• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA

2.3. BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL

2.3.2. UNIVERSIDADES BRASILEIRAS E EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Abordaremos, a seguir, sobre algumas Universidades que atuam na perspectiva da Educação Inclusiva no intuito de mostrar a situação que se encontra o processo de inclusão do Ensino Superior brasileiro, e em seguida sobre a Unimontes, que é o objeto do nosso estudo.

No relatório da Unesco (2005), constam dois relatos de experiências de inclusão universitária: A Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade Estadual do Ceará. A Universidade de Brasília - UnB, desde a década de 80, sempre buscou soluções e iniciativas para o acesso e a permanência das pessoas com Necessidades Especiais na Universidade. Antecipando a portaria do MEC nº 1679 de 02 de dezembro de 1999 que dispõe a acessibilidade de pessoas com necessidades especiais; A UnB criou no dia 22 de dezembro de 1999 o Programa de Apoio a Pessoas com Necessidades Especiais – PPNE com o objetivo de “mediar o relacionamento entre a comunidade universitária com deficiência e a Universidade como um todo, proporcionando livre exercício de cidadania para alunos, professores e funcionários” (www.unb.br/ppne). A UnB é referência na inclusão de pessoas com Necessidades Educacionais Especiais, servindo como modelo no processo de inclusão de outras IES. A referida instituição aplica todas as leis vigentes, buscando reflexões e mudanças de postura, conscientização da sociedade e a luta do reconhecimento e respeito aos direitos das pessoas com NEE. O Programa de Apoio a Pessoas com Necessidade Especiais “possibilitou consolidar uma política permanente de atenção às pessoas com Necessidades Especiais (PPNE) e assegurar sua integração à vida acadêmica.” (Auad; Conceição, 2009).

O PPNE é integrado por um Grupo de Trabalho (GT) de docentes e acâdemicos da UNB, que é responsável pelo atendimento em Salas Especializadas para os NEE atendidos pelo Programa de Avaliação Seriada – PAS, Vestibulares e concursos promovidos pelo centro de seleção da UnB – CESPE. O GT proporciona a socialização e política de integração com o Decanato de Assuntos Comunitários; organiza o banco de dados acerca das pessoas com necessidades especiais na comunidade universitária, identifica e encaminha as necessidades de adaptação curricular desses alunos,

proporciona suporte acadêmico e tecnológico para os esses alunos, planeja e executa os projetos urbanos no âmbito do campus universitário, divulga o Programa nos meios de comunicação internos e externos à Universidade, é responsável pelas plataformas para os edifícios mais antigos do campus e viabiliza transporte adaptado para pessoas da comunidade universitária com NEE, e, por fim, realiza apoio Psicológico.

Pessoas com qualquer tipo de NEE se enquadram ao programa, até mesmo com problemas que não são considerados deficiência como exemplo, a dislexia. (http://www.unb.br/ppne) (Unesco, 2005). Este programa possui uma sistemática de acompanhamento, por meio de registro da inscrição, no qual especifica o tipo de NEE (Auad; Conceição, 2009, p. 8).

Nota-se que o aluno com NEE já é acolhido pela UNB desde o primeiro momento em que é aprovado no processo seletivo na Universidade, ossibilitando que os NEEs se sintam integrados em um ambiente receptivo e altamente favorável e permaneçam com sucesso no desenvolvimento dos seus estudos.

Identificamos ainda no relatório apresentado pela Unesco (2005), a experiência desenvolvida pela Universidade Estadual do Ceará, que possui um grupo de pesquisa em Educação Especial que é reconhecido por ser os pioneiros no Brasil que desenvolvem políticas de inclusão no Ensino Superior. Este grupo de pesquisa investiga a inclusão de pessoas com necessidades especiais na Universidade do Ceará, desenvolvendo estratégias e elaborando políticas e programas para a inclusão dos NEE’S com o diferencial de apoio a essa diversidade. Sendo assim, Mazzoni (2000) afirma que em algumas IES, existe legislação de apoio aos candidatos com necessidades educacionais especiais no vestibular, mas não há Políticas para a permanência desse aluno na instituição, uma vez que faltam tecnologias mais atualizadas dentro da sala de aula.

Encontramos ainda em Sasazawa (2005) destaque em sua pesquisa sobre o ensino superior e educação especial na Universidade Estadual de Maringá. O referido autor constatou que a Instituição do Estado do Paraná possui políticas públicas e um Programa, que atende os acadêmicos, com NEE, a saber, o Programa Interdisciplinar de Pesquisa e Apoio à

Excepcionalidade (Propae), que garantem a acessibilidade dos acadêmicos com NEE. Esse Programa disponibiliza alguns recursos para atender as necessidades destes alunos, todavia, em sua análise, este autor identificou que os NEEs não estão sendo atendidos adequadamente, devido à escassez de materiais adaptados e reproduzidos em Braille para os alunos cegos.Outra lacuna encontrada para este tipo de atendimento é à falta de infra-estrutura que permitiria o livre acesso, além da falta de formação adequada dos professores para lidar com o acadêmico com NEE.

O referido autor comenta ainda que é necessário assegurar a todos os acadêmicos um ensino que irá contribuir para a sua formação, atendendo ás diferenças individuais, ampliando os recursos e serviços para propiciar o desenvolvimento integral e levando em consideração a necessidade específica de cada um, desafio este, que a UEM vem superando ao longo dos anos. (Sasazawa, 2005).

Outra experiência pesquisada foi a Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC. A UDESC apesar de atender poucos alunos com NEE, possui um Laboratório de Educação Inclusiva (LEDI). Este laboratório tem por objetivo oferecer condições de acesso e permanência desses alunos na Universidade pública, dando suporte através de materiais adaptados para as aulas, reprodução de textos em linguagem de Braile, digitalizados ou em áudio.

De acordo com Gois (2009), a inclusão de deficientes no Ensino Superior passa antes por um esforço na educação básica, e neste ponto pode estar a falha do fato de poucas pessoas com necessidades educacionais especiais ingressarem na Universidade. Segundo um artigo da Folha de São Paulo em quatro grandes instituições (Universidades estaduais do Rio de Janeiro, de Goiás, Rio Grande do Sul e a federal do Maranhão) de maior porte que já adotavam pelo menos há três anos a inclusão, foi comprovado que o percentual de deficientes beneficiados sempre foi inferior a 1% do total das vagas ou matrículas (Gois, 2009). Este artigo mostrou que o principal filtro não está no vestibular, sendo que as vagas (pelo sistema de cotas) destinadas às pessoas com necessidades especiais são pouco preenchidas, tendo mais vagas reservadas do que candidatos aptos a elas.Seria de todo o intersesse tentar perceber as razões para tal.

Encontramos ainda na Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, informações sobre o crescimento na forma de ingresso dos NEEs, por meio de políticas como programas especializados no ingresso de alunos, principalmente acadêmicos com deficiência visual.

O mesmo autor menciona ainda outras Universidades que adotam o sistema de reserva de vagas para pessoas com necessidades especiais são: A Universidade Estadual de Goiás – UEG, com 5% das vagas (Lei Nº 14832, de 12 de julho de 2004), a Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG, com 5% das vagas (Lei Estadual Nº 15.259 de 27 de julho de 2004); a Universidade Estadual do Norte Fluminense – UENF, com 5% das vagas (Lei Nº 4151/03); a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, com 10% das vagas reservadas (Lei de Criação da UERGS, Lei 11.646/01); a Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, com 5% das vagas (Lei Nº 4151/03); a Universidade da Zona Oeste – Rio de Janeiro – UEZO, com 5% das vagas (Lei Estadual Nº 4151/03); a Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, com 5% das vagas reservadas e o Centro Universitário de Franca, com 5% das vagas reservadas para pessoas com necessidades especiais (Lei Municipal de 6287 de 10 de novembro de 2004).

2.4. O ATENDIMENTO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR E SUA

Documentos relacionados