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6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.2 MINERALOGIA DA FRAÇÃO ARGILA

6.2.4 Acre perfil 11 (AC11)

Na amostra do horizonte Ap saturada com Mg2+ o pico mais intenso é a 1,578 nm, indicativo da esmectita, sendo as quantidades de ilita (1,003, 0,499 e 0,334 nm) e da caulinita (0,710 e 0,357 nm) relativamente baixas. O pico da esmectita expande com etileno glicol a 1,734 nm, confirmando sua presença. (Figura 12a).

A presença de quartzo na fração argila é confirmada pelos picos a 0,425 nm e 0,334 nm. Este último está reforçado pelo terceiro pico da mica ou ilita (Figura 13a). Nessa amostra, portanto, há uma grande quantidade de esmectitas, seguido de caulinita e depois da ilita.

No difratograma da amostra saturada com potássio e lida a temperatura ambiente (K25), o pico ocorre a 1,292 nm, havendo colapso apenas parcial das camadas pelo aquecimento a temperaturas mais altas. Em 350°C, há permanência de reflexo a 1,174 nm, possivelmente indicativos da presença de polímeros de hidroxi-Al entrecamadas, mas o pico a 1,003 nm é bastante reforçado, indicando também esmectitas puras (Figura 12b).

As quantidades dos argilomierais presentes na amostra indicaram 61 % de esmectitas, 19% de ilita e 20 % de caulinita (Tabela 3).

Figura 12 - (a) Difratogramas de amostras da fração argila saturadas com magnésio (Mg2+) e magnésio mais etileno glicol (Mg+EG) e; (b) com potássio (K+) a diferentes temperaturas: a temperatura ambiente (K25), a 100°C (K100), 350°C (K350) e a 550°C (K550) do horizonte Ap de Vertissolo Háplico Órtico luvissólico do Acre AC11).

Fonte: produção do próprio autor.

No horizonte Bv, nas amostras saturadas com Mg2+, o comportamento é similar ao verificado anteriormente, com alta quantidade de esmectitas, indicadas pelo pico 1,570 nm que se expande a 1,734 nm com etileno glicol (Figura 13a), seguidos quantidades menores de ilitas (1,003 nm) e uma quantidade um pouco maior de caulinita indicada pelos picos a 0,719 e 0,357 nm. Observa-se também

(b) (a)

uma sobreposição no pico de quartzo. A esmectita fica bem caracterizada na amostra saturada com etileno glicol, na qual aparecem picos 0,856 e a 0,627 nm, correspondendo aos picos de segunda e terceira ordem (Figura 13a).

Já na amostra saturada com potássio e lida a temperatura ambiente, ocorre apenas um reflexo largo e assimétrico com posição média em torno de 1,151 nm. O aquecimento a 100 e 350°C vai provocando contração das camadas, reforçando o pico a 1,011 nm, mas não há colapso completo das camadas nessa posição, como seria esperado para esmectitas puras (Figura 13b).

Mesmo após aquecimento a 550°C não há colapso completo, permanecendo assimetria para ângulos mais baixos. Considerando esse comportamento, admite-se a existência de duas populações de esmectitas nessa amostra, uma com pouca ou nenhum material entrecamadas e outra com forte intercalação de polímeros de hidroxi-Al entrecamadas, considerando os processos anteriormente mencionados (Figura 13b). As proporções aproximadas dos argilominerais presentes são de 79 % de esmectitas, 10 % de ilitas e 11% de caulinitas (Tabela 3).

Figura 13 - (a) Difratogramas de amostras da fração argila saturadas com magnésio (Mg2+) e magnésio mais etileno glicol (Mg+EG) e; (b) com potássio (K+) a diferentes temperaturas: a temperatura ambiente (K25), a 100°C (K100), 350°C (K350) e a 550°C (K550) do horizonte Bv de Vertissolo Háplico Órtico luvissólico do Acre (AC11).

Fonte produção do próprio autor.

6.2.5 Bahia (BA)

Na amostra do horizonte A, saturada com Mg2+ (Figura 14a), observa-se um pico muito expressivo (1,570 nm) que se desloca a 1,760 nm com etileno glicol, indicando predomínio de esmectitas. Picos a 1,003, 0,501 e 0,334 nm indicam ilita e picos a 0,719 e 0,356nm indicam caulinita, ambos em proporções muito baixas. Quartzo também está presente em pequenas proporções (picos a 0,425 e 0,334 nm). Na amostra saturada com K+ (Figura 14b), o comportamento é similar ao verificado na amostra do horizonte Bv do solo do Acre, valendo a mesma interpretação e considerações feitas para aquele solo.As proporções aproximadas dos argilominerais presentes são de 79 % de esmectitas, 15 % de ilitas e 6 % de caulinita (Tabela 3).

Na amostra do horizonte B, saturada com Mg2+ (Figura 15a), observa-se um pico muito expressivo a 1,471 nm que se desloca a 1,734 nm com etileno glicol, indicando predomínio de esmectitas. Picos a 1,011, 0,497 e 0,333 nm indicam ilita, em muito baixa quantidade, e picos mais intensos que na amostra do horizonte A em 0,719 e 0,357nm indicam caulinita, em quantidades expressivas, porém mais baixas do que a esmectita. Quartzo também está presente em pequenas proporções (picos a 0,425 e 0,333 nm). Na amostra saturada com K+ (Figura 15b), o comportamento é similar ao verificado na amostra do horizonte Bv do solo do Acre, valendo a mesma interpretação e considerações feitas para aquele solo.

Figura 14 - (a) Difratogramas de amostras da fração argila saturadas com magnésio (Mg2+) e magnésio mais etileno glicol (Mg+EG) e; (b) com potássio (K+) a diferentes temperaturas: a temperatura ambiente (K25), a 100°C (K100), 350°C (K350) e a 550°C (K550) do horizonte A de Vertissolo Háplico Órtico típico da Bahia (BA).

Fonte: produção do próprio autor.

Portanto, no horizonte B do solo da Bahia ocorre mais caulinita no horizonte subsuperficial do que no horizonte superficial. Esse comportamento parece indicar a presença de material mais jovem na superfície desse solo, possivelmente oriundo de deposição de materiais recentes de constituição diferente da litologia subjacente. Trata-se de um Vertissolo, localizado em um ambiente úmido do Recôncavo Baiano, onde parece estar ocorrendo destruição das esmectitas, e por isso

(a)

ocorrem altos teores de Al trocável nesses solos no horizonte subsuperficial (Tabela 5). As proporções aproximadas dos argilominerais presentes são de 67 % de esmectitas, 2 % de ilitas e 31% de caulinitas (Tabela 3).

Figura 15 - (a) Difratogramas de amostras da fração argila saturadas com magnésio (Mg2+) e magnésio mais etileno glicol (Mg+EG) e; (b) com potássio (K+) a diferentes temperaturas: a temperatura ambiente (K25), a 100°C (K100), 350°C (K350) e a 550°C (K550) do horizonte B de Vertissolo Háplico Órtico típico da Bahia (BA).

Fonte: produção do próprio autor.

6.2.6 Pernambuco (PE)

(b) (a)

No horizonte Ap da amostra saturada com Mg2+, nota-se um pico muito intenso em 1,614 nm indicando um argilomineral já bastante expandido a temperatura ambiente, provavelmente tratando-se de esmectita. Quando saturada com etileno glicol há uma expansão nos picos de 1,614 nm para 1,734 nm, comprovando esmectita. Ocorre também pequeno pico de 1,011 nm (mica ou ilita) e uma quantidade razoavelmente alta de caulinita, com picos de 0,723 nm (001) e de 0,357 nm (002) Há também pequena quantidade de quartzo, indicada pelos picos a 0,425 e 0,334 nm (Figura 16a).

O pico que aparece no Mg2+ em 1,614 nm, na amostra tratada com K25 ocorre em 1,321 nm, sofrendo contração paulatina até 1,003 nm na amostra aquecida a 550°C. Na amostra aquecida a 350°C, entretanto, não ocorre colapso completo das camadas. Ao contrário, o pico de 1,003 nm é ligeiramente reforçado, mas grande parte permanece com pico em torno de 1,250 nm, indicando presença de material entrecamada, que impede a contração completa. Este comportamento indica que parte das esmectitas presentes são mais puras e grande parte deve apresentar forte intercalação com polímeros de hidroxi-Al entrecamadas (Figura 16b). As proporções aproximadas dos argilominerais presentes são de 46 % de esmectitas e 54 % de caulinita (Tabela 3).

Figura 16 - (a) Difratogramas de amostras da fração argila saturadas com magnésio (Mg2+) e magnésio mais etileno glicol (Mg+EG) e; (b) com potássio (K+) a diferentes temperaturas: a temperatura ambiente (K25), a 100°C (K100), 350°C (K350) e a 550°C (K550) do horizonte Ap de Argissolo Vermelho-Amarelo Alítico típico de Pernambuco (PE).

Fonte: produção do próprio autor.

No horizonte Bt2 o comportamento dos difratogramas (Figuras 17a, Mg2+ e 17b, K+), bem como os componentes mineralógicos, foram similares aos do horizonte superficial diferindo apenas pela maior quantidade de esmectita em relação à caulinita.

Figura 17 - (a) Difratogramas de amostras da fração argila saturadas com magnésio (Mg2+) e magnésio mais etileno glicol (Mg+EG) e; (b) com potássio (K+) a diferentes temperaturas: a temperatura ambiente (K25), a 100°C (K100), 350°C (K350) e a 550°C (K550) do horizonte Bt2 de Argissolo Vermelho-Amarelo Alítico típico de Pernambuco (PE).

(a) (b)

Fonte: produção do próprio autor.

Neste solo, os teores de Al extraídos com KCl foram extremamente altos e os horizontes subsuperficiais apresentam mosqueados, devido à drenagem moderada decorrente da oscilação do lençol freático. Esses fatores apontam para a ocorrência de processos de destruição dessas esmectitas na região úmida onde ocorrem atualmente, liberando grandes quantidades de Al, que em grande parte passa a ocupar o espaço entrecamadas.

As proporções aproximadas dos argilominerais presentes são de 57% de esmectitas e 43% de caulinita (Tabela 3).

6.2.7 Rio Grande do Sul perfil 11 (RS11)

Na amostra saturada com Mg2+ e lida a temperatura ambiente do horizonte A2, evidencia-se um predomínio quase absoluto de esmectitas, com pico a 1,509 nm, o qual expande a 1,734 nm com etileno glicol. Os picos a 1,011, 0,501 e 0,334 nm indicam pequenas quantidades de mica ou ilita; já os que ocorrem em 0,723 e 0,356 nm são indicativos de pequenas quantidades de caulinita. Quartzo também é indicado pelos picos em 0,427 e 0,334 nm (neste caso reforçados pelo da mica) (Figura 18a). Na amostra com Mg2+, observa-se que o pico 001 da caulinita apresenta forte assimetria, com “background” alto em direção aos ângulos mais baixos. Este comportamento geralmente é indicativo de interestratificados, neste caso do tipo caulinita-esmectita.

Enquanto na amostra com Mg2+ o pico da esmectita está a 1,509 nm, na tratada com K25 ele ocorre a 1,321 nm, mostrando o efeito da hidratação do íon, que é menor no tratamento com K+. À medida que as amostras são aquecidas as camadas das esmectitas vão colapsando, com incremento da intensidade do pico em torno de 1,003 nm e formando um pico relativamente simétrico em 0,994 nm pelo aquecimento a 550°C. Entretanto, no tratamento K350°C nota-se um colapso incompleto, formando pico em torno de 1,186nm (Figura 18b). Isto indica que parte maior das esmectitas são puras, enquanto parcela expressiva apresenta, provavelmente, polímeros de Al entrecamadas, dada a elevada quantidade de Al extraído com KCl nesse solo.

A amostra aquecida a 550°C parece destruir parte desses polímeros, mas não completamente à medida que fica uma assimetria a 0,994 nm para ângulos mais baixos. O aquecimento nessa temperatura destrói o pico da caulinita e reforça os picos dos argilominerais 2:1(Figura 18b).

As proporções aproximadas dos argilominerais presentes nesse horizonte são de 85% de esmectitas e 15% de ilita, não tendo sido possível quantificar a caulinita (Tabela 3).

Figura 18 - (a) Difratogramas de amostras da fração argila saturadas com magnésio (Mg2+) e magnésio mais etileno glicol (Mg+EG) e; (b) com potássio (K+) a diferentes temperaturas: a temperatura ambiente (K25), a 100°C (K100), 350°C (K350) e a 550°C (K550) do horizonteA2 de Luvissolo Hipocrômico Órtico alumínico Horizonte do Rio Grande do Sul Perfil 11 (RS11).

Fonte: produção do próprio autor.

A amostra mista dos horizontes Btx+Btgx1 tem comportamento e características mineralógicas similares à do horizonte A2, por isso não estão indicados os difratogramas. As proporções aproximadas dos argilominerais presentes nesse horizonte são de 80% de esmectitas e de 20% de ilita (Tabela 3).

6.2.8 Rio Grande do Sul – Rosário do Sul (RSRS)

No horizonte A2 da amostra saturada com Mg+2 nota-se um pico de 1,614 nm que se expande com etileno glicol a 1,734 nm, comprovando a presença de esmectita. Picos a 1,011, 0,501 e 0,334 nm, indicam mica ou ilita, e picos a 0,728 e 0,357 nm indicam caulinita, em quantidades decrescentes desses minerais nessa ordem. Os picos da caulinita são largos e assimétricos, indicando caulinita de baixa cristalinidade e, ou pequeno tamanho. Os picos em 0,427 e 0,334 nm (este reforçado pelo da mica) são indicativos de quartzo (Figura 19a).

Já o pico que no Mg2+ ocorria a 1,614 nm (Figura 19a), na amostra saturada com K25 se manifesta em 1,351 nm (Figura 19b) sofrendo um colapso, pela menor hidratação desse íon. Quando a amostra é aquecida a verifica-se um deslocamento da posição dos reflexos, sendo que a 350°C, embora o pico a 1,003 nm seja bastante reforçado em relação aos de temperaturas mais baixas, não há um colapso completo das camadas, permanecendo pico em 1,211 nm. No aquecimento a 550°C, forma-se pico assimétrico com maior expressão

em 1,003 nm (Figura 19b). Estes comportamentos indicam que parte das esmectitas são puras, e parte têm forte intercalação com polímeros de hidroxi-Al entrecamadas.

Figura 19 - (a) Difratogramas de amostras da fração argila saturadas com magnésio (Mg2+) e magnésio mais etileno glicol (Mg+EG) e; (b) com potássio (K+) a diferentes temperaturas: a temperatura ambiente (K25), a 100°C (K100), 350°C (K350) e a 550°C (K550) do horizonte A2de um Argissolo Bruno-Acizentado Alítico típico do Rio Grande do Sul (RS11).

Fonte: produção do próprio autor.

(a)

Portanto, as proporções aproximadas dos argilominerais presentes são de 88% de esmectitas e 12%, de ilita. Parcelas de caulinitas também são evidentes nos difratogramas com Mg2+, mas não foi possível sua quantificação (Tabela 3).

Figura 20 - (a) Difratogramas de amostras da fração argila saturadas com magnésio (Mg2+) e magnésio mais etileno glicol (Mg+EG) e; (b) com potássio (K+) a diferentes temperaturas: a temperatura ambiente (K25), a 100°C (K100), 350°C (K350) e a 550°C (K550) do horizonte Bt3 de Argissolo Bruno-Acizentado Alítico típico do Rio Grande do Sul (RS11).

Fonte: produção do próprio autor.

(a)

No horizonte Bt3 desse solo, os difratogramas do Mg2+ e Mg2+ mais etileno glicol revelam que os componentes mineralógicos são semelhantes aos do horizonte A2, porém a área do pico das esmectitas é maior do que no daquele, indicando maiores quantidades dessas em relação à ilita e caulinita (Figura 20a).

6.2.9 Santa Catarina Bom Retiro (SCBR)

No horizonte A da amostra saturada com Mg2+, observa-se uma maior quantidade de argilominerais de camada 1:1, do tipo caulinita, indicada pelos picos mais intensos em 0,719 nm (001) e 0,356 nm (002). O pico no plano 001 é largo e assimétrico (LMA= 0,884 nm Tabela 3), indicando caulinitas de baixa cristalinidade e, ou pequeno tamanho. Pico com área inferior ao da caulinita, em 1,509 nm, mas que não sofre expansão com etileno glicol, indica provavelmente vermiculita ou esmectita com polímeros de Al entrecamadas (Figura 21a).

Na amostra saturada com K+ e lida à temperatura ambiente (K25), ocorre pico em 1,351 nm. Com o aquecimento, as camadas vão sofrendo contração, mas tanto no tratamento K350 como no K550 não se observa um colapso, evidenciado pela forte assimetria dos picos desde 1,020 nm para ângulos mais baixos. Isto revela que os argilominerais 2:1 apresentam forte intercalação com polímeros de hidroxi-Al nas entrecamadas (Figura 21b).

As proporções aproximadas dos argilominerais nesse horizonte são de 40% de esmectitas ou vermiculitas com hidroxi-Al, 2% de mica ou ilita e 58% de caulinita (Tabela 3).

No horizonte Bi da amostra saturada com Mg2+, a caulinita ainda é o argilomineral dominante, indicada pela maior área dos picos em 0,723 nm em relação aos de 1,471 nm. O pico dos argilominerais 2:1, em 1,471 nm, sofre ligeira expansão no tratamento com etileno glicol, formando um “duplo pico” um com 1,614 nm e o outro com 1,453 nm (Figura 22a), que podem indicar tanto vermiculita, como esmectita. Parte dessas não sofreu expansão, feição comum em vermiculitas e esmectitas com polímeros de hidroxi-Al entrecamadas (BARNHISEL & BERTSCH, 1989), e outra parte que sofreu ligeira expansão indicando argilominerais 2:1 mais puros. Entretanto, não é possível concluir que trata-se de esmectita ou vermiculita. Na amostra desse horizonte tem pouca ilita, indicada pelo pequeno pico em torno de 1,011 nm no tratamento com Mg+2 (Figura 22a)

Figura 21 - (a) Difratogramas de amostras da fração argila saturadas com magnésio (Mg2+) e magnésio mais etileno glicol (Mg+EG) e; com potássio (K+) a diferentes temperaturas: a temperatura ambiente (K25), a 100°C (K100), 350°C (K350) e a 550°C (K550) do horizonte A de Cambissolo Húmico Alítico típico de Santa Catarina- Bom Retiro (SCBR).

Fonte: produção do próprio autor.

O comportamento da amostra saturada com K+ desse horizonte foi similar à do horizonte A, não havendo colapso completo das camadas pelo aquecimento às temperaturas de 350 e 550°C(Figura 22b).

(a)

Portanto, as proporções aproximadas dos argilominerais presentes são de 40% de esmectitas, 5% de micas ou ilitas e 55% de caulinita (Tabela 3).

Figura 22 - (a) Difratogramas de amostras da fração argila saturadas com magnésio (Mg2+) e magnésio mais etileno glicol (Mg+EG) e; (b) com potássio (K+) a diferentes temperaturas: a temperatura ambiente (K25), a 100°C (K100), 350°C (K350) e a

550°C (K550) do horizonte A de um

Cambissolo Húmico Alítico típico de Santa Catarina- Bom Retiro (SCBR).

Fonte: produção do próprio autor.

(a)

6.2.10 Santa Catarina Curitibanos (SCCB)

Estudo realizado por Almeida et al. (2003) para amostras dos horizontes A e B do Latossolo Bruno de Curitibanos, utilizadas nesse trabalho, na fração argila a caulinita representa em torno de 85%, seguida de 15% de argilominerais 2:1 com polímeros hidróxi-Al entrecamadas (2:1 HE). Nos óxidos de ferro predominou a goethita. Em proporções menores, ocorrem gibbsita e quartzo.

6.2.11 Santa Catarina – São Joaquim Perfil 8 (SC8SJ)

No horizonte A1, as quantidades de argilominerais 2:1 parecem ser mais baixas do que a caulinita. Na amostra saturada com Mg2+, o pico de argilominerais 2:1 expansíveis ocorre em torno de 1,490 nm, deslocando-se de maneira não uniforme para 1,570 nm após impregnação com etileno glicol (Figura 23a) indicando a presença de esmectitas com polímeros de Al entrecamadas. Caulinita dominante é indicada pelos picos largos e assimétricos em 0,728 e 0,358 nm, indicativos de baixa cristalinidade e, ou pequeno tamanho dos cristais. O pico em 0,485 nm que é o da gibbsita, que ocorre em pequena quantidade. No tratamento K25, ocorre um pico em 1,400 nm, que se desloca para 0,998 nm quando amostra é aquecida a 550°C. Mas mesmo nessa temperatura o “background” se mantém muito alto, formando um “patamar” em toda a extensão à esquerda do pico de 0,994 nm, indicando a presença de grandes quantidades de polímeros de hidroxi-Al entrecamadas, provavelmente ocupando irregularmente as mesmas (Figura 23b).Portanto, as proporções aproximadas dos argilominerais presentes são de 3% de esmectitas, 97% de caulinita (Tabela 3).

No horizonte Bi da amostra com Mg2+ há o predomínio de caulinita, com o pico a 0,723 nm, largo e assimétrico, indicando caulinita de baixa cristalinidade, sendo comum em solos derivados de basalto, riodacitos que são rochas magmáticas extrusivas no sul do Brasil. Não há evidência muito clara do pico de 1,003 nm que seria o pico da mica ou ilita (Figura 24a).

Além da caulinita que predomina nessa amostra, tem-se a presença muito pequena dos argilominerais 2:1 (pico largo a 1,471 nm) provavelmente sejam esmectitas com intercalação muito expressiva com polímeros de Al entrecamadas, pois com etileno glicol observa-se uma ligeira tendência a diluição dos picos para ângulos mais baixos.

Considerando que é um solo desenvolvido de basalto, riodacito e essas rochas não dão origem a ilita e a mica, sendo a última precursora da vermiculita, então é mais provável que essas esmectitas têm polímeros de Al entrecamada, já que estes normalmente não expandem com o etileno glicol. Picos bem evidenciados de 0,485 nm indicam gibbsita. A presença da gibbsita indica um ambiente com maior lixiviação de silício, favoráveis a sua formação (Figura 24a).

Figura 23 -(a) Difratogramas de amostras da fração argila saturadas com magnésio (Mg2+) e magnésio mais etileno glicol (Mg+EG) e; (b) com potássio (K+) a diferentes temperaturas: a temperatura ambiente (K25), a 100°C (K100), 350°C (K350) e a 550°C (K550) do horizonte A1 de Cambissolo Háplico Alítico típico de Santa Catarina- São Joaquim (SC8SJ).

Fonte: produção do próprio autor.

(a)

O aquecimento da amostra com K+ revela uma diluição dos picos na região entre os picos de 1,4 e 1,0 nm indicando que os argilominerais 2:1 tem uma forte intercalação com polímeros de Al entrecamadas (Figura 24b).

No horizonte superficial desse mesmo solo a quantidade de argilominerais 2:1 parece ser menor do que no horizonte subsuperficial.

Portanto, as proporções aproximadas dos argilominerais presentes são de 4% de esmectitas com polímeros de hidroxi-Al, 96% de caulinita (Tabela 3).

Figura 24 - (a) Difratogramas de amostras da fração argila saturadas com magnésio (Mg2+) e magnésio mais etileno glicol (Mg+EG) e; (b) com potássio (K+) a diferentes temperaturas: a temperatura ambiente (K25), a 100°C (K100), 350°C (K350) e a 550°C (K550) do horizonte Bi de Cambissolo Háplico Alítico típico de Santa Catarina- São Joaquim (SC8SJ).

Fonte: produção do próprio autor.

6.2.12 Santa Catarina – Rancho Queimado (SCRQ)

Ao contrário das demais amostras, esse é um solo essencialmente caulinítico, sendo o pico de 0,719 nm da caulinita bastante expressivo, intenso, agudo e mais estreito, indicando uma caulinita de melhor cristalinidade do que a dos outros solos (Figura 25a), indicada pela largura a meia altura (LMA) (0,588° 2θ) (Tabela 3). Comparado com os solos do Acre onde a caulinita tinha uma LMA de 0,969° 2θ e do solo de BR que tinha uma LMA de 0,884 ◦2θ a caulinita de Rancho Queimado deve ser melhor cristalinizada.

No horizonte A os picos de 0,994 nm e de 1,400 nm nas amostras saturadas com Mg2+ indicam respectivamente mica ou ilita e vermiculita (Figura 25a). Essa vermiculita não sofre expansão com etileno glicol, sendo esse comportamento típico de argilominerais 2:1, com forte intercalação com polímeros de Al, confirmado com as amostras a 350°C onde não se observa um colapso completo das camadas (Figura 25b). As proporções aproximadas dos argilominerais presentes são 5 % de vermiculitas com hidroxi-Al entrecamadas, 1% de mica ou ilita e 94% de caulinita. (Tabela 3).

No horizonte Bt também domina a caulinita, com pico de 0,719 nm bastante expressivo e intenso tanto nas amostras saturadas com Mg2+ como nas saturadas com K+ (0,723 nm) (Figuras 26a e 26b). Tem-se uma melhor expressão da ilita com picos em 1,003 nm e 0,499 nm, tanto na amostra natural como na tratada com etileno glicol (Figura 26a).

Figura 25 - (a) Difratogramas de amostras da fração argila saturadas com magnésio (Mg2+) e magnésio mais etileno glicol (Mg+EG) e; (b) com potássio (K+) a diferentes temperaturas: a temperatura ambiente (K25), a 100°C (K100), 350°C (K350) e a 550°C (K550) do horizonte A de um Argissolo Vermelho-Amarelo latossólico de Santa Catarina- Rancho Queimado (SCRQ).

Fonte: produção do próprio autor.

Nesse horizonte fica melhor evidenciado o pico da gibbsita em 0,485 nm. Os tratamentos de aquecimento da amostra saturada com potássio revelam comportamento semelhante ao do horizonte A, sendo a mineralogia, portanto bastante similar. As proporções aproximadas dos argilominerais presentes são de 40% de ilita e 60% de caulinita. (Tabela 3).

(b) (a)

Figura 26 - (a) Difratogramas de amostras da fração argila saturadas com magnésio (Mg2+) e magnésio mais etileno glicol (Mg+EG) e; (b) com potássio (K+) a diferentes temperaturas: a temperatura ambiente (K25), a 100°C (K100), 350°C (K350) e a 550°C (K550) do horizonte Bt de Argissolo Vermelho-Amarelo latossólico de Santa Catarina- Rancho Queimado (SCRQ).

Fonte: produção do próprio autor.

6.2.13 Relação entre mineralogia e os teores de Al-KCl

A análise dos minerais da fração argila dos solos estudados indicou diferenças importantes na composição mineralógica entre os perfis, onde parcela expressiva dos solos ácidos com os mais altos teores

(b) (a)

de Al extraídos com solução de KCl 1 mol L-1 apresentaram quantidades altas de argilominerais de camada 2:1 expansíveis, notadamente naqueles com argilominerais do grupo das esmectitas.

Para esse grupo de solos, correspondente aos perfis AC9, AC11, PE, BA, RS11 e RSRS, minerais do grupo das esmectitas foram superiores às quantidades de caulinita nos horizontes subsuperficiais, os quais coincidiram com os mais altos teores de Al-KCl encontrados (Tabela 5). Nos horizontes superficiais desses solos, apesar de em muitos casos também haver quantidades altas de esmectitas, os teores de Al-KCl foram geralmente baixos, comportamento explicado pelos maiores valores de pH (Tabela 4), aos mais altos teores de Ca e Mg trocáveis encontrados nesses horizontes (Tabela 1) e, ou a maior estabilidade dos argilominerais favorecida pela melhor condição de

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