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Textos de política e situação económica Quadro 8

ADEQUAÇÃO DE FUNDOS PRÓPRIOS

Base consolidada Milhões de euros

Variação homóloga (em percentagem)

1999 2000 2001 2002 2003 2000 2001 2002 2003

Dez. Dez. Dez. Jun. Dez. Jun. Dez. Dez. Jun. Dez. Jun.

1. Fundos próprios

1.1. Fundos próprios de base . . . 11 025.9 12 991.0 13 237.7 13 446.4 13 351.2 13 889.1 17.8 1.9 0.2 0.9 3.3

1.2. Fundos próprios complementares . . . 4 268.9 5 026.3 7 030.1 7 278.9 7 808.6 7 952.7 17.7 39.9 11.0 11.1 9.3

1.3. Deduções . . . 512.7 2 272.6 2 998.8 2 685.8 2 829.1 2 860.6 343.3 32.0 -6.7 -5.7 6.5

1.4. Fundos próprios suplementares . . . 27.3 0.4 1.2 0.7 0.0 0.1 -98.6 225.0 -56.2 -100.0 -90.2

Total dos fundos próprios . . . 14 809.5 15 745.1 17 270.1 18 040.2 18 330.7 18 981.2 6.3 9.7 5.5 6.1 5.2 2. Requisitos de fundos próprios

2.1. Rácio de solvabilidade . . . 10 651.8 13 184.5 14 094.3 14 373.4 14 687.0 15 126.7 23.8 6.9 4.6 4.2 5.2

2.2. Riscos de posição. . . 180.6 284.2 289.1 254.1 219.6 261.5 57.3 1.7 -18.0 -24.0 2.9

2.3. Riscos de liquidação e contraparte . . . 47.8 30.7 40.8 30.0 41.3 51.3 -35.7 32.9 -27.1 1.0 70.8

2.4. Riscos cambiais . . . 79.2 134.9 87.3 67.0 87.2 71.4 70.4 -35.3 -11.3 -0.1 6.6

2.5. Outros requisitos . . . 0.0 20.7 1.5 0.1 0.1 0.0 - -92.8 -93.6 -92.7 -60.7

Total dos requisitos de fundos próprios. . . 10 959.4 13 655.1 14 513.1 14 724.6 15 035.1 15 510.9 24.6 6.3 3.9 3.6 5.3

Variação face ao período homólogo (pontos percentuais) 3. Rácios

3.1. Fundos próprios/Requisitos totais . . . 135.1 115.3 119.0 122.5 121.9 122.4 -19.8 3.7 1.8 2.9 -0.1

3.2. Fundos próprios/(Requisitos totais x 12.5) . . . 10.8 9.2 9.5 9.8 9.8 9.8 -1.6 0.3 0.1 0.2 0.0

acelerando comparativamente a Dezembro (0.9 por cento); desde o início do ano, o aumento dos fundos próprios de base cifrou-se em 4.0 por cen- to. Para esta evolução contribuiu a realização de um aumento de capital social por um dos cinco maiores grupos bancários. Note-se que, em 2002, a evolução dos fundos próprios totais foi condicio- nada pela entrada em vigor do novo regime de provisionamento de menos-valias latentes em par- ticipações financeiras (estabelecido pelo Aviso do Banco de Portugal nº 4/2002(32)), sobretudo, na se- gunda metade do ano.

O aumento dos fundos próprios de base foi compensado pelo acréscimo registado nos requisi- tos de fundos próprios (5.3 por cento) e pelo já re- ferido aumento das deduções. Em particular, os requisitos associados ao rácio de solvabilidade re- gistaram um aumento de 5.2 por cento, em Junho de 2003, superior aos registados, quer no semestre homólogo, quer em Dezembro de 2002 (respectiva- mente, 4.6 e 4.2 por cento). Este desenvolvimento deveu-se, fundamentalmente, ao alargamento do perímetro de consolidação do sistema bancário. Excluindo este efeito, os requisitos associados ao rácio de solvabilidade mantêm uma tendência de desaceleração reflectindo o abrandamento do cré- dito concedido. É de referir que se vem verifican- do uma tendência descendente no risco médio ponderado do crédito, que é mantida em Junho de 2003, reflectindo a diminuição do peso relativo do crédito de maior risco no total de crédito concedi- do (essencialmente, crédito a sociedades não fi- nanceiras sem garantia, e crédito a particulares para consumo e fins diversos da aquisição de habi- tação).

6. CONCLUSÃO

De acordo com as estimativas mais recentes do Banco de Portugal(33), o processo de ajustamento endógeno do sector privado intensificou-se em 2003, o que se traduziu numa redução mais acen- tuada da procura interna privada relativamente ao previsto. De facto, pela primeira vez desde 1997, o sector privado no seu conjunto (empresas e famí- lias) não apresenta necessidades de financiamento, denotando inclusivamente capacidade de financia- mento se não forem considerados na contabiliza- ção das necessidades de financiamento das admi- nistrações públicas os efeitos de duas operações especiais. Este processo de ajustamento que se ini- ciou em 1999/2000 no caso das famílias e, mais re- centemente, no caso das empresas, traduziu-se num aumento da poupança e, em especial, numa queda acentuada do investimento. A este processo de ajustamento, está também associado o rebalan- ceamento do crescimento entre sector transaccio- nável e não transaccionável, sendo de destacar, na sequência do observado no ano anterior, a forte queda estimada para o sector da construção em 2003, bem como algum ganho de quotas de merca- do das exportações que contrasta com as perdas acumuladas no período de 1997 a 2000.

Tendo em conta o papel fundamental desempe- nhado pelo sistema bancário no financiamento da economia portuguesa, o referido processo de ajus- tamento de sector privado, se bem que inevitável, não deixou de ter repercussões negativas sobre o sistema bancário, traduzidas designadamente em queda da rendibilidade e aumento do crédito com incumprimento. No entanto, reflectindo um en- quadramento caracterizado por taxas de juro his- toricamente muito baixas, condições de partida dos próprios bancos relativamente favoráveis, bem como a sua capacidade de ajustamento à nova si- tuação cíclica, os efeitos têm sido moderados e não comparam desfavoravelmente a nível internacio- nal. Por seu lado, os bancos, com destaque para os domésticos, têm vindo progressivamente a reduzir a sua vulnerabilidade ao mercado interbancário internacional. Com efeito, tem-se assistido a uma redução em termos líquidos do seu financiamento neste mercado. Depois da interrupção observada na segunda metade do ano anterior, os bancos re- tomaram na primeira metade de 2003 a emissão de títulos de médio e longo prazos nos mercados fi-

(32)No regime anterior, as participações consideradas estratégicas pelos bancos só estavam sujeitas à constituição de provisões, se as empresas participadas apresentassem situação financeiras difícil ou sinais de persistente deterioração da mesma. O novo regime impõe que, além da constituição de provisões, sejam deduzidas aos fundos próprios parte das menos-valias em par- ticipações financeiras, quando estas excedam determinados ní- veis.

nanceiros internacionais, tirando, assim, partido das condições mais favoráveis de financiamento nestes mercados.

Em suma, o sistema bancário português tem re- velado capacidade de absorção de choques negati- vos quer no que se refere à situação cíclica da eco- nomia quer relativamente aos mercados financei- ros internacionais. Dever-se-á, contudo, ter em atenção que a recuperação da economia portugue- sa será lenta e, eventualmente, mais fraca do que a da economia da área do euro. Assim, tendo em conta o efeito desfasado da situação económica so- bre a situação do sector bancário, continua a reve- lar-se como fundamental a manutenção de uma análise de risco rigorosa de forma a mitigar a vul- nerabilidade do sistema bancário à situação cíclica da economia.

Banco de Portugal / Boletim económico / Setembro 2003 71

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