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CENA I

Uma cena em que participaram três Jogadores. O jogo tratava-se de uma mistura do Jogo do Onde com Jogo da Atividade Relacionada. Neste, o primeiro jogador entra em cena e propõe um onde e um o que, os demais jogadores devem entrar e dar continuidade à cena, se relacionando com quem estiver em cena e com o ambiente proposto.

Jogadora 1: (Batendo em uma porta imaginada na lateral do palco) – Ô de casa! Jogadora 2: Quem é?

Jogadora 1: Sou eu Maria, a Joana!

Jogadora 2: Ô Joana, entra! Como é que você tá? Jogadora 1: Tô indo! E você?

Jogadora 2: Eu ando ruim, mulher, fico só aqui em casa, cuidando aqui de minha neta! Jogadora 1: É essa aqui Maria? Mas tá grande! Como é teu nome fia?

Jogadora 3: Antônia.

Jogadora 2: Pois é Maria, anda custosa essa menina, fica só brincando, não quer saber de estudar.

Jogadora 3: Ahh, vó! Vai sê besta!

Jogadora 3: Num vou não!

Jogadora 2: Tá vendo Joana, olha essa menina farturenta. Tá assim, desobediente que dói.

Jogadora 1: Mas minha filha, tem que obedecer a vovó!

Jogadora 3: Ela que é chata, ficou velha ficou assim. Só sabe brigar com a gente. Jogadora 1: Mas tem que obedecer minha filha, é a sua avó!

Jogadora 2: Não adianta falar não esse aí ó, eu já entreguei pra Deus! A gente fala as coisas e ela manda a gente ir ser besta!

Jogadora 3: Vai mesmo, vai sê besta! (sai de cena)

Jogadora 2: Tá vendo Joana, eu nem sei mais o que faço. Num adianta bater, falar com ela é querer falar com um pedaço de pau.

Jogadora 1: É assim mesmo, Maria, esses jovens de hoje fica assim. Num tem jeito não. (fim da cena).

Avaliação da CENA I

Após os aplausos todos sentaram em semicírculo para avaliação. As idosas que estavam na platéia (a partir da Jogadora 4) iniciaram a avaliação criticando a neta em tom de piada.

Jogadora 4: Pra essa menina faltava mesmo era uma boa taca! (risos)

Jogadora 5: Falta de uma pêia com cipó de tamarindo! (risos) Queria ver ela me mandar ir ser besta pra ver só.

(...) Alguns minutos de risos e brincadeiras neste sentido Jogadora 3: Mas a avó também é errada.

Com este comentário da Jogadora 3 a avaliação mudou de tom e as expressões nos rostos se alteraram. Assim, o grupo que era de nove senhoras se dividiu em quatro subgrupos. As Jogadora 2, 4 e 5, que defendiam a avó e culpavam a neta. As Jogadoras 3, 6 e 7 que culpavam ambas (a neta e a avó) pela briga ocorrida; as Jogadora 8 e 9 que não se posicionaram em nenhum momento e a participante HCA que se manteve passiva, indiferente a quem era o culpado e dizendo que hoje em dia isso era normal.

A discussão se estendeu por pouco tempo até que elas silenciassem por um instante e pedissem ao professor para que os grupos criassem outras cenas.

Podem-se destacar ainda as seguintes frases:

Jogadora 2: Não senhora, ela tá certa, ela é avó, é ela quem manda! A menina tem que obedecer calada (...) No meu tempo era assim, ai de mim se respondesse um mais velho que eu.

HCA: O mundo mudou, ele está assim agora, é normal essas brigas, toda casa é igual. Jogadora 4: Só se for na sua. Na minha, se um neto meu me responder, entra no cinto!

CENA II

(Um Jogador de pé, logo a frente uma mesa com duas Jogadoras, uma sentada de frente para a outra estando a Jogadora 2 de costas para o Jogador 1 e a Jogadora 3 do outro lado da mesa, de frente para os outros jogadores. A Jogadora 2 se levanta e sai de cena. O Jogador 1, que estava de pé, se senta na cadeira).

Jogador 1 (que acabou de sentar): Bom dia, eu vim pagar o IPTU.

Jogadora 3: Volta pra fila velho, quem chamou o senhor aqui? Ainda não tá na sua vez, não tá vendo? Aquela senhora foi só ali buscar o cheque e já está voltando.

Jogador 1: É que eu pensei que já tinha acabado. Ela levantou e saiu.

Jogador 3: O senhor é surdo? Quando terminar eu chamo! O senhor só pode vir quando eu chamar. Agora vai lá pra fila e espera lá.

Jogador 1: Eu não podia adivinhar que...

Jogador 3: (interrompendo-o) O senhor tá surdo? Eu já não falei que eu chamo? Que é pro senhor voltar pra fila? Parece que tá gagá!

Avaliação da CENA II

Antes de a cena ser apresentado o Jogador 1 questionou o facilitador dizendo: – Professor, a gente pode fazer qualquer cena? Pouco tempo após a resposta afirmativa do facilitador, ele retorna e pergunta novamente: – O senhor disse que podia ser qualquer cena! O senhor tem certeza? Após mais esta resposta afirmativa ele, juntamente com os colegas que iriam apresentar, se posicionou e deu início à cena.

Quando terminou a apresentação da cena, todos se posicionaram em um semicírculo. Jogador 1: O senhor disse que podia ser qualquer cena.

Facilitador: E podia! E então?

Jogador 1: O senhor acha que isso é certo? Uma pessoa tratar outra assim, como um animal.

Jogador 2: Tratou foi pior que um cachorro! (risos tímidos).

Jogador 3: Eles tratam a gente assim em todo lugar, é no banco, é no correio, é no hospital, é em tudo que é lugar.

Jogadora 4: Até parece que nem tem família. Num tem uma mãe, um pai de idade. Num respeita ninguém.

Jogador 1: Pois é, a gente paga nossas contas e o povo ainda pensa que a gente ta fazendo é um favor. Que tinha que agradecer. (Com os olhos cheios de lágrimas) O senhor acha isso certo?

Facilitador: Não, não acho! Mas o que vocês pretendem fazer em relação a essa situação?

Jogador 1: Nada, não tem nada de que fazer. Eu ia brigar, mas não ia adiantar.

HCA: Ai, eu fico assim sem vontade de fazer mais nada, da vontade de desistir de tudo e sumir.

Jogadora 4: Eu costumo brigar, mando respeitar meus cabelos brancos. Mas as vezes eu também fico assim. É triste, viu? (mais um instante de silêncio) ...então, da tempo de fazer outro jogo? Queria fazer de novo aquele do gavião.

Jogadora 3: Eu também quero? Pode professor?

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