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2. PROTEÇÃO JURÍDICA INTERNACIONAL DO MEIO AMBIENTE

2.3 RELATÓRIO BRUNDTLAND

2.3 RELATÓRIO BRUNDTLAND

O Relatório Brundtland, em 1987, representou uma resposta ao Relatório do Clube

de Roma, mais especificamente o chamado "Limites do Crescimento". Ao relatório

Brundtland foi dado o título de "Nosso Futuro Comum", e este documento serviu como

adequação de interesses econômicos e ecológicos, desenvolvendo a ideia de desenvolvimento

sustentável, que conforme Oliveira (2012, p. 81 e 82) afirma que o Relatório Brudtland: "(...)

é a adequação entre economia e ecologia, através da combinação entre a ideia do

desenvolvimento sustentável e o neoliberalismo econômico enquanto proposta hegemônica na

nova ordem."

No Relatório foram apresentados possíveis “soluções” para os grandes problemas

ambientais, que tinham como objetivos: a implementação de mudanças práticas e informar as

principais dificuldades para efetivação reformas propostas desde a Conferência de Estocolmo,

assim como do próprio Relatório Brundtland.

O Relatório trabalhou o conceito de Desenvolvimento Sustentável que serve como

conceito norteador para os países que visam o seu desenvolvimento nos moldes dos princípios

da Conferência de Estocolmo de 1972. Nesse sentido, o conceito de Desenvolvimento

Sustentável segundo Ipiranga (2011, p.1) deve ser entendido como:

[...] um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos

investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança

institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de

atender as necessidades e aspirações humanas.

O conceito de Desenvolvimento Sustentável aparece como uma medida a ser buscada

pelos países para obtenção do crescimento econômico, bem como do desenvolvimento

humano.

O Relatório traça uma visão otimista para a sociedade mundial, ao contrário do

Relatório do Clube de Roma, mais especificamente ao trabalho "Limites do Crescimento". E

mesmo com as catástrofes ambientais de grandes proporções, o Relatório Brundtland

determinou que se houvesse um desenvolvimento sustentável, haveria desenvolvimento

comum para todos. Nesse sentido Oliveira (2012 p.82) afirma que:

O Relatório Brundtland apresenta uma visão otimista, ao contrário do que

apresentava a obra “Limites do Crescimento”. Lança com esta perspectiva uma

cortina de fumaça nas contradições e conflitos com a constituição de uma ideia

capaz de preconizar um futuro comum para todos, através de uma estratégia

de desenvolvimento dentro do sistema capitalista: o desenvolvimento

sustentável. As catástrofes relatadas no documento, como a seca prolongada na

África, os acidentes nucleares de Tchernobyl, um vazamento em uma fábrica de

pesticidas na Índia e de produtos tóxicos no Rio Reno – todos de gigantescas

proporções e vários óbitos – não abalaram a confiança da proposta de

desenvolvimento sustentável, contida no Relatório Brundtland. (g.n.)

Mesmo com um conceito existente, o Desenvolvimento Sustentável ainda possui

uma grande dificuldade de materializar, já que para isso acontecer, deve-se ter uma integração

entre as dimensões econômica, humana e ambiental, ou seja, deve-se conseguir lucratividade,

preservação do meio ambiente e desenvolvimento humano. E para se evidenciar a integração

entre essas dimensões, há a necessidade de se valorar cada uma das dimensões. Nesse sentido

Elkinton, citado por Ipiranga (2011, p.1) corrobora da seguinte maneira:

Com o avanço das discussões sobre o significado e as consequências dessa

ideia-força nas diferentes esferas sociais, também começam a surgir iniciativas para

concebê-la e materializá-la no contexto das organizações empresariais. Entre elas,

está a iniciativa do sociólogo inglês John Elkington de fundar a consultoria

SustainAbility, pregando um modelo de mudança social fundamentado no triple

bottom line ou tripé da sustentabilidade, que prevê a integração entre as dimensões

econômica, humana e ambiental, com o propósito de prestar atendimento, de forma

equilibrada, às pessoas, ao planeta e ao lucro. Esse modelo de mudança social

parte da ideia de que as organizações devem medir o valor que geram ou o que

destroem, nas dimensões econômica, social e ambiental. (g.n.)

A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento deu início a

formação dos pressupostos do conceito de Desenvolvimento Sustentável adequado a doutrina

econômica, doutrina essa que busca evidenciar o conceito aplicado ao caso concreto.

O Relatório Brundtland apresenta como um trabalho que confirma a importância de

medida valorativa para o meio ambiente, amis especificamente para os recursos naturais,

inegável o destaque da ONU para a natureza global como uma mercadoria de valor crescente,

que segundo Oliveira (2012, p.84) também afirma: "na pauta desta equipe da ONU, a natureza

global cada vez mais acaba incorporada como uma mercadoria de valor crescente, e por isso,

incomensurável a médio e longo prazo."

Diante dos trabalhos apresentados pelo Relatório Brundtland, este foi utilizado como

base para discussões na ECO/92, sendo utilizado como documento base para a tentativa de se

efetivar o desenvolvimento sustentável, como bem afirma Granziera (2009, p.41):

Os resultados do Relatório Brundtland foram discutidos na Conferência do Rio de

Janeiro Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento - ECO/92, que se caracterizou

como uma reunião de cúpula, com a participação dos chefes de governo dos países

participantes e milhares de políticos, estudioso e técnicos envolvidos com a questão

ambiental.

Dada a importância do Relatório Brundtland, que conceituou o Desenvolvimento

Sustentável e sua tentativa de efetivar a interação entre as dimensões econômica, humana e

ambiental determinou assim que a atuação dos agentes causadores de danos ambientais,

podem se utilizar dos recursos naturais para o desenvolvimento de suas atividades, entretanto,

devem utilizar de forma que não agrida o meio ambiente sob pena de serem

responsabilizados.

O Relatório Brundtland determinou a importância do Meio Ambiente e a noção de

Desenvolvimento Sustentável. Diante dos valores ambientais, econômicos e sociais, a

valoração do Recurso Natural teve sua importância na mensuração de quais decisões devem

ser tomadas na utilização ou não de determinado Recurso Ambiental.

O Recurso Natural, dotado de valor, deve ser avaliado quanto a sua geração de valor.

A utilização de determinado Recurso Natural pode ser gerador de valores econômicos mas

pode se esgotar e gerar um prejuízo maior que o lucro obtido pela sua utilização. Dessa

maneira deve-se avaliar os valores gerados e compatibilizar o uso e não-uso deste recurso

com base no Desenvolvimento Sustentável determinado pelo Relatório Brundtland.