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Com passaporte emitido em Outubro de 1889, o estudante José Marques da Silva parte para Paris, instalando-se no ne 37 da rua Denfert-Rochereau, aí ocupando modesto

quarto de uma pequena colónia de artistas, com ateliers de pintura e escultura, subindo até às trapeiras.1

No centro, um grande pátio, com um pequeno jardim e uma fonte de bronze que Marques da silva e Teixeira Lopes em Denfert-Roche- alimentava de água a população. A proprietária morava numa das das da quadra e a velha reau

porteira, Madame Baudin, preparava parcas refeições servidas algumas vezes no atelier de Teixeira Lopes, o escultor, aí instalado em 1887, tendo embora chegado a Paris em Maio de 85, em situação similar à de Marques da Silva, ambos preteridos nas provas oficiais para bolseiros do Estado no estrangeiro. Certamente os mesmos créditos limitados, a contabilidade mais ou menos atenta e os recursos ao mont-de-pieté no limite das carências.

A cidade comemorava o Centenário da Tomada da Bastilha e a Exposição Uni- A Exposição universal de Paris de 1889

versai - ainda eco das Luzes e do Enciclopedismo - pretendia afirmar o estado republicano Para melhor conhecimento da vida dos artistas portugueses, em Paris, e das relações estabelecidas com outros compatriotas, aí radicados (ou que por ali passavam), vide TEIXEIRA LOPES, A. - Ao correr da pena/Memórias

de uma vida... Gaia, 1968. São aí referidos, entre outros, Moreira Rato, Ernesto Condeixa, Joel da Silva Pereira,

António Ramalho.Tomás Costa, Sousa Pinto, Rodrigo Soares, José de Brito, Ventura Terra, Carlos Reis, Augusto Santo, Adães Bermudes, Mariano Pina, José Domingues de Oliveira, Augusto Nobre e necessariamente Marques da Silva.

do país com nexos imediatos na evocação da Revolução Francesa, tentando colocar-se acima das paixões políticas, com a "imagem de uma civilização nova, baseada sobre o

imortal princípio dos direitos do homem", como se escreveu.2

Desejada como festa, afinal no meio da crise do mundo industrial, mitifica o tempo através de sucessiva metáforas de um tempo também portuense que Marques da Silva testemunhava, que o Palácio de Cristal portuense pusera em suspensão e expectativa.

De facto a Galeria das Máquinas de Dutert (1845-1906), esquiva à tipologa, é a

metáfora daquele nos vãos e luzes, na amplitude do vazio, certamente humanizado por

pontes móveis que transportam os visitantes sobre os objectos.

É, aliás, - como dirá Benevolo - este "carácter dinâmico que adquire o projecto devido às suas insólitas dimensões, à decoração e à presença das massas" que afasta a construção dos critérios tradicionais, postulando novos problemas arquitectónicos, como aliás acontecia com a Torre de 300 metros, a Torre Eiffel, ao enfatizar a "nudez da

arquitectura do ferro", na expressão de Hautcoeur.3

Que a obra de Dutert tenha sido para Marques da Silva uma referência, que Dutert, reclamado como seu professor, tenha sido veículo de fidelidades prova-o, mais tarde, a proposta feita por Marques da Silva às autoridades portuguesas para que lhe

seja atribuida condecoração adequada.4

A Torre era metáfora ainda de uma arquitectura de pilares de pontes rodoviárias e ferroviárias ensaiadas em Portugal por Eiffel e seus engenheiros e arquitectos, com soluções inovadoras e já uma atenção a problemas estéticos que preocuparam sobrema- neira Seyrig e Sauvestre seus colaboradores na Ponte D. Maria Pia. É uma imagem acrescentada pelo aspecto feérico da exposição, no espectáculo e no efémero, e ainda 2

Vide BERGER Georges - Les expositions universelles internationales, leur passé, leur rôle actuel, leur avenir, conferência realizada em 29 de Abril de 1886. parcialmente transcrita em Le livre des expositions universelles

1851-1989, Paris. Editions des Arts décoratifs - Herscher, 1983, p.81.

3 HAUTCOEUR, Louis - Histoire de l'architecture classique en France, tome VII, Paris, 1957, p. 459,

4 A.M.S. [Minuta de carta], s. identificação do destinatário e sem data expressa, num momento de fidelidades

sensivelmente da mesma época em que o Conde de Samodães envia uma mensagem do Conselho da Academia Portuense a João Franco, ministro do Reino, pedindo uma condecoração para Victor Laloux (Cfr, E.S.B.A.P. - Livro

pelas superestruturas decorativas (que hão-de ser eliminadas em 1937). Mas ela é ainda o argumento final e "patriótico" de Eiffel... 5

Com o Palácio, projectado por J. Formigé (1845-1926) aparatoso e sobrecarregado por uma cúpula com excessos ornamentais, constituiam-se, assim, as imagens mais persistentes da exposição no meio da obsolecência dos pavilhões nacionais, com a Europa reduzida sintomaticamente à representação de Espanha, com "a maior parte das Mo- narquias (a recusarem) estender a mão à República Francesa", estando apenas mas- sivamente representada a América Latina e a iniciativa privada, com numero-sas indústrias e associações, repudiando as considerações politicas e obedecendo à sua própria lógica. Foi essa a lógica da Associação Agrícola e Industrial de Portugal.6

Desde a sua chegada a Paris, em 1889, Marques da Silva frequenta o atelier o atelier preparatório de Peigney

preparatório de Peigney, na rua Visconti - tal como Bermudes - com lições de Matemática, Desenho e principalmente Desenho de Arquitectura, preparando-se para as provas de admissão à Escola.

Joseph-Charles Peigney havia sido aluno de Jules André, tal como Georges Guichestre, sucedendo no atelier preparatório que este fundara na sequência da legisla- ç ã o dos anos 80, (atelier frequentado por Ventura Terra) e que tivera de abandonar recentemente por razões de saúde, tendo falecido em Dezembro desse mesmo ano. (Peigney não menos afortunado falecerá nos finais de 91, e foi por isso que Adães Bermudes veio frequentar o atelier de Blondel).7

Por Peigney se poderá perceber desde já uma linhagem que naturalmente de André conduzirá a Laloux. Em que circunstâncias?

Já em Fevereiro de 90 Marques da Silva, é admitido como aspirant aos cursos orais e à Galeria da Escola, após registo de inscrição e apresentação do Encarregado

5 LEMOINE, Bertrand - Gustave Eiffel, Paris, Fernand Hazan. 1984, p.78.

Sobre o grau de adesão à Exposição vide Lemoine, Bertrand, o.c.p.94; vide supra, nota 2; cfr. ainda PICARD, Alfred - Exposition Universelle Internationale de 1888 à Paris [...], I, Paris, 1891-96, p.356 (vide transcrição parcial in Le Livre des expositions universelles 1851-1989, o.c, p. 84); vide ainda FRANÇA, José-Augusto - A Arte em

Portugal no séc. XIX, II,Lisboa, Bertrand, 1967, p.89.

Vide Nécrologie/Peigney (Joseph-Charles)/1851-1891, in "Association Amicale des Architectes [...] Bulletin [...]",

de Negócios de Portugal, o Conde de Azevedo, aí podendo fazer leituras na Biblioteca

e desenhar nas colecções da Escola.8

As provas de admissão à classe de Arquitectura far-se-ão em Março ou Junho = d e — *

e Marques da Silva é admitido à «escola propriamente dita" em 6 de Agosto de 1890. Deverá inferir-se que não é bem sucedido na sua primeira tentativa, pois Peigney requer uma segunda inscrição para o "(seu) aluno" para a sessão de Julho de 90. •

O concurso de admissão é bastante exigente e pressupõe um conjunto de provas de carácter prático e um segundo julgamento sobre provas de carácter dentífico, conforme dspodções enquadradas no Regulamento da Escala de 1883 que sofrera apenas algumas

alterações de pormenor, com novas decisões ministeriais, a partir de 1891.10

São provas com diferentes coeficientes, em termos de classificação, sendo de maior ponderação as de Composição de Arquriectura, Geometria Descritiva e Matemática.

A prova de Ornamento constava de um desenho ornamental segundo um gesso para o qual se prescreve menos "brio" e mais um "desenho simples", sendo o modeio escolhido entre grifos, cariatides, modilhões. vasos...ao gosto de Ancelet e não menos da sua formação de arquitecto. É uma prova sem grandes estudos preparatórios, tal como

a de Modelação, proposta pelo escultor Aliar.

A Composição de Arquitectura, a prova com mais peso (com o factor doze de multiplicação) no primeiro conjunto, com tema dado pelo professa de Teoria, o arquitecto Edmund Guillame, constava, na sessão de Julho, da execução de um esquisse, com planta e corte, fachada e pormenor de um Tribunal de primeira instância para uma

cidade departamental, com um programa bastante minucioso, arrastado das salas de

maior aparato até aos espaços destinados ao porteiro, com a tripartição de escalas na

sua apresentação.11

8 Cfr. [Dossier d'élève] in A.N.P-AJ 396, ff .52-58-

9 Idem, ibidem, f.55. . . . , „ ,

'0 vide Reguiamento da Escola ao tempo de Marques da Silva em Paris: [...] Règlement de I Ecoie NaUonale et

Spéciale des BWX-Arts, Paris, Librairie Delaire Frères; [...] Règlement de racole (Edition de 1895), Paris, Ubra.ne

Delaire Frères. 1895.

Marques da Silva obteve a classificação necessária nas três provas pelo que pôde ser admitido à segunda parte do concurso, com exercícios de Cálculo, exames de Aritmética e Álgebra, Geometria descritiva e História, tendo nesta última disciplina desenvolvido o tema História dos preliminares e condições da paz de Westfália, bem alheio aos seus estudos portuenses, mas recuperado nos cursos do Professor Lemonnier. '2

Perante o sucesso das provas. Marques da Silva é admitido à escola em segunda classe, vindo a fazer os seus principais estudos no atelier de Laloux, discípulo de Jules André a quem assistiu, no atelier interno da Escola, desde 1888. Preparava, assim, a sucessão desejada pelo mestre, envelhecido e carecido de saúde, mas o atelier vai-lhe ser negado, com algum escândalo e aparato, com a interposição de Moyaux, levando à criação do atelier livre de Laloux, 'esvaziando" o atelier oficial, na maré do desacerto, quando André se finara nos finais de Janeiro de 1890.

Por André se perceberá Laloux.

Herdeiro das "qualidades eminentes de Lebas e Labrouste, traduzidas em zelo e eloquência, atento ao problemas da composição, à busca da simplicidade e à planta, alheio às seduções do rendu, André, o primeiro titular dos ateliers oficiais criados pela reforma de 1867, soube manter "os seus jovens discípulos - tal como Laloux - na via d o bom senso, no respeito dos modelos da Antiguidade e da Renascença, na busca e no estudo do partido mais simples de toda a composição, cuidando religiosamente d a planta". '3

Marques da Silva seguiu Laloux, tal como havia feito Ventura Terra, numa época o atelier Laloux em que os ateliers livres suplantavam em prestígio os internos da Escola.

Em Victor Laloux concorriam, segundo os testemunhos de Godefroy, "a nitidez Formação e Pers

lidade do "Patron"

Os arquivos consultados nào informam sobre os temas de Geometria Descritiva dados por Pillet; a Composition

en Mathématiques, de 21 de Julho de 1890, é dada por Mace de Lépinay, professor de Matemáticas Especiais

no Liceu Henrique IV, nomeado examinador em substituição de Salício, entretanto falecido.

, 3 Louis Jules André (1819-1890) nasce em Paris, de família modesta. Obteve o Grand Prix de Roma em 1847.

Esteve em Roma e Atenas. Vide a propósito: [Vários] - Paris - Rome - Athènes/ Le voyage en Grèce des Architectes

français aux XIX e XX siècles. Paris. E.B.A., 1982, pp.194 -194; E.R.-L.J.André, Architecte et professeur d'Architecture

in "La Construction Moderne", 15 de Fev° 1890, pp. 227-228; Guadet, J- (...) André (Louis Jules) 1819-1890 in "Association amicale des Architectes [...] Bulletin", 2, 1890, pp. 3-6

da precisão dos conselhos e o seu poder de adaptação às tendências e aptidões de cada um e ainda da sua exactidão" que aliás se tipificam nas diferentes marcas deixadas em Terra e Marques da Silva. ,4

Formado no atelier de André, é sensível ao Patron, parece seguir-lhe o percurso que passa, também, pelo Grand Prix, obtido em 68 com uma Catedral, com o confortável modelo de S. Pedro de Roma, de desenho irrepreensível na precisão e delicadeza , com um grande sentido do amplo e do grandoso, embora com pouca invenção (o que certamente convinha à Academia).

Na sua estadia romana, Laloux é particularmente sensível à arquitectura paladiana de Vicenza - embora não o traduza à evidência - e ultrapassa o quadro regulamentar das suas obrigações, com a publicação de textos teóricos. '5

Na Villa Médicis encontrará "afinidades electivas e o espírito de séraiT que se deviam repercutir sobre o décor das suas construções, aqui se desviando de uma maior contenção em André.1ò

O próprio Laloux - com desajeitada justificação - ainda a propósito de Palladio, julga-o "conforme ao (seu próprio) instinto decorativo que tem necessidade de esplendores". A ideia do décor leva-o à extrapolação e os seus primeiros envios de pensionista "zeloso" são recebidos com severidade pela Academia, pela inexactidão na expressão dos cortes e pelos abusos arqueológicos.

Aquilo a que chamamos extrapolação arqueológica não terá a ver com vlollet- le-Duc e a sua noção de restauro? Que não era a da Academia, no meio da querela entre góticos e romanos? E Ginain, relator destes envios, não representará a norma?

Os envios do quarto e quinto anos, com um tema novo para a Academia, isto é, o sítio de Olímpia, são aceites com outra magnanimidade, reforçada, certamente, pelo

1 4 Vide GODEFROY, J - Bulletin de la Grande Masse, 1931 (já publicado no Boletim da S.A.D.G., 1926).

[Vários] - Paris - Rome - Athenes/Le voyage en Grèce des architectes français au XIX e XX siècles, o.c. pp, 266- 273; vide os textos teóricos: LALOUX, V. et MONCEAU. P. - Restauration d'Olympie: l'histoire, les monuments,

le culte et les fêtes, Paris. Maison Quantin, 1889; LALOUX, V. - L'architecture grecque, Paris, Maison Quantin

Éditeurs, 1888.

Sobre a estadia na Villa Médicis vide LECONTE, Marie - Laure Crosnier (e outros) - Victor Laloux/1850-1937/

relator, Jules André, e valem-lhe o interesse e o apoio material da Direcção de Belas Artes. Convêm os apaniguados e os críticos no saber arqueológicode Laloux, na sua "necessidade de esplendores" e na comum tendência a outros bolseiros de "mobilar" os restauros com profusão.

Este gosto da sobrecarga deu lugar, a falar-se com ironia da sua imaginação egípcia". Que a imaginação essa, podeMhe-á ter sido aumentada pela viagens na Grécia, Constantinopla, Ásia Menor e Egipto.

Acabam, afinal, todos por reconhecer a qualidade da sua "quase verdade" no trabalho de restauro e, em 1885, recebe a Medalha de Honra do Salon e em 1889 a Medalha de Ouro d a Exposição Universal de Paris, já ao tempo de Marques d a Silva.

Laloux não deixa de ser um produto da Academia, também ele "guardião da tradição e da disciplina" e como Prix de Rome, nas condições expressas, estava-lhe reservado o sucesso, c o m o acesso à carreira de professor.

Carreira, logo no início, prestigiada com a atribuição do Grand Prix a Pontremoli em 89, seguindo-se-lhe Normand, Tronchet e Chaussemiche, contemporâneos de Marques da Silva.

A estrutura do atelier de Laloux era do tipo patriarcal, com a presença viril e "a f a ç a tranquila" do Patron, então na casa dos 40, o Pére Laloux, e os alunos hierarquizados em nouveaux e anciens, a modo das fraternidades, com ritos de passagem (à la broche) em espírito de atelier, a ao ritmo Beaux Arts, aprendendo fazendo. 17

A Escola de Belas Artes apenas professava cursos teóricos de Ciências e História e competia-lhe dar o tema dos concursos. ,8

17 Estes aspectos já foram por nós referidos. Cfr. CARDOSO, António (e outros) - J. Marquas da Silva/Arquitecto/

1869-1947, o.c.17.

18

Para acompanhamento do currículo de estudos, do ensino da arquitectura, desenvolvimento da carreira e aspectos relacionáveis vide o catálogo que acompanhou a exposição realizada no Museu d'Orsay de 9 de Dezembro a 1 de Março de 1987, redigido por Annie Jacques - La Carrière de l'Architecte au XIX siècle, Paris, 1986; para os mesmos tempos consultar ainda DREXLER, Arthur (e outros) - The architecture of the Ecole des Beaux-Arts, Londres, Seeker & Warburg Ld. 1977; JACQUES. Annie - The programmes of the architectural section of the Ecole

des Beaux-Arts, 1819-1914 in The Beaux-Arts and nineteenth-century French architecture, Londres. Thames and

De facto, a educação arquitectónica adquiria-se fora dela, isto é, nos ateliers. Embora os esquissos fossem realizados em tempo limitado, en loge, os projectos eram estudados no atelier em colaboração e cumplicidades.

O trabalho de "negro", em que o jovem estudante ajudava o mais velho, era prática corrente, mormente na preparação do concurso para o Grand Prix. A isso que não se esquivou Marques da Silva "negro" de Lemaresquier.

O Grand Prix nestes anos 80/90 de Marques da Silva exigia, segundo Épron, muito carácter, escala e proporção, consubstanciados em "fábricas engenhosas, truques de atelier, acentuando uma tendência que hoje alimenta a teorização sobre o "estilo" Beaux-

Arts que acaba por se reflectir no espírito dos ateliers e na escola, se não como elemento

pedagógico pelo menos como elemento estimulador. "

O princípio pedagógico reinante assentava fundamentalmente na emulação. Os Princípios pedagó

gicos.

concursos en loge, os mensais ou outros, com diferentes limites de tempo, respondem A emulação

a esta lógica.

Os esquissos são uma das faces da estratégia. Limitados no tempo (normalmente doze horas) reclamam soluções expeditas mas consistentes, pois são elementos de aferição da fidelidade ou desvio em relação à norma em que se instituem e se traduzem. O rigor da composição fundamenta-se, consequentemente, no trabalho do esquissso durante o qual o aluno, tendo em vista o programa, a "cegueira" da exigência, deve encontrar o partido desejável e ajustável ao desenvolvimento do projecto.

É neste agenciamento, com subtilezas de visualização, com a adequação a es-

Para o estudo da problemática "Beaux-Arts" desenvolvida, sobretudo, após a exposição no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, de 29 de Outubro de 1975 a 4 de Janeiro de 76, "The architecture of the Ecole des Beaux-Arts", vide os trabalhos fundamentais:

DREXLER, Arthur (e outros) - The architecture of de Ecole des Beaux-Arts. o.c. ( o volume por nós consultado é uma reimpressão de 1984); MIDDLETON, Robin (ed.) (e outros) - The Beaux-Arts and Nineteenth-Century French Architecture, o.c.: [Vários) - The Beaux-Arts/AD (Architectural Design), Londres, 48. 11-12, 1978; SOLA-MORALES, I. de - Dalla memoria all astrazione.Llmitazione architettonica nella tradizione Beaux-Arts. "Lotus Intema-tional", 33, 1981, pp. 112-119; VAN ZANTEN, David - Le système des Beaux-Arts in "Architecture d'Aujourd'hui, 11 de Dezembro, 1975, pp. 97-106; GOURNAY, Isabelle - Document! di architettura/L Tools des Beaux-Arts e la modernité: il "grand tour" americano (1926-39), in "Casabella", 493, Julho-Agosto, 1983, pp.40-47; GRUNCHEC, Philippe - Le système des Beaux-Arts in "Beaux-Arts, 12, Abril. 1984, pp. 48-53.

quemas mentais feitos e refeitos na repetição, na adaptação a formas arquetípicas, no que à planta respeita, que está uma boa parte do sucesso, em que o vício é tangente à virtude. Porque a planta - já o vimos - é a supina afirmação do magistério, suposto que só ela gerará uma fachada, o que não será desacerto como contraponto à arquitectura construída na época, quase o seu reverso, na afirmação dos alçados e do décor.

Pese embora a fatta de documentação sobre o atelier Laloux, como um todo, como a recente exposição sobre o arquitecto mostrou, é lícito supor-se que os interesses pela

teoria da Arquitectura x a visão historicista e ecléctica, uma cultura visual imperassem

também no atelier. Que peso teria a sua biblioteca, os modelos, a informação e o seu trânsito para além da sua presença diária no atelier?

Os estudos teóricos interessaram-no e, mais do que a Restauration d'Olympie (...) isso é visível em L'Architecture grecque que publica em 1888, com sucessivas edições, reclamando, como se escreveu, os princípios claros e precisos fixados pelos gregos, indispensáveis às leis da lógica construtiva, apesar de uma nova civilização, como o próprio Laloux acentua.

Há nos seus alunos, e o caso de Marques da Silva é documentável, a tentativa de acompanhar dentro do cenário desejável aquilo que à Arquitectura respeita, sobretudo o pragmático e o programático dos concursos como os números de La Construction

Moderne e de l'Architecture revelam quando, nalguns casos, se circunscrevem, ainda em

Marques da Silva, ao período parisiense.21

Admitido na escola propriamente dita. Marques da Silva entra como vimos em 2S

classe em 6 de Agosto de 1890. Só então poderá intitular-se aluno da Escola de Belas Artes e poderá assistir facultativamente aos cursos científicos que só os aspirants eram obrigados a seguir.

Marques da Silva seguiu os cursos de Matemática, Geometria descritiva. Estéreo- Of)

í u Exposição realizada no Museu d'Orsay de 26 de Maio a 30 de Agosto de 1987, com catálogo e textos argutos,

entre outros, de Marie Laure Crosnier Leconte e Isabelle Gournay - Victor Laloux / 1850 -1937/ L'architecte de

la gare d'Orsay, Paris. 1987.

O período parisiense de Marques da Silva é de facto acompanhado pela compra (ou assinatura) de La Con-

tomia Perspectiva e Construção, professados, respectivamente, por Brisse, Pillet, Marcel Lambert, Julien e Paul-Louis Monduit, sempre enquadrados na prática dos concursos como um dos processos da avaliação.

Há de certo modo uma hierarquização destas disciplinas científicas ou, pelo menos, há uma pequena teia de precedências a observar.

Para o estudante realizar os concursos de Construçãotem de ter concluído os exames de Matemática e Mecânica, com provas en loge, e ainda Geometria Descritiva e Estereotomia; para realizar os concursos de Estereotomia e Perspectiva é necessário ter obtido uma menção em Geometria descritiva.

Tudo concorre, pois, para uma valoração da prova de Construção, aquela que A prova de construção

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