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AGOSTINO AGAZZARI: DEL SONARE SOPRA IL BASSO COM TUTTI STROMENTI E USO LORO NEL CONSERTO, [TOCAR SOBRE O BAIXO COM TODO TIPO DE

SUMÁRIO

FONTES ITALIANAS DO BAIXO CONTÍNUO NO SÉCULO

2.8. AGOSTINO AGAZZARI: DEL SONARE SOPRA IL BASSO COM TUTTI STROMENTI E USO LORO NEL CONSERTO, [TOCAR SOBRE O BAIXO COM TODO TIPO DE

INSTRUMENTOS E SEU USO NOS CONJUNTOS], (SIENA, 1607)

O método Del Sonare Sopra’l Basso Con Tutti Li Stromenti E Dell’ Uso Loro Nel Conserto (1607), de Agostino Agazzari (1578-1640), pode ser considerado uma fonte relevante sobre a performance da nova prática que se consolidava neste início do século XVII, pela quantidade de informações encontradas no texto e também pelos comentários do autor sobre o novo estilo. O autor não utiliza, no entanto, as regras de harmonização através dos movimentos do baixo, como no método publicado no mesmo ano de seu conterrâneo Francesco Bianciardi.

Um fato interessante neste método é a divisão que o autor faz dos instrumentos em fondamento e ornamento (1607, p. 3). Os instrumentos de fondamento "são aqueles que guiam e

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Tre cose s'ha da osservare circa al suonare. Prima considerare i movimenti del Basso, seconda applicare le consonanze, terza conoscere i tuoni, ò modi della musica, e saperli trasportare. Principalmente si considerano i movimenti del Basso come fondamento della musica, che procede da una corda all'altra, salendo in cinque modi, e descendendo in altri cinque

153 che si non son notati i Bassi sopra delle consonanze, che vi si devon fare, e si il sonatore non ha l'arte del

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sustentam todo o conjunto de vozes"154 (1607, p. 5), e entre eles estão o cravo e o órgão, e, para se acompanhar partituras a poucas vozes, alaúde, teorba e harpa (ibid.). Os instrumentos de ornamento são aqueles que executam e ornamentam as melodias escritas, como harpa, instrumentos da família do alaúde, espineta e violino (ibid.). O autor apresenta a maneira adequada não apenas de se realizar o acompanhamento (fondamento), mas também descreve possibilidades para cada instrumento de ornamento, através de indicações de execução que tendem a delinear diferentes funções aos instrumentos no discurso musical. Segundo Agazzari,

quando se toca um instrumento que serve de fundamento, deve-se tocar com muito cuidado, prestando atenção a todas as vozes; porque se são muitas, convem tocar cheio e dobrar os registros; mas se são poucas, deve-se reduzir e tocar poucas consonâncias155 (1607, p.9).

Esta recomendação mostra que o acompanhamento que Agazzari espera é aquele que acrescenta à linha grave as mesmas consonâncias que se encontra nas vozes, uma compreensão muito parecida com a que emana das recomendações de Viadana.

Agazzari concede especial atenção ao acompanhamento do canto. O autor concorda com Caccini (1601) na questão da proeminência da palavra em relação à música: "as consonâncias e toda a harmonia são motivos, e subordinados à palavra, e não o contrário"156 (1607, p. 7). A

escolha dos intervalos estaria subordinada ao sentido do texto, pois "onde há palavras, é necessário vesti-las com a harmonia correspondente, que produz ou demonstra aquele afeto"157

(1607, p. 8).

Outra recomendação interessante sobre o acompanhamento do canto é a necessidade de o instrumentista seguir ritmicamente o cantor. Desta forma, o solista adquire mais liberdade para ressaltar as nuances do texto e ornamentar a melodia. O acompanhamento que Agazzari preconiza deve serguir os parâmetros da palavra, e para tanto ele recomenda "manter a harmonia estável, sonora e contínua, para sustentar a voz, tocando ora suave ora forte, segundo a qualidade e quantidade de vozes, do lugar e da obra, não atacando muito as cordas enquanto a voz faz uma passagem ou algum efeito, para não atrapalhá-la"158 (ibid.).

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sono quei, che guidano, e sostengono tutto il corpo delle voci

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quandi si suona stromento, che serve per fondamento, si deve suonare con molto giudizio, havendo la mira al

corpo delle voci; perche se sono molte, convien suonar pieno, e raddoppiar registri; ma se sono poche, schemarli, e metter poche consonanze

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le consonanze, e tutta l’armonia, sono soggette, e sottoposte alle parole, e non per il contrario

157 dove sono parole, bisogna vestirle do quell'armonia conuenevole, che faccia, ò dimostri quell'afetto

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Como primeiro pré-requisito para ser um acompanhador, Agazzari afirma que:

aquele que quiser tocar bem deve fazer três coisas: primeiro, saber contraponto, ou ao menos cantar com segurança, e entender as proporções e tempos, ler em todas as claves, saber resolver as [notas] ruins [dissonâncias] com as boas, conhecer a 3a e a 6a maiores e menores e outras coisas semelhantes159 (1607, p.6)

Agazzari recomenda discrição no que diz respeito aos ornamentos e diminuições, privando antes pela realização do baixo com clareza e correção, e sobretudo atendo-se às regras do contraponto na condução das vozes e no uso de consonâncias e dissonâncias. Recomenda a variedade da textura do acompanhamento quanto a número de vozes, a fim de acompanhar a dinâmica do discurso musical, mas também ressalta a importância de seguir ritmicamente o cantor, que desta forma adquire mais liberdade para ressaltar as nuances do texto e ornamentar a melodia.

Uma outra preocupação evidente é o rigor quanto ao uso das cifras (seguindo as indicações ou adicionando a cifragem a partir da parte composta), a fim de seguir as intenções do compositor, "que é livre para, por sua vontade, colocar sobre uma nota na primeira voz 5a ou 6a ou o contrário, ou maior ou menor, sobretudo se lhe parecer melhor ou se for necessário por causa da palavra"160 (AGAZZARI, 1607, p.10).

A exposição de Agazzari contem uma defesa da utilização do baixo contínuo para o acompanhamento, segundo ele a uma maneira bem mais simples de se possibilitar o acompanhamento do que o uso de tablaturas ou partes escritas. Não há necessidade, segundo sua visão, de se fazer spartitura (ou seja, dividir as vozes e escrevê-las por extenso) ou tablatura, pois o baixo com as cifras será o suficiente. Porém para se tocar as obras antigas, cheias de fugas e contrapontos a parte do baixo não é suficiente (p. 15). Agazzari aqui se refere ao estilo antigo de se acompanhar, o estilo contrapontístico, no qual se preenchia com vozes ou se dobrava as existentes. Este estilo, ele afirma, "não está em uso este tipo de cantilena, pela confusão e sopa

qualit`a, e quantit`a delle voci, del luogo, e dell’opera, non ribattendo troppo le corde, mentre la voce fa il passaggio, e qualche affetto, per non interromperla

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chi vuole suonar bene, gli convien posseder tre cose: prima saper contraponto, `o per lo meno cantar sicuro, ed

intender le proporzioni, e tempi, e legger per tutte le chiavi, saper risolve le cattive con le buone, conoscer le 3. e 6. maggiori, e minori, et altre simiglanti cose

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quale è libera, e può, à suo arbitrio, sopra una nota nella prima parte di stessa metter 5.a ò 6.a e per il contrario: e quella maggiore, ò minore, secondo gli par più à proposito, overo che sia necessitato à questo dalle parole.

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de palavras que nasce das fugas longas e entrelaçadas"161 (p.15).

Outras recomendações de Agazzari que destacamos são que todas as cadências, independente de estarem no meio ou no final da composição, devem ter a 3a maior; a necssidade de se ter sempre movimento contrário entre as mãos e que se deve evitar proceder por saltos, seguindo um preceito do contraponto, já visto em Zarlino (1558) de procurar nos movimentos melódicos sempre o grau mais próximo possíevel.

2.9. LORENZO PENNA: LI PRIMI ALBORI MUSICALI PER LI PRINCIPIANTI DELLA