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O conceito de “agricultura” foi variando com o passar do tempo. Antes as propriedades rurais eram praticamente autossuficientes, produzindo e industrializando o que precisavam, caracterizando-se como setor primário da economia. No entanto, devido a fatores como, por exemplo, socioeconômicos e tecnológicos, a população que antes era predominantemente agrícola passou para o

meio urbano, fazendo com que cada vez um número menor de pessoas precisasse sustentar uma crescente população, ocasionando uma dependência de serviços, máquinas e insumos vindos de fora da agricultura que passou a depender também do que ocorre depois da produção (ARAÚJO, 2009).

Para compreender a nova realidade da agricultura, surgiu o conceito de agribusiness que foi adotado por diversos países, ficando conhecido no Brasil como agronegócio que, segundo a ABAGRP - Associação Brasileira do Agronegócio da Região de Ribeirão Preto (2009) o termo engloba toda a cadeia produtiva, sendo o conjunto de todas as operações de produção e distribuição nas unidades agrícolas, envolve além da produção, o armazenamento, o processamento, a comercialização e os itens produzidos a partir dos produtos agrícolas.

3.7.1 Agricultura Familiar

A agricultura familiar é aquela onde as atividades se desenvolvem no meio rural e tanto a mão de obra quanto a gestão da propriedade são de origem familiar, é caracterizada como uma agricultura de pequena produção, mas com grande diversidade produtiva.

A Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006 estabelece as diretrizes para a formulação da Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais. Segundo ela: (BRASIL, 2006).

Art. 3º Para os efeitos desta Lei considera-se agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos:

I - não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais;

II - utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento;

III - tenha percentual mínimo da renda familiar originada de atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento, na forma definida pelo Poder Executivo; (Redação dada pela Lei nº 12.512, de 2011);

IV - dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família.

Esse segmento vem conquistando relevante importância nos âmbitos social, político e econômico, podendo ser observado a partir de 1990, quando foram criadas leis e instituições de apoio como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), em 1995, e a Secretaria de Agricultura Familiar, ligada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), que em 2016 passou a ser chamada como Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário ligada ao Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). Outros fatores que podemos observar são inserção da “Agricultura Familiar” na base de dados do Censo Agropecuário de 2006, e a criação da Lei nº 11.326, de 24/7/2006 em 2006 (RAHMEIER, 2016).

A Lei nº 11.326 garante que "no mínimo 30,0% do valor destinado por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, do Ministério da Educação" deva ser utilizado na aquisição da produção agrícola familiar (BRASIL, 2009). A maior parte da produção da agroindústria em estudo é destinada ao Programa Nacional de Alimentação Escolar.

Segundo a FAO (2014) Food and Agriculture Organization a agricultura familiar tornou-se uma base na produção de alimentos, estima-se que 70% da produção de alimentos no Brasil sejam provenientes dela, assim como 80% da produção de alimentos no mundo. Diante disso, a agricultura familiar é um potencial produtor de alimentos e um importante setor da produção agrícola.

A agricultura familiar teve início com o processo de colonização brasileiro com o princípio de ocupação das terras nas fronteiras agrícolas, possuindo bastante representatividade na região Oeste do Paraná, onde a economia é fortemente influenciada pelo setor do agronegócio e a presença de estabelecimentos rurais familiares é marcante (RAHMEIER, 2016).

Composta em sua maioria por pequenos estabelecimentos, a agricultura familiar tem grande influência no desenvolvimento das regiões agrícolas, pois além da produção de alimentos e geração de emprego, ela reduz o êxodo rural e torna-se a fonte de renda para muitas famílias, contribuindo também, de forma significativa para a economia do país.

Um dos fatores necessários para a sobrevivência da agricultura familiar é a adaptação dos agricultores em relação às mudanças que ocorrem não só no cenário agrícola, mas em toda a sociedade, pois eles precisam produzir suprindo as

necessidades e exigências dos clientes mantendo-se eficientes e competitivos (RAHMEIER, 2016).

3.7.2 Agroindústria Familiar

A agroindústria familiar é uma unidade física para o processamento de produtos agropecuários, muito comum em pequenas propriedades rurais, cuja principal característica é a utilização de mão de obra familiar e a produção em pequena escala, de forma artesanal. Geralmente uma agroindústria é implantada com intuito de aproveitar o excedente de produção (animal ou vegetal) (CARVALHO, 2014).

Dentre os benefícios que a agroindústria familiar traz para o meio rural destaca-se a agregação de valor aos produtos, que gera renda para a propriedade auxiliando na permanência das famílias no campo; a geração de emprego, que contribui para o desenvolvimento econômico principalmente da região; e a valorização de tradições e costumes devido à comercialização de produtos regionais (DINIZ, 2017).

Para a sobrevivência da agroindústria familiar, não basta apenas processar os excedentes da produção, é preciso que ela obtenha lucros e trabalhe de forma a garantir a qualidade dos produtos ofertados, satisfazendo as necessidades dos clientes e permanecendo e conquistando novos mercados de forma competitiva.

Portanto, para o sucesso da empresa, é fundamental que sejam realizados controles sobre os processos e produtos, eliminando problemas e custos da não qualidade.

3.7.3 Produção Verticalizada

A integração ou produção vertical ocorre quando a organização é responsável por todas ou pela maioria das atividades de produção, comercialização e vendas que ocorrem em seus processos, podendo ser para frente ou para trás e total ou parcial (GUEDES, 2000).

Na integração para frente, a organização passa a produzir novos bens ou serviços já destinados ao consumidor final. Já na integração dita para trás, a

organização produz o que antes era comprado de terceiros para suprir a demanda de seus processos (GUEDES, 2000).

A integração é total quando a organização passa a produzir internamente tudo o que antes era comprado do mercado, porém, quando apenas parte da demanda necessária aos serviços ou processos da organização forem adquiridos externamente, a integração vertical é parcial (GUEDES,2000)

Para Carvalho (2014), a verticalização torna-se uma estratégia produtiva e comercial na agricultura familiar, agregando principalmente valor e qualidade aos produtos.

Na agricultura, a verticalização envolve as atividades de produção, industrialização e comercialização, em um único local, o que reduz a participação de terceiros, aumentando a competitividade principalmente dos pequenos produtores (CARDONE, 2016).

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