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E1 – ALIMENTAÇÃO E BEBIDAS Ana Maria Saut, Gustavo Gonçalves e Hugo Ribeiro

No documento MPCM. Maturidade Brasil 2010 (páginas 157-164)

PARTE A – Dados Obtidos na Pesquisa Participantes

A Indústria de Alimentação e Bebidas contribuiu com 10 participantes, representando 2,9% do total da pesquisa (345). Observa-se que houve uma redução expressiva na participação comparada à pesquisa do ano de 2008 quando se registraram 34 participantes, representando 11% dos participantes. Não se pode afirmar quais foram os fatores, mas, certamente, contribuiu a crise econômica mundial (subprime) iniciada em 2008 e que teve forte impacto em empresas de exportação de alimentos no Brasil. Percebe-se, assim, que existe uma grande lacuna a ser recuperada para este ramo de negócios levando em conta sua relevância, competitividade e representação no cenário econômico brasileiro.

A maior parte dos participantes foi da iniciativa privada, sendo apenas um do Terceiro Setor.

Nesta área são praticadas as categorias de projetos apresentadas na Tabela 1, sendo que não há nenhuma categoria com destaque na participação, ao contrário da pesquisa do ano de 2008 onde havia uma participação significativa da categoria Construção e Montagem com 71%.

Tabela 1 - Categorias de Projetos Executadas pelo Ramo de Negócios Alimentação e Bebidas

Categoria Total de Participantes

Sistemas de Informação (software) 5

Construção & Montagem 4

Mudanças Organizacionais e/ou Melhoria de Resultados

Operacionais 1

Total 10

Evolução da Maturidade do Ramo de Negócios de Alimentação e Bebidas

A maturidade média desta área de negócios em 2010 foi 2,74, valor ligeiramente superior à média global 2,61 e bem próximo à nota obtida pelo setor na pesquisa anterior 2,81. Na figura 1, pode-se observar o histórico da maturidade desta área nos últimos anos comparativamente ao resultado geral da pesquisa, mostrando uma estabilidade nos últimos dois períodos, tanto para o ramo de Alimentação e Bebidas quanto para a média geral.

2,44 2,42 2,66 2,61 2,81 2,74

1

2

3

4

5

2005 2006 2008 2010

GERAL

Alimentação & Bebidas

Figura 1- Evolução da Maturidade da Área de Negócios Alimentação e Bebidas comparada com Geral

Distribuição da Maturidade nos Níveis

A distribuição das participações nos níveis em 2010 está demonstrada na figura 2. Pode-se observar que a maioria dos participantes está no nível 3 (Padronizado). Isto indica que se mantém a tendência de consolidação das práticas de gestão, com a padronização dos processos e ferramentas, e que não houve um aperfeiçoamento. No entanto é uma situação muito boa, pois a consolidação do nível 3 conduz ao nível 4, que significa excelência.

O significativo percentual de participantes no nível 2 aponta a necessidade de maiores esforços para a implantação de metodologias de gerenciamento de projetos e aplicação das boas práticas no setor.

10%

44%

33%

10%

1%

0%

40%

60%

0%

0%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 1 Inicial 2 Conhecido 3 Padronizado 4 Gerenciado 5 Otimizado

Geral

Alimentação e Bebidas

Figura 2- Distribuição dos participantes nos níveis de maturidade em 2010

Maturidade Mínima/Média/Máxima

Os valores obtidos para máximo/médio/mínimo estão na Tabela 2 onde são apresentados também os valores para a Categoria Sistemas de Informação (software), a de maior participação (5). Com base neste resultado pode-se concluir que as empresas do ramo de alimentação e bebidas possuem boas oportunidades de melhoria de maturidade na área de TI considerando a relevância desta categoria

Tabela 2: Maturidade Mínima, Média e Máxima

Maturidade

Todas as Categorias do ramo de negócios Alimentação e

Bebidas (10 participantes)

Somente a Categoria Sistemas de Informação (software)

(5 participantes)

Mínima 1,83 1,83

Média 2,74 2,60

Máxima 3,41 3,41

Comparação da Maturidade do Ramo de Negócios Alimentação e Bebidas entre os diversos tipos de organização

Os dados obtidos em 2010 infelizmente não permitiram também comparar este ramo de negócio entre empresas da iniciativa privada e de outros tipos de organização.

Tabela 3: Comparação da Maturidade do Ramo de Negócios Alimentação e Bebidas entre os Diversos Tipos de Organização

Iniciativa Privada Governo Administração Direta Governo Admin. Indireta Terceiro Setor Maturidade 2,77 - - - Participantes 2,77 - - 1 Dimensões

Os valores médios para as dimensões estão mostrados na Figura 3. Os resultados de aderência do ramo de negócios às dimensões apontados na pesquisa de 2010 são similares aos da pesquisa de 2008. A comparação com o resultado global também demonstra este padrão. Na dimensão Informatização houve a maior evolução para o setor, ao contrário do resultado geral onde se observa uma redução nesta dimensão.

Os resultados apresentados para a dimensão Competência Comportamental estão coerentes levando-se em conta a concentração do setor no nível 3 de maturidade, pois esta dimensão normalmente se consolida no nível 4. Para o nível 3 era esperado um destaque no desempenho das dimensões Informatização, Metodologia e Competência Técnica.

48% 38% 31% 39% 22% 35% 44% 44% 49% 32% 15% 41% 0% 20% 40% 60%

Competência Técnica & Contextual Metodologia Informatização Estrutura Organizacional Competência Comportamental Alinhamento Estratégico

Alimentação e Bebidas Geral

Maturidade Versus Faturamento

A tabela 4 mostra a maturidade por diferentes classes de faturamento. Pode-se observar pelas colunas intituladas ―Alimentação e Bebidas‖ (apenas aqueles grupamentos com quantidade representativa de participantes) que:

 90% das organizações possuem faturamento acima de R$100 milhões;

 A ausência na participação das empresas de pequeno e médio porte do ramo de Alimentação e Bebidas impede que seja realizada uma análise criteriosa da relação faturamento x maturidade. Entretanto, percebe-se que as grandes organizações do ramo estão ligeiramente melhor preparadas para o gerenciamento de projetos se comparadas com a média das empresas de faturamento semelhante (Acima de R$ 1 bilhão). Para o caso do grupamento geral, observa-se que as organizações dos extremos da tabela possuem maiores valores para maturidade, ou, então, existe um ―fosso de maturidade‖ para as organizações de valores intermediários de faturamento.

Tabela 4 – Maturidade Versus Faturamento Faturamento

Alimentação e Bebidas Geral

Maturidade # Resp % Maturidade # Resp %

< R$ 500.000 2,78 35 10% De R$ 500.000 a R$ 1.999.999 2,62 39 11% De R$ 2.000.000 a R$ 9.999.999 2,58 36 10% De R$ 10.000.000 a R$ 99.999.999 2,41 1 10% 2,42 81 23% De R$ 100 milhões a R$ 1 bilhão 2,41 3 30% 2,63 80 23% Acima de R$ 1 bilhão 2,95 6 60% 2,74 74 21% CONSOLIDADO TOTAL 2,74 10 100% 2,61 345 100%

Maturidade Versus Prática de se Utilizar Gerente de Projetos

A tabela 5 mostra a situação de organizações que utilizam Gerente de Projetos (GP) considerando o tempo de implantação desta prática. Pode-se observar que:

 Aplicação: 70% dos participantes do ramo responderam que utilizam Gerente de Projetos há mais de 2 anos (linhas 1 e 2), o que é um resultado muito positivo. Importante observar que o cenário de Alimentação e Bebidas é melhor que o cenário Geral.

 Maturidade: Infelizmente o tamanho das amostras não permite maiores conclusões. No entanto podemos ver claramente que, para o grupamento geral, quanto maior o tempo de uso de gerentes de projetos, maior a maturidade.

Tabela 5 – Prática de Utilização de Gerente de Projetos Duração do Uso

Alimentação e Bebidas Geral

Maturidade # Resp % Maturidade # Resp %

Existe há mais de 5 anos 3,12 2 20% 3,05 93 27%

Existe entre 2 e 5 anos 2,89 5 50% 2,83 94 27%

Existe entre 1 e 2 anos 2,42 64 19%

Existe há menos de 1 ano 2,12 1 10% 2,24 29 8%

Não utilizamos Ger. Projetos 2,28 2 20% 1,90 58 17%

Não respondeu 3,06 7 2%

CONSOLIDADO TOTAL 2,74 10 100% 2,61 345 100%

Sobre a Existência de um PMO

Pela tabela 6 se mostra a maturidade de organizações que utilizam PMO. Observa-se também que 80% das empresas do ramo de Alimentação e Bebidas possuem PMO, o que mostra que existe uma tendência de consolidação desta prática no setor. Infelizmente o tamanho das amostras não permite maiores conclusões sobre maturidade. No entanto podemos ver claramente que, para o grupamento geral, quanto maior o tempo de uso de gerentes de projetos, maior a maturidade.

Tabela 6 – Existência de PMO Duração do Uso

Alimentação e Bebidas Geral

Maturidade # Resp % Maturidade # Resp %

Existe há mais de 5 anos 3,12 2 20% 3,34 40 12%

Existe entre 2 e 5 anos 2,89 5 50% 2,96 82 24%

Existe entre 1 e 2 anos 2,73 1 10% 2,68 60 17%

Existe há menos de 1 ano 2,10 32 9%

Não temos PMO 1,98 2 20% 2,22 127 37%

Não respondeu 3,94 4 1%

CONSOLIDADO TOTAL 2,74 10 100% 2,61 345 100%

Prática de se Utilizar Comitês

Pela Tabela 7 se observa a maturidade de organizações que utilizam Comitês. 90% dos respondentes do ramo de Alimentação e Bebidas utilizam Comitês. Infelizmente o tamanho das amostras não permite maiores conclusões sobre maturidade. No entanto podemos ver claramente que, para o grupamento geral, quanto maior o tempo de uso de gerentes de projetos, maior a maturidade

Tabela 7 – Prática de Utilização de Comitê Duração do Uso

Alimentação e Bebidas Geral

Maturidade # Resp % Maturidade # Resp %

Existe há mais de 5 anos 3,31 1 10% 3,24 38 11%

Existe entre 2 e 5 anos 2,87 7 70% 2,98 56 16%

Existe entre 1 e 2 anos 1,83 1 10% 2,86 59 17%

Existe há menos de 1 ano 2,42 50 14%

Não utilizamos Comitês 2,12 1 10% 2,22 139 40%

Não respondeu 4,32 3 1%

CONSOLIDADO TOTAL 2,74 10 100% 2,61 345 100%

Finalmente, sugere-se ao leitor consultar o capítulo B3 onde se faz uma análise mais profunda de aspectos de governança.

PARTE B – Análise dos Dados Obtidos na Pesquisa O Cenário

O período de abrangência da pesquisa foi marcado por uma pequena diminuição do ritmo de crescimento mundial do setor de Alimentos e Bebidas no ano de 2009, se comparado aos anos anteriores. Este fenômeno, assim como na maioria dos setores, teve como causa raiz a crise econômica mundial. No Brasil, os impactos negativos nos volumes de exportação do setor foram compensados pelo crescimento da demanda, em função do aumento de renda per capita.

Em 2010, a demanda nacional continuou em franca ascensão, puxada pela busca, principalmente da crescente classe C, por alimentos e bebidas de maior valor agregado. Neste período, o setor recuperou o ritmo de crescimento dos anos anteriores, mesmo com o cenário externo tendo apresentado apenas uma pequena melhora.

A perspectiva futura é de continuidade de crescimento do setor. Tudo indica que a demanda interna seguirá crescendo de forma significativa. E, mesmo no mercado externo, apesar da taxa de câmbio ser desfavorável à exportação, ao menos no curto prazo, a questão de escassez de alimentos no mundo favorece o Brasil, por ser um país que possui várias vantagens competitivas, principalmente em recursos naturais, para a produção de alimentos.

Destaca-se que, cada vez mais, os consumidores exigirão das indústrias de alimentos e bebidas, produtos mais sofisticados, com apelos funcionais, de praticidade e de saudabilidade e bem-estar. Custos competitivos e qualidade do produto são compulsórios neste setor. Em função destas tendências de aumento das exigências dos consumidores, aumento da demanda e acirrada concorrência entre as inúmeras empresas do setor, projetos de desenvolvimento de novos produtos e embalagens, aumento de capacidade produtiva e de melhorias de processo para redução de custo e aumento da qualidade dos produtos são fundamentais.

Outro fator importante a ser considerado é a tendência crescente de aquisições e fusões entre empresas, sendo que nestes processos a prática de gestão de projetos pode ser um diferencial para obtenção de resultados superiores.

Principais Dificuldades da Área de Negócios

Uma dos desafios do setor continua sendo o ―conflito‖ entre rotina e projetos. Na indústria de Alimentos e Bebidas a busca pela excelência nos processos reflete diretamente na priorização da solução dos problemas para melhoria contínua.

As dimensões Competência Comportamental e Estrutura Organizacional continuam tendo resultados muito abaixo do esperado e certamente são aspectos que precisam ser melhorados para consolidar o gerenciamento de projetos no setor.

Desafios e Fatores Críticos de Sucesso para a Evolução da Área de Negócios

Diante destas dificuldades, o principal desafio é conscientizar a alta administração e o corpo gerencial das empresas sobre a importância de estabelecer uma cultura de gerenciamento de projetos para os resultados do negócio. Feito isso, deve-se partir para um robusto plano de capacitação para permitir não só o domínio da metodologia de GP (que pode e deve ser adaptada para realidade de cada empresa), mas também a percepção da importância e dos benefícios.

Embora a pesquisa não tenha demostrado uma evolução na maturidade de gerenciamento dos projetos no ramo de Alimentos e Bebidas, certamente há uma expectativa positiva. Algumas práticas importantes que têm relação direta com o aumento da maturidade estão sendo aplicadas, tais como criação do PMO, de Comitês e da função de Gerente de Projetos.

Autores:

Ana Maria Saut, gerente de projetos internacionais na BRF, é graduada em Engenharia de Alimentos

pela Universidade Federal de Santa Catarina, com especialização em Tecnologia de Processamento de Alimentos pela Universidade Federal de Santa Catarina e em Gestão Empresarial pela UNICAMP

Gustavo Reginaldo Jacques Gonçalves é graduado em Engenharia Civil pela UFMG, com MBA em

Finanças pelo IBMEC-MG. É gerente Industrial da Itambé.

Hugo Ribeiro, PMP é sócio consultor do INDG (Instituto de Desenvolvimento Gerencial) com mais de

sete anos de atuação na área de consultoria de gestão em clientes diversos. Graduado em TI com MBA em Gerenciamento de Projetos e especialização em Gestão Estratégica de Empresas.

No documento MPCM. Maturidade Brasil 2010 (páginas 157-164)