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Acesso ao Espaço 1 Sítios de Lançamento

No documento A Política Espacial Brasileira (páginas 93-97)

Apresentação

2. Acesso ao Espaço 1 Sítios de Lançamento

Os Centros de Lançamento têm por finalidade executar e prestar o apoio às ativi-dades de lançamento e rastreio de engenhos aeroespaciais e de coletar e processar os dados de cargas úteis, bem como executar os testes, experimentos, pesquisa básica ou aplicada e outras atividades de desenvolvimento tecnológico de interes-se do MD, relacionados com a PNDAE.

O CLBI (Centro de Lançamento da Barreira do Inferno), em Natal, no Rio Grande do Norte, foi criado pela Portaria nº S-139/GM3, de 12 de outubro de 1965, e ini-ciou as operações naquele mesmo ano, com o lançamento e o rastreio do veículo norte-americano Nike Apache.

A partir de 1977, em virtude de um acordo firmado entre a Cobae e a ESA (Agên-cia Espa(Agên-cial Europeia), o CLBI passou a prestar um serviço reembolsável como estação remota de rastreio dos veículos Ariane, lançados a partir de Kourou, na Guiana Francesa. O primeiro rastreio de um Ariane, usando os radares e a tele-metria do CLBI, ocorreu em 24 de dezembro de 1979, com excelentes resultados.

Desde então, o Centro já rastreou 175 lançamentos, todos com total sucesso.

Apesar da operacionalidade em rastreios, constatou-se, no final dos anos 70, que o CLBI não mais ofereceria a segurança para lançar grandes foguetes,

1 A infraestrutura espacial compreende atualmente os Centros de Lançamento (CLA e CLBI) a cargo do Comaer, e diversos laboratórios, tais como o LIT (Laboratório de Integração e Testes), e estações remotas de rastreio de satélites sob responsabilidade do Inpe/MCT.

Nelson A. Jobim | 2 | COLABORAÇÕES E como o VLS-1 e seus sucessores, devido ao crescimento urbano de Natal nas proximidades do Centro.

Assim, buscou-se, na península de Alcântara, no estado do Maranhão, a opção de se construir um novo Centro de Lançamento.

A baixa densidade demográfica da região, a possibilidade de expansão, a posição geográfica privilegiada do CLA, situada a 2º 18’ ao sul da linha do Equador e o sobrevoo do veículo sobre o oceano Atlântico durante os lançamentos, tanto para a inserção em órbitas equatoriais quanto polares2, foram fatores determinantes na escolha daquela localidade, a fim de se construir o novo Centro de Lançamen-to de veículos satelizadores.

A área atual do CLA (8.700 ha) comporta a construção de apenas três sítios de lançamento, pois os requisitos de segurança têm de ser mandatoriamente obede-cidos. Este quantitativo de sítios é extremamente limitante e não atende à deman-da futura por novos veículos lançadores de maior porte.

A expansão do CLA, em área autorizada por decreto em 1991, encontra-se atu-almente em discussão interna no governo, em um esforço que resultará, não apenas no atendimento das necessidades do Programa Espacial Brasileiro, mas também no desenvolvimento sustentado das comunidades tradicionais da ilha de Alcântara, especialmente as quilombolas.

Além das operações de lançamento e rastreio de foguetes suborbitais nacionais e veículos da ESA, foram realizadas diversas campanhas em parceria com outros países, tais como Estados Unidos, Alemanha e Argentina.

Desta forma, desde os anos 60, os Centros de Lançamento (CLA e CLBI) acumu-laram rica experiência ao lançarem e/ou rastrearem mais de trezentos meios de acesso ao espaço, que evoluíram desde veículos de sondagem balísticos importa-dos ou nacionalizaimporta-dos a veículos satelizadores com controle de atitude nos três eixos, navegação autônoma e guiamento.

2 A proximidade com o Equador terrestre permite aproveitar, nos lançamentos em órbitas equatoriais, o máximo ganho de velocidade horizontal, devido à rotação da Terra, e as trajetórias equatoriais e polares sobre o oceano durante o lançamento direcionam o impacto dos estágios iniciais dos foguetes para pontos distantes do litoral, afastados das áreas habitadas.

Nelson A. Jobim | 2 | COLABORAÇÕES E

2.2 Meios de Acesso ao Espaço

O acesso ao espaço é feito por meio de veículos suborbitais, chamados foguetes de sondagem e por veículos lançadores de satélites.

2.2.1 Veículos de Sondagem

Quanto aos foguetes de sondagem, o Brasil tem um longo histórico, que iniciou no CLBI nos anos 1960, com o emprego de sistemas estrangeiros e evoluiu para sistemas nacionais, com componentes produzidos pelas indústrias e integrados em instalações do segmento aeroespacial brasileiro.

O primeiro desenvolvimento nacional foi o Sonda I, que era um foguete de dois estágios que visava atender a um programa de sondagens meteorológicas, se-guido da família de foguetes Sonda (II, III e IV), de complexidade e sofistica-ção crescentes, com o objetivo de dominar as tecnologias essenciais e necessárias para se projetar o VLS-1.

Tecnologias tais como capacidade de guiamento, emprego do aço 4130 de elevada resistência e envelope do motor com diâmetro de um metro, que foram desenvol-vidas para o Sonda IV, permitiram que barreiras fossem vencidas e que as ativida-des de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) do VLS-1 se iniciassem em 1986.

Atualmente, os foguetes de sondagem das famílias VS-30 e VS-40 têm sido usa-dos por universidades e centros de pesquisa brasileiros e estrangeiros, em inúme-ros experimentos científicos e tecnológicos em ambiente de microgravidade, em voos balísticos suborbitais.

É importante ressaltar que foguetes da família VS-30 têm voado nos céus da Eu-ropa, transportando cargas úteis do Programa Espacial Europeu. Por exemplo, no final de 2009, dois veículos VSB-30, transportando cargas úteis Texus, do Pro-grama Europeu de Microgravidade, de elevado valor financeiro, foram lançados na Suécia com sucesso.

Recentemente, mais um grande marco foi alcançado no desenvolvimento do Pro-grama Espacial Brasileiro: a certificação do foguete VSB-30 pelo IFI (Instituto de

Nelson A. Jobim | 2 | COLABORAÇÕES E Fomento e Coordenação Industrial). Pela primeira vez no país, um foguete espacial foi submetido a um processo completo de certificação.

Atualmente, um novo passo está sendo dado, que é a transferência da tecnologia da família VS-30 para a indústria nacional, a fim de que o ciclo completo de fa-bricação e comercialização esteja no meio empresarial.

2.2.2 VLS-1 (Veículo Lançador de Satélite)

O projeto VLS-1 encontra-se na fase de qualificação em voo. Até o presente mo-mento, foram construídos três protótipos e efetuados dois lançamentos a partir do CLA.

A primeira tentativa de lançamento do VLS-1 ocorreu em 02 de novembro de 1997, quando houve falha no acendimento de um dos motores do primeiro está-gio. Além de tornar o CLA operacional no lançamento de foguetes do porte do VLS-1, o primeiro voo permitiu atestar a qualidade e a robustez do sistema de controle do veículo.

A segunda tentativa de lançamento do VLS-1 em dezembro de 1999, os quatro motores do 1º estágio funcionaram perfeitamente, mas o 2º estágio explodiu aos 55 segundos de voo, no instante em que foi ignitado, devido a um possível pro-blema na integridade estrutural do grão propelente.

Quatro anos depois, em 22 de agosto de 2003, durante os preparativos para o terceiro lançamento, ocorreu a combustão intempestiva de um dos motores do 1º estágio do VLS-1, com a trágica perda de 21 especialistas do IAE.

Após esse acidente, os projetos do VLS-1 e da TMI (Torre Móvel de Integração) sofreram uma revisão minuciosa, com apoio de especialistas russos. Essa revisão gerou uma série de modificações, que estão sendo implementadas e ensaiadas, de forma a elevar significativamente a confiabilidade, operacionalidade e segurança do projeto.

A reconstrução da TMI foi iniciada em 2009, com mais de cinco anos de atraso, devido a uma ação judicial interposta pela empresa perdedora do processo licita-tório e será concluída em dezembro de 2010.

Nelson A. Jobim | 2 | COLABORAÇÕES E Após os ensaios de recebimento da TMI ao longo de 2011, planeja-se lançar o

próximo VLS-1 no primeiro semestre de 2012.

Esta nova torre de lançamento foi projetada com modernos requisitos de seguran-ça e operacionalidade, com provisões para apoiar lanseguran-çamentos de versões subse-quentes do veículo VLS-1, incluindo veículos com motores a propulsão líquida.

2.2.3 VLM-1 (Veículo Lançador de Microssatélites)

Em 2009, foram iniciados os estudos de desenvolvimento de um novo lançador denominado VLM-1, com três estágios, com envelope do motor em fibra de car-bono, a propelente sólido do tipo composite e com capacidade para inserir um microssatélite de 120 kgf em órbita equatorial baixa, a até 700 km de altura. Este veículo, quando operacional, irá preencher uma importante lacuna do promissor nicho de mercado de microssatélites. Planeja-se que o primeiro voo do VLM-1 ocorrerá em 2013.

2.2.4 Projeto SARA (Satélite Artificial de Reentrada Atmosférica)

Além dos veículos de sondagem e lançadores de satélites, o Comaer está desen-volvendo uma plataforma denominada SARA, com 300 kgf de peso, para órbita terrestre baixa, de 300 km de altura, a ser lançada por um VS-40 modernizado, com o objetivo de realizar experimentos científicos e tecnológicos em ambiente de microgravidade, por até dez dias.

O projeto SARA permitirá desenvolver também lançadores reutilizáveis (reusable), em contraponto a lançadores descartáveis (expendable) como o VLS-1 e planeja-se que o primeiro voo da versão suborbital do SARA será realizado em maio de 2011.

No documento A Política Espacial Brasileira (páginas 93-97)