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Acção no final do processo ofensivo em interacção com a resposta

5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.8. Acção no final do processo ofensivo em interacção com a resposta

Os dados relativos ao tipo de acção final do PO traduzem de forma clara a natureza do jogo de HP. Como seria de esperar, também nos lances considerados neste estudo se constata uma predominância das acções de passe e drible na organização do PO, dado que o HP é caracterizado por ser um JDC de interacção, oposição e cooperação, realizando-se permanentemente acções conjuntas entre companheiros e adversários, na tentativa de ultrapassar uma organização contrária, tendo sempre em vista o cumprimento de um determinado objectivo.

Observámos um número reduzido de ocorrências com eficácia absoluta nos lances analisados, facto que não permite a obtenção de resultados significativos no que a esta questão diz respeito. Contudo, destacamos a elevada percentagem de duas situações no final do PO, sendo a primeira, o facto de o guarda-redes ser chamado a intervir na defesa da sua baliza e a segunda, o facto de o jogador que actuou ofensivamente por trás da baliza proporcionar uma finalização com remate a um seu companheiro de equipa. Conjuntamente, a análise do fluxo comportamental dos intervenientes, com relação à finalização do processo, parece indiciar que um início sem bola tem mais possibilidades de acção, já que a partir desde posicionamento parece ser possível actuar significativamente com perigo, quer na primeira transição quer na terceira transição. Estes dados demonstram, até certo ponto, alguma imprevisibilidade na actuação do hoquista em ataque o que pode dificultar a acção do seu marcador directo, ao contrário de um início com bola que promove preferencialmente acções de finalização do PO com eficácia relativa com controlo da bola.

do ponto de vista ofensivo, o conjunto de dados obtidos e analisados, ao longo deste capítulo, revelou-se igualmente frutuoso na tentativa de entendermos melhor a acção defensiva nos lances em que os hoquistas actuam atrás da baliza face à finalização do PO.

Verificámos que quando as acções são iniciadas sem bola existe uma probabilidade maior do que o acaso de ocorrer uma situação com perigo, muito provavelmente porque a este tipo de comportamento está associado uma resposta defensiva pela frente da baliza. Assim, os resultados permitem igualmente questionar, com pertinência, a utilidade de se privilegiar a defesa pela frente, em geral e por regra, nos lances em questão.

Apesar de não estar contida directamente na análise do comportamento decisional ofensivo, este ponto da discussão dos resultados permite-nos concluir que será necessário atender a algo mais do que aquilo que é actualmente considerado como a melhor opção a tomar em acção defensiva. As análises retrospectivas a partir das acções finais do PO confirmaram, para além do que se tinha verificado e discutido anteriormente, que uma resposta defensiva por detrás da baliza pode originar ainda uma recuperação de bola pelo adversário ou a ocorrência de uma falta defensiva, o que evidencia o duelo com contacto físico anteriormente mencionado. Neste tipo de ocorrências e perante os resultados obtidos, somos levados a supor que os jogadores atacantes em acção, quando confrontados com uma postura defensiva por detrás da baliza, não dispõem de tempo e espaço suficiente para realizar mais do que o controlo da bola. Pelo contrário, o hoquista percepciona um conjunto mais amplo de possibilidades de acção que se lhe deparam quando o defensor actua pela frente da baliza, precisamente porque a pressão adversária é menor. Assim, a análise conjunta dos dados relativos à forma como se inicia, desenvolve e finaliza o processo levantam uma importante questão e que aparentemente contraria o que está associado com o que é consensualmente aceite pela maioria dos técnicos e pessoas ligadas à modalidade e que passa por o defensor evitar acompanhar o seu adversário quando este se desloca para trás da baliza, mas sim optar por ir apanhar o atacante ao segundo poste (Campelo, 2007).

Facilmente percebemos que em situação real de jogo, os defensores que acompanhavam o atacante após este iniciar com bola o PO, percepcionaram na acção as informações mais relevantes da movimentação do seu opositor (afinação) e sentiram necessidade de agir em conformidade (calibração) optando por outra via. Tal aconteceu,

muito provavelmente, porque sentiram que essa seria a melhor opção para que o adversário não ganhasse vantagem, pois se aumentassem a distância do acoplamento (largar ao primeiro poste e voltar a apanhar o atacante no segundo) provavelmente estariam a dar outro tipo de possibilidades de acção ofensiva (penetração para Z2, mudanças de sentido, assistência para remate, etc.).

Se o encadeamento do processo decisional ofensivo e defensivo acontece baseado nas informações do contexto, as informações relevantes podem ser originárias, por exemplo, da velocidade de patinagem dos intervenientes, das características do adversário, do seu estado de fadiga, do possível congestionamento de jogadores à frente da baliza, etc. Julgamos que estas são algumas fontes de informação relevantes em que, muito provavelmente, se baseiam os actores do jogo e que os treinadores devem atender para fazer face a esta problemática ao nível do treino

Por fim, gostaríamos de concluir, acrescentando que, se verificou uma relevância das acções praticadas pelo atacante quando este beneficiava deste constrangimento posicional da baliza, de forma a aumentar a distância de marcação do seu defensor directo e consequentemente a distância de carga, numa zona muito próxima da mesma e que para tal o hoquista, neste tipo de lances, pode e deve utilizar movimentações variadas tanto no início do processo como no seu desenvolvimento, para obter o máximo proveito possível do seu comportamento decisional.