, uma Arquitectura como legado que ultrapassa o Mestre e se estende aos discípulos, na aceitação ou na rejeição geracional, ou na redes- coberta expiatória.

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