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Os espaços-tempos dos pedagogos no município da Serra estão permeados de muitas tensões, as quais se constituem em desafios imprevisíveis nos diversos cotidianos das escolas e a cada dia esses profissionais precisam criar novos mecanismos na perspectiva de viabilizar caminhos na busca de inclusão escolar. Concluímos que a maioria dos pedagogos ainda não se envolve com os assuntos de inclusão/Educação Especial, conforme os mesmos apontaram em suas respostas ao perguntarmos sobre os alunos com NEE.

não se sinta responsabilizado por essa questão, já que não é deixado a claro, pelo mesmo sistema, a função do pedagogo diante da inclusão e institui uma equipe de professores de Educação Especial nas escolas, por itinerância, e também uma equipe central para que se responsabilize pelos alunos com NEE, como se a inclusão se desse de forma fragmentada, com cada profissional na sua “ilha” de especialização. Logo, os depoimentos dos sujeitos nos levam a inferir que não há uma política educacional que envolva os pedagogos nas questões de Educação Especial/inclusiva.

Assumimos que nossas práticas estão longe de ser consideradas inclusivas, mas já existem pedagogos sinalizando para algumas ações na perspectiva da inclusão escolar, quando parte deles reconhecem cada um de seus alunos com NEE e conta, com detalhes, os seus processos escolares e as intervenções feitas.

É para buscar essa escola, de forma que não só receba os alunos com NEE, mas que lhes ofereça as condições propícias de aprendizagem, considerando suas diferenças, importa uma visão holística sobre o sistema educacional, pois a inclusão escolar demanda um pensar coletivo de um trabalho integrado com muitas mãos (JESUS, 2002) numa sintonia em que corpos/ almas/mentes/espíritos estejam unidos, querendo algo comum na educação de novos/outros eus e mundos.

Concordamos com Assmann que “[...] hoje não é mais possível dialogar seriamente sobre educação ou política sem desconstruir e reavaliar os pressupostos [...] tácitos acerca da razão, do sujeito e da consciência típicos da modernidade [...]” (2004, p. 62). E nessa percepção, reconhecemos que também os pedagogos precisam sentir-se co-responsáveis pela busca de uma mudança paradigmática (SOUZA SANTOS, 2008; SÁ-CHAVES, 2001; ALARCÃO, 2001a), visando a levar para dentro da escola uma formação continuada que dê conta de problematizar e analisar, criticamente, a realidade, aproximando teoria e prática. Com essas reflexões, reiteramos que os profissionais que fazem a escola trabalham muito, até sem as condições mínimas, a fim de exercerem, com dignidade, suas funções e que, por isso, acabam sendo, de certa forma, vítimas do sistema capitalista desumanizador, já que este tem, como uma das principais diretrizes, a exploração da vida. Mas, isso não pode nos colocar

numa condição cômoda de passividade diante dos desafios, porquanto, como profissionais da educação, somos todos co- responsáveis pela busca constante da emancipação dos sujeitos que ensinam e dos que aprendem na escola.

Aos que podem interferir mais diretamente nas políticas educacionais da educação básica solicitamos que advoguem no sentido de garantir melhores condições de trabalho aos profissionais da educação, principalmente aos que estão nas escolas. Quando falamos em condições de trabalho, estamos, inclusive, questionando a obrigatoriedade dos duzentos dias letivos ou oitocentas horas anuais, pois nesses termos ficam inviabilizados os espaços-tempos de formação continuada nas escolas, uma vez que, principalmente os professores têm dupla e até triplas jornadas de trabalho, inviabilizando os espaços- tempos para a formação dos profissionais que fazem a escola.

Portanto, pensar o lugar do pedagogo como um mediador dos/nos processos educacionais na atualidade implica pensar novos paradigmas educacionais de forma que incluam as diversidades/individualidades de todos os sujeitos, reinventando novas/melhores formas de promover caminhos para a emancipação da vida.

Advogamos que nesse momento de transição paradigmática, em que a inclusão social/escolar, a nosso ver, se constitui em um dos novos paradigmas do qual a sociedade atual não pode mais negar, o pedagogo pode e deve ressignificar o seu lugar na profissão, fazendo jus aos novos pedidos/demandas sociais.

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