Adequação dos parceiros da AE

A subseção a seguir trata da adequação dos parceiros em cada uma das variáveis mais importantes que configuraram o processo da AE. Como referido anteriormente (vide cap. 3, p. 44), foi encontrado um coeficiente α médio de 0,896 para todas as oito questões que incluíam avaliação tipo Likert, obtendo assim uma alta confiabilidade interna.Outro dado estatístico encontrado foi o Desvio Padrão para cada questão em particular, o qual demonstra-se que quanto maior o Desvio Padrão – DP, menor o consenso entre os respondentes, em sentido inverso, quanto menor o desvio, maior consenso.

No aspecto técnico ficou demonstrado que as duas instituições entenderam que a aliança foi equilibrada, com média significativa de 6,2 e 6,4, respectivamente, na escala de

Likert, entre os respondentes da FBV e IMIP, conforme resultados das Tabelas 5 e 6,

relacionados aos Aspectos Técnicos (DP = 0,8, menor consenso) e Desenvolvimento Tecnológico (DP = 0,5, maior consenso), pois embora possuíssem características, objeto e formas diferentes, tinham muito a aprender uma com a outra. A adaptação foi um processo importante para a compreensão das capacidades técnicas instaladas em cada instituição, referentes a recursos humanos, instalações físicas, equipamentos, parque tecnológico de informática (TI), métodos e conhecimento nas áreas de ensino e saúde. O depoimento abaixo denotou que na fase de preparação e execução, quanto aos aspectos técnicos, houve muita atenção no conhecimento de outras experiências nacionais e internacionais, razão pela qual foi feita a escolha do método ABP utilizado pela Universidade de Maastricht na Holanda:

E.5(...) “Isso fomos buscar. Essa visão buscar tecnologia... vamos beber da água de quem é competente, dos melhores...tanto que a faculdade não poupou investir recursos nessa parte. Então fomos pra Holanda várias vezes, fizemos várias viagens pra Holanda, fizemos várias viagens no Brasil, fomos pra Inglaterra também, fomos pros Estados Unidos entender um pouco.. entender melhor como funciona essa metodologia. Então não poupamos recursos em querer entender isso aí e fomos a quem melhor desenvolve esse trabalho. Se você vai em Maastricht, na Holanda... é uma cidade muito interessante na Holanda em que anteriormente vivia do carvão. Então você vê um país altamente desenvolvido, a Holanda, ambientalmente. Então quando ele viu o mal que o carvão faz no meio ambiente e na própria pessoa pra transformar aquilo ali em carvão, o mal que ele fazia a sua população eles resolveram acabar com o carvão na Holanda. Então, como ele poderia acabar com o carvão se Maastricht , a economia de Maastricht vivia em torno do carvão. Então o que é que ele fez..ele tornou Maastricht uma cidade... criou ali a maior universidade da Holanda. Ele transformou Maastricht da economia do carvão para uma economia voltada para a educação. Então é uma cidade eminentemente de faculdade. Então a economia de Maastricht passou a girar em torno da universidade, do conhecimento. E hoje Maastricht é uma das maiores universidades que tem na Europa. E aí é que foi ver... é um pessoal

que conseguiu se transformar. Foi interessante porque a gente estava precisando dessa experiência deles... de se transformar. Você sair de uma educação de uma metodologia tradicional para uma metodologia totalmente avançada como é a ABP você tem que se transformar, você tem que quebrar paradigmas e eu acho que essa convivência com Maastricht foi muito importante nesse aspecto”.

Tabela 5 – Adequação aos Aspectos Técnicos (Escala de Likert: 1 a 7)

Entrevistas Item 1 Aspectos técnicos Fr. _Média FBV 31 6,2 IMIP 31 6,2 Total 62 Média 6,2 α 0,901 Desvio Padrão 0,789

Fonte: Dados da pesquisa realizada pelo autor.

Tabela 6 - Adequação ao Desenvolvimento Tecnológico (transferência de tecnologia) (Escala de Likert: 1 a 7) Entrevistas Item 2 Desenvolvimento tecnológico Fr. Média FBV 32 6,4 IMIP 32 6,4 Total 64 Média 6,4 α 0,906 Desvio Padrão 0,516

Fonte: Dados da pesquisa realizada pelo autor.

Com relação às diferenças culturais (valores organizacionais) notou-se que, para a FBV, houve uma maior nota atingindo uma média 6,0, e, para o IMIP a média foi 5,4, ou seja, para o IMIP foi menos impactante em termos de adequação pela compreensão das distinções de cultura organizacional. O desvio padrão neste item revelou que houve menor consenso na questão. A primeira fala, feita por dirigente do IMIP, revelou uma posição mais neutra, por ser uma instituição pública sem fins lucrativos e com valores organizacionais mais tradicionais. Na segunda, pela FBV, constatou-se pelo discurso a existência de pensamentos divergentes, mas que se julgaram adequados:

E1. (...) “São instituições diferentes, a gente tem muito a aprender um como outro e se adaptando ou, no caso da gente aqui, não é nem se adaptando é criando outra proposta para a AECISA. Que a AECISA não é o IMIP e não é FBV. Então é construir um processo e obviamente a gente deve pegar o que é melhor de um e o que é melhor do outro, independente da quantidade de quem colabore mais pra construir esse processo próprio da AECISA”.

E5.(...)“É isso que eu disse a você anteriormente. A gente era... foi complementar. Nós temos expertise na gerência, na administração, no ensino, essa experiência no ensino também foi muito importante. O IMIP tinha experiência na saúde, no hospital, como funcionava o hospital, nessa preparação desse capital humano que era o professor no mestrado, então eu acredito que essa.... existia diferenças, mas eram diferenças complementares, pensamentos divergentes e sim complementares”.

Tabela 7 - Adequação às Diferenças Culturais (valores organizacionais, políticas e procedimentos) (Escala de Likert: 1 a 7) Entrevistas Item 3 Diferenças Culturais Fr. Média FBV 30 6,0 IMIP 27 5,4 Total 57 Média 5,7 α 0,890 Desvio Padrão 1,16

Fonte: Dados da pesquisa realizada pelo autor.

No tocante à integração das equipes é praticamente imperceptível a diferença entre os dois parceiros, com valores médios muito aproximados na ordem respectiva de 6,2 e 6,4, respectivamente, para FBV e IMIP. O discurso transcrito abaixo reforça o consenso neste quesito, onde a média foi de 6,3 para os dois grupos e desvio de 0,67:

E3. (...) “Como todo lado acadêmico é do IMIP e administrativo-financeira foi da responsabilidade da FBV, trabalhamos em campos diferentes... mas eles têm uma integração. Veja, um tutor nosso tem um bom relacionamento com a secretaria acadêmica, que na verdade também é cuidada por mim, mas o departamento pessoal que é cuidado por [...], por exemplo.. então isso não tem problema nenhum não. Na verdade a maior interação é no corpo da direção, onde tem dois oriundos do IMIP e dois oriundos da FBV, mas, a interação é perfeita”.

Tabela 8 - Adequação a Integração das Equipes das Parceiras (Escala de Likert: 1 a 7)

Entrevistas

Item 4 Integração das equipes das parceiras

Fr. Média FBV 31 6,2 IMIP 32 6,4 Total 63 Média 6,3 α 0, 903 Desvio Padrão 0,67

Fonte: Dados da pesquisa realizada pelo autor.

A análise na Tabela 9 traz o conceito subjacente sobre mudanças organizacionais e de como atuam decisivamente em quatro categorias: estrutura, tecnologia, instalações físicas e pessoas. As visões são relativamente opostas, a primeira da FBV, mais acentuada com média de 6,2, revelou que foram mais adequados para a instituição pela primeira apreciação abaixo. A segunda, do IMIP, com média inferior de 5,2, evidencia uma tendência a neutralidade dos processos funcionais:

E5. (...) “Se eu disser que isso aí foi perfeito aí eu vou estar mentindo... porque você tem culturas distintas. Apesar de você ter objetivos muito parecidos, mas você tem uma cultura... cada organização tem sua cultura própria. Mas isso aí.. quando você vê que o objetivo maior.. você tinha uma relação mais forte, então essas divergências que existiam e que existem, isso é facilmente ultrapassado por conta desse objetivo. É claro que não foi uma coisa que... você teve que fazer adaptações, ter muitas conversas, ceder de um lado, ceder de outro, mostrar o caminho que é mais positivo para a organização. Eu acho que a partir do momento que passa a enxergar a organização e não as pessoas... porque as pessoas passam e a organização fica. Então muitas pessoas que hoje estão... então essas pessoas podem passar, mas a importância de nós mantermos essa organização.. pensar no bem da organização. Porque a organização vai ficar”.

E6. (...) “Foi adequado, porque o IMIP se sujeitou as normas de administração desenhadas como de atribuição da FBV e a FBV por sua vez também se adequou às normas de atendimento ao alunado, de plano de aula, plano curricular, grade de ensino, professores, maneira de dar aula, entidade modelo para... o IMIP...”.

Tabela 9 - Adequação às Mudanças Organizacionais (processos e áreas funcionais)(Escala de Likert: 1 a 7) Entrevistas Item 5 Mudanças organizacionais Fr. Média FBV 31 6,2 IMIP 26 5,2 Total 57 Média 5,7 α 0, 899 Desvio Padrão 0,82

Fonte: Dados da pesquisa realizada pelo autor.

A questão dos recursos financeiros na Tabela 10 foi muito aproximada na avaliação das duas instituições, FBV e IMIP, com médios respectivos, de 5,6 e 5,4, indicando uma média de 5,5 para as duas parceiras, ratificando a conclusão de que os compromissos contratuais assumidos pela FBV de aporte financeiro foram cumpridos:

E10. (...) “Na verdade a gente tinha recursos escassos pra fazer o projeto, mas eu acho que foi adequado pra o início da operação, não foi o ideal, mas dentro do possível a gente conseguiu”.

E6. (...) “Nós sabíamos que não podia ser feito de supetão, mas dentro das necessidades a Faculdade Boa Viagem cumpriu o que se propôs”.

Tabela 10 - Adequação aos Recursos Financeiros (Escala de Likert: 1 a 7)

Entrevistas Item 6 Recursos Financeiros Fr. Média FBV 28 5,6 IMIP 27 5,4 Total 55 Média 5,5 α 0, 898 Desvio Padrão 0,85

Fonte: Dados da pesquisa realizada pelo autor.

O tema do acesso a novos mercados remonta ao posicionamento de cada parceiro no segmento em que atua, para ser mais preciso, o IMIP na área de assistência à saúde, ensino e pesquisa, a FBV no ensino superior e pesquisa. Os recursos competitivos percebidos, a análise da concorrência e o planejamento estratégico são requisitos para a sustentabilidade que será

abordada mais adiante. Todavia, as análises, com uma indicação média de 5,7, corroboraram que a FPS se posiciona a frente das concorrentes e tem conhecimento da realidade do setor. Para o IMIP, com uma média ligeiramente superior de 5,8 a indicação é que estão preparados para acessar novos mercados. A posição da FBV é mais cautelosa, com 5,6, e aponta que os novos projetos, ainda embrionários, somente serão desenvolvidos a partir de 2011:

E3. (...) “É primeiro preciso pensar o porquê da criação disso. Como eu te falei... é um pensamento muito antigo do IMIP, da preocupação do seu fundador quanto a qualidade dos médicos saindo das instituições. Então, o princípio básico da questão é que o IMIP quer.... quis ter uma faculdade onde tanto para o IMIP, como também para a região. Então, não é prioridade, não é pensamento do IMIP, expandir além fronteiras, replicar esse método além fronteiras, tá. O pensamento do IMIP é fortalecer cada vez mais essa faculdade, essa instituição. Então transformar num centro universitário e posteriormente em universidade de saúde, que aí vai suprir o IMIP com seus recursos humanos necessários, como também a região. Nós temos dificuldades com a burocracia do MEC. A velocidade não está não está tão boa quanto gostaríamos”.

E10. (...) “Eu acho que isso ainda está embrionário, essa foi uma idéia que nós já lançamos há um bom tempo, mas eles já tinham vários outros projetos na área hospitalar e nunca nos apoiaram muito nisso, mas mais recentemente na expansão do IMIP consolidada etc. é um assunto que voltou à tona. Agora estão aceitando esse tipo de expansão que vai começar com um novo projeto para 2011, já em Recife e novos projetos mais adiante em outros estados. Eu diria que a gente ainda está numa fase embrionária”.

Tabela 11 - Adequação ao Acesso a Novos Mercados (Escala de Likert: 1 a 7)

Entrevistas Item 7 Acesso a novos mercados Fr. Média FBV 28 5,6 IMIP 29 5,8 Total 57 Média 5,7 α 0, 899 Desvio Padrão 1,49

Fonte: Dados da pesquisa realizada pelo autor.