3. ORDEM AMBIENTAL ECONÔMICA
3.4 RECONHECIMENTO DO VALOR ECONÔMICO DOS BENS AMBIENTAIS . 70
Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) define Meio Ambiente como sendo o
conjunto de condições, leis, influências e interações que permite a vida, in verbis:
Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de
ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as
suas formas;
(...) omissis
V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e
subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da
biosfera, a fauna e a flora. (g.n.)
Já o Recurso Natural, pode ser entendido como tudo o que o Meio Ambiente
proporciona para o nascimento e crescimento da vida. Nesse sentido, Pereira (2014, p.182)
descreve que:
Dessa forma, o recurso ambiental é tudo que o ambiente proporciona e é
consumido pelos organismos no curso do seu crescimento e reprodução. Uma
planta, por exemplo, para crescer e se reproduzir, precisa de radiação solar, dióxido
de carbono, agua e nutrientes minerais.
Da mesma maneira, o conceito dos Recursos Naturais encontra-se inseridos na Lei de
Política Nacional do Meio Ambiente:
Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
(...) omissis
V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e
subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da
biosfera, a fauna e a flora. (g.n.)
E os Recursos Ambientais, quando dotados de utilidade e valor, são denominados de
bens, sendo dessa maneira, o bem ambiental, a matéria ou energia advinda do ambiente, com
valor e utilidade. Assim, Pereira (2014, p. 182) afirma que:
Os recursos ambientais e naturais dotados de utilidade e valor para o homem são
denominados de bens. Assim, o bem ambiental é toda matéria ou forma de
energia proporcionada pelo ambiente, com valor e utilidade para o homem.
Esse valor pode ser biológico, econômico e cultural. (g.n.)
Observa-se que o bem ambiental é reconhecido pela legislação como possuidor de
Valor. Valor que não se restringe apenas aos valores proporcionados pelo ambiente natural,
mas que alcança também os valores dos ambientes artificial, cultural e do trabalho, sendo
dotado de características materiais e imateriais.
Os bens materiais são os bens corpóreos, aqueles de natureza concreta, como uma
parte do rio, uma arvore, dentre outros bens ambientais definidos. Pereira (2014, p.183)
define:
Os bens ambientais como materiais (corpóreos) ou imateriais (incorpóreos). Os
materiais são os bens de natureza concreta, como uma árvore, um galão de
água, um hectare de solo, um determinado trecho de rio, etc. Como exemplo, a
árvore é considerada um bem, por que sua madeira, folhas e frutos possuem valor e
utilidade ao homem. (g.n.)
Já os bens imateriais possuem valor quanto aos direitos à qualidade do meio
ambiente, são bens agregados. Dessa maneira, Granziera, citada por Pereira (2014, p.183)
conceitua:
Por outro lado, os imateriais, segundo Ganziera (2011), são os bens de natureza
abstrata, relacionados aos direitos à qualidade do meio ambiente, enquanto um
complexo de bens agregados que se diferenciam de seus elementos
compositores. Como exemplo de bems imaterial, tem-se a floresta, que não se
confunde com a árvore (elemento compositor da floresta), enquanto bem. (g.n.)
Com o reconhecimento dos bens ambientais como detentores de Valor, houve
também o reconhecimento dos serviços ecossistêmicos advindos dos bens ambientais. Os
serviços ecossistêmicos são os benefícios advindos do ecossistema. Constanza, citado por
Paiva (2015, p. 204) afirma que:
Os serviços ecossistêmicos são benefícios que os humanos recebem, direta ou
indiretamente, dos ecossistemas (Costanza et al. 1997). Alterações nas estruturas e
processos ecossistêmicos podem alterar a quantidade e qualidade de bens e serviços
fornecidos pelos mesmos (De Groot et al. 2006), alterando os níveis de bem-estar da
população. (g.n.)
Os valores dos bens ambientais podem ser divididos em Valor Ecológico, Valor
Sociocultural e Valor Econômico do Meio Ambiente. O Valor Ecológico entende-se pela
estrutura no fornecimento de bens e serviços para a continuidade da vida humana e de outras
espécies. Assim, Paiva (2015, p. 205) descreve que:
Diferentes dimensões de valor estão associadas à diversidade de bens e serviços
fornecidos pelo ecossistema e que garantem a manutenção da vida humana e de
outras espécies, devendo ser consideradas nos processos decisórios que envolvam a
gestão dos recursos naturais. A dimensão ecológica do valor (Valor Ecológico)
expressa a importância da integridade da estrutura ecossistêmica para o
fornecimento de bens e serviços a ela associados, tendo o ecossistema valor por
permitir que as estruturas ecossistêmicas interajam, possibilitando o
fornecimento de seus bens e serviços, o que não seria possível caso houvesse
destruição dessa estrutura – daí sua associação direta com a sustentabilidade e
determinação de escala adequada de utilização. (g.n.)
O valor sociocultural é a identidade das sociedades, é o valor cultural e moral
existente, ligados ainda aos valores éticos, espirituais, históricos e artísticos de determinada
sociedade, caracterizados ainda como bens intangíveis. Da mesma maneira, Andrade, citado
por Paiva (2015, p. 205) afirma que:
O valor sóciocultural estaria associado ao “importante papel para a identidade
cultural e moral das sociedades e estão em íntima sintonia com valores éticos,
espirituais, históricos e artísticos de determinadas sociedades, o que faz com que
os mesmos sejam por elas valorados, mesmo em casos em que os serviços
ecossistêmicos não contribuem diretamente para o seu bem-estar material” (g.n.)
Já o Valor Econômico do Meio Ambiente se caracteriza pela sua composição em
valores de uso e não-uso. Segundo Pearce, citado por Paiva (2015, p. 205) afirmando que:
O valor econômico do meio ambiente é composto pelos valores de uso e valores
de não-uso dos recursos naturais: o valor de uso (VU), que se refere ao valor dos
bens e serviços ambientais usados para consumo oupara produção e o valor de
não-uso (VNU) - ou o valor de existência (VE), que é o valor atribuído ao recurso pelo
simples fato desse existir, não correspondendo a ele qualquer forma de utilização
presente ou futura. (g.n.)
Pelo reconhecimento dos valores dos bens ambientais determina-se a possibilidade
de quantificação dos recursos ambientais e a possibilidade da sua utilização nos casos de
danos ambientais, quantificando as indenizações devidas.
4 RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS AMBIENTAIS
O conceito de Responsabilidade Civil é o instituto jurídico que determina o causador
de um dano que por culpa ou dolo seja obrigado a ressarcir o prejuízo produzido, seja o dano
advindo de uma responsabilidade contratual, sendo aquela prevista em contrato, ou
extracontratual, que é a decorrente de uma exigência legal ou em razão de ato ilícito. Da
mesma forma, Silva (2013, p.336) afirma que:
A responsabilidade civil é a que impõe ao infrator a obrigação de ressarcir o
prejuízo causado por sua conduta ou atividade. Pode ser contratual, por
fundamentar-se em um contrato, ou extracontratual, por decorrer de exigência legal
(responsabilidade legal) ou de ato ilícito (responsabilidade por risco). (g.n.)
No mesmo sentido, Machado (2015, p. 400) afirma que:
A responsabilidade no campo civil é concretizada em cumprimento da
obrigação de fazer ou de não fazer e no pagamento de condenação em dinheiro.
Em geral, manifesta-se na aplicação desse dinheiro em atividade ou obra de
prevenção ou de reparação do prejuízo.
Já a Responsabilidade Civil no âmbito do Direito Ambiental possui características
próprias e específicas determinadas pela Constituição Federal e por legislações ambientais
que as diferenciam das responsabilidades civis comuns do Direito Civil e do Direito
Administrativo. Nesse sentido, Mirra (2016, p.01) afirma que:
No Direito brasileiro, conforme tem sido analisado pela doutrina especializada,
a responsabilidade civil ambiental está sujeita a um regime jurídico próprio e
específico, fundado nas normas do artigo 225, parágrafo 3º, da Constituição Federal
e do artigo 14, parágrafo 1º, da Lei 6.938/1981 (Lei da Política Nacional do Meio
Ambiente), diverso, em muitos pontos, do regime comum do Direito Civil e do
Direito Administrativo, o que deu à responsabilidade civil por danos ambientais
entre nós uma grande amplitude. (g.n.)
Dentre as características específicas da Responsabilidade Civil por danos
Ambientais, destaca-se a reparação do dano causado ao meio ambiente e do dano moral
ambiental; a responsabilidade objetiva; os sujeitos responsáveis pelos danos ambientais; e
ampliação dos efeitos da responsabilidade civil. De igual forma, Mirra (2016, p.1) afirma que:
Entre outros aspectos, esse regime especial de responsabilidade civil está baseado a)
na admissão da reparabilidade do dano causado à qualidade ambiental em si
mesma considerada, reconhecida como bem jurídico protegido, e do dano moral
ambiental[2]; b) na consagração da responsabilidade objetiva do degradador do
meio ambiente, ou seja, responsabilidade decorrente do simples risco ou do simples
fato da atividade degradadora, independentemente da culpa do agente, adotada a
teoria do risco integral[3]; c) na amplitude com que a legislação brasileira trata
os sujeitos responsáveis, por meio da noção de poluidor adotada pela Lei da
Política Nacional do Meio Ambiente, considerado poluidor a pessoa física ou
jurídica, de direito público ou privado, direta ou indiretamente responsável pela
degradação ambiental (artigo 3º, IV); e d) na ampliação dos efeitos da
responsabilidade civil, que abrange não apenas a reparação propriamente dita do
dano ao meio ambiente, como também a supressão do fato danoso à qualidade
ambiental, por meio do que se obtém a cessação definitiva da atividade causadora de
degradação do meio ambiente. (g.n.)
A reparação no âmbito do direito ambiental considera que o dano ambiental é
multifacetário, ou seja, possui características variadas e peculiares, e todas essas
características quando afetadas, geram direito a indenização.
A degradação ambiental é a alteração adversa no meio ambiente que acarrete
prejuízos a saúde, segurança, bem estar da sociedade e que de alguma forma crie condições
desfavoráveis a biota, estética e sanitárias ao meio ambiente ou esteja fora dos padrões
ambientais estabelecidos. Assim afirma Tessler (2004, p. 3 e 4) que:
O dano ambiental, a degradação ambiental está definida no artigo 3º da Lei nº
6.938/1981 e é a alteração adversa das características do meio ambiente de tal
maneira que prejudique a saúde, a segurança e o bem-estar da população, crie
condições prejudiciais às atividades sociais, afete desfavoravelmente a biota,
prejudique condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente ou, por fim,
lance rejeitos ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos. (g.n.)
A Lei de Política Nacional do Meio Ambiente, da Lei nº 6.938/1981 caracteriza a
degradação ambiental e a poluição para fins de responsabilização dos sujeitos poluidores, in
verbis:
Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
(...) omissis
II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características
do meio ambiente;
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades
que direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos; (g.n.)
Tendo em vista as variadas formas para a caracterização dos danos ambientais, a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, afirma que o dano ambiental é multifacetário,
ou seja, possui características éticas, temporais, ecológicas, patrimoniais e entre outras
características, conforme se observa no Recurso Especial nº 1.198.727 - MG
(2010/0111349-9) que:
Nas demandas ambientais, por força dos princípios do poluidor-pagador e da
reparação in integrum , admite-se a condenação do réu, simultânea e agregadamente,
em obrigação de fazer, não fazer e indenizar. Aí se encontra típica obrigação
cumulativa ou conjuntiva. Assim, na interpretação dos arts. 4º, VII, e 14, 1º, da Lei
da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81), e do art. 3º da Lei 7.347/85,
a conjunção “ou” opera com valor aditivo , não introduz alternativa excludente .
Essa posição jurisprudencial leva em conta que o dano ambiental é multifacetário
(ética, temporal, ecológica e patrimonialmente falando, sensível ainda à
diversidade do vasto universo de vítimas, que vão do indivíduo isolado à
coletividade, às gerações futuras e aos próprios processos ecológicos em si
mesmos considerados). (g.n.)
Outra característica da responsabilidade civil, por danos ambientais, é a
responsabilidade civil objetiva. Significa dizer que o agente será responsabilizado
independentemente de culpa quanto ao dano causado, conforme a Constituição Federal, in
verbis:
Art. 225 - (...) omissis
(...) omissis
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados. (g.n.)
Seguindo ainda a diretriz constitucional, a Lei nº 6.938/81 (Lei da Política Nacional
do Meio Ambiente) obriga o poluidor, independentemente de culpa, a indenizar ou reparar os
danos causados ao meio ambiente, in verbis:
Art 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e
municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção
dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental
sujeitará os transgressores:
(...) omissis
§ 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor
obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os
danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O
Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de
responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente. (g.n.)
Dessa forma, o art. 225 da Constituição Federal e o art. 14 da Lei n. 6.938/81 servem
para responsabilizar independentemente de culpa, ou seja, com base na responsabilidade
objetiva, os causadores de danos ao Meio Ambiente.
Seguindo os estudos quanto a responsabilidade objetiva, esta, decorre da Teoria do
Risco Integral, pela qual, todo o risco inerente à atividade deve ser atribuído ao
empreendedor, ordenando a reparação, inclusive, do dano involuntário.
Nesse sentido, Padilha (2010, p.283) afirma que:
A responsabilidade objetiva decorre da teoria do risco integral, pela qual todo
risco inerente à atividade deve ser atribuído ao empreendedor, ordenando a
reparação, inclusive, do dano involuntário, não se cogitando de sua causa, mas
apenas de sua simples ocorrência e da existência da atividade da qual adveio,
bem como, não admitindo qualquer excludente de responsabilidade, como caso
fortuito, força maior e ação de terceiros. (g.n.)
No Risco Integral não se cogita a causa do dano, apenas sua simples ocorrência e
existência de atividade da qual adveio, assim, não se admite excludentes de responsabilidade,
como caso fortuito, força maior e ação de terceiros.
Segundo Silva (2013, p. 340): "a indenização é um dos modos – talvez o mais
comum – de compor o prejuízo." Dessa forma, percebe-se a importância de se determinar o
valor a ser despendido pelo poluidor para tentar recompor o meio ambiente degradado.
A condenação em dinheiro, entretanto, deve ser dotada de critérios para a sua
elaboração, razão pela qual, o estudo da valoração ambiental se faz importante na medida em
que ao se saber o valor do bem ambiental degradado é possível auferir o valor do quantum
indenizatório que deve ser pago pelo sujeito poluidor.
Além disso, tendo em vista o respeito ao princípio da reparação in integrum do dano
ambiental, a obrigação de recuperar o meio ambiente degradado é plenamente compatível
com a indenização pecuniária pelos danos causados.
No Poder Judiciário, a reparação integral dos danos casados ao Meio Ambiente é
observada nas decisões judiciais que obrigam a recuperação da área degradada de maneira
integral. Como a exemplo do julgado ocorrido no Estado de Minas Gerais, no Agravo de
Instrumento nº 10693110097930003 como segue.
AÇÃO CIVIL PÚBLICA - PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE - CUSTO DA
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL - INTERNALIZAÇÃO NO PROCESSO
PRODUTIVO - DEVER DE REPARAR A ÀREA DEGRADADA -
DETERMINAÇÃO DE APRESENTAÇÃO DE PLANO DE RECUPERAÇÃO
AMBIENTAL - RECURSO PROVIDO. (...) 3. Na equação que estrutura o direito
ambiental, portanto, devem incidir, como elementos primários, a prevenção do risco
e a reparação integral do dano, para, secundariamente, entrarem em cena a punição
do poluidor e, em última instância, a indenização do passivo ambiental. 4. Tendo
em vista que a incolumidade do meio ambiente não pode ser comprometida por
interesses empresariais e que a responsabilidade civil na seara ambiental é
informada pelos princípios da prevenção da precaução, do poluidor-pagador e
da reparação in integrum, na espécie, os agravados devem ser compelidos a
apresentarem o devido plano de recuperação para a área em que exerceram atividade
mineratória, a fim de que a situação não se agrave e que o equilíbrio ecológico no
local se restabeleça o quanto antes. (g.n.)
Os dispositivos legais para responsabilizar quem degrada o meio ambiente são
explícitos no Direito Brasileiro. Entretanto, um dos seus problemas é mensurar o quantum
respeito ao princípio da reparação integral, incluindo na quantificação dos danos ambientais
efeitos que vão além do dano ao recurso ambiental.
Dessa maneira, deve-se analisar para a apuração do quantum indenizatório: os efeitos
ecológicos e ambientais da agressão inicial (destruição de espécimes); perdas na qualidade
ambiental no período entre a ocorrência do dano e sua efetiva recomposição; os danos futuros
comprovados; danos irreversíveis e danos coletivos resultantes da degradação de um bem
ambiental. Nesse sentido, Mirra (2016, p.01) afirma que:
A reparação integral do dano ao meio ambiente abrange não apenas o dano
causado ao bem ou recurso ambiental imediatamente atingido, como também
toda a extensão dos danos produzidos em consequência do fato danoso à
qualidade ambiental[5], incluindo: a) os efeitos ecológicos e ambientais da
agressão inicial a um determinado bem ambiental que estiverem no mesmo
encadeamento causal (como, por exemplo, a destruição de espécimes, habitats e
ecossistemas inter-relacionados com o meio imediatamente afetado; a contribuição
da degradação causada ao aquecimento global); b) as perdas de qualidade ambiental
havidas no interregno entre a ocorrência do dano e a efetiva recomposição do meio
degradado; c) os danos ambientais futuros que se apresentarem como certos; d) os
danos irreversíveis causados à qualidade ambiental, que de alguma forma devem ser
compensados; e) os danos morais coletivos resultantes da agressão a determinado
bem ambiental[6].
As características existentes no recurso ambiental são levadas em conta para a
determinação do quantum indenizatório, mas para se obter a reparação integral do dano,
deve-se avaliar, também, outros aspectos que vão além das características físicas do recurso
ambiental. A perda na qualidade de vida das pessoas que dependem de determinado bem
ambiental degradado deve ser levado em consideração para a determinação do valor
indenizatório a ser pago.
No documento
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO AMBIENTAL
(páginas 70-77)