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6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS SOLOS ESTUDADOS

diferentes regiões brasileiras, cuja classificação encontra-se na tabela 2, sendo resultantes da atuação de diferentes fatores e processos que influenciaram sua formação (clima, relevo, vegetação, geologia, dentre outros).

Os solos do Acre, sob o ponto de vista geológico, são jovens e foram formados a partir de sedimentos terciários. Segundo Cavalcante (2006), esses solos são desenvolvidos de rochas sedimentares cenozoicas da Formação Solimões, compostas por argilitos, siltitos e arenitos, depositados em ambiente lacustre, sob influência de depósitos sedimentares da cordilheira Andina. Há evidências da presença de compostos de baixa cristalinidade, provenientes de cinzas vulcânicas, no material constitutivo desta formação, dentre os quais se destacam as alofanas e imogolitas, bem como compostos inorgânicos amorfos (GAMA et al., 1992).

Muitos solos derivados destes materiais, a exemplo dos perfis AC9 e AC11, apresentam características químicas peculiares, tendo reação ácida e elevados teores de alumínio trocável, associados a altos teores de cálcio e magnésio (Tabela 1), que os tornam diferentes dos demais solos brasileiros. Entretanto, apesar dos altos níveis de alumínio trocável, que podem superar os 10 cmolc kg-1, esse elemento normalmente não exerce efeitos fitotóxicos, mesmo para plantas sensíveis (GAMA & KIEHL, 1999; WADT, 2002). Grande parte destes solos tem argila de atividade alta, com participação de esmectitas (incluindo beidelitas) e vermiculitas com polímeros de hidroxi-Al entrecamadas (EHE e VHE, respectivamente) e quantidades variáveis de compostos amorfos de alumínio (GAMA, 1986; MARQUES et al., 2002; AMARAL, 2003). O conteúdo de óxidos de ferro e de alumínio (gibbsita) geralmente é baixo e por esta razão, suas demais propriedades químicas assemelham-se às de solos de regiões temperadas (WADT, 2002).

Grande parte dos perfis de solo do Acre estudados são imperfeitamente drenados (AC4 e AC11), um é moderadamente drenado (AC6) e apenas o AC9 é bem drenado. A oscilação do lençol freático na maioria desses solos tem sido apontada como responsável pela destruição das argilas principalmente dos argilominerais do grupo das

esmectitas (montmorilonita e, ou beidelita) que conferem altos teores de Al nos mesmos (ALMEIDA et al., 2010). Em contrapartida, podem apresentar altos teores de cálcio, magnésio, potássio e CTC pH 7 e baixa saturação por alumínio, conferindo fertilidade para os perfis AC9 e AC 11, como mostrado na tabela 1. As características do Vertissolo do estado da Bahia (JACOMINE et al., 1979) são: relevo variando de suave a ondulado a forte ondulado, sendo desenvolvido em áreas geologicamente referidas a diversas formações com material de calcários, folhelhos e argilitos do Período Cretáceo e Jurássico. Os solos são argilosos e muito argilosos, com elevado conteúdo de argilominerais 2:1 expansíveis que provocam o aparecimento de “slickensides”. Possuem elevadas somas de bases (S) trocáveis e saturação por bases (Tabela 1), mas também altos teores de Al extraídos com KCl 1 mol L-1, levando a crer que também esteja ocorrendo destruição de argilominerais expansíveis, no ambiente mais úmido atual.

O Argissolo Vermelho-Amarelo Alítico do estado de Pernambuco (PE), coletado próximo a Recife, sob clima úmido e formado a partir da alteração de conglomerados, apresenta médios valores de soma de bases nos horizontes A e B, e teores altos de Al trocável, associados com alta atividade da fração argila.

Os solos selecionados no estado de Santa Catarina são provenientes de vários materiais de origem, e apresentam maior variação em suas características físicas, químicas e mineralógicas. O perfil Curitibanos (SCCB) é um Latossolo Bruno desenvolvido de basalto, o de São Joaquim (SC8SJ) é um Cambissolo Háplico desenvolvido de riodacitos, de Bom Retiro (SCBR) é um Cambissolo Húmico desenvolvido de folhelhos e o de Rancho Queimado (SCRQ) é desenvolvido de um saprólito de migmatitos. Todos ocorrem sob clima úmido, com chuvas bem distribuídas mensalmente, sendo os três primeiros localizados em região de clima mais frio, no Planalto Sul Catarinense (clima Cfb, segundo Köppen,1948), com vegetação de campo subtropical e o último em região mais quente (Cfa), sob floresta ombrófila densa. Os teores e carbono orgânico são expressivamente mais altos nos três primeiros solos localizados no Planalto Sul Catarinense, condicionados pelo clima mais frio dominante. Como são solos ácidos, esta característica pode estar relacionada com os altos teores de Al trocável, notadamente no horizonte A.

As características químicas e o conteúdo de argila desses solos, indicadas na tabela 1, revelam que todos têm textura argilosa ou muito argilosa, apresentam baixos valores de soma e saturação por bases,

baixos valores de CTC (exceto o perfil SCBR, onde os valores de atividade da argila são mais altos). Possuem níveis desde altos de Al trocável (perfis SCBR e SC8SJ), a médios a baixos nos demais perfis. Com base em resultados obtidos em trabalhos anteriores, os perfis SCCB e SC8SJ apresentam predomínio de caulinitas de baixa cristalinidade, com proporções expressivas de argilominerais 2:1 com polímeros de hidroxi-Al entrecamadas (ALMEIDA et al, 2003; TESKE, 2010). O perfil SCBR possui proporções similares de argilominerais 2:1HE e caulinita (ALMEIDA et al., 1997) e o perfil SCRQ é essencialmente caulinítico, com baixas proporções de argilominerais 2:1HE e gibbsita (PAES SOBRINHO, 2005).

No Rio Grande do Sul, onde foram coletados os perfis RS11 e RSRS, o clima em ambos os locais (Formigueiro e Rosário do Sul, na Depressão Central daquele estado) apresenta chuvas relativamente bem distribuídas mensalmente e médias anuais de temperatura relativamente altas, em clima do tipo Cfa, segundo Köppen (1948). O perfil RS11, classificado originalmente como Luvissolo, apesar do seu caráter alítico, apresenta valores de soma de bases elevada, em concomitância com teores muito altos de Al trocável, notadamente no horizonte B. Neste solo, a participação de argilominerais expansíveis e interestratificados mostrou-se elevada em trabalho realizado anteriormente (ALMEIDA et al., 2000), o que, em conjunto a oscilação do lençol freático constatada no mesmo, levou esses autores a levantar a hipótese de que poderia estar havendo destruição desses argilominerais por processos de ferrólise. Já o perfil RSRS, um Argissolo Bruno-Acinzentado recentemente descrito e coletado por Santos (2012), há evidências morfológicas (mosqueados no B e intensas rachaduras no solo quando seco), que também parecem indicar que no referido solo esteja havendo processos de destruição de argilominerais 2:1 no ambiente úmido atual.

6.2 MINERALOGIA DA FRAÇÃO ARGILA

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