• Nenhum resultado encontrado

As condições edáficas e a produção das culturas

No documento 2009Silvio Tulio Spera (páginas 67-71)

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.10 As condições edáficas e a produção das culturas

Há uma intima relação entre os fatores atmosféricos e os relativos ao solo, como a variação da temperatura, a disponibilidade de água, a aeração e a disponibilidade de nutrientes, que depende, em muito do intemperismo das rochas matrizes do solo, processo esse

dependente do clima (OLIVEIRA, 2008). O atual conceito de solo fértil é definido como aquele que oferece a condição indispensável para que o sistema seja produtivo e o conceito de fertilidade do solo inclui todos os fatores necessários para o desenvolvimento das plantas: O2, H2O, calor pH, permeabilidade e nutrientes (FLOSS,

2006).

Do ponto de vista agrícola, a distribuição mensal da precipitação pluvial é mais importante que a anual, quanto ao atendimento das exigências específicas de cada cultura em sua respectiva estação de cultivo. A água do solo deve estar disponível em níveis adequados, não somente para as necessidades fisiológicas da planta, como manutenção da turgidez dos tecidos, atua como substrato metabólico da fotossíntese, no transporte de nutrientes e fotossintatos e no controle da temperatura da planta, como também, disponível no solo para o fornecimento de nutrientes minerais dissolvidos na solução do solo e absorvidos mediante processos de difusão e fluxo de massa (LARCHER, 2000; EPSTEIN e BLOOM, 2006).

Em sistemas de produção agrícolas baseados na oferta de águas de chuvas a nutrição de plantas é dependente de volumes de águas que são fornecidos de modo aleatório, dificultando o planejamento do manejo das culturas, principalmente quando a distribuição de chuvas é muito irregular. Calviño e Sadras (1999) constataram que, em solos com baixa disponibilidade de P da região pampiana argentina, na qual o clima apresenta grande variabilidade na precipitação pluvial anual, a absorção de P, aplicado em diferentes níveis, depende muito mais da disponibilidade de água no solo, do que do nível de P aplicado, principalmente quando o solo apresenta classe

de profundidade efetiva rasa. Neste trabalho, os autores observaram diferenças no rendimento de soja em função da absorção de P, que foi dependente da água disponível no solo. Porém, não basta haver água disponível no solo. Isso deve ocorrer em condições adequadas. Solos cujas condições edáficas favoreçam o acúmulo de pouca água disponível ou de presença de lâmina de água não drenada apresentam grande variação no rendimento, dependendo do excesso ou escassez pluvial do período (KRAVCHENKO e BULLOCK, 2000).

O status de fertilidade do solo também influencia o rendimento das culturas, tanto que o melhoramento genético de plantas no Brasil, notadamente, os de soja, milho e trigo, no que diz respeito à adaptação das plantas às condições edáficas, sempre enfocou a tolerância aos níveis tóxicos de Al no solo (BARBOSA et al., 2000; FREITAS et al., 2000; SOUZA, 2001). Muitos solos cultivados com trigo no Rio Grande do Sul são ácidos e de baixa fertilidade, o que limita o rendimento de grãos. Assim, o uso de genótipos de trigo tolerantes ao Al tóxico e, eficientes e responsivos ao aproveitamento de nutrientes (ECHART e CAVALLI-MOLINA, 2001) tornou-se importante na redução do custo de produção e no aumento do rendimento de grãos e na qualidade deste cereal.

O trigo cultivado no Brasil, quando estabelecido em sucessão a outras gramíneas, tem na deficiência do N o fator que mais limita o rendimento de grãos, seguida pela deficiência de P. Contudo, se a sucessão for uma leguminosa, em particular à soja, a deficiência de P e a acidez do solo podem ser os fatores mais limitantes. Genótipos de trigo tolerantes ao Al se mostram responsivos à calagem e à aplicação de P, enquanto que a correção da acidez e a adubação

fosfatada provocam a diminuição no índice de colheita. Os materiais de trigo tolerantes ao Al mostram-se mais eficientes em relação ao aproveitamento do P aplicado e os teores foliares de Al são maiores no genótipo sensível a esse elemento no solo do que nos materiais tolerantes, e diminuem com a aplicação de adubo fosfatado ou de calcário. Os genótipos que apresentam maior tolerância ao Al, em função da menor inibição do crescimento radicular, tendem a mostrar maiores rendimentos (FREITAS et al., 2000).

Os solos agricultáveis do Brasil são, majoritariamente, Latossolos de baixa fertilidade, com elevada acidez e teores de alumínio tóxico às plantas, também elevados, demandando, portanto, no aproveitamento agrícola intensivo, de correções com calcário e com fertilizantes químicos (OLIVEIRA, 2008).

De acordo com Schlindwein e Gianello (2008), desde a década de 1960, o aumento da produtividade das culturas foi favorecido com pelos resultados obtidos de estudos de calibração realizados no RS. Em lavouras de verão e de inverno, em cerca de cinqüenta anos, o rendimento médio das culturas aumentou, no Estado, em 70, 170 e 150% para a soja, trigo e milho, respectivamente (IBGE, 2008). Esses aumentos podem ser atribuídos à utilização de variedades mais produtivas e, ou, a técnicas mais avançadas de produção. Entretanto, a exigência de nutrientes também aumentou com a maior exportação de nutrientes. Com isso, a maior produtividade das culturas está exigindo, além de maiores teores críticos de nutrientes, também a indicação de maiores doses de fertilizantes (SCHLINDWEIN e GIANELLO, 2008).

al. (1999) afirma que a deficiência de P no solo diminui o potencial de rendimento da soja já nos estádios reprodutivos iniciais, como o florescimento, pela menor produção de flores e maior aborto dessas estruturas; o efeito da deficiência de P continua a se manifestar na formação de menor quantidade de legumes e maior aborto de legumes, o que resulta na diminuição do potencial de rendimento e do rendimento real.

No documento 2009Silvio Tulio Spera (páginas 67-71)