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Equação 1 – Modelo genérico de regressão linear com dados em painel

2.14. Alocação de Recursos e Política de Investimentos

O que determina os critérios tanto da política de investimentos quanto da aplicação dos recursos dos RPPS é a Resolução nº 4.392/2014, que altera a Resolução nº 3.922/2010.

Segundo a seção I de tal Resolução, os recursos dos regimes próprios de previdência social devem ser alocados em: I – renda fixa; II – renda variável; e III – imóveis. Pondera-se na referida legislação que, além das receitas correntes e de capital dos fundos previdenciários, as receitas de aplicações financeiras (além dos títulos e valores mobiliários), ativos vinculados ao regime e demais bens e direitos são também considerados recursos.

Quadro 1 – Limite de Aplicações.

Fonte: Elaborado pelo autor, com base na Resolução nº 4.392/2014.

Dentro da política de investimentos, contido no Art. 4º desta Resolução, destaca- se que os responsáveis pela gestão do RPPS devem, antes do início do exercício, definir a política anual de investimentos, determinando o modelo de gestão, suas intenções em contratar serviços de pessoas jurídicas para consultoria, sua estratégia de alocação dos recursos, e, principalmente, os parâmetros de rentabilidade perseguidos – denominados de “meta atuarial”. Esta política anual, que deve ser aprovada por órgão superior competente – no caso dos municípios de Santa Catarina, o Tribunal de Contas do Estado/SC – ainda pode ser revista durante o curso da execução.

Um ponto a ser explorado pela literatura é a eficiência da alocação dos recursos nos RPPS pelos gestores: conforme Ferreira, Givisiez, Bessegato e Júnior (2010, p. 50), “em especial, as limitações impostas às aplicações de recursos pela normatização

vigente pode ser fonte de dificuldades para obtenção de maior rentabilidade”. Nestes casos, normas mais flexíveis poderiam facilitar a gestão dos recursos e, por conseguinte, resultados superiores às metas atuariais. Em um ambiente de juros reais altos em renda fixa, os gestores podem terminar por negligenciar retornos superiores, contentando-se em buscar o alcance da meta de 6% ao ano, em termos reais.

Devido ao foco no conservadorismo, a Resolução reitera que as aplicações devem ser compostas de carteiras cujos emissores sejam considerados de baixo risco de crédito, segundo classificação por agência classificadora de risco no país. Hoje, tais agências são as nova-iorquinas Standard & Poors Ratings (S&P), Fitch Ratings e Moody’s, que abrangem suas classificações de crédito também no Brasil.

O limite máximo de concentração das referidas aplicações, em uma mesma pessoa jurídica de sua controladora (direta ou indireta) e coligadas ou em um mesmo fundo de investimentos seja de 20%.

Estas limitações fazem parte do conceito de prudência, visando maior garantia dos lastros e liquidez das aplicações, algo que é inerente às responsabilidades de um fundo de investimento de um RPPS. Por este motivo, a Resolução propõe vetos às aplicações que considera de maior volatilidade e risco:

Quadro 2 – Vedações para Aplicações

A Resolução 4.392/2014 finaliza determinando que, em caso de infringência dos limites das aplicações estabelecidos, conhecido pelo termo “desenquadramento”, o RPPS ficará impedido de efetuar novas aplicações que onerem os excessos verificados. Eventuais inconsonâncias decorrentes de valorização ou desvalorização de ativos financeiros não são considerados infringência pelo prazo de 180 dias.

O Relatório de Avaliação Atuarial, que é de publicação obrigatória no site do Ministério da Previdência Social, possui um tópico que confronta as projeções de variáveis como: concessão de benefícios, do plano de amortização, parcelamento de débitos previdenciários, além, claro, da projeção da rentabilidade do fundo, estudos realizados pelo instituto de previdência; com suas efetivas execuções.

Como será observado nas Imagens 4 e 5, o preenchimento do DAIR do município de Itaiópolis serve para reforçar a situação discutida por Bogoni e Fernandes (2015, p. 135), a respeito de ausência de estruturas formalizadas, com o agravante de que há gestores que sequer se atém aos preenchimentos mínimos obrigatórios.

Imagem 4 – DRAA do Município de Itaiópolis 2016.

Imagem 5 – DRAA do Município de Itaiópolis 2016.

Como se observa na imagem acima, o preenchimento do referido tópico, no Relatório de Avaliação Atuarial (RAA) de 2016 do município de Itaiópolis, não está completo. Na coluna de projeções, na realidade, não contém qualquer preenchimento. Antecipa-se que, na coleta de dados do citado município, é verificado um déficit atuarial desde o início do período analisado, o RAA de 2013, assim como o tempo de experiência, em anos, do gestor, em 2016, é de 5 anos nesta data-base, ou seja, o gestor é o mesmo desde o início do período analisado.

Mas, principalmente, considera-se que não havia projeção de rentabilidade do fundo, e sua “execução” consta apenas os 6% de meta atuarial de juros real, genérico entre os RPPS – o que nos leva a conclusão de que não foi realizado nenhum estudo de política de investimentos do instituto em questão.

De acordo com a conclusão realizada no trabalho de Bogoni e Fernandes (2011, p. 142), a análise cruzada de resultados da pesquisa sobre a gestão praticada nos RPPS do Rio Grande do Sul caracteriza uma urgência na adoção de melhores políticas de investimento e governança por parte dos RPPS. Ainda segundo os autores Bogoni e Fernandes (2011, p. 142), por preocuparem-se, basicamente, em atender os requisitos de enquadramento e limites estabelecidos, os gestores não priorizam critérios de transparência e a responsabilidade destes gestores com os contribuintes.

Há, ainda, institutos de previdência que possuem sites eletrônicos precários, com informações desatualizadas, que não disponibilizam o corpo dos conselhos administrativo e fiscal, ou até mesmo os que sequer possuem sites.

É possível concluir, portanto, que, dado o representativo montante financeiro que a entidade gestora do RPPS possui – agravada, quando se colocada em perspectiva de proporção com a população do respectivo município – deveria haver maiores detalhes acerca das aplicações destes recursos, seja nos DRAA, seja em um site próprio.

A insuficiência destas informações, ainda que auditadas, geram uma maior nuvem de desconfiança em torno destes recursos, algo que eventualmente pode ser notado somente em situações extremas. Para Nogueira (2011, apud COSTA, 2015, p. 37), o fato de a maioria dos RPPS apresentarem déficits atuariais elevados deve ser tratado como uma ação de política pública do Estado, tendo como foco seu equacionamento, de modo que permita um equilíbrio no sistema e regime.

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