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Avaliação de Casos de Cooperação Internacional do Brasil na Área Espacial

No documento A Política Espacial Brasileira (páginas 151-155)

Estação Espacial Internacional – ISS (Brasil / Estados Unidos)

Resumidamente, o tripé motivador para a inserção do Brasil na ISS foi:

– presença do Brasil, país em desenvolvimento, em empreendimento inter-nacional de grande vulto;

– disponibilização da ISS para experimentos e pesquisa brasileiros;

– fornecimento de itens a serem desenvolvidos e fabricados no país (com os evidentes benefícios de capacitação tecnológica, do respectivo domínio tecnológico, geração de empregos, etc.).

No início de 1997, as empresas da AIAB foram chamadas ao Inpe e houve uma pronta e maciça adesão ao projeto. Considerando-se recursos da ordem de U$ 120 milhões, a participação brasileira na ISS foi aprovada, com o com-promisso de serem atingidas as três metas.

A negociação do Inpe com a Nasa e a Boeing (sua empresa contratada) mostrou-se morosa e foi definido um modelo onde o Inpe atuaria efetivamente como con-tratante principal tendo as empresas nacionais como subcontratadas, somente para a etapa de fabricação, pois o projeto seria elaborado por empresas estran-geiras, ocorrendo no exterior o desenvolvimento inicial de vários itens, ou seja, o Brasil financiando o desenvolvimento em outro país. Etapas estratégicas para o desenvolvimento tecnológico do país, como o desenvolvimento de itens ele-trônicos (a chamada aviônica), dificilmente seriam passadas para as empresas brasileiras.

Finalmente a não colocação de recursos adequados por parte do Brasil determi-nou o término do referido programa.

Walter Bartels | 2 | COLABORAÇÕES E

CBERS 1, 2 (Brasil / China)

O programa CBERS, estabelecido em 1988, deu origem aos primeiros contratos significativos com o setor industrial brasileiro, tendo sido o motivador para o estabelecimento de um parque industrial espacial. Até 1994 foram mais de dez os contratos com empresas locais para o fornecimento de equipamentos e peças para os satélites do programa. Entretanto, por diversas razões, nas negociações com o parceiro, terminou-se por reduzir a participação prevista no país, transfe-rindo itens do escopo brasileiro para serem projetados e fabricados no exterior, notadamente na própria China.

Em decorrência, foi acordado uma contrapartida (“offset”) no valor de US$

15 milhões, sendo o dinheiro brasileiro colocado numa “escrow account” con-trolada pelo Brasil, e uma priorização (“best efforts”) de compras na indústria aeroespacial brasileira. Apesar de enormes esforços dos MCT/MDIC, inclusive adicionando a área de software, a China definiu que só compraria commodities o que mostra o seu desdém para a referida parceria.

CBERS 3, 4 (Brasil / China)

Os CBERS 3 e 4 assegurarão a continuidade dos serviços do programa de obser-vação remota dos recursos terrestres. Nesta fase, o Brasil aumentou sua partici-pação para 50% e, em consequência, fornece aproximadamente 50 % dos equipa-mentos dos satélites, gerando a correspondente carga de trabalho no país.

A indústria brasileira solicitou sua presença na negociação da divisão de respon-sabilidades, focando no aspecto de participação do Brasil no sistema de controle de atitude, tecnologia ainda não dominada pelo Brasil, mas o Inpe/MCT negou a presença da indústria nas referidas discussões, e, no usual relacionamento com a China, submeteu-se ao bloqueio da China do não acesso brasileiro ao item em questão, tão importante para o Brasil.

Em dezembro de 2007 o Inpe retirou do escopo negociado de responsabilidade brasileira itens que seriam desenvolvidos pelo Brasil, para os quais já haviam sido qualificadas empresas brasileiras, realizando sua aquisição diretamente na China.

Walter Bartels | 2 | COLABORAÇÕES E Câmara Cimex e Sensor de Umidade – (Satélite EOS-PM1) (Brasil / Estados Unidos)

O documento PNAE 1998 – 2007, apresenta na sua p. 29 o seguinte texto:

“Cargas Úteis e Iniciativas Complementares

Experimentos em Missões de Cooperação com Agências Espaciais Estrangeiras No âmbito de acordos de cooperação com a Nasa, estão previstas missões científicas ou de aplicações utilizando cargas úteis desenvolvidas no Brasil e embarcadas em voos do Space Shuttle ou transportadas em satélites daquela agência. Um primeiro experimento (projeto Cimex), programado para dois voos a partir de 1999, servirá para testar uma câmara CCD, operando na faixa do infravermelho. Um segundo projeto (HSB) consiste no desenvolvimento de um sensor de umidade atmosférica que irá integrar a carga útil do satélite EOS-PM1, com lançamento previsto para o ano 2000. Ambas as cargas úteis estão em fase de desenvolvimento.

Novos experimentos deverão também realizar-se no período coberto por este Pro-grama, em função de oportunidades de cooperação que estão sendo discutidas com outras agências estrangeiras.”

A Câmara Cimex teve seu contrato de desenvolvimento assinado com uma em-presa francesa. Porém o objeto nunca foi concluído, por não atender aos requisi-tos previsrequisi-tos pela Nasa. Tratava-se de um projeto experimental, para desenvolvi-mento de tecnologia, a ser voado no Space Shuttle, o qual teria sido uma excelente oportunidade para empresas nacionais, em continuação às câmaras do CBERS 1 e 2, como forma de desenvolvimentos futuros para cargas úteis do satélite SSR da MECB e, principalmente para os satélites CBERS 3 e 4.

O Sensor de Umidade foi objeto de contrato em 1997 com outra empresa francesa para desenvolvimento de sensor a ser fornecido à Nasa para o satélite EOS PM-1.

O projeto HSB, ou “Humidity Sensor for Brazil”, teve a participação de empresa brasileira como subcontratada (cerca de 20% do valor do contrato), porém foi todo desenvolvido e fabricado no exterior, cabendo à parte brasileira apenas as ativida-des de montagem eletrônica e ativida-desenvolvimento de um equipamento de teste.

Os dois itens são exemplos em que o Brasil financiou o desenvolvimento de tec-nologia em país desenvolvido, e seus objetivos não atenderam nem as diretrizes

Walter Bartels | 2 | COLABORAÇÕES E do Decreto 1.332 da Política Nacional de Desenvolvimento das Atividades

Espa-ciais e menos ainda o definido na PNDAE 1998-2007.

Estação de Recepção para os Satélites CBERS 1 e 2

Este projeto deveria ter sido tratado como prioritário para o país. Havia e há uma capacitação, ao menos parcial, para o seu desenvolvimento no Brasil, porém foi totalmente contratado no exterior junto às duas empresas, uma francesa e a outra americana, sem qualquer contrapartida. As empresas vencedoras também foram contratadas para o fornecimento de sistemas para a recepção e processamento das imagens recebidas pelo satélite sino-brasileiro.

Satélite Científico Franco-Brasileiro (Brasil / França)

A responsabilidade de cada país no referido satélite ficou definida em 50% para cada participante, inclusive ele incorporava experimentos de outras partes. Mas na cota brasileira negociada pelo Inpe constava a estação de solo, e, como a es-pecificação era francesa, só a França poderia fornecê-la, outra vez prejudicando a existência de maior conteúdo nacional em projeto espacial. A França rompeu intempestivamente o acordo, e o satélite não foi concluído, porém a referida es-tação foi recebida pelo Brasil, e assim foi procurado um novo problema para atender uma solução.

Walter Bartels | 2 | COLABORAÇÕES E

Anexo 2

Programa Espacial Brasileiro – Transformação de Cunho de

No documento A Política Espacial Brasileira (páginas 151-155)