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A história do mestre dos mestres

Muitos homens brilharam ao longo da história na arte de pensar. Sócrates foi um questionador do mundo. Platão foi um pesquisador das relações sócio-políticas. Hipócrates, pai da medicina, foi um investigador do corpo humano. Confúcio foi um filósofo da brandura. Sidarta Gautama, o fundador do budismo, foi um pensador da harmonia interior. Moisés foi o grande mediador do processo de liberdade do povo de Israel, dirigindo-o em busca da terra de Canaã. Maomé, em sua peregrinação profética, unificou um povo dividido e sem identidade, o povo árabe.

Há muitos outros homens que expandiram o mundo das idéias no campo espiritual, filosófico, sociológico, psicológico, físico, como Tomás de Aquino, Agostinho, Hume, Bacon, Spinoza, Kant, Descartes, Galileu, Voltaire, Rosseau, Shakespeare, Hegel, Marx, Newton, Max Well, Gandhi,

Freud, Einstein, Viktor Frankl, etc. Tais homens honraram suas inteligências, semearam idéias, romperam conceitos, ampliaram horizontes e influenciaram gerações.

Houve um homem cujas idéias não apenas influenciaram gerações, mas causaram a maior revolução da história. O seu nascimento dividiu a história. Ele é o mais lido do mundo, embora não tenha escrito nenhuma palavra. Ele é o mais estudado da atualidade, embora seja o mais cercado de mistérios e o menos conhecido. Inúmeras pessoas em todo o planeta se dividiram em milhares de religiões em torno do seu nome, mas às portas da morte ele rogava aos seus íntimos amigos que amassem uns aos outros em detrimento de suas diferenças.

Grande parte dos cientistas o admira profundamente, mas a ciência nunca o estudou nem conheceu os seus mais complexos pensamentos. Milhões de professores nutrem grande respeito por ele, mas o mundo educacional não o conheceu seriamente nem compreendeu os fundamentos de sua pedagogia e psicologia. Ele foi o mais excelente mestre da emoção. Tudo o que foi escrito até agora sobre o treinamento da emoção, ele viveu e praticou na plenitude e, surpreendentemente, levou pessoas sem qualquer qualificação intelectual a praticá-lo.

Por onde passou deixou todos atônitos, tanto os que o amaram como os que o rejeitaram. Seus inimigos não sabiam como defini-lo. Ficavam perturbados com seus gestos e pensamentos, mas não conseguiam ficar longe dele, por isso faziam plantão para ouvi-lo.

Seus amigos também não conseguiam descrevê-lo. Ele não lhes prometeu um céu sem tormentas nem um caminho sem turbulências, mas, ainda assim, não conseguiam deixar

de segui-lo. Suas palavras resgatavam o sentido da vida e seus gestos ensinavam-lhes a navegar no território da emoção.

Muito do que você e eu pensamos sobre a vida, as relações sociais, o amor, o respeito pelos direitos humanos e os mistérios da existência está ligado aos pensamentos que ele transmitiu. Ele virou o mundo de cabeça para baixo. O mais ardente ateu, se analisá-lo destituído de preconceitos, ficará assombrado com seus pensamentos.

Ele foi contra a lógica religiosa de sua época Ele foi contra a lógica religiosa de sua época Ele foi contra a lógica religiosa de sua época Ele foi contra a lógica religiosa de sua época

Ele foi contra a lógica religiosa de sua época. Muitos líderes religiosos aguardavam seu nobre nascimento. Seria o maior nascimento da história. Esperavam que alguém tão grande nascesse em um grande palácio e fosse educado aos pés dos homens mais cultos de sua época. Mas ele nasceu num estábulo, veio ao mundo de maneira mais pobre do que muitos miseráveis. Seus pequenos pulmões se abriram para respirar o odor de estrume fermentado.

Rejeitou a escola dos cultos, preferiu a escola da vida. Nessa escola ele foi o mestre dos mestres. Soube transitar pelo caos social, pelas dores, pelas rejeições, pelas necessidades, com uma sabedoria fascinante. Quando abria sua boca, todos ficavam estarrecidos com sua inteligência, eloqüência e capacidade de argumentação. Não quis assentar-se num trono confortável e nem poupou sua vida de labores. Ocultou-se na pele de um carpinteiro.

Enquanto o sol escaldante queimava o seu rosto e podia- se ouvir os estalidos do martelo, ele mapeava a alma humana. Enxergou além da cortina dos comportamentos e compreendeu o que estava por detrás das reações de cada pessoa. Ninguém foi tão longe em perceber os becos da alma e as vielas da emoção. Sua capacidade de interpretar

o ser humano ultrapassava em muito a dos melhores pensadores da psicologia. O carpinteiro da vida, com suas mãos, entalhava madeira e, com suas palavras, lapidava a emoção humana.

Ele também foi contra a lógica política Ele também foi contra a lógica política Ele também foi contra a lógica política Ele também foi contra a lógica política

Ele também foi contra a lógica política. Mudou completamente a maneira como o homem deveria encarar o poder. Demonstrava possuir uma força que homem algum jamais teve, mas não gostava de ostentá-la. Fazia milagres surpreendentes, capaz de deixar pasmada a medicina moderna, mas espantosamente rogava às pessoas que ajudava que não contassem para ninguém o que havia feito. Sua ética confrontava com nossos paradigmas. Nós gostamos de alardear nossos feitos, ele gostava de ocultá-los.

Os poderosos sempre quiseram ser deus, mas o único que foi considerado Deus insistia em ser reconhecido como “filho do homem”. O mestre da emoção amava passar despercebido, apreciava ter amigos e não admiradores que o aplaudissem. Aliviou a dor de todos que passaram pelo seu caminho, à exceção de si mesmo. A grandeza deste mestre não estava no seu poder, mas na desnecessidade de usá-lo em proveito próprio.

Era de se esperar que um homem tão forte pressionasse as pessoas a segui-lo. Mas contrariando a lógica do poder, nunca controlava ninguém. Nunca impunha as suas idéias, apenas as expunha. Naqueles ares ouvia-se um convite eloqüente: “aprendei de mim...”, “vinde a mim...”. Se alguém quisesse segui-lo tinha de aceitar seu convite e amá-lo espontaneamente. Somente alguém tão grande e consciente do seu valor é capaz de dar o direito às pessoas de amá-lo ou rejeitá-lo. O mestre da emoção viveu e ensinou as lições mais sublimes da liberdade.

Toda vez que pressionamos as pessoas a nos seguirem, mesmo nossos filhos, e controlamos seus comportamentos, não estamos ensinando-lhes a pensar com consciência e liberdade. Os fortes alimentam a liberdade e os fracos a desnutrem. O mestre da vida treinou a emoção humana para ser livre paradecidir com consciência.

Ele ainda foi contra a lógica socialEle ainda foi contra a lógica socialEle ainda foi contra a lógica socialEle ainda foi contra a lógica socialEle ainda foi contra a lógica social. O homem aprecia ter o mundo aos seus pés. Até os que se sentem inferiores escondem inconscientemente o orgulho debaixo do tapete da inferioridade. O impacto emocional enorme que sofrem quando alguém os contraria é um reflexo de que se sentem intocáveis, não admitem ser atingidos.

Ele andou na contramão da ansiosa busca pela fama. Seus gestos inusitados e seus discursos arrebatadores o tornavam a cada dia mais famoso. Era impossível ocultá-lo. Mas ele desdenhava da fama, pois procurava o aconchego dos amigos simples e o prazer nas pequenas coisas.

Não era intocável. Podiam criticá-lo, mas reagia com paciência. Podiam ofendê-lo, mas não condenava seus opositores nem fugia do ambiente. Os homens podiam ser seus inimigos, mas ele não tinha inimigo. Não permitia que o lixo social entulhasse a sua emoção. Ele era livre, numa área em que facilmente somos prisioneiros.

O mestre da vida sabia proteger sua emoção, pois nunca reagia antes de pensar. Produzia respostas brilhantes em situações caóticas. Em ambientes em que corria risco de morrer e só era possível reagir com desespero, ele reagia com a mais alta tranqüilidade. Medo não fazia parte do dicionário da sua vida.

Todas as universidades usam milhares de idéias filosóficas, psicológicas e sociológicas para ensinar a

solidariedade, a tolerância e o respeito incondicional pelos direitos humanos a seus alunos e nem sempre têm êxito. Mas o mestre dos mestres, usando o fenômeno do silêncio, treinou a emoção dos seus discípulos para que eles aprendessem o que raramente as palavras conseguem ensinar.

Deveria almejar como todos imperadores romanos que os homens se prostrassem aos seus pés. Mas, para nossa surpresa, ele se dobrou aos pés dos homens. Pegou uma toalha, uma bacia de água e começou a lavar silenciosamente os pés dos seus incultos e rígidos discípulos. Seu gesto ímpar refletia muito mais do que um comportamento humilde: expressava o mais excelente treinamento da emoção. Ele economizou milhares de aulas com um único procedimento. Nunca alguém teve tanta habilidade para penetrar no âmago da alma humana e transformar as rotas da emoção. Sob seus cuidados, homens sem qualquer qualificação intelectual tornaram-se poetas da vida.