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Agentes de cimentação e agregantes 1 Óxidos amorfos de ferro e alumínio

No documento 2009Silvio Tulio Spera (páginas 99-104)

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Atributos físico-hídricos

4.1.5 Agentes de cimentação e agregantes 1 Óxidos amorfos de ferro e alumínio

Em razão de valores muito elevados de resistência à penetração, observados na camada 6,8 a 20 cm, principalmente, do PD e do PM, a possibilidade de haver algum processo de cimentação mineralógica foi investigada.

Na camada de 6,8 a 20 cm, os resultados de Feo variaram

com a interação dos fatores estudados (Figura 2). Os maiores valores de Feo ocorreram nos solos com os tratamentos que incluíram o

revolvimento ou a escarificação, em rotações com maior aporte de matéria orgânica (R2 e R3, ambas no PC e no PM). Isto pode ser explicado pela desorganização dos agregados, em razão da perda de matéria orgânica, o que pode ter levado redução de óxidos de Feo

associados à matéria orgânica, conforme Kaiser e Guggenberger (2003).

PD = plantio direto; PC = preparo convencional com arados e grades; PM = preparo com escarificador de hastes; R1 = trigo/soja; R2 = trigo/soja e ervilhaca/sorgo; R3 = trigo/soja, ervilhaca/sorgo e aveia branca/soja. As médias das rotações não diferiram entre si ao nível de 5% de probabilidade de erro pelo teste Tukey. CV = 6,7%. Figura 2. Valores de Fe extraído pelo oxalato de amônio (Feo) da

camada de 6,8 a 20 cm de um Latossolo Vermelho distrófico, submetida a três tipos de manejo, em função de três tipos de rotação de culturas.

A ANAVA dos resultados de Fe extraído pelo oxalato de amônio (Feo) desta camada também mostrou diferenças nos teores

entre os tipos de manejo e de rotação. O valor médio do PC foi maior

1,24 1,26 1,16 1,20 1,39 1,43 1,48 1,68 1,61 0,00 0,40 0,80 1,20 1,60 2,00 R1 R2 R3 R1 R2 R3 R1 R2 R3 PD PC PM Feo, g kg-1

que o do PD e o da rotação R3, maior que as demais. Os valores de Feo do solo da mata foram maiores ou iguais aos dos solos sob uso

agrícola, embora não tenha sido feitas comparações estatísticas.

Os teores de Feo não variaram entre as camadas,

independente do tratamento, e nem na mata (Tabela 6).

Tabela 6. Valores médios de ferro extraído pelo oxalato de amônio de duas camadas de Latossolo Vermelho distrófico submetidas a três tipos de manejo e de rotações de culturas

Médias

Camada, cm

0 – 6,7 C.V., % 6,8 - 20 C.V., % Valor de t Fe extraído com oxalato de amônio, g kg-1

PD 1,18 6,2 1,22b 5,4 1,77ns PC 1,40 13,3 1,34ab 17,5 0,37ns PM 1,49 14,1 1,59a 7,7 0,94ns R1 1,45 15,9 1,33b 14,4 1,44ns R2 1,30 15,7 1,32b 17,1 0,16ns R3 1,31 14,1 1,50a 14,4 2,14ns Mata 1,60 23,2 1,60 20,1 0,46ns

PD = plantio direto; PC = preparo convencional com arados e grades; PM = preparo com escarificador de hastes; R1 = trigo/soja; R2 = trigo/soja e ervilhaca/sorgo; R3 = trigo/soja, ervilhaca/sorgo e aveia branca/soja; * indica diferença entre as camadas

pelo teste t pareado. ns = não houve diferença significativa entre as camadas.

De acordo com os resultados da ANAVA (Apêndice A), não houve diferenças entre os valores de alumínio extraído pelo oxalato de amônio (Alo) em todos os tratamentos avaliados (Tabela 7).

Nos solos do Rio Grande do Sul, há predomínio de caulinita, o que implica em desenvolvimento de uma macroestrutura do tipo de bloco, e pode originar solos com densidade mais elevada, maior proporção de poros pequenos e menor permeabilidade, em

razão do ajuste face a face das placas dos minerais da fração argila (FERREIRA et al., 1999).

Tabela 7. Valores médios de alumínio extraído pelo oxalato de amônio de duas camadas de Latossolo Vermelho distrófico submetidas a três tipos de manejo e de rotações de culturas

Médias

Camada, cm

0 – 6,7 C.V., % 6,8 - 20 C.V., % Valor de t Al extraído com oxalato de amônio, g kg-1

Tratamentos(1) 2,16(1) 7,9 2,23(1) 8,4 0,21ns

Mata 1,80 11,1 1,51 11,5 7,07*

(1) as médias dos tratamentos, na respectiva camada, não diferiram entre si ao nível

de 5% de probabilidade de erro pelo teste Tukey; *houve diferença entre as

camadas; ns = não houve diferença entre as camadas.

A ausência e a pouca expressão de óxidos de Al e de Fe e de matéria orgânica, nesta ordem, podem favorecer a acomodação ordenada das placas de caulinita em escala microscópica, ao passo que o maior teor daqueles constituintes corresponde a um maior grau de desorganização e menor coesão (RESENDE et al., 2002).

Constatou-se, também que o somatório dos valores obtidos para estes óxidos (Feo e Alo) não atingiram os níveis mínimos

considerados, por Araújo Filho (2004), como sendo de 7,0 g kg-1, para haver cimentação fraca e maiores que 12,0 g kg-1, para ocorrer cimentação forte, no processo de consolidação de uma camada compactada.

Os teores de Alo em solos não cimentados situam-se ao

redor de 2,0 g kg-1 (ARAÚJO FILHO, 2004), valores estes que estão inseridos na mesma faixa dos valores encontrados, no presente trabalho, para os solos com e sem uso agrícola. Assim, os teores de

Feo e Alo encontrados no presente estudo não puderam ser

considerados como cimentantes das camadas compactadas.

4.1.5.2 Argila dispersa em água

Os teores de argila dispersa em água (ADA) obtido nas camadas de solo em função dos tipos de manejos e das rotações de culturas avaliadas no presente estudo estão mostrados na Tabela 8. Os resultados da ANAVA indicaram que este atributo não variou com a interação entre os tipos de manejo de solo e de camadas avaliadas, nem com o efeito isolado destes fatores (Apêndice A).

Tabela 8. Valores médios de argila dispersa em água (ADA) de duas camadas de Latossolo Vermelho distrófico submetidas a três tipos de manejo e de rotações de culturas

Médias Camada, cm 0 – 6,7 C.V., % 6,8 - 20 C.V., % Valor de t ADA, g kg-1 Tratamentos(1) 141(1) 11,5 168(1) 3,4 3,41* Mata 111 4,5 95 5,3 6,58*

(1) as médias dos tratamentos, na respectiva camada, não diferiram entre si ao nível

de 5% de probabilidade de erro pelo teste Tukey; *houve diferença entre as

camadas; ns = não houve diferença entre as camadas.

Constatou-se, assim, que os maiores valores de ADA ocorreram na camada de 6,8 a 20 cm, ou seja, a camada compactada. Na condição estrutural original (mata), o maior valor médio ocorreu na camada superficial, havendo um aumento e inversão da distribuição do teor de argila dispersa dos solos com uso agrícola, em relação ao solo na condição original. Vários fatores poderiam estar contribuindo para estas alterações, incluindo a iluviação da argila que foi dispersa

na camada superficial por agentes químicos como o calcário (JUCKSCH et al., 1986; SPERA et al., 2008), mesmo que a aplicação deste tenha ocorrido há muito tempo e os fertilizantes salinos (AZEVEDO e BONUMÁ, 2004; PERNES-DEBUYSER e TESSIER, 2004).

De acordo com Azevedo e Bonumá (2004), os teores de ADA geralmente variam com as alterações causadas pelo manejo do solo e podem contribuir com a formação de camadas compactadas (CARVALHO et al., 1998). As mudanças freqüentemente observadas nos teores de ADA ocorrem nas camadas subsuperficiais e podem ser resultantes da ação de insumos com características dispersantes (SPERA et al., 2008), ou como conseqüência do revolvimento constante do solo, causando desagregação de agregados primários e secundários (PERNES-DEBUYSER e TESSIER, 2004). Jucksch (1986) e Spera et al. (2008), também relatam que a calagem superficial no PD pode contribuir para a formação de camada compactada.

Embora o solo tenha sido corrigido há 22 anos, a pretérita dispersão ainda pode estar influenciando os teores de ADA, mesmo porque os solos receberam, por muitos anos, insumos com poder dispersante, como os fertilizantes sintéticos de índice salino elevado (PERNES-DEBUYSER e TESSIER, 2004).

No documento 2009Silvio Tulio Spera (páginas 99-104)