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5. IMPLEMENTAÇÃO DO REGISTRO DE PREÇOS

5.14 Adjudicação

A adjudicação constitui uma das fases da licitação e por ela se atribui o objeto ao vencedor.

Celso Antônio Bandeira de Mello ensina que a adjudicação corresponde ao “ato pelo qual o primeiro classificado é definido como futuro contratante e convocado para travar o vínculo” ou “ato pelo qual é selecionado o proponente que haja apresentado proposta havida como satisfatória”.174

Maria Sylvia Zanella di Pietro, de sua parte, registra:

[...] é o ato pelo qual a Administração, pela mesma autoridade competente para homologar, atribui ao vencedor o objeto da licitação.

É o ato final do procedimento.

Trata-se de ato declaratório que não se confunde com a celebração do contrato, pois, por meio dele, a Administração proclama que o objeto da licitação é entregue ao vencedor. Depois de praticado esse ato é que a Administração vai convocá-lo para assinar o contrato.

Trata-se de ato vinculado, já que as únicas hipóteses em que a Administração pode deixar de efetuar a adjudicação são as de anulação ou revogação do procedimento, conforme previsto no art.49 da Lei n. 8.666/93. A anulação ocorrerá em caso de ilegalidade, e a revogação, em caso de interesse público decorrente de fato superveniente devidamente comprovado.175

Hely Lopes Meirelles considera adjudicação

[...] o ato pelo qual se atribui ao vencedor o objeto da licitação, para a subseqüente efetivação do contrato administrativo. É o ato constitutivo do direito do licitante a contratar com a Administração, quando esta se dispuser a firmar o ajuste. A adjudicação, como ato constitutivo de direitos e obrigações, produz seus efeitos jurídicos desde o momento em quem o julgamento for homologado e a adjudicação determinada pela autoridade competente.

São efeitos jurídicos da adjudicação: a) a aquisição do direito de contratar com a Administração nos termos em que o adjudicatário venceu a licitação; b) a vinculação do adjudicatário a todos os encargos estabelecidos no edital e

174 BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo. 27. ed. São Paulo: Malheiros,

2010, p. 578 e 580.

aos prometidos na sua proposta; c) a sujeição do adjudicatário às penalidades previstas no edital e à perda de eventuais garantias oferecidas, se não assinar o contrato no prazo e condições estabelecidos; d) o impedimento de a Administração contratar o objeto licitado com qualquer outro que não seja o adjudicatário; e) a liberação dos licitantes vencidos dos encargos da licitação.176

Tratando-se de licitação para registro de preços, o tema é controvertido, havendo posições favoráveis e contrárias à adjudicação.

J. C. Mariense Escobar admite a adjudicação na licitação para registro de preços, entendendo que o “adjudicatário do certame de registro de preços” tem assegurado o direito de concretizar a contratação do objeto obtido através de licitação específica para o qual haja preço registrado, em igualdade de condições. E esclarece:

[...] ao facultar a utilização de outros meios, a Lei Federal acrescenta, “respeitada a legislação relativa às licitações”. Para respeitá-la, pois, imprescindível observar um dos mais importantes direitos do licitante: o de não ser preterido.

Nem poderia ser de outro modo, uma vez que, pela adjudicação do preço unitário com o qual o proponente sagrou-se o vencedor da concorrência operou-se, em seu favor, com o dever de sustentar a proposta e firmar o contrato, o direito de não ser preterido caso a Administração viesse a contratar.177

Eliana Goulart Leão, diversamente, afirma inexistir esse ato na licitação para registro de preços, e argumenta:

Ao fim da concorrência que antecede a ata de registro de preços, porém, não existe nenhum vínculo entre o objeto e a primeira classificada e, muito menos, as outras propostas de ordenação subseqüente que também tiverem seus preços registrados, porque, se a Lei permite à Administração não comprar dos fornecedores com preços registrados em ata e se utilizar de outros meios para a aquisição, entre os quais, até mesmo uma nova licitação, é evidente que, no procedimento licitatório realizado para registro de preços, não pode ser praticado o ato de adjudicação, vinculando o objeto do certame à licitante que apresentou a proposta classificada em primeiro lugar. Se assim fosse, necessariamente, só seria passível de registro, o valor da oferta classificada em primeiro lugar na concorrência, e o Poder Público seria obrigado a adquirir o objeto somente da empresa que a tivesse apresentado, em virtude do vínculo entre eles estabelecido pela adjudicação.178 179 180

176 MEIRELLES, Hely Lopes. Licitação e contrato administrativo. 14. ed. São Paulo: Malheiros, 2010, p. 221-

222.

177 ESCOBAR, J. C. Mariense. O sistema de registro de preços nas compras públicas: teoria e prática. Porto

Alegre: Livraria do Advogado, 1996, p. 40-41.

178 LEÃO, Eliana Goulart. O sistema de registro de preços: uma revolução nas licitações. Campinas:

A questão não é de solução fácil; porém, entendemos que a obrigação imposta à Administração de observar o direito de preferência, em igualdade de condições com terceiros, produz os mesmos efeitos da adjudicação, a qual, vale registrar, não tem o condão de impor a contratação à Administração, e isso em qualquer licitação; no registro de preços, a lei apenas cuidou de expressar essa regra.

É lícito afirmar que o objeto se vincula ao titular do preço registrado apenas em condições de igualdade com terceiros. Optando a Administração pela instauração de nova licitação e obtidas condições iguais às do registro de preços, a contratação do objeto não poderá se efetivar, pois estará vinculado ao titular do registro.

Sobre a instauração de licitação no período de validade do registro de preços, bastante esclarecedora a posição adotada por Marçal Justen Filho que assevera que “apenas se promove a licitação depois da recusa do fornecedor registrado em reduzir seus preços. Essa recusa gera duas conseqüências. Uma delas é a extinção do registro, a outra é a instauração de uma licitação específica para aquele item”.181182

Pelas razões expendidas, não há óbice jurídico à prática do ato de adjudicação na licitação realizada para o registro de preços.