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Equação 1 – Modelo genérico de regressão linear com dados em painel

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A relevância dos institutos de previdência dentro do cenário econômico nacional é notória, tanto na sua esfera privada quanto na pública. O trabalho foi dedicado a compreender o funcionamento da gestão de recursos dos Regimes Próprios de Previdência (RPPS) do Estado de Santa Catarina, desde como são feitas as contribuições, passando por como é feita a gestão, suas limitações, até chegar a conclusões a respeito das medidas que dizem respeito à saúde dos fundos previdenciários.

De forma geral, a coleta de dados trouxe a informação de um déficit atuarial existente em 2016 nos RPPS de Santa Catarina de R$ 4,3 bilhões, um número significante dentro de um sistema que engloba 67 municípios. O número expressivo torna-se ainda mais representativo se levar em conta que se trata de um Estado cujo índice de renda per capita é o 4º do Brasil, ou seja, dentro de um Estado que possui uma capacidade de eficiência maior do que a da grande maioria das unidades federativas.

Os resultados do trabalho corroboram com a necessidade de haver uma reforma no sistema previdenciário, revisando condições para que seja viável um sistema saudável e exequível. Observou-se, dentro da amostra, uma alta variabilidade de resultados para a maioria das variáveis pesquisadas, o que reflete a diversidade encontrada de gestão dentro do universo dos 67 municípios. Aliado a isso, a informação de que diversos institutos de previdência não possuem as informações disponíveis em sites próprios, por onde poderiam emitir pareceres tanto sobre a gestão quanto sobre a política de investimentos. Os dados da grande maioria dos institutos só foram obtidos a partir do site do Ministério da Previdência, em que a divulgação é obrigatória.

Ainda assim, observou-se que nem sempre isso reflete um preenchimento adequado e comprometido das informações. Esta falta de padronização limitou o estudo da governança praticada nos institutos, onde fora atribuída apenas à experiência, em anos, do gestor, sua fundamentação e quantificação.

A respeito dos resultados, verificou-se que há uma correlação entre a proporção de inativos sobre ativos com a rentabilidade e com o resultado atuarial, ou seja, quanto maior a representatividade de inativos dentro do sistema, mais deficitário ele tende a ser. Além disso, comprovou-se a relevância de estudar as aplicações financeiras, uma vez que a média da representatividade destes ativos financeiros dentro do ativo líquido total beira nos 100%.

A rentabilidade, entretanto, apareceu como ineficiente por parte de grande parte das observações. Em 37 das 201 observações analisou-se um desempenho dos fundos abaixo da inflação (INPC), demonstrando perda de valor do fundo perante o cenário econômico nacional. Se considerado a meta atuarial, de inflação (INPC) + 6%, verificamos que em apenas 6 das 201 observações foi cumprida a meta, ou seja, apenas 3% da amostra. Os outros 97% não cumpriram a meta. Ainda comparando com as outras taxas, observou-se que a rentabilidade do fundo apareceu, em maior parte, acima da taxa DI e acima à variação do índice Bovespa no ano.

Os resultados estão em linha com a proposição de Bogoni e Fernandes (2010, p. 135), de que a grande maioria dos gestores, por incapacidade de estrutura ou de conhecimento técnico seu e do seu pessoal, preocupa-se basicamente em atender aos requisitos mínimos de aplicações estabelecidos pela Resolução nº 4.392/2014.

O foco do trabalho era entender a gestão de recursos feita pelos institutos previdência, bem como a relação desta com a governança praticada nos mesmos, e buscar estabelecer correlações entre as medidas de segregação de massa e os resultados atuariais – que nada mais são do que o objeto da gestão. Analisou-se, por meio de regressão linear feita junto ao software Stata, que não há relação significativa entre a governança praticada nos institutos e a rentabilidade dos fundos. A conclusão contraria as disposições propostas por outros autores, como Malaquias e Júnior, ainda que existisse divergência entre a relação ser benéfica ou prejudicial.

Por outro lado, concluiu-se uma relação significativa entre o porte dos municípios, e o resultado atuarial por ativo, assim como entre a existência de segregação de massa e o resultado atuarial por ativo. De acordo com a fundamentação, essa hipótese era previsível, porém, questionável. De fato, fica comprovada a eficácia da segregação para a saúde dos fundos de previdência, porém, pelo fato do trabalho ter proposto análise somente sobre os fundos previdenciários – excluindo-se, portanto, os fundos financeiros – o que prospecta um questionamento desta eficiência no longo prazo.

Os modelos das tabelas de regressão linear também nos trazem conclusões de que o resultado atuarial, ainda que proporcional em relação ao número de servidores ativos do plano, muito mais depende da sua estrutura organizacional – como porte do município (população), se há segregação de massa – do que propriamente da rentabilidade dos recursos investidos – que também não estão diretamente relacionados com a experiência dos gestores nos cargos.

Com isso, espera-se que o trabalho tenha contribuído para discussões a respeito da situação do sistema previdenciário vigente, da relevância do estudo de gestão praticado nestas entidades gestoras assim como o acompanhamento da rentabilidade dos fundos, em que são alavancados quase em sua totalidade dos benefícios garantidos ou em vista. Estes debates podem conduzir e servir de orientação para uma argumentação mais embasada, fundamentada e realista, para alinhar as contas públicas com as suas demandas, visando tornar todo este sistema previdenciário – ainda que tenha se tratado exclusivamente do RPPS – mais saudável, rentável e exequível.

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