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Hoekelman (1977) estudou a incidência de doenças infecciosas em 246 crianças nascidas a termo durante seu primeiro ano de vida. Encontrou uma prevalência de doenças infecciosas em 84 (34%) das crianças: 58 crianças (24%) tiveram apenas um episódio infeccioso, 51 (20%) tiveram dois episódios, 23 (9%) tiveram 3 episódios e 32 (13%) tiveram quatro ou mais episódios de doenças infecciosas. A otite média ocorreu em 122 casos, sendo 89 (73%) unilateral e 33 (27%) bilateral. Concluíram que a prevalência da otite média no primeiro ano de vida foi alta, perdendo apenas para a gripe.

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Teele, Klein, Rosner (1980) encontraram, em seu estudo sobre epidemiologia das otites médias em crianças, efusão de OM persistente em 70% das crianças após duas semanas do primeiro episódio, 40% após 1 mês, 20% após 2 meses e 10% após 3 meses. Encontraram também otite média em 71% das crianças com um ou mais episódios, incluindo 33% com três ou mais episódios. Observaram ainda uma maior prevalência no sexo masculino e na cor branca. Os autores acreditam que exista uma predisposição ou proteção da orelha média baseada na posição da tuba auditiva ou no fator genético.

Hubig (1989), em seu estudo epidemiológico das otites médias em crianças de creches, encontrou elevada prevalência de alteração auditiva por otite média identificada por otoscopia em 69,3% de 202 crianças e identificada por timpanometria em 73,7% de 209 crianças. Relatou ainda que a tendência ao agravamento foi maior no primeiro ano de vida. Concluiu que esses resultados conduzem à necessidade de posturas específicas em direção à prevenção das ocorrências e dos agravamentos.

Holte, Margolis, Cavanaugh (1991) relataram que o sistema da orelha média de neonato, ao contrário do adulto, é predominantemente dominado por massa e por baixa frequência de ressonância.

Santos (1996) relatou que a maior incidência de otite média (OM) ocorre em bebês, podendo ser explicado pela imaturidade do sistema imunológico e também pela imaturidade estrutural e funcional da tuba auditiva.

Azevedo (1996), em estudo longitudinal da audição nos primeiros anos de vida, observou 25% de ocorrência de alteração de orelha média durante o primeiro ano de vida em neonatos de risco. Já na população de baixo risco, acompanhada de 0 a 3 anos, foi possível identificar perda auditiva neurossensorial em 0,85% da população, alteração do processamento auditivo em 3% e comprometimento da orelha média em 8,5% das crianças avaliadas.

Sutton, Gleadle, Rowe (1996) relataram que a efusão de orelha média e a sua pressão negativada ocorre em 50% dos neonatos, podendo ocasionar falhas na TAN com EOA.

Hogan et al. (1997) observaram em seu estudo longitudinal, em 112 recém-nascidos acompanhados até 3 anos, que as crianças com menos de 2 anos são mais

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susceptíveis a episódios recorrentes de efusão de orelha média e que uma atenção especial deve ser dada aos RN.

Em 1998, Sih relatou que a otite média é mais rara nos primeiros 3 meses de idade, provavelmente devido à proteção materna conferida à criança e que as manifestações clínicas das otites são: febre, otalgia, otorreia, perda de audição flutuante que pode causar efeitos adversos na fala, linguagem e desenvolvimento cognitivo. A perda de audição encontrada nestes casos geralmente é transitória, classificada como perda auditiva condutiva, pois se refere a uma alteração na condução do som, com tendência à normalização da audição pós tratamento.

Em 1998, Endo, Curi avaliaram a sensibilidade e especificidade da otoscopia e da timpanometria no diagnóstico da otite média secretora e relataram que, para esse tipo de doença, a timpanometria é significativamente mais específica do que a otoscopia, ainda que a sensibilidade não apresentasse diferença significativa.

Franche et al. (1998) realizaram um estudo prospectivo em 98 crianças (196 orelhas), com o objetivo de avaliar a sensibilidade e a especificidade da otoscopia e timpanometria no diagnóstico de otite média secretora. Observaram que a otoscopia apresentou uma sensibilidade de 87,5% e especificidade de 61,1%, e a timpanometria, uma sensibilidade de 93,75% e especificidade de 72,2%. Não encontraram diferença estatisticamente significativa na sensibilidade entre a otoscopia e a timpanometria no diagnóstico de otite média secretora, entretanto, a timpanometria foi estatisticamente mais específica que a otoscopia (p< 0,01).

Bess, Humes (1998) afirmaram que a prevalência da otite média é normalmente maior nos três primeiros anos de vida devido à anatomia da tuba auditiva do lactente ter uma maior predisposição a acumular líquido na orelha média. Afirmaram ainda que as otites variam, ligeiramente, em relação ao sexo, com maior ocorrência no sexo masculino.

Kós, Soares (1999) afirmaram que os fatores predisponentes mais envolvidos na ocorrência de otites seriam: a disposição anatômica e a imaturidade da tuba auditiva, a diminuição da imunidade do hospedeiro, alimentação em decúbito dorsal (o que pode causar o refluxo e regurgitações com passagem de alimento pela tuba auditiva para orelha média), anomalias anatômicas, fenda palatina, dismorfismo

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craniofacial, como a síndrome de Down, doença de Crouzon, e nas síndromes de Teacher-Collins, de Pierre-Robin, Alpert e Turner.

Engel et al. (1999) realizaram um estudo longitudinal com o objetivo de identificar a prevalência de otite média com efusão em 150 RN saudáveis e 100 RN de risco para perda auditiva, com idade variando de 0 a 2 anos. Realizaram otoscopia e timpanometria em intervalos mensais de 3 em 3 meses. Encontraram uma prevalência de otite média com efusão no grupo de risco de 59% e no grupo normal de 49%, com maior pico em torno de 10 meses. Observaram que durante os primeiros meses de vida a prevalência de otite média aumentou em ambos os grupos, mas sem diferença significativa até os 6 meses, mudando significativamente após esta idade na comparação entre os dois grupos. Concluíram que a otite média com efusão tem uma grande prevalência principalmente em crianças de alto risco durante a infância.

Isaac, Oliveira, Holanda (1999) realizaram otomicroscopia e imitância acústica em 36 crianças com idade de 5 a 29 meses. Encontraram predominância de timpanogramas tipo “A” em ouvidos normais; predomínio do timpanograma tipo “B” nas orelhas com efusão de ouvido médio e pouca ocorrência dos timpanogramas do tipo “C”. Estes resultados foram comparados com a otomicroscopia, e com isso os autores concluíram que a combinação destes dois procedimentos são importantes para avaliação otológica de crianças pequenas, pois detecta alteração de orelha média em crianças assintomáticas.

Vartiainem (2000) examinou a ocorrência de otite média com efusão em 184 crianças com perda auditiva congênita ou precoce e avaliou se o diagnóstico da desordem da alteração de orelha média tinha algum efeito na detecção de perda auditiva precoce ou congênita. Encontrou em 44 (24%) crianças que haviam tido um episódio de otite média aguda e em 18 (10%), que apresentaram três ou mais episódios. Foi confirmada a otite média aguda em 28 (15%) crianças. Concluiu que quando a otite média com efusão precisa ser tratada, as avaliações auditivas necessitam ser refeitas, salientando ainda que as EOA são muito sensíveis a este tipo de alteração.

Doyle et al. (2004) realizaram um estudo prospectivo, caso controle, em 454 recém-nascidos, com o objetivo de determinar se o recém-nascido com efusão de orelha média persistente nas primeiras 30 a 48 horas de vida, seriam mais propensos a

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desenvolver otite média crônica com efusão durante o primeiro ano de vida quando comparado com as orelhas sem efusão na orelha média. Realizaram otoscopia pneumática com lupa-ampliada no momento da triagem auditiva do recém-nascido, determinando a presença ou ausência da efusão. De 454 recém-nascidos, 14 sujeitos experimentais (caso) com efusão de orelha média neonatal e 15 indivíduos controle sem efusão de orelha média neonatal foram recrutados para o estudo e acompanhados por 1 ano. Estes dois grupos foram comparados quanto à incidência de otite média com efusão e os resultados dos testes audiológicos. Foram realizados os exames aos 3, 6, 9 e 12 meses de idade com testes de EOA, timpanometria, otoscopia pneumática e audiometria de reforço visual (a partir de 6 meses de idade). Encontraram desenvolvimento de otite média com efusão no primeiro ano de vida em 58% (8 bebês), no grupo experimental e 20% (3 crianças) do grupo controle. No grupo controle a média dos limiares da audiometria de reforço visual nunca ultrapassaram os 25 dB. No grupo experimental, a média dos limiares da audiometria de reforço visual ultrapassava 25 dBNA em 1.000, 2.000 e 4.000Hz aos 9 meses. Os autores concluíram que a maioria dos recém-nascidos com efusão de orelha média neonatal persistente encontrada por otoscopia pneumática em 30-48 horas de vida iriam desenvolver otite média crônica com efusão durante o primeiro ano de vida. No entanto, a otite média crônica com efusão é comum em todas as crianças (20% dos controles).

Saes, Goldberg, Montovani (2005) estudaram a secreção de orelha média em lactentes, com o objetivo de avaliar a ocorrência e recorrência de secreção na orelha média e os possíveis fatores associados, em 190 recém-nascidos e lactentes observados nos dois primeiros anos de vida. Todos os recém-nascidos e lactentes foram submetidos mensalmente a anamnese, otoscopia, avaliação audiológica comportamental por meio de instrumentos sonoros e tons puros (audiometria pediátrica) e timpanometria, bem como sua correlação com os fatores de risco. Foram excluídos da pesquisa lactentes com idade gestacional inferior a 37 semanas; diagnóstico de encefalopatia crônica infantil progressiva ou não-progressiva; atraso neuropsicomotor; disacusia neurossensorial progressiva ou não; malformações e doenças agudas e crônicas da orelha média; antecedentes de lues; peso ao nascimento abaixo de 2.500 g; utilização de fármacos ototóxicos. Os resultados revelaram que em 68,4% dos lactentes houve um ou mais episódios de secreção na orelha média nos dois primeiros anos, com maior recorrência para o sexo masculino. A

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idade de maior ocorrência foi entre 4 e 12 meses. Quanto mais cedo ocorreu o primeiro episódio, maior foi a probabilidade de recorrência. Os meses do ano de maior incidência foram de maio a agosto. Das variáveis estudadas, constatou-se que o período de aleitamento materno exclusivo atuou como um fator protetor. Quanto aos fatores de risco, verificou-se que a presença de tabagismo passivo, refluxo gastroesofágico, alergia respiratória esteve relacionada à recorrência de efusão. Os autores concluíram sobre a importância do acompanhamento auditivo periódico para lactentes nos 2 primeiros anos de vida, considerando ser o período crítico para o processo de maturação do sistema auditivo, no qual privações sensoriais auditivas podem ser responsáveis por sequelas para o desenvolvimento de fala e linguagem.

Northon, Downs (2005) relataram algumas complicações das otites médias e seu diagnóstico otoscópico. A otite média aguda apresenta-se com hiperemia. A bolhosa: com bolhas na membrana. A serosa: opaca. A adesiva: com retração da membrana timpânica e a supurativa crônica: com perfuração central e secreção.

Souza et al. (2008) afirmaram que a alteração funcional das estruturas da orelha externa e média pode alterar ou ausentar o registro de qualquer tipo de EOA, mesmo com funcionalidade normal das CCE.

Vários são os testes com que se pode avaliar a audição, entre eles o de emissões otoacústicas, utilizado na triagem auditiva neonatal (TAN), que avalia a função de células ciliadas externas e o de imitanciometria que avalia a mobilidade timpano-ossicular, orelha média e vias auditivas do arco reflexo.

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