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para conjunto habitacional

Reassentamento para casa comprada pela PMB Indenização em dinheiro Permuta Lote + Unidade Habitacional (Conjunto Eduardo Angelim) Compra pela PMB de residência apontada pelos moradores. A casa deveria seguir padrões estipulados pela PMB e situados em localizações regulares. Indenização em dinheiro (valor do imóvel). Possibilidade de Permuta de imóvel com morador da área que aceitasse UH no conjunto Eduardo Angelim.

Quadro 9 - Formas de atendimento para o deslocado no projeto Tucunduba. Fonte: BARBOSA, 2003 e NEGRÃO, 2007.

Outra opção também inserida posteriormente foi à indenização em dinheiro dos imóveis. Os critérios de avaliação dos imóveis eram definidos através de variáveis como o tamanho das áreas edificadas, os padrões de construção, o estado de conservação, e o uso dos imóveis (residencial, comercial ou misto) (BARBOSA, 2003). Porém, as indenizações ao serem estabelecidas pela avaliação da benfeitoria, em geral precárias, possuíam valores baixos que dificultavam a procura por imóveis próximos da área de intervenção e/ou áreas regularizadas, portanto, não oferecendo oportunidade para melhoria das condições de moradia.

Em 2001 foi lançado pela PMB um projeto que seria complementar ao projeto Tucunduba, o Plano de Desenvolvimento Local (PDL) Riacho Doce e Pantanal, comunidades localizadas nas imediações da área de intervenção da primeira fase da macrodrenagem do Igarapé Tucunduba. Nas palavras de Souza (2004) o PDL surgiu como uma tentativa de corrigir as distorções ocorridas no Projeto Tucunduba, sobretudo no que dizia respeito à habitação e condição de vida da população. Além de ser uma forma de atender a reivindicação popular dos moradores.

Atendendo diretamente 1.537 famílias, conforme cadastro realizado, os objetivos do PDL estariam em contribuir para a melhoria da qualidade de vida das famílias residentes no Riacho Doce e Pantanal, através de ações de regularização fundiária, infra-estrutura urbana, melhorias habitacionais, educação ambiental, organização comunitária e geração de trabalho e renda (BARBOSA, 2003). Entre as diretrizes gerais estaria a permanência das

famílias no seu local de moradia atual; a participação popular e o controle social; o fortalecimento das organizações sociais para a prática do poder local; o resgate das lutas históricas e o reconhecimento das identidades sociais referidas às realidades localizadas (BELÉM, 2001).

A concepção do PDL estava ligada às diretrizes do programa de governo municipal, onde se pretendia incorporar, um modelo alternativo de planejamento e de gestão para a cidade, através da gestão participativa. Esperava-se que através do PDL houvesse o abandono da postura de distanciamento da atuação do poder público em relação aos moradores atingidos por obras infraestruturais (BELÉM, 2001). O PDL tinha em sua concepção incorporar práticas sócio-espaciais dos moradores ao processo de implementação, importava-se em introduzir um modelo de desenvolvimento local participativo, sustentável e que respeitasse as representações sociais, econômicas e culturais dos moradores (SOUZA, 2004; BELÉM, 2001).

Porém, o PDL também era influenciado pelo regulamento operacional e normas do Programa Habitar Brasil/BID (HBB). O HBB criado em 1999, tinha o objetivo de financiar projetos de urbanização de favelas, através da provisão de infraestrurura, melhoramentos urbanos, regularização fundiária e melhoria nas condições habitacionais (CAVALCANTI, 2008).

Para o Governo Federal, o HBB seria um instrumento de política urbana que visava, além de atender a população de menor renda, capacitar os municípios para elaborar e implementar sua política habitacional (DENALDI, 2003). A capacitação seria realizada ao se condicionar o acesso do financiamento ao desenvolvimento do subprograma de Desenvolvimento Institucional (DI) de Municípios. Os municípios, para receberem os recursos deveriam implantar uma Unidade Executora Municipal – UEM, e elaborar o PEMAS15 – Plano Estratégico Municipal para Assentamentos Subnormais.

15 “O  PEMAS,  deveria  conter  a  sistematização  da  produção  de  dados  sobre  os  assentamentos,  

hierarquização do atendimento, capacitação dos técnicos e dirigentes, revisão da legislação para garantir a função social da propriedade, e inclusive promover a revisão dos planos Diretores  para  incorporar  os  instrumentos  previstos  no  Estatuto  da  Cidade”  (DENALDI,  2003,   p.28).

Esperava-se que através do PEMAS houvesse uma influência na elaboração de  políticas  municipais  de  habitação  e  a  melhoria  do  ‘desempenho’  municipal.  

Segundo Cavalcanti (2008), o PEMAS, na verdade, seria uma forma sutil da difusão da agenda urbana do BID para as cidades brasileiras, pois o HBB seria para o banco, uma de suas estratégias para a redução da pobreza e da melhoria na capacitação institucional (CAVALCANTI, 2008).

Assim, notam-se novamente itens aplicados ao reassentamento em Belém, que terão influência da política urbana do BID. Em 2001, os princípios para o reassentamento do banco já estavam consolidados na OP-710 (IDB, 1998), o reassentamento era entendido como uma ação que trazia uma série de impactos, portanto deveria ser reassentar o mínimo possível e defende-se o acompanhamento dos envolvidos por meio de consultas e participação social, além da criação de estratégias que possam garantir a adaptação das famílias no lugar relocado.

Assim,  o  PDL  propunha  o  “remanejamento”  de  famílias  que  viviam  em   situação de risco para unidades habitacionais construídas pela PMB e ofereceria melhorias habitacionais para os imóveis, que segundo o levantamento da área, não estivessem em situação de risco. Ou seja, o PDL primava pela permanência dos moradores na área, evitando o reassentamento

O PDL era composto por duas frentes de ação, uma física e outra social. O objetivo do projeto físico era a urbanização da área através da drenagem pluvial, esgotamento sanitário, pavimentação, implantação de equipamentos urbanos e comunitários, construção de uma estação de tratamento de esgoto, e construção e melhoria das habitações. O projeto social pretendia incentivar o desenvolvimento comunitário e o controle social, serviços de atendimento e informações, geração de trabalho e renda, educação sanitária e ambiental e acompanhamento social às famílias remanejadas (NEGRÃO, 2007).

Havia duas opções para o morador deslocado (ver Quadro 10), aderir ao PDL e participar do reassentamento programado para área ou ser indenizado em dinheiro de acordo com a avaliação da benfeitoria realizada pelos técnicos da prefeitura e escolher outro local para mudança. A primeira opção daria o

direito do morador a receber auxílio aluguel no valor de R$200,00 enquanto as obras de reassentamento eram finalizadas. Os moradores que não aderissem ao projeto poderiam receber indenização em dinheiro correspondente a avaliação do imóvel (BELÉM, 2001; NEGRÃO, 2007).

ALTERNATIVAS DE INDENIZAÇÃO E REASSENTAMENTO – PDL RIACHO DOCE E