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CAPÍTULO I – SITUANDO O PROBLEMA DE PESQUISA E O MÉTODO

1.1. O ENSINO SUPERIOR E OS ALUNOS COM NEE

Tendo em vista que a Universidade tem um papel social relevante na relação que se estabelece entre os diversos atores na sociedade, uma indagação central perpassou pelo nosso objeto de estudo, ou seja, qual o

espaço de legitimação da inclusão escolar na Unimontes para o acesso à educação superior de qualidade e cidadania, através de seu conjunto de saberes e práticas de caráter científico e histórico-cultural acumulado?

Partiu-se do princípio de que a Universidade desempenha um papel importante na formação de cidadãos críticos, éticos, conscientes de seus direitos e deveres na sociedade. Ademais, conjectura-se que essa importância da Universidade tende a se representar, de forma inclusiva, no seu contexto de atuação, com a legitimação de seu espaço acadêmico-científico para o conhecimento e para a cidadania, onde se tem despertado a consciência de que indivíduos com necessidades especiais (NEE) não podem ser alijados do seu direito de usufruir as vantagens de suas ofertas nas dimensões do ensino, da pesquisa e da extensão acadêmica.

Levantaram-se, assim, alguns questionamentos em torno da problemática da inclusão de alunos com NEE no ensino superior. Trata-se de um segmento de cidadãos, já não crianças e raramente adolescentes, que apresentam determinadas necessidades educativas que demandam respostas adequadas por parte das instituições que os acolhem. Essas respostas devem ir no sentido, necessariamente, da sua inclusão para o que deverão ser tidas em conta todas as suas especificidades: cidadãos de pleno direito que, tendo concluído os seus estudos básicos e secundários, querem realizar estudos de nível superior. Muitos destes alunos tem trajetórias de vida certamente desafiantes; as suas idades de entrada no ensino superior, previsivelmente, são superiores à média de entrada deste nível de ensino, portanto, são, previsivelmente, adultos ou jovens adultos quando finalmente ingressam no ensino superior. Estamos, então, em face de uma população com NEE,

maioritariamente já adulta e que, não obstante algumas dificuldades acrescidas, pretende adquirir uma qualificação académica de nível superior.

Quando estes cidadãos ingressam no ensino superior, geralmente já se encontram na fase adulta, tratando-se, portanto, de educação de adultos (no sentido lato) com NEE. Não se trata, assim, de educação básica de adultos, âmbito que tem sido muito estudado, no Brasil, como noutros países. Trata-se de educação superior de adultos com NEE, portanto, um segmento com especificidades diferentes da educação básica de adultos ou da educação de crianças com NEE. Um dos autores consultados contempla a modalidade da educação de adultos no ensino superior (Knox, 1993), sendo que a educação de adultos desenvolve-se em várias modalidades, mas as classificações existentes estão em desenvolvimento, como se depreende em Loureiro (2008). No que respeita ao ângulo das NEE no ensino superior, também tem sido abordado por alguns autores, ora realizando estudos de caso com vista a procurar formas de inclusão e a evitar o abandono escolar destes alunos (Abreu & Antunes (2011), ora que apresentam propostas sobre adaptações curriculares no ensino superior (Cró, 2009). Também Rodrigues et al (2011) estudaram as perceções sobre os fatores facilitadores e inibidores do sucesso educativo dos alunos com NEE no ensino superior. Inclusão no ensino superior tem a ver, certamenete, com sucesso educativo. Não obstante estes e outros exemplos mais adiante, não podemos referir que haja profusão de estudos sobre a temática.

Trata-se, inegavelmente, assim, de uma população com caraterísticas muito específicas sobre a qual não se encontram facilmente estudos ou sistematizações, sendo de admitir que a presente investigação seja um contributo para o desenvolvimento do conhecimento deste segmento populacional.

Assim, este trabalho desenvolveu-se em torno de várias questões como:

será que os alunos com NEE da Universidade sentem-se realmente incluídos? Os alunos sentem-se atendidos em todas as suas necessidades durante sua permanência na instituição? São viabilizadas ações educativas baseadas nas diferenças individuais dos alunos com NEE? Quais são as dificuldades que os alunos com NEE encontram para permanecer na Universidade e concluir seus

estudos? O que a Universidade tem desenvolvido em relação a garatir a

permanência dos alunos NEE com qualidade, uma vez que o acesso foi universalizado por meio da legislação de cotas? O atendimento oferecido pela Unimontes tem possibilitado respostas ás necessidades especificas destes alunos?

Por meio dessas indagações, tornou-se relevante fazer um estudo acerca dessas questões, no qual pudesse realizar uma análise sobre os desafios, os limites e possibilidades da Unimontes na inclusão dos alunos com NEEs matriculados nos cursos de licenciatura ingressos pelo sistema de cotas –categoria deficiêntes ; ademais se tratou de uma análise que possibilitou identificar a realidade das políticas de inclusão na Universidade em estudo para aqueles alunos.

Sob essa égide, essas foram algumas entre outras indagações que permearam esta pesquisa, o que fez necessário a submissão de um Projeto de Pesquisa intitulado “A Inclusão Escolar na Universidade: Concepções dos Professores e Discentes dos Cursos de Licenciatura da Unimontes”, aprovado pelo parecer nº 131/2009 do Conselho de Ética e Camara de Pesquisa e ainda pela Resolução n° 271 – CEPEX/2009, que foi de grande importância para a consolidação desse estudo àcerca da inclusão na Universidade enfocando as concepções de discentes e professores da Unimontes. Esse estudo teve como objetivo investigar as concepções dos alunos com necessidades educacionais especiais matriculados nos cursos de licenciatura da Unimontes e, além disso, propôs-se identificar, por meio de entrevistas com docentes e análise documental, como os princípios da inclusão vêm acontecendo nos cursos de licenciatura da Unimontes e quais as políticas públicas de inclusão desenvolvidas pela Universidade que norteiam a ‘Formação Inicial’ nos cursos de Licenciatura, sob a orientação da inclusão de aluno com necessidades educacionais especiais.

No intuito de alcançar o objetivo geral proposto, os seguintes objetivos específicos foram delimitados:

• Analisar o processo de inclusão dos alunos com (NEE) ingresso pelo sistema de cotas especificamente da categoria deficientes,

nos Cursos de Licenciatura da Unimontes, em relação ao desenvolvimento aos princípios da inclusão para permanência na educação superior.

• Analisar as percepções dos professores que ministram aulas nos cursos de Licenciatura da Unimontes no que se refere ao manejo na sala de aula inerente ao atendimento a alunos com NEE matriculados nos cursos de Licenciatura da Unimontes; • Analisar as percepções dos alunos com NEE matriculados nos

cursos de licenciatura da Unimontes no que se refere á forma como são acolhidos e incluídos na Universidade, identificando eventuais potencialidades e/ou dificuldades na sua permanência na Universidade.

• Analisar as diretrizes constantes nos documentos Projetos Politicos Pedagógicos dos Cursos de licenciaturas da Unimontes relativos a como os princípios,politicas saberes e práticas de inclusão vem sendo desenvolvidos com vista a garantir a permanência com qualidade dos alunos com NEE matriculados na instituição;

• Identificar especificidades relativas à educação superior de alunos adultos com NEE (uma vez que todos os alunos entrevistados tinham mais de 21 anos, situação que é frequente nos casos em que estes alunos alcançam o ensino superior).

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