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2. PROTEÇÃO JURÍDICA INTERNACIONAL DO MEIO AMBIENTE

2.4 CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS (ECO/92)

2.4.1 Agenda 21

A agenda 21 é um documento ou um programa de estratégias a serem adotadas pelos

países para promover o desenvolvimento sustentável. Segundo Padilha (2010, p.71), "A

agenda 21 é um documento de planejamento estratégico para enfrentamento dos desafios da

sustentabilidade nos próximos séculos (CNUMAD 1997)".

E ainda nas palavras de Silva (2015, p.46): "A agenda 21 constitui um programa de

ação que viabiliza o novo padrão de desenvolvimento ambientalmente racional, programa que

concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica."

Assim, a Agenda 21 trata-se de um "código de boa intenções", que não possui poder

vinculante e nem de coação para o cumprimento do prescrito pela Agenda. Nesse sentido

Silva (2015, p.46 e 47) afirma que:

Mesmo restrita ao papel de diretriz, a Agenda 21 é mais do que mero "código de

boas intenções". Trata-se de referencial importante para o desenvolvimento de

ações ambientalmente sustentáveis em todo o planeta, servindo como base par que

cada país elabore seu plano de proteção ao meio ambiente. (g.n)

A Agenda 21 é composta, por 800 páginas, possuindo assuntos como dimensões

sociais do desenvolvimento, a conservação e gestão de recursos naturais para o

desenvolvimento, fortalecimento do papel dos principais grupos sociais e descrição das bases

para a ação na implantação da Agenda 21 nos países. Assim afirma Padilha (2010, p.73)

O documento, de cerca de 800 páginas, é constituído por 40 capítulos,

distribuídos em 4 seções, que se referem a: dimensões sociais econômicas do

desenvolvimento; conservação e gestão de recursos naturais para o

desenvolvimento; fortalecimento do papel dos principais grupos sociais; e

descrição das bases para ação, objetivos, atividades e meios de implementação.

(g.n.)

No mesmo sentido, Silva (2015, p.47) afirma que:

A Agenda 21 é um plano de ação para ser adotado global, nacional e

localmente, por organizações do sistema das Nações Unidas, governos e pala

sociedade civil, em todas as áreas em que a ação humana impacta o meio ambiente.

(g.n.)

Dentre os temas abordados na Agenda 21 está de forma central a integração entre a

produção industrial, o meio ambiente e o desenvolvimento social, havendo no documento

outras discussões e plano na utilização dos recursos naturais, sendo que todas as atividades

possuem como finalidade o desenvolvimento sustentável, como bem afirma Padilha (2010, p.

73):

Os temas centrais da Agenda 21 Global são a qualidade de vida na Terra

(compatilização dos modelos de produção e consumo com a finitude dos

recursos naturais); a utilização eficiente dos recursos naturais; a proteção e

administração dos bens comuns, da atmosfera e dos oceanos; a gestão das áreas

habitadas (condições físicas, sociais e econômicas dos aglomerados humanos); o uso

de produtos químicos; a administração do desperdício humano; e por fim, o

crescimento econômico global baseado na sustentabilidade. (g.n.)

Conforme a Agenda 21, ficou estabelecido que cada país elaboraria sua própria

Agenda, afim de criar metas a serem atingidas no âmbito nacional e o Brasil elaborou sua

própria Agenda 21 Nacional para o desenvolvimento de políticas sustentáveis, sendo

coordenado pela Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável - CPDS.

A Agenda 21 Brasileira, enfrentou dificuldades em sua elaboração, principalmente

pela grande extensão territorial nacional e com o seu ecossistema, que é amplamente

explorado desde o início da história do Brasil, como bem afirma Padilha (2010, p.75)

De acordo com o documento oficial da Agenda 21 brasileira, fica claro o processo

de tensão a que está sujeita a implementação de suas ações estratégicas. Afinal, a

exploração predatória dos diferente biomas brasileiros é decorrente de um

processo histórico de um padrão agressivo de desenvolvimento, o que torna a

proposta de sustentabilidade um grande desafio. Conforme registrado no

documento oficial, o processo produtivo que gera efeitos negativos no meio

ambiente "é o mesmo que produz os benefícios do crescimento do emprego, da

renda e da arrecadação tributária, trazendo à tona os inúmeros conflitos de interesses

entre diferentes atores sociais e entre instituições públicas e organizações privadas".

(g.n.)

Muito embora a tentativa da ECO/92 tenha sido bem aceita no âmbito internacional,

os princípios e metas estabelecidas acabam por apenas "pedir", sendo um mero apelo aos

países, já que se trata de uma "soft law" sem vinculação e sem obrigatoriedade de

cumprimento, como destaca Silva (2013, p.68):

A leitura dos princípios da Declaração do Rio de Janeiro decepciona e até frustra um

pouco, pelo seu tom de mero apelo à cooperação dos Estados, que alguns acenos aos

direitos humanos de terceira geração (paz, desenvolvimento, participação) não

conseguem disfarçar.

A RIO/92 foi bem pensada em vários aspectos, mas pela não obrigatoriedade dos

países em seu cumprimento acaba por ser um documento de cunho moral e de "boas

intenções". O que para o campo da responsabilização pelos danos ambientais acabam por não

ter eficácia e nem mesmo ser modelo indenizatórios para as presentes e futuras gerações que

foram vítimas de danos ambientais.

Apesar de não possuir força imperativa a RIO/92, serviu como base para Políticas

Públicas e para a observância dos valores existentes nos Recursos Naturais utilizados pelas

indústrias, entretanto cabe a cada país se valer dos conhecimentos para se chegar a sua própria

Agenda 21 e de forma imperativa obrigar a responsabilização por danos causados ao Meio

Ambiente e valorar os Recursos Naturais degradados para que se chegue mais próximo da

realidade e cada Recurso Natural.

Merece destaque ainda outros eventos internacionais que discutiram sobre o Meio

Ambiente, dando prosseguimentos aos debates sobre a produção industrial e a proteção

ambiental a exemplo das chamadas: Segunda Conferência da ONU sobre Assentamentos

Humanos (Istambul,1999); a Sessão Especial da Assembleia Geral sobre Pequenos Estados

Insulares em Desenvolvimento (Nova York, 1999); a Cúpula do Milênio (Nova York, 2000) e

seus Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (cujo sétimo objetivo procura “Garantir a

sustentabilidade ambiental”) e a Reunião Mundial de 2005.Rio+10, em 2002, e a Rio+20, em

2012, citando ainda a Assembleia Ambiental das Nações Unidas (UNEA, na sigla em inglês),

ocorrida em 2014 e em 2016.

Com as várias conferências abordando o Meio Ambiente, a Responsabilidade Civil

por danos ambientais tornou-se pauta das conferencias internacionais, bem como o estudo

quanto a devida indenização para as vítimas nos casos de Danos Ambientais e como poderiam

ser de forma justa indenizadas, mas que para se chegar a integralidade da indenização é

também necessário se chagar ao efetivo valor do Dano Causado ao Meio Ambiente.

A agenda 21 dentro do campo da valoração dos Recursos Naturais possibilitou a

discursões de temas que embasam os critério para a fixação de uma base para cálculo nas

indenizações por danos ambientais quando estabelece as condições existentes para a qualidade

de vida.