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Ache tempo para se ouvir e falar de você

Não apenas os jovens e pessoas que viveram fracassos na vida têm grandes dificuldades de superar o cárcere da emoção, mas também, na outra ponta, os homens de sucesso. Parece contraditório, mas muitos juízes, ilustres advogados, professores universitários e líderes religiosos têm grande dificuldade de abrir as algemas da emoção. Por quê? Falta-lhes experiência de vida? Não!

O maior problema é que à medida que eles sobem na escala do sucesso, vão se tornando cada vez mais ilhados dentro de si mesmos. Estão sós no meio da multidão. Tornam-se, assim, parceiros da solidão, embora vivam rodeados de pessoas. A sabedoria requer uma dose de solidão, mas quando a dose é alta, ela sufoca o prazer de viver e gera um isolamento doentio. Os que nunca falam das suas frustrações têm chances mínimas de aliviá-las. Os que se silenciam sobre seus sofrimentos expandem a sua dor. Você precisa encontrar tempo para falar das suas dificuldades. Precisa encontrar tempo para se ouvir.

Uma pessoa é tanto mais saudável quanto mais ela é desarmada e consegue falar de seus sentimentos e compreender as emoções dos outros. Olhe para você e avalie se você é um livro fechado ou aberto. Quantas vezes você faz uma pausa e reflete sobre sua vida? Quantas vezes você consegue desfazer seus compromissos e acha espaço para refletir sobre os pilares de sua existência? Muitos são ótimos para trabalhar, mas péssimos para cuidar de si mesmos. Eles têm tempo para tudo, mas não para dialogar consigo mesmos.

Se você não acha tempo para fazer uma mesa redonda sobre suas dificuldades e nem sobre seu projeto de vida, talvez esteja vivendo a pior de todas as solidões, a solidão de ter

abandonado a si mesmo em sua trajetória de vida. Estar só no meio da multidão é suportável, mas estar só dentro de si mesmo é inadmissível. Treine gastar tempo com aquilo que lhe traz paz. Jamais deixe de se colocar como aluno na escola da vida, somente assim você terá recursos para corrigir as suas rotas.

Muitas vezes achamos que não temos tempo e nem habilidade para falar conosco mesmos e nem com as pessoas que nos rodeiam. Alguns só conseguem falar de si mesmos quando estão psiquicamente doentes. Isto é um grande erro. Se esse é o seu caso, você precisa superar essa barreira. Deixe-me lembrá-lo de que transpor barreiras já foi a sua especialidade.

Vivemos uma aventura mais perigosa e muito mais intensa no início da vida do que aqueles que escalaram o Everest. Hillary e Norgay atingiram o topo do mundo, escalaram aproximadamente 8550 m de altura. Uma façanha enorme! Mas na corrida pela vida fomos os maiores alpinistas do mundo.

Comparando o tamanho do espermatozóide com as montanhas e penhascos que escalamos dentro do útero para fecundar o óvulo, subimos milhares de Everest sem qualquer equipamento. Acredite ou não você participou da maior façanha da história. Sem tal façanha você jamais saberia o que é o sabor da solidão nem o conforto de um amigo.

Quando você estiver sem auto-estima saiba que em todas as suas células e no âmago de sua emoção há uma força incrível. Não tenha medo de falar de si mesmo. Não se furte de ouvir as pessoas que o rodeiam. Descubra o prazer de se deixar ser tocado. Dispa-se da maquiagem social e vista o manto de sua humanidade.

Sinta como é bom sentar com seus filhos ou com seus pais e descobri-los na sua intimidade. Você nem imagina o quanto é bom transformar pessoas distantes em pessoas

próximas. Ninguém é tão comum que não seja interessante. Até os “psicóticos” têm algo a nos ensinar, têm encanto em seus delírios.

No início da vida você tinha tudo para não chegar primeiro. Tinha chances de sobra para ser um grande perdedor, mas venceu. Você se tornou o número um entre milhões.

Hoje você desenvolveu uma personalidade complexa. Não precisa ser mais o número um. A paranóia de ser o número um conspira contra a sabedoria. Ela é animalesca, instintiva, genética. Ela só tem fundamento no mundo dos esportes e mesmo assim com muitas restrições. Seja o número dois, mas com dignidade. Vença a paranóia de ser o número um em todas as atividades humanas. Aceite suas limitações com naturalidade. Não coloque um peso sobre você acima do que você possa suportar. Seja o número um em ser fiel à sua consciência e em fazer tudo que estiver ao seu alcance para ter dignidade e eficiência, mas não para que o mundo esteja aos seus pés.

De que adianta você ter o mundo aos seus pés e ser ansioso, impulsivo e infeliz? Descubra o prazer de penetrar no mundo de outras pessoas e ser solidário com elas. Saiba que nem seus íntimos você conhece bem. No máximo, conhece algumas áreas de sua intrincada personalidade.

Saiba que o verdadeiro treinamento emocional não é chegar na frente, não é subir no pódio sozinho, mas chegar junto com outros, abraçar e envolver as pessoas. Nossa felicidade depende da dos outros. Divida sua tranqüilidade que ela se multiplicará, reparta sua felicidade que ela se expandirá.

Você já conquistou o pódio da vida. Agora precisa desfrutar do prazer da vitória. Pense, sua vida é mais importante que todo dinheiro do mundo, que todas as estrelas do universo. O espaço de tempo entre a meninice e a velhice é

tão breve como a aurora e o ocaso. Por ser brevíssima, cuide dela com o máximo de carinho e inteligência.

Você viveu o maior