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Manejo e rotação de culturas

No documento 2009Silvio Tulio Spera (páginas 62-66)

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.8 Manejo e rotação de culturas

O conceito de manejo do solo se refere à combinação de todas as operações mecânicas de preparo, incluindo praticas culturais, fertilização, correção do solo e outros tratamentos conduzidos ou aplicados ao solo para a produção das plantas. No presente estudo, entretanto, foi usado o conceito restrito, referindo manejo de solo como as práticas mecânicas de revolvimento, movimentação e condicionamento do solo para a recepção das sementes, controle de plantas daninhas que a literatura em inglês define como “tillage” (SSSA, 2008), que é a manipulação mecânica do perfil do solo para qualquer propósito.

Os tipos de manejo conservacionistas de solo têm sido adotados em larga escala nas principais regiões agrícolas do Brasil. Entre eles, o que mais se destaca é o sistema plantio direto, no qual a semeadura e feita diretamente sobre a palha das culturas anteriores sobrejacentes ao solo, sem prévio revolvimento do solo

(PLATAFORMA..., 2005). Isto favorece a redução de custos de produção e mitiga os efeitos prejudiciais da erosão hídrica do solo. Este modo de manejo do solo promove mudanças significativas das propriedades do solo, em comparação ao preparo do solo com aração e gradagem (BERTOL et al., 2004).

Entretanto, o sistema plantio direto tem apresentado problemas de degradação, na forma de compactação e intervenções tem sido estudadas e sugeridas. Ao estudar os efeitos do sistema plantio direto, com e sem escarificação, Câmara e Klein (2005a)

verificaram que o solo escarificado apresentou densidade do solo menor que o não escarificado e maior infiltração de água, condutividade hidráulica do solo saturado e rugosidade superficial, demonstrando que a escarificação pode ser uma técnica eficaz para melhorar a conservação do solo e da água. A escarificação apresentou efeito residual por um ano. A porosidade total e a macroporosidade não foi diferente entre os manejos. Nos dois manejos, a cobertura do solo foi similar antes da semeadura, isto é, após seis meses da escarificação.

Piccinin (2005) relata que a disponibilidade e retenção da água e nutrientes no solo, assim como o desenvolvimento radicular é conseqüência da distribuição, continuidade e diâmetro dos vazios, tipo, classe e localização das estruturas, e menos dependente dos valores de densidade de solo. Os valores de densidade estão mais associados aos índices de resistência à penetração do solo, o que não afeta, no entanto, o maior ou menor desenvolvimento radicular, relacionado de forma mais direta a vazios de origem estrutural. Não se constatou o desenvolvimento de processos de degradação do solo, mas

foram caracterizadas diferenças na produtividade em função dos sistemas e manejo de solo e de cultivo avaliados.

Contudo, os manejos conservacionistas somente são eficientes se acompanhados de outras práticas agronômicas e produtos tecnológicos que configurem sistemas conservacionistas de manejo de solo (MUZILLI, 1996).

Os manejos conservacionistas podem afetar positivamente os atributos do solo, interferindo por sua vez na distribuição das raízes, com reflexos no crescimento da parte aérea, interagindo conseqüentemente, no rendimento de grãos da espécie em cultivo (DA ROS et al., 1997; FRANCHINI et al., 2000). Para que isso possa ser comprovado, é necessário conduzir experimentos por vários anos, envolvendo espécies tanto de inverno como de verão, em diferentes arranjos de rotação de culturas (DE MARIA et al., 1999; FONTANELI et al., 2000; SANTOS e REIS, 2003). Nesse caso, as espécies podem ser avaliadas isoladamente ou em conjunto. Tem sido observado que existem relativamente poucos trabalhos de longa duração avaliando rendimento de grãos de culturas sob sistemas de manejo de solo. Nos trabalhos mais destacados, elaborados até a metade da década de 1990, não havia análise conjunta dos anos sobre rendimento de grãos de milho, soja, sorgo e trigo, sob diferentes sistemas de manejo de solo (DERPSCH et al., 1983; RUEDELL, 1995). Porém, em trabalhos publicados posteriormente (SANTOS et al., 1995; KLUTHCOUSKI et al., 2000; PAULETTI et al., 2003; PEDERSEN e LAUER, 2003 e, SANTOS et al., 2006b), não foram verificadas diferenças entre os rendimentos de grãos de aveia branca, cevada, milho e soja avaliados nos referidos estudos.

Além disso, são pouco comuns trabalhos envolvendo análise conjunta de sistemas de manejo de solo e rotação de culturas na região Sul do Brasil. Ruedell (1995) e Ciotta et al. (2002) estudaram sistemas de rotação de culturas, porém sem uma análise conjunta dos anos do rendimento de grãos de soja. Santos et al. (1995) e Santos e Reis (2003) também compararam rotações de culturas, em um conjunto de anos, mas não observaram diferenças no rendimento de grãos de soja.

2.8.1 Modelos de rotações de culturas

Considerando somente sistemas de rotação de culturas envolvendo espécies de inverno ou de verão, SANTOS e REIS (2003) em Passo Fundo, observaram maiores rendimentos de grãos em soja cultivada por dois ou três anos consecutivos, quando intercalada a milho. O menor rendimento de grãos desta oleaginosa ocorreu em sucessão soja-trigo. Em outros trabalhos, quando a soja foi cultivada com plantio direto, os rendimentos de grãos foram mais elevados com uma ou duas safras de intervalo de rotação entre cada cultivo de soja (SANTOS et al., 1997; 1998).

A sustentabilidade dos manejos conservacionistas depende da rotação de culturas permanente (PAULETTI et al., 2003). Nesse caso, os resíduos vegetais na superfície do solo podem proporcionar tanto efeitos positivos como negativos sobre o crescimento de plantas de inverno ou de verão estabelecidas em sucessão. No caso de soja cultivada sob determinados resíduos vegetais remanescentes de inverno, em Passo Fundo, RS e Guarapuava, PR, têm sido verificados rendimentos maiores do que sob outros resíduos, por exemplo: colza e

linho (SANTOS e REIS, 2003). Além disso, estatura de plantas, altura de inserção dos primeiros legumes e número de grãos por planta de soja, também podem ser afetadas positiva ou negativamente pelos resíduos vegetais (SANTOS e REIS, 2003; SANTOS et al., 1998).

No documento 2009Silvio Tulio Spera (páginas 62-66)