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CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA

2.5. ADAPTAÇÕES CURRICULARES NA EDUCAÇÃO SUPERIOR

Conforme Carvalho (1999), a Universidade deve fazer adequações necessárias à inclusão de pessoas com necessidade especiais, considerando também que são previstos recursos orçamentários para estas adequações dentro da instituição, que só irão favorecer o acesso e a permanência do aluno ao currículo. Por isso, é importante ressaltarmos sobre a importância de se adaptar o currículo das Universidades, para que a mesma se torne uma instituição inclusiva e democrática.

A realização das adaptações curriculares é um meio para o atendimento às necessidades específicas de aprendizagem dos alunos. Identificar essas necessidades requer que a Universidade modifique não apenas as suas atitudes e expectativas, mas também se organize na construção real de políticas em instituições de ensino superior para todos.

As adaptações curriculares são modificações no planejamento, objetivos, atividades e formas de avaliação, no currículo como um todo, ou em aspectos dele, para acomodar os alunos com necessidades especiais.

Aranha Redruello (apud Cró, 2009, p. 10) define adaptações curriculares como sendo “Um conjunto de modificações ao currículo comum que se efetuam para dar uma resposta adequada aos alunos com Necessidades Educativas Diversificadas, sendo algumas delas consideradas especiais.” Na perspectiva de (Costa, apud Cró, 2009), as Adaptações Curriculares referem-se às aprendizagens ou competências, atitudes, materiais pedagógicos, ambientes e atividades que são associadas de forma inequívoca e culturalmente adaptadas e respeitadas para uma determinada faixa etária.

Aranha (2000, p. 9-13) refere ainda que Adaptações Curriculares são respostas educativas que devem ser dadas pelo sistema educacional, de forma a favorecer a todos os alunos e, dentre estes, os que apresentam necessidades educacionais especiais, como o acesso ao Currículo; a

participação integral, efetiva e bem-sucedida em uma programação acadêmica tão comum quanto possível; a consideração e o atendimento de suas peculiaridades e necessidades especiais, no processo de elaboração do Projeto Pedagógico e do Plano de Ensino do Professor.

O Projeto Pedagógico compreendem ações que são da competência e atribuição das instâncias político-administrativas superiores, já que exigem modificações que envolvem ações de natureza política, administrativa, financeira, burocrática, etc. A essas, denomina-se Adaptações Curriculares de Grande Porte1.

Outras compreendem modificações menores, de competência específica do professor. Elas constituem pequenos ajustes nas ações planejadas a serem desenvolvidas no contexto da sala de aula. A essas, então, se denomina Adaptações Curriculares de Pequeno Porte2.

Em atenção às pessoas com NEE para ingressarem no Ensino Superior, o Ministério da Educação (MEC) criou a Portaria nº 1679 de 02 dezembro de 1999, em seu art. 1º pelo qual “Determina que sejam incluídos nos instrumentos, destinados a avaliar as condições de oferta de cursos superiores, para fins de autorização e reconhecimento e para fins de credenciamento de instituições de Ensino Superior, bem como para sua renovação, conforme as normas em vigor, requisitos de acessibilidade de pessoas portadoras de necessidades especiais.” (Valdés, 2004 p.22). Nesse sentido, percebe-se que a portaria dispõe sobre os requisitos de acesso e permanência de pessoas com necessidades especiais para instruir processos que autorize o reconhecimento dos cursos e o credenciamento de instituições superiores. Os requisitos propostos pela portaria são atinentes à provisão de intérprete de língua de sinais, eliminação de barreiras arquitetônicas e salas de apoio com tecnologia que atenda a necessidade do aluno.

                                                                                                                         

1 No documento original PCN – Adaptações Curriculares (1999) são chamadas Adaptações Curriculares

Significativas, mantendo-se a denominação utilizada na Espanha. Considerando que o vocábulo “significativo” em espanhol tem um significado diferente do que tem em português (vide Aurélio) optou-se por adotar “de Grande Porte” por melhor descrever o que se pretende.

2 No documento original PCN – Adaptações Curriculares (1999) denominadas Adaptações Curriculares

Não Significativas, pela manutenção da denominação utilizada na Espanha. Considerando que “não significativo”, em português, tem um significado diferente do que tem no espanhol, referindo-se a algo que “não significa”, que “não expressa (o significado) com clareza”, optou-se pela utilização do termo Adaptações Curriculares de Pequeno Porte, por considerar que este descreve melhor a natureza do fenômeno em questão.

Nesta mesma portaria em seu art. 2º, lê–se:

Art. 2º. A Secretaria de Educação Superior deste Ministério, com o apoio técnico da Secretaria de Educação Especial, estabelecerá os requisitos tendo como referência à Norma Brasil 9050, da Associação Brasileira de Normas Técnicas, que trata da Acessibilidade de Pessoas Portadoras de Deficiências e Edificações, Espaço, Mobiliário e Equipamentos Urbanos.

Parágrafo único. Os requisitos estabelecidos na forma do caput, deverão contemplar, no mínimo:

a ) para alunos com deficiência física

- eliminação de barreiras arquitetônicas para circulação do estudante permitindo o acesso aos espaços de uso coletivo;

- reserva de vagas em estacionamentos nas proximidades das unidades de serviços;

- construção de rampas com corrimãos ou colocação de elevadores, facilitando a circulação de cadeira de rodas;

- adaptação de portas e banheiros com espaço suficiente para permitir o acesso de cadeira de rodas;

- colocação de barras de apoio nas paredes dos banheiros;

- instalação de lavabos, bebedouros, e telefones públicos em altura acessível aos usuários de cadeira de rodas;

b) para alunos com deficiência visual

- Compromisso formal da instituição de proporcionar, caso seja solicitada desde o acesso até a conclusão do curso, sala de apoio contendo:

- máquina de datilografia braille, impressora braille acoplada a computado sistema de síntese de voz;

- gravador e fotocopiadora que amplie textos;

- plano de aquisição gradual de acervo bibliográfico em fitas de audio; - software de ampliação de tela do computador;

- equipamento para ampliação de textos para atendimento a aluno com visão subnormal;

- lupas, réguas de leitura;

- scanner acoplado a computador;

- plano de aquisição gradual de acervo bibliográfico dos conteúdos básicos em braille.

c) para alunos com deficiência auditiva

- Compromisso formal da instituição de proporcionar, caso seja solicitada, desde o acesso até a conclusão do curso, sala de apoio contendo:

- quando necessário, intérpretes de língua de sinais/língua portuguesa, especialmente quando da realização de provas ou sua revisão, complementando a avaliação expressa em texto escrito ou quando este não tenha expressado o real conhecimento do aluno; - flexibilidade na correção de provas escritas, valorizando o conteúdo semântico;

- aprendizado da língua portuguesa, principalmente na modalidade escrita (para uso de vocabulário pertinente às matérias do curso em que o estudante estiver matriculado);

- materiais de informações aos professores para que se esclareça a especificidade lingüística dos surdos.

Para que os diversos caminhos de acessibilidade sejam construídos e executados no Ensino Superior, é necessário que as diversas áreas de atuação das Universidades tais como “espaço físico, higiene ambiental, coordenação de cursos, docentes, discentes, direção, secretaria acadêmica, processo seletivo, biblioteca, etc.” (Renders, 2007, p.5), desenvolvam um processo de diálogo e de relações entre si.

As instituições de Ensino Superior devem possibilitar uma comunicação eficaz, sem ruídos (falhas no processo educacional). Para haver a construção da comunicação na comunidade acadêmica, a Universidade deve programar alguns instrumentos e buscar apoios humanos, tais como:

O reconhecimento e a utilização da LIBRAS (processo de comunicação entre professores e alunos, a inserção de intérpretes - seja em eventos ou em sala de aula, instalação de telefone para pessoas surdas,etc.);

O reconhecimento e a utilização do BRAILLE ( processo de comunicação entre professores e alunos, a aquisição de livros em Braile, confecção de provas em Braile, instalação de diretórios em Braile no campus universitário, etc.);

A implementação de uma Biblioteca Digital para pessoas cegas (Lei 9.610/1998), bem como a instalação de softwares ledores de tela nos laboratórios de informática e na Biblioteca;

A confecção de material ampliado para pessoas com baixa visão ou a disponibilização de equipamento que amplie textos;

A utilização de sistema de comunicação online, como espaço importante de veiculação de mensagens entre professores e alunos. (RENDERS, 2007, p.6)

Portanto, é evidente a necessidade da inclusão da LIBRAS e BRAILLE nos currículos das Universidades para que, quando as universidades recebam alunos com tais necessidades, já estarem preparadas encarando estes alunos, não como “sujeitos dificultadores” mas sim “sujeitos do processo”.

As instituições como os demais contextos educacionais são responsáveis pela promoção da cidadania e como tal têm o dever de oportunizar e incentivar uma educação para todos (Castanho, 2005).

Portanto, as adaptações curriculares devem dar respostas educativas que favoreçam a todos os alunos, principalmente os que apresentam necessidades educacionais especiais, com o intuito de esses participarem integralmente das oportunidades educacionais, com resultados favoráveis, dentro de uma programação tão normal quanto possível e, nessa perspectiva, em conformidade com os pressupostos elucidado em (Aranha, apud Cró, p 9- 13), estas adptações compreendem ações que são da competência e atribuição das instâncias político-administrativas superiores, já que exigem modificações na elaboração dos Projetos Pedagogicos que envolvem ações de natureza política, administrativa, financeira e jurídica.

Com efeito, e em paralelo à revisão de literatura, foi elaborado a comunicação, sob forma de pôster, intitulada “Inclusão Escolar na Universidade: concepções de professores e discentes dos cursos de licenciatura da Unimontes”, que foi apresentada no II Congresso em

Desenvolvimento Social e II Seminário Norte-Mineiro de Ensino e Pesquisa em História da Educação: desenvolvimento e educação em uma perspectiva histórica/Unimontes, financiado pela FAPEMIG. Para o pôster, foi elaborado um

texto científico, sob a forma de banner. Ainda, foi elaborado um resumo simples para divulgação, bem como sua publicação na “Programação e Caderno de Resumos” do II Congresso.

Também foi elaborado outro texto acadêmico abordando as principais discussões sobre concepções e métodos para alunos com NEE nas instituições de ensino superior, bem como a demarcação legal da inclusão no ensino superior desses indivíduos no Brasil. O texto foi redigido, sob forma de artigo científico e publicado na Revista Ciranda – Departamento de Educação/Unimontes.

Em seguida, houve mais uma apresentação sob a forma de comunicação oral, intitulada “Inclusão na Universidade: a Unimontes e seus aportes no desenvolvimento de alunos com necessidades especiais”, durante o

I Colóquio Educação e Saúde: percorrendo caminhos na diversidade, que foi

realizado pelo Departamento de Educação e pelo Grupo de Estudos e Pesquisas de Educação na Diversidade e Saúde (GEPEDS), da Universidade

Estadual de Montes Claros (Unimontes), grupo este que participamos como membro vinculado para o desenvolvimento desta pesquisa.

Nesse aspecto, entendeu-se que, de acordo com as Diretrizes Curriculares Naiconais(Brasil,2001) os alunos com necessidades especiais (ou necessidades educacionais especiais) devem ser considerados na Universidade, em quaisquer situações e condições, como: (1) ‘com problemas mentais’; (2) ‘com deficiências múltiplas’; (3) ‘com problemas de audição’; (4) ‘com problemas de visão’; (5) ‘com problemas físicos; (6) ‘com problemas de conduta’ e (7) ‘com altas habilidades/superdotados (Brasil, 2004, p. 202-210) [1]. Para FERREIRA (1999), Portador de necessidades especiais (Educação Especial): Indivíduo que apresenta, em caráter permanente ou temporário, algum tipo de deficiência física, sensorial, cognitiva, ou múltipla, ou condutas típicas (v. conduta típica), ou altas habilidades (q. v.), necessitando, por isso, de recursos especializados para desenvolver mais plenamente o seu potencial e/ou superar, ou minimizar, suas dificuldades. No contexto escolar, costuma ser chamado portador de necessidades educacionais especiais (Ferreira, 1999).

Nesta pesquisa análise sobre os desafios, os limites e possibilidades da Unimontes na inclusão dos alunos com NEEs matriculados nos cursos de licenciatura ingressos pelo sistema de cotas – categoria deficiêntes possibilitou identificar os aspectos gerais sobre as deficiências caracterizadas pela OMS, descritos a seguir

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